PÔSTER 23 IMPLICAÇÕES ENTRE STRESS E TABAGISMO NEUROPSICOFISIOLÓGICO Gisele Pereira Dias (UFRJ) Myriam de Carvalho Monteiro (UFRJ) Débora Ventura, Juliana Maria Santos Rodrigues (UFRJ) Lucia Emmanoel Novaes Malagris (UFRJ) COM ENFOQUE [email protected] O consumo do tabaco apresenta-se como uma prática comum a sociedades do mundo inteiro. A história do tabaco no Ocidente tem sido marcada por uma disputa entre a indústria cultural em apelos pró-cigarro e as diversas campanhas anti-tabagismo promovidas pelo Ministério da Saúde. Paralelamente a esta dinâmica histórica, outro aspecto psicossocial tornou-se central na vida diária do homem contemporâneo: o stress. Inserido em um contexto de alta competitividade, aliada a maus hábitos alimentares e pouco tempo para o lazer, o homem da atualidade recorre a inúmeras estratégias de enfrentamento da tensão diária. Dependendo de seu nível de stress, não raro desenvolve quadros de sintomatologia física e psicológica. Tendo em vista tal cenário empírico, fazemse necessárias investigações acerca do tema a fim de que um melhor entendimento das possíveis relações entre stress e tabagismo possa contribuir para técnicas psicoterápicas cada vez mais eficazes. Pesquisas anteriores sugerem uma associação entre consumo de cigarros e sensação de relaxamento entre fumantes, segundo questionários e escalas de percepção de stress. O presente trabalho visou estabelecer uma possível relação entre fumo e níveis de stress em termos sintomatológicos e conhecer as estratégias de enfrentamento ao stress entre indivíduos fumantes e não-fumantes. Participaram desta pesquisa 25 fumantes e 25 não fumantes da cidade do Rio de Janeiro, de ambos os sexos, na faixa etária entre 20 e 40 anos e atuação profissional variada. Os instrumentos utilizados foram o Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL), para comparação da sintomatologia de stress entre os dois grupos, e um questionário para registro de estratégias diárias de enfrentamento ao stress. Os dados encontrados revelaram que os participantes tabagistas apresentaram sintomatologia de stress significativamente maior que os não usuários de cigarro (p<0,005) e entre as estratégias de enfrentamento do stress utilizadas pelos fumantes, o cigarro apresentou-se como a prática diária de maior freqüência. Ainda, o consumo diário de cigarros entre fumantes com stress revelou-se maior que entre os fumantes sem stress. Tais resultados sugerem que os fumantes aprenderam a utilizar o cigarro como alívio para o stress, e que quando mais estressados fumam mais. Apesar da sensação imediata de prazer e relaxamento, o fumo pode funcionar como um fator desencadeador de sintomas de stress, devido äs alterações neuropsicofisiológicas envolvidas no ato de fumar. O fato de os fumantes apresentarem maior sintomatologia de stress e o alívio desta ser buscado com o uso do cigarro pode constituir-se em um perigoso ciclo, já que tanto o stress como o tabaco estão associados a alterações neuropsicofisiológicas. Embora o planejamento de novos estudos com amostras ampliadas esteja em andamento, a presente investigação propõe-se a preencher mais uma lacuna na compreensão da dinâmica das relações entre stress e tabagismo. Palavras-chave: stress, tabagismo, neuropsicofisiologia.