UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS O CONHECIMENTO E O INTERESSE PELA PESQUISA CIENTÍFICA POR PARTE DOS GRADUANDOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES Yuri Dantas dos Santos Orientadora: Luziana Queiroz FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Caic%C3%B3 APRESENTAÇÃO A gama de benefícios gerados pelo conhecimento científico é evidente, sendo este gerado pela pesquisa científica. Entre as ciências, a Contabilidade também se coloca como uma que necessita ser pesquisada para gerar benefícios à sociedade. Nas Instituições de Ensino Superior (IES), a pesquisa encontra terreno propício para o seu desenvolvimento, promovendo e recebendo apoio pelo ensino e extensão. o presente artigo procura abordar o conhecimento e o interesse acerca da pesquisa científica por parte dos graduandos em ciências contábeis e define o seguinte problema de pesquisa: A que nível está o conhecimento, bem como o interesse acerca da pesquisa científica por parte dos graduandos em Ciências Contábeis do CERES/Caicó - RN? O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário, o qual foi aplicado a uma amostra estratificada não proporcional destes graduandos. Objetivo geral averiguar até que ponto os graduandos em Ciências Contábeis do CERES/Caicó - RN detêm conhecimentos e, ao mesmo tempo, se interessam pela pesquisa científica. Objetivos específicos: verificar se os estudantes conhecem adequadamente os tipos de pesquisa mais utilizados em contabilidade; observar o quanto estes estudantes entendem dos métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa; verificar se os estudantes em questão detêm conhecimentos conceituais acerca das publicações científicas; identificar o nível de leitura científica desses alunos; além de verificar o seu interesse em produzir saberes científicos através de artigos, monografias de graduação e pesquisas em mestrado ou doutorado. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O Conhecimento Científico e a Ciência Contábil Medeiros (2007, p. 40) conceitua ciência como: “um campo de conhecimentos com técnicas especializadas de verificação, interpretação e inferência da realidade” e ressalta o seu caráter não absoluto. Conforme Beuren et al (2008) uma classificação das ciências bastante recorrente no meio acadêmico atual é a de Lakatos e Marconi (2000), baseada na classificação de Mário Bunge (1976), que as divide em formais e factuais. Os autores têm classificado a contabilidade como ciência factual social. Iudícibus e Marion (1999 apud BEUREN et al, 2008) dizem que a contabilidade, apesar de ter sua principal ferramenta nos métodos quantitativos, não se enquadra como ciência exata, já que o fenômeno patrimonial é gerado e modificado pela ação humana. O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A pesquisa científica e a pesquisa contábil no Brasil Santos (2010, p. 195) salienta que “a pesquisa é a forma que a ciência possui para conhecer a realidade empírica”. No campo da ciência contábil, particularmente no Brasil, observa-se um baixo nível de produção científica. Niyama (2008, p. 4) afirma que “os cursos de mestrado e doutorado em contabilidade não chegam absorver nem 1% dos graduados em contabilidade”. A graduação em Ciências Contábeis também apresenta entraves à pesquisa científica. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Tópicos de metodologia da pesquisa Tipos de pesquisa aplicáveis à contabilidade Métodos, técnicas e instrumentos da pesquisa Publicações científicas METODOLOGIA A pesquisa classificou-se como descritiva, quanto aos objetivos pretendidos; levantamento (ou “survey”) e pesquisa bibliográfica, quanto aos procedimentos empregados; e quantitativa, quanto à abordagem do problema. Sendo utilizado questionário para essa abordagem. A população estudada é composta pelos duzentos e quarenta (240) graduandos em Ciências Contábeis do CERES, para os quais adotou-se uma amostra estratificada não proporcional de acordo com os 5 níveis cursados no período da coleta de dados (1º semestre de 2011) - 1º, 3º, 5º, 7º e 9º níveis -, sendo que, em cada nível, foi escolhida, aleatoriamente, uma amostra de 5 alunos, totalizando 25 alunos, pouco mais de 10% da população em questão, para os quais foram aplicados questionários idênticos com 18 questões - 15 fechadas e 3 abertas - e com três blocos de perguntas: o primeiro relativo às características pessoais do respondente, o segundo sobre o seu conhecimento em pesquisa científica, e o terceiro abordando o seu interesse por esta. Para análise dos resultados, usou-se da ferramenta computacional “Microsoft Office Excel 2007”. RESULTADOS A população estudada neste trabalho foram os graduandos em Ciências Contábeis do CERES, matriculados no semestre 2011.1, os quais totalizam duzentos e quarenta (240) alunos. De acordo com os resultados alcançados, sua idade média é de 23 anos, sendo 40% do sexo masculino e 60% do sexo feminino. Isto revela que o curso é freqüentado, preponderantemente, por jovens e que a quantidade de mulheres é levemente superior a de homens. Conhecimento acerca dos tipos de pesquisa mais utilizados em contabilidade A pesquisa identificou que apenas 8% dos graduandos sabem quais são os tipos de pesquisa mais usados em contabilidade, 44% têm alguma noção sobre o assunto e 48% não sabem. Gráfico 1 – Conhecimento dos tipos de pesquisa mais usados em contabilidade Fonte: Dados da pesquisa Também foi investigado se estes graduandos sabem quando utilizar cada um desses tipos de pesquisa, obtendo-se que: nenhum dos graduandos tem essa ciência, 40% têm algum conhecimento sobre o assunto e 60% não sabem quando utilizá-los. Entendimento sobre métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa De