Jornal do Comércio - Porto Alegre
Segunda-feira, 14 de setembro de 2015
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Helisson Lemos
MercadoLivre amplia portfólio e firma
posição como referência no e-commerce
Patricia Knebel
[email protected]
Mais de 27 milhões de visitantes únicos por mês no Brasil, 32 milhões de usuários, receita líquida
de US$ 154,3 milhões no segundo
trimestre de 2015 e 30,2 milhões de
itens vendidos. Os números do MercadoLivre ajudam a ilustrar porque
o site é hoje um dos principais cases de sucesso de comércio eletrônico no mundo. A sua plataforma de
compra e venda de produtos reúne
mais de 7 milhões de vendedores e
21 milhões de compradores únicos.
Uma história que começou há 16
anos e que Helisson Lemos, diretor-geral do MercadoLivre no Brasil,
acompanha há 15, quando entrou
na companhia. “Quando começamos, tínhamos um plano de negócios, pessoas altamente qualificadas e capacidade de investimento,
mas tudo era apenas uma aposta,
não sabíamos se, um dia, ia de fato
funcionar”, relembra.
Na época que o MercadoLivre
foi criado, menos de 0,5% da população brasileira tinha acesso à internet – hoje esse índice é superior
a 50%. Uma mudança de cenário
que foi fundamental para a expansão da empresa, que hoje está em
14 países, tem capital aberto, ações
negociadas na Nasdaq e criou outras frentes de negócios, como
Mercado Envios, Mercado Pago
e KPL, entre outras. Aos 38 anos,
Lemos aproveita o tempo que não
está na empresa para se dedicar
aos esportes, mais especificamente, corrida. Um esporte que, aliás,
ele leva bastante à sério já que, em
duas ocasiões, conseguiu finalizar
os 90 km da ComRades Marathon,
na África do Sul, sendo medalhista duplo. “Correr é uma desculpa
para viajar pelo mundo”, brinca.
JC Empresas & Negócios – O
e-commerce está blindado em
relação à crise do País?
Helisson Lemos – Estamos todos conscientes de que 2015 tem
sido bastante desafiador para o
varejo, tanto para as empresas do
segmento de bens duráveis como
de bens de consumo. O contraponto a esse macrocenário é que
o e-commerce está crescendo e seguirá com essa tendência positiva,
com um volume de vendas muito
superior ao varejo tradicional. O
e-commerce cresce, especialmente, porque apesar de a economia
desacelerar, ainda existe espaço
para esse tipo de operação crescer experimenta extrapolar isso para
no Brasil. Na Inglaterra, as vendas o infinito. O comércio eletrônico,
on-line representam 12% do vare- e o MercadoLivre se insere nesse
jo em geral; nos EUA, esse número ambiente, está em um contexto
é superior a 10%. No Brasil, ainda em que milhares de lojas atuando
estamos na casa dos 4%. O gran- 24x7, uma oferecendo uma situade concorrente do comércio ele- ção melhor que a outra para contrônico é o varejo convencional, o quistar o cliente. É uma alta comoff-line, e não o site A ou B. Pesso- petitividade porque você está há
as que compram on-line cada vez poucos cliques do concorrentes e
compram mais e pessoas que nun- isso leva a um preço mais comca compraram, passam a comprar. petitivo. Isso sem falar nos custos
Esse é o grande motor do cresci- diretos e indiretos que o comércio
mento do e-commerce. O segun- tradicional possui, e que repassa
do fator é que a internet permite para o preço, os quais o eletrônico
que as pessoas pesquisem mais consegue minimizar ou até anular,
os preços. E isso tem um peso im- como aluguel, segurança, câmeras
portante em um momento em que e até custos com limpeza das lojas
falamos em desaceleração da eco- e cafezinho.
nomia e desemprego, já que as
Empresas & Negócios – Qual
pessoas passam a dar mais valor o desafio de aumentar as venao seu dinheiro.
das em um cenário turbulento
Empresas & Negócios – como o atual?
Como a plataforma do MercadoLemos – Eu acredito que preciLivre é aliada dos usuários em samos assegurar uma boa experium momento como esse?
ência de compra para os usuários.
