COMUNICADO DE IMPRENSA 05 Abril 2014 EMBARGO: April 7, 2014 at 3:00 PM U.S.A. Eastern time / 7 abril 2014, 20h, Portugal CIENTISTAS PORTUGUESES IDENTIFICAM A BASE GENÉTICA DA RESISTÊNCIA DA MOSCA-DO-VINAGRE A VÍRUS Estes resultados são importantes para a compreensão da evolução das interações entre os organismos e os seus parasitas Um estudo conduzido por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), do Centro de Biologia Ambiental (CBA) e do Institut für Populationsgenetik (Áustria ), identifica a base genética de resistência em mosca-do-vinagre a um vírus, mostrando que esta se deve principalmente à ação de três genes com ações cruzadas. Os resultados, que serão publicados esta semana <7 de Abril > na versão online da prestigiada revista Proceedings of the National Academy of Sciences(*) (PNAS), são importantes para a compreensão da evolução das interações entre os organismos e os seus parasitas. A equipa de sete investigadores, cinco portugueses e dois austríacos utilizou populações de mosca-do-vinagre, Drosophila melanogaster, que foram selecionadas para se tornarem resistentes ao DCV (Drosophila C vírus), por exposição a este agente durante 20 gerações. No final da experiência, as populações de moscas demonstravam maior resistência à infeção por DCV e também a outros dois vírus, o CrPV (Cricket Paralysis Virus) e o FHV (Flock House Virus). Compreender a base genética destas interações é essencial para desenhar medidas que permitam controlar a propagação de parasitas em contextos de multi-parasitismo, uma situação frequente na natureza. O nível de explicação dos resultados conseguido por este trabalho – dos resultados observados à elucidação da sua base genética – é o que torna este estudo tão importante. “A nossa metodologia pode ser seguida por outros investigadores e ser aplicada a outro tipo 1/3 BASE GENÉTICA DA RESISTÊNCIA DA MOSCA-DA-FRUTA A VÍRUS de questões biológicas”, sugere Nelson Martins, um dos primeiros autores do estudo e bolseiro de pós-doutoramento no IGC. Com esta série de experiências, a equipa, que inclui também o especialista em imunidade em mosca Luís Teixeira, pôde demonstrar até ao nível do gene porque é que, no processo de evolução de resistência a um vírus, se obteve também resistência a outros vírus. Embora a existência de resistência cruzada não seja, em si, um resultado novo – por exemplo, a resistência a uma substância tóxicas aparece, muitas vezes, associada a resistência a outras substâncias tóxicas – o mecanismo genético na base deste tipo de fenómenos está pouco estudado. “O fenómeno em si não é novo” sublinha Sara Magalhães, uma das coordenadoras da equipa, “O que é novo é o nível de detalhe com que o conseguimos explicar”. Para compreender a base genética desta resistência-cruzada, os investigadores identificaram os genes envolvidos na resistência ao DCV das populações da experiência. Utilizando técnicas de sequenciação genética, mostraram que a resistência que surgiu nas populações resistentes ao DCV se deve à ação de, pelo menos, três genes de grande efeito. Já só faltava perceber, que papel teria cada um destes genes na resistência aos outros dois vírus. “Para perceber o papel de cada gene na resistência a cada um dos três vírus, utilizámos uma técnica chamada RNA de interferência”, explica Élio Sucena, o outro coordenador do estudo. “Essa técnica permite-nos ‘desligar’ um gene de cada vez e ver o efeito na resistência”. Os investigadores foram “desligando” genes e testando o seu papel na resistência à infeção por cada um dos vírus. Assim, puderam determinar que dos três genes, dois também contribuem para conceder resistência ao CrPV e o terceiro concede resistência ao FHV. Os resultados do estudo também levantam novas questões em relação à evolução das interações entre os organismos e os seus parasitas: O que teria acontecido se, em vez de selecionar as moscas utilizando um vírus apenas, tivessem sido utilizado dois? Será que nesse caso, se teria obtido seleção para mais genes, ou para os mesmos três? “Muitas vezes a mesma resposta mobiliza genes diferentes”, acrescenta Vítor Faria, estudante de doutoramento e co-primeiro autor do artigo. “Estudos como este vão permitir compreender melhor a base genética da evolução das respostas que os organismos vão dando aos seus parasitas”, conclui. (*) Martins, N. E., Faria, V. G., Nolte, V., Schlötterer, C., Teixeira, L., Sucena, E. and Magalhães, S. (2014). Host adaptation to viruses relies on few genes with different cross-resistance properties. PNAS (manuscript track number: 2014-00378R) --FIM DE COMUNICADO-- Please find on the next page: Notes on the Embargo, Notes for Editors & Contacts 2/3 BASE GENÉTICA DA RESISTÊNCIA DA MOSCA-DA-FRUTA A VÍRUS Notes on the embargo: PNAS has scheduled publication of the manuscript "Host adaptation to viruses relies on few genes with different cross-resistance properties" with a manuscript tracking number of 2014-00378R in our online Early Edition (EE) the week of April 7, 2014. The article may publish in EE any day during that week. The EE publication date is the official date of record. The press embargo on the paper will lift on April 7, 2014 at 3:00 PM U.S. Eastern time. The embargo date is the earliest possible date that your article can publish. A preprint of the article will be available to journalists starting Wednesday, April 02, 2014, on a secure reporters-only web site. 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CBA develops activities of research and technology transfer in the areas of Biodiversity, Environmental Biology and Evolutionary Biology. You can find more information on CBA research (University of Lisbon) at http://cba.fc.ul.pt/ Media contacts: Filipa Vala Centro de Biologia Ambiental 21 7500000 – ext. 22141 / 968 502 970 [email protected] 3/3 BASE GENÉTICA DA RESISTÊNCIA DA MOSCA-DA-FRUTA A VÍRUS