TV APIMEC MG MARKETING PARA RESULTADOS Julho de 2006 Mensagens seguras Ivagner Ferreira Professor de MBA e Pós-Graduação Consultor de Empresas www.criativamarketing.com.br 31 3442 6676 9982 2588 Agora imagine-se, como profissional de comunicação, tendo que informar a respeito do seu produto/serviço e não poder falar diretamente das vantagens proporcionadas. Possível? Pois bem, no segmento financeiro, temos um grupo que, para enumerar as vantagens em adquiri-lo, não pode ressaltar de forma aberta seu uso: são as seguradoras. Tem-se que se referir à morte (quando se trata de seguro de vida) sem a ela fazer alusão. No momento, o Bradesco apresenta um comercial na TV cujo slogan é porque as coisas acontecem quando você menos espera. Nas revistas, a Caixa Econômica Federal anuncia que filhos são a maneira que o homem encontrou de viver para sempre. Cuide bem deles. Na Cardif, não consideramos um número. Já a AGF muda o enfoque para a natureza comercial, porém continua na mesma linha: preocupe-se com o que realmente importa: expandir ou modernizar? Todos querem, na realidade, dizer que a ameaça de ficar sem seguro é ter uma família vivendo de favores, sem rendimentos, carente de recursos, caso você MORRA. Tétrico isso, não é mesmo? Ou que sua empresa, após aquele imprevisto incêndio, literalmente, ficará restrita a pó, todo o investimento de anos destruído, e você, quebrado. Essa parte na propaganda é denominada apelo para o medo, ou seja, os comunicadores tentam motivar os consumidores a processar informações e agir, evocando o medo para identificar: 1. as conseqüências negativas de não usar; 2. as conseqüências de adotar um comportamento inseguro. Falamos de seguros como referência, mas todos do setor financeiro praticam esses princípios, com enfoques distintos. Os bancos são especialistas, como pode ser percebido nas revistas atuais. Vejamos esses dois exemplos: de uma conversa com o gerente Sudameris, nasce um enxoval. O Sudameris resolve, isto é, tenha recursos financeiros para a chegada dos filhos, senão você estará perdido; quer uma vista para a praia e não sabe como? Invista. Você consegue. Investimentos Itaú. Feitos para quem sabe. Feitos para você. Isto equivale a dizer: quer ser como o ator desse comercial, que no momento está na praia, ou ficar trancafiado, no escritório? Então, junte dinheiro. TV APIMEC MG MARKETING PARA RESULTADOS Julho de 2006 A lógica implícita na utilização de apelos para o medo é que ele estimulará envolvimento e, assim, promoverá a aceitação do envolvimento do público com a mensagem. Esses apelos podem ter a forma de desaprovação social ou perigo, por exemplo: você pode planejar, realizar e viver bem a vida inteira. Conheça os planos Brasil Previ. Ou seja, se você fizer uma previdência privada com a Previ, não correrá riscos de perder todos os seus recursos no futuro (lembra-se dos pecúlios que, após quebra, deixaram milhares de pessoas sem qualquer recurso?); ninguém pode garantir que esse sorriso dure para sempre (imagem de criancinha), nem que exista um mundo perfeito, nem a felicidade e o amor, ninguém pode assegurar a paz... Ninguém pode garantir a sabedoria dos anos, nem a realização de um sonho, esperamos um dia assegurar tudo. Mapfre Seguros. Ou, dito de outra forma, trate de fazer um plano de previdência, porque a continuidade deste sorriso de criança, como nesse anúncio, significa a satisfação de muito consumo, férias, boas escolas etc etc. Além do ponto de vista ético básico de saber se o medo deve ser usado, a questão fundamental para os anunciantes é determinar a intensidade do apelo ao medo. Será uma pequena ameaça, simplesmente para ganhar a atenção do consumidor, ou deve-se usar alta dose, de forma que o mesmo não deixe de entender o ponto que a propaganda deseja transmitir? Questiona Terence A. Shimp, especialista americano em propaganda. Nem os apelos para o medo extremamente fortes nem os muito fracos são eficazes. Parece que os mais moderados são os melhores. Uma explicação simples para isso pode ser que, se for muito fraco, ele não vai atrair atenção suficiente. Por outro lado, se for muito forte, pode levar a pessoa a evitar a mensagem ou ignorar a recomendação, considerando-as inadequadas para a tarefa de eliminar o evento temido, conclui Shimp. Complementar ao medo é o apelo para a culpa, característico de uma emoção negativa. Ainda pouco utilizado no Brasil, tem, como exemplo, recente propaganda (se não nos falha a memória, do Bradesco), em que, durante o enterro de uma pessoa, o locutor ia descrevendo: deixou contas em aberto no supermercado, escolas dos filhos por pagar, a viúva sem qualquer poupança... e as pessoas atiravam flores no caixão de forma a denotar certa agressividade. Pode beirar a humor negro, mas as mensagens precisam traduzir que o falecido carregará a culpa pelos compromissos, sem um seguro que pudesse amparar quem ficou vivo. São temas difíceis de serem tratados, especialmente, quando é necessário dizer a verdade com objetividade, porém utilizando enfoque subliminar. “Por isto é que a boa propaganda entende que as pessoas compram benefícios do produto e serviço, acima de tudo deve ser notada, recordada e leva às pessoas a ação” (conforme bem observam os especialistas Shulz and Tannenbaum). O presente artigo é cedido por seu(s) autor(es), sem ônus, à Apimec-MG, exclusivamente para publicação no portal www.apimecmg.com.br, sob responsabilidade da entidade. O texto apresentado constitui a versão final. Todos os direitos sobre esta propriedade intelectual pertencem exclusivamente ao(s) seus autor(es), responsável (eis) exclusivo(s) pelo conteúdo. 2