Lemos – Além de sermos um Enquanto estivermos encantando
excelente lugar para comprar on- os consumidores, vamos continu-line, também somos uma plata- ar crescendo. É algo básico, mas
forma para os usuários fazerem di- também é uma prática interna
nheiro. As pessoas físicas vendem nossa. Além disso, o MercadoLivre
suas coisas quando precisam de é uma empresa que investe muirecursos financeiros e somos líde- to mais em tecnologia do que em
res nesse segmento. Já para as pe- marketing. Sabemos que o nosso
quenas e médias empresas, temos segmento depende muito das consoluções completas para quem dições de pagamento, que é um
deseja ter uma
ponto de fric“Existe uma ordem natural
loja de e-comção no comérmerce
sem
cio eletrônico,
do consumo na web no Brasil,
barreira de ene na logística de
em que as pessoas compram
trada, pois não
entrega. E estaprimeiro eletrônicos e depois
precisam invesmos sempre inpartem para os produtos do
tir nada para
vestindo nisso.
seu dia a dia. Além disso,
ter a sua loja
A nossa meta é
no passado, os homens
no nosso site.
ter um produto
compravam mais, mas hoje
Tem um estucada vez meas mulheres passaram a ser
do que fizemos
lhor.
responsáveis por mais da
com a Nilsen
Empresas
metade das compras”
que mostra que
& Negócios –
mais de 150 mil
As pessoas espessoas vivem de vender no Mer- tão comprando uma gama mais
cadoLivre. Somos o maior celeiro diversificada de produtos hoje
de vendedores e empreendedores pela web?
individuais do Brasil. Oferecemos
Lemos – Estão, sim. No Mercatodas as soluções que as pessoas doLivre, a primeira categoria mais
precisam para comprar e vender procurada é a de acessórios para
algo em um único ambiente.
veículos, seguida por informática e
Empresas & Negócios – De telefonia celular. Mas temos acomfato, é mais barato comprar pela panhado um crescimento muito
internet?
grande no último ano em produtos
Lemos – Sim, sem dúvida. E para casa, móveis e decoração; calisso se explica pela competição çados e roupas e produtos de saúque esse ambiente gera. Imagina de e beleza. O que a gente encara
uma cidade no interior, na qual as como resultante disso? Primeiro,
lojas ficam guerreando uma com que existe uma ordem natural do
a outra para oferecer o produto consumo na web no Brasil, em
pelas melhores condições. Agora que as pessoas compram primeiro
MERCADO LIVRE/DIVULGAÇÃO/JC
Executivo diz que preços mais baixos na internet acirram a competição
eletrônicos e depois partem para
os produtos do seu dia a dia. Além
disso, no passado, os homens compravam mais, mas hoje as mulheres passaram a ser responsáveis
por mais da metade das compras,
e isso muda um pouco o perfil dos
produtos procurados. Essa mudança é acelerada também porque as
lojas destes segmentos estão investindo mais no comércio eletrônico. Nós, por exemplo, realizamos
campanhas de moda e saldões
de inverno. Além disso, estamos
prospectando e convidando grandes redes de saúde e beleza a venderem no nosso ambiente.
Empresas & Negócios –
Como o MercadoLivre quer ser
visto pelo mercado?
Lemos – Somos uma empresa de tecnologia que fornece serviços para o comércio eletrônico.
Não somos simplesmente um site.
E não há nenhum grupo de tecnologia que faz o que a gente faz
na América Latina e mesmo no
mundo. Estamos muito bem posicionados no segmento de e-commerce onde, além do MercadoLivre, que é nosso marketplace de
compra e venda, temos o MercadoLivre Classificados, MercadoLivre Publicidade e MercadoShops.
Na área de pagamentos, temos o
MercadoPago e, na de logística, o
MercadoEnvio. Há alguns meses,
compramos a KPL, que é uma empresa de soluções de gestão para o
e-commerce, com soluções de ERP
e Backoffice. A empresa possui
mais de 300 clientes ativos, está
muito bem posicionada e queremos mantê-la como referência no
segmento de ERP para grandes lojas de e-commerce, mas, agora ao
lado do MercadoLivre, passará a
democratizar as soluções para pequenos e médios e-commerce.
Empresas & Negócios – O
MercadoLivre é uma das poucas
empresas de tecnologias brasileiras com presença representativa no exterior. A que você atribui isso?
Lemos - Já nascemos com
esse propósito de internacionalização. Lançamos o site no Brasil e,
logo em seguida, já rumamos para
a Argentina e o México. E com o
passar dos anos fomos aumentando a participação no exterior. Hoje,
estamos em 16 países e não está na
nossa estratégia imediata ampliar
esse número. Queremos consolidar a nossa operação no mercado no qual atuamos e ampliar as
soluções que oferecemos. Na Colômbia, por exemplo, temos o nosso marketplace, mas ainda não o
MercadoEnvio, então, a ideia é fazer esse tipo de movimento agora.
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