ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE NO CONTEXTO DO GÁS NATURAL Área temática: Estratégias sustentáveis Tema: Outros temas correlatos INTRODUÇÃO A modernização das organizações aumenta o ciclo de informações, exigindo investimentos em inovação de serviços e produtos, de forma a adequar as constantes mudanças. Nesse contexto, a questão fundamental no campo de gestão estratégica é como as empresas alcançam e sustentam vantagem competitiva (TEECE, 1997). Estudos afirmam que a vantagem competitiva se dá através da exploração dos seus recursos internos e que para a mesma se sustentar ao longo do tempo é necessário ter recursos e processos de estratégia baseados na capacidade (BARNEY, 1986). De acordo com Penrose (1959), os recursos tangíveis e intangíveis da firma passaram a ser vistos como base para vantagem competitiva sustentável. Quando os ativos específicos da firma são agregados em clusters integrados abrangendo indivíduos e grupos de modo a permitir que atividades distintas sejam desempenhadas, essas atividades constituem rotinas e processos organizacionais (TEECE, 1997). O alcance da vantagem competitiva pode estar associado aos seus recursos e capacidades, mas para que essa vantagem estabelecida se torne duradoura é preciso ter desempenho favorável no que diz respeito às mudanças externas à organização. É necessário buscar responder rapidamente ao mercado, atendendo alterações na especificação do que é demandado em termos de processos e de resultado (SWINK e HEGARTY, 1998; UPTON, 1995). Por outro lado, o papel da estratégia ambiental no repertório da gestão estratégica tem sido discutido desde que o Relatório de Brundtland levantou a preocupação com as questões ambientais na gestão (SHARMA e VRENDENBURG, 1998). No entanto, os executivos comportam como se tivessem que escolher entre os benefícios sociais do desenvolvimento sustentável e os custos de realizá-lo, (NIDUMOLU, PRAHALAD e RANGASWAMI, 2009), mas ao invés disso, resistir à inovação para a sustentabilidade leva a perda de competitividade na economia de mercado (PORTER e VAN DER LINDE, 1995). A busca por inovação para sustentabilidade não é apenas pela preocupação ambiental em si, mas identificam-se outros motivos pelos quais as empresas “se tornam verdes” sendo esses: conformidade regulatória, vantagem competitiva, pressão dos stakeholders, preocupações éticas, eventos críticos e iniciativa da alta gestão (BANSAL e ROTH, 2000). Assim, a busca pela sustentabilidade está mudando o panorama competitivo, mudando o modo como a empresa pensa sobre seus produtos, tecnologias, processos e modelos de negócios (NIDUMOLU, PRAHALAD e RANGASWAMI, 2009). Desse modo é perceptível a ação direta de relação contextual entre as práticas de inovação e a sustentabilidade. Nesse contexto de inovação para sustentabilidade apresenta-se como objeto de estudo o Gás Natural (GN) que é um combustível menos poluente com relação às demais fontes energéticas de origem fóssil (ABEGÁS, 2015) e assim se configura estrategicamente como uma fonte em resposta à necessidade de preservação ambiental. Além disso, no contexto da gestão estratégica, o mesmo é distribuído por meio de concessionárias que possuem concessão estatal, trazendo um possível distanciamento do consumidor. O gás natural (GN) é uma fonte de energia que pode ser usada nas indústrias, substituindo outros combustíveis mais poluentes como óleos combustíveis, lenha e carvão (BRASIL, 2015). Segundo a Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul (MSGÁS, 2015), este é um combustível fóssil que pode estar associado a um reservatório de petróleo ou não. Sua formação resulta do acúmulo de energia solar sobre matérias orgânicas soterradas devido ao processo de acomodação da crosta terrestre. A Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS) congrega, como associadas, as empresas concessionárias dos serviços de distribuição de gás canalizado dos vários Estados da Federação, acionistas e empresas participantes da indústria do gás no Brasil. Segundo informações apresentadas por ela, o GN possui características que favorecem uma maior durabilidade aos equipamentos que o utilizam e reduzem os impactos ambientais (ABEGÁS, 2015). A utilização do gás natural como insumo energético apresenta algumas vantagens ambientais se comparada com outras fontes fósseis (carvão mineral e derivados de petróleo) de energia. O Ministério do Meio Ambiente cita como vantagens ambientais do GN como a baixa presença de contaminantes, combustão mais limpa, que melhora a qualidade do ar, pois substitui formas de energias poluidoras como carvão, lenha e óleo combustível, contribuindo também para a redução do desmatamento, menor contribuição de emissões de CO2 por unidade de energia gerada (cerca de 20 a 23% menos do que o óleo combustível e 40 a 50% menos que os combustíveis sólidos como o carvão), contribuição para a diminuição da poluição urbana quando usado em veículos automotivos, um vez que reduz a emissão de óxido de enxofre, de fuligem e de materiais particulados, todos presentes no óleo diesel, entre outras vantagens (BRASIL, 2015). Para a Petrobrás, o consumo do GN tem aumentado em todo mundo, já que possui diversos usos (PETROBRÁS, 2015). Segundo o boletim do GN apresentado pelo Ministério do meio Ambiente, a produção nacional acrescida das importações era 80,83 milhões de m³/dia em 2009, de 97,39 milhões de m³/dia em 2010, 94,43 em 2011, 106,62 em 2012, 123,66 em 2013 e foi de 140,31 em 2014. Assim, percebe-se que nos últimos anos, o consumo tem crescido consideravelmente (BRASIL, 2015). Para o período 2020-2030, a capacidade de oferta média estimada é de 168 milhões de m³/dia, cujo crescimento será impulsionado pelo gás natural produzido no Brasil. Para isso, há a previsão de investimentos na eficiência das operações e a centralização de esforços no escoamento do gás produzido no pré-sal (PETROBRÁS, 2015). Desse modo para a ABEGÁS, o GN apresenta vantagens se comparado com tradicionais fontes energéticas com características que oferecem vantagem nos aspectos: ambiental, de segurança, praticidade e fornecimento. Assim se justifica a escolha do mesmo como objeto de estudo em inovação para sustentabilidade e resposta rápida ao mercado e além disso, conforme dados apresentados, é um setor que tem crescido e que possui ainda mais perspectivas de crescimento. Assim, o objetivo do presente trabalho será descrever o mercado nacional de gás natural e identificar lacunas empíricas de pesquisa em estratégia para inovação com foco em sustentabilidade. METODOLOGIA A pesquisa será qualitativa A pesquisa possuirá caráter descritivo, pois visa descrever a situação em que os planos de pesquisa descritiva em geral são estruturados e especificamente criados para medir características descritas em uma questão de pesquisa (HAIR JR et. al, 2005). Os dados serão coletados através de fontes secundárias. A respeito das informações do gás natural em si serão utilizados os dados apresentados pelos boletins da Agência Reguladora e pelo Ministério do Meio Ambiente. A respeito dos trabalhos teóricos, serão buscados trabalhos em bases de dados de periódicos as pesquisas em inovação já realizadas na área de estratégia com foco em sustentabilidade. Após isso os mesmos os conteúdos analisados a fim de buscar as lacunas de pesquisa no contexto já apresentado. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ESPERADOS Com o levantamento bibliográfico realizado será realizado o levantamento dos trabalhos na área e serão apresentados os dados da revisão de literatura através das estatísticas da pesquisa. Após esse etapa será apresentada a seleção dos artigos mais relevantes e dos mais recentes sobre o tema com o objetivo de comparar as definições e modelos teóricos encontrados. Por fim, espera-se encontrar as lacunas de pesquisa para que possam ser aplicadas no contexto do gás natural. CONCLUSÃO Conforme apresentado na justificativa do trabalho, o mercado de gás natural tem se expandido e espera-se que ainda tenha aumento no seu consumo devido às diversas vantagens que o mesmo oferece. Assim espera-se que possa se ter como contribuição propostas de pesquisa que possam ser realizadas nesse mercado no contexto de inovação com foco em sustentabilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABEGÁS. Composição do Gás Natural. Disponível em <http://www.abegas.org.br/Site/?page_id=79> Acesso em 10. Jul. 2015. BANSAL, Pratima; ROTH, Kendall. Why companies go green: A model of ecological responsiveness. Academy of management journal, v. 43, n. 4, p. 717-736, 2000. BARNEY, Jay B. Strategic factor markets: Expectations, luck, and business strategy. Management science, v. 32, n. 10, p. 1231-1241, 1986. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Gás Natural. Disponível em <http://www.mma.gov.br/clima/energia/fontes-convencionais-de-energia/gas-natural> Acesso em 10. Jul. 2015. MSGÁS – Gás Natural. Disponível em <http://www.msgas.com.br/?conteudo=gasnatural > Acesso em 10. Jul. 2015. NIDUMOLU, Ram; PRAHALAD, Coimbatore K.; RANGASWAMI, M. R. Why sustainability is now the key driver of innovation. Harvard business review, v. 87, n. 9, p. 5664, 2009. PETROBRÁS – Oferta de Gás Natural. Disponível em <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/oferta-de-gas-natural/> Acesso em 10. Jul. 2015. PORTER, Michael E.; VAN DER LINDE, Claas. Green and competitive: ending the stalemate. Harvard business review, v. 73, n. 5, p. 120-134, 1995. SHARMA, Sanjay; VREDENBURG, Harrie. Proactive corporate environmental strategy and the development of competitively valuable organizational capabilities. Strategic management journal, v. 19, n. 8, p. 729-753, 1998. SWINK, Morgan; HARVEY HEGARTY, W. Core manufacturing capabilities and their links to product differentiation. International Journal of Operations & Production Management, v. 18, n. 4, p. 374-396, 1998. TEECE, David J. et al. Dynamic capabilities and strategic management.Strategic management journal, v. 18, n. 7, p. 509-533, 1997. UPTON, David M. Flexibility as process mobility: the management of plant capabilities for quick response manufacturing. Journal of Operations Management, v. 12, n. 3, p. 205-224, 1995.