acordo com os dados coletados acerca de saber diferenciar métodos de abordagem e métodos de procedimentos, somente 8% dos alunos o sabem, 32% têm algum conhecimento sobre o assunto e 60% não sabem diferenciá-los. Gráfico 2 – Conhecimento das diferenças entre métodos de abordagem e de procedimento Fonte: Dados da pesquisa A pesquisa também mostrou que 16% dos discentes sabem diferenciar técnicas e instrumentos de pesquisa, mas 60% apenas detêm algum conhecimento sobre o assunto e 24% não sabem diferenciá-los. Também mostrou que 24% desses alunos sabem que instrumentos de pesquisa são mais utilizados em contabilidade, 32% têm alguma noção sobre o assunto e 44% não o sabem Conhecimentos Conceituais de publicações Científicas Em se tratando dos principais tipos de publicações científicas, os dados evidenciaram que apenas 12% dos graduandos em questão sabem quais são estes tipos, 60% deles têm alguma noção sobre o assunto e 28% não o sabem. Já quanto à conceituação dessas publicações, nenhum dos alunos sabe fazê-lo, 52% têm alguma noção sobre o assunto e 48% não sabem conceituá-las. Isto é demonstrado pelo gráfico abaixo: Gráfico 4 – Conceituação das principais publicações científicas Fonte: Dados da pesquisa O estudo ainda evidenciou que dentre estes graduandos, apenas 16% sabem conceituar trabalhos científicos, 56% têm alguma noção sobre o assunto e 24% não sabem conceituá-los. Acerca da conceituação de monografia, 24% sabem fazê-lo, 52% têm algum conhecimento sobre o assunto e 24% não sabem conceituá-la. Nível de leitura científica De acordo com os resultados obtidos, apenas 8% dos alunos quase sempre lêem artigos ou outras publicações científicas, 40% lêem de vez em quando, 48% dificilmente lêem e 4% nunca lêem, nota-se ainda, conforme os dados, que nenhum dos alunos sempre lêem tais publicações. Gráfico 5 – Frequência na leitura de publicações científicas Fonte: Dados da pesquisa Interesse em produzir saberes científicos Pelos dados da pesquisa, percebe-se que 12% desses graduandos têm bastante interesse em produzir e publicar artigos científicos, 72% têm um pouco de interesse e 16% não têm interesse. Gráfico 6 – Interesse em produzir e publicar artigos científicos Fonte: Dados da pesquisa Quanto à efetiva produção e publicação de artigos científicos, observa-se que apenas 4% (um aluno da amostra) já produziu e conseguiu a publicação de artigo científico, em quantidade de um, apenas; nota-se que 8% deles já produziu e tentou publicar um ou mais artigos científicos, mas não conseguiu; 12% Já produziu um ou mais artigos científicos, mas não tentou publicar; 40% Já pensou em produzir um ou mais artigos científicos, mas não o fez; e 32% Nunca pensou em produzir um ou mais artigos científicos; salienta-se ainda que 4% (um estudante da amostra) não respondeu ao questionamento. Interesse em produzir saberes científicos Com respeito à exigência da produção de uma monografia ao final do curso, 60% dos graduandos se empolgam bastante, 24% são indiferentes e somente 16% não têm o menor interesse, vão fazer apenas por obrigação. Gráfico 7 – Comportamento em relação à monografia de final de curso Fonte: Dados da pesquisa Já com relação ao interesse em realizar pesquisas mais aprofundadas em mestrado e/ou doutorado, 44% têm bastante interesse, 40% têm um pouco de interesse e apenas 16% não têm interesse. Gráfico 8 – Interesse em mestrado e/ou doutorado Fonte: Dados da pesquisa CONCLUSÕES Diante do exposto, responde-se ao problema proposto afirmando que o nível de conhecimento em pesquisa científica por parte dos graduandos em ciências contábeis do CERES é insuficiente. Apesar disso, percebe-se um bom interesse pela pesquisa científica por parte dos mesmos, apesar de não possuírem bom nível de leitura científica e, praticamente, não ser verificada a produção de artigos científicos. Por fim, recomenda-se que outros estudos sejam feitos a partir deste apresentado, tais como: desenvolver o mesmo estudo sobre uma amostra diferente; identificar as causas do baixo conhecimento em pesquisa científica; realizar uma pesquisa experimental com a aplicação de mecanismos de incentivo à leitura científica e à produção e publicação científicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. BEUREN, Ilse Maria (Org.) et al. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Relação de cursos recomendados e reconhecidos. Disponível em: <http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisarIes&codigo Area=60200006&descricaoArea=CI%CANCIAS+SOCIAIS+APLICADAS+&descricaoAreaConhecimento=ADMI NISTRA%C7%C3O&descricaoAreaAvaliacao=ADMINISTRA%C7%C3O%2C+CI%CANCIAS+CONT%C1BEIS+E+T URISMO>. Acesso em 30 maio. 2011. DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. FARIA, Ana Cristina de; IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade para o nível de graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. 10. reimp. São Paulo: Atlas, 2007. KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 7. ed. 4. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. 2. reimp. São Paulo: Atlas, 2009. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 31 maio. 2011. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade internacional. 1. ed. 5 reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica. 7. ed. Ver., atual. e ampl. Niterói: Impetus, 2010. SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade: orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: PRÓ-REITORIA DE PESQUISA. Iniciação Científica. Disponível em: <http://www.propesq.ufrn.br/iniciacao/index>. Acesso em: 25 maio 2011. “O lucro do nosso estudo é tornarmo-nos melhores e mais sábios.” Michel de Montaigne "Respeitar a natureza é garantia de condição de vida Futura.” Luziana Queiroz