Pereira, Patrícia Marcela Barbosa.
A importância do ajuste oclusal na ortodontia / Patrícia
Marcela Barbosa Pereira – Orientador Profa. Joseane Chaves –
Montes Claros – ICS – FUNORTE/SOEBRÁS – Monografia
– Programa de Especialização em Ortodontia do
FUNORTE/SOEBRÁS, 2014. 54p.
A importância do ajuste oclusal na ortodontia
I.Título
ICS –
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
PATRÍCIA MARCELA BARBOSA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DO AJUSTE OCLUSAL NA
ORTODONTIA
Montes Claros, 2014
PATRÍCIA MARCELA BARBOSA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DO AJUSTE OCLUSAL NA
ORTODONTIA
Monografia apresentada ao ICS –
FUNORTE/SOEBRÁS
NÚCLEO
MONTES CLAROS, como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de
Especialista
ORIENTADORA: Profa. Joseane Chaves de Toledo
Montes Claros, 2014
PATRÍCIA MARCELA BARBOSA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DO AJUSTE OCLUSAL NA
ORTODONTIA
Monografia apresentada ao Programa
de Especialização em Ortodontia do
ICS
–
FUNORTE/SOEBRÁS
NÚCLEO MONTES CLAROS, como
parte dos requisitos para obtenção do
titulo de Especialista
ORIENTADORA: Profa. Joseane Chaves de Toledo
DATA DA APROVAÇÃO: 19/02/2014
MEMBROS DA BANCA:
PROF. RONALDO S. RUELA (DOUTOR) –
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FUNORTE
PROFª. JOSEANE CHAVES DE TOLEDO –
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FUNORTE
PROFª. SUZAN PRADO BRANCHI –
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FUNORTE
Montes Claros, 2014
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, pelo exemplo de vida que são para
mim, aos meus irmãos, que são meus grandes amigos e apoiadores, ao
meu marido que é meu grande companheiro e incentivador e a minha filha
que é minha razão de existir, que ilumina todos os meus dias com o seu
lindo sorriso. Amo muito todos vocês...
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho
durante esta caminhada, me dando força, coragem, sabedoria, paciência e
proteção para vencer este grande desafio.
Ao meu esposo, Adilson, que sempre esteve ao meu lado nos
momentos alegres e difíceis me apoiando para que eu realizasse mais este
sonho; me acompanhou durante todos esses meses para cuidar da nossa
filha enquanto eu estava em aula... Obrigada meu amor, te amo!
À minha filha, Amanda, que embora não tivesse conhecimento disto,
iluminou de maneira especial os meus pensamentos me levando a buscar
mais conhecimentos. Mamãe te ama muito filha...
Agradeço de forma grata e grandiosa meus pais, Alvani e Márcia,
que nunca mediram esforços para me ajudar, obrigado pelo amor
incondicional e palavras de incentivo.
Aos meus irmãos, Gustavo e Letícia, pelo carinho e dedicação.
Agradeço também a todos os professores que me acompanharam
durante esta jornada, em especial ao Prof. Dr. Ronaldo Ruela pela
motivação, incentivo, paciência e bondade ao nos ensinar e à minha
orientadora
transmitidos.
Profa.
Joseane
Chaves
pelo
apoio
e
conhecimentos
EPÍGRAFE
Ninguém é inútil por ser pequenino. Quando se fala em missão,
geralmente se cogita de grandessíssimos deveres, quase impraticáveis.
Contudo, desempenhar bem uma tarefa é cumprir aquilo com que nos
comprometemos, por menos expressivo que possa parecer. Não devemos
aguardar ocupações mirabolantes para justificar nossa existência como
seres proveitosos a sociedade. Extraordinário é o que estivermos
realizando pelo próximo, por no mínimo que seja. Criminosa é a
indiferença.
César Romão
RESUMO
Objetivou-se nesse trabalho de revisão de literatura, evidenciar a
importância do ajuste oclusal na finalização dos tratamentos ortodônticos,
estudando a melhor forma de se obter uma maior harmonia e estabilidade
oclusal. O ajuste oclusal por desgaste seletivo pode e deve ser utilizado
como recurso coadjuvante durante e/ou ao término da terapia
ortodôntica, conseguindo um refinamento dos contatos oclusais,
removendo interferências dentárias nos movimentos mastigatórios e
diminuindo a discrepância entre RC e MIH. A remoção dessas
interferências promove uma melhora da condição mastigatória bem como
de alguns sintomas que potencializam a DTM e a doença periodontal, além
disso, diminui o risco de recidivas após a finalização do tratamento
ortodôntico. É de fundamental importância que o profissional que irá
realizar esse procedimento tenha o conhecimento técnico e científico
necessário, uma vez que, trata-se de um procedimento irreversível.
Palavras-chave: Ajuste oclusal; Ortodontia; Relação cêntrica; Oclusão.
ABSTRACT
The objective of this work of literature review highlight the importance of
occlusal adjustment on completion of orthodontic treatment, studying the
best way to achieve greater harmony and occlusal stability. The occlusal
adjustment by selective grinding can and should be used as adjunctive
resource during and / or at the end of orthodontic treatment, achieving a
refinement of occlusal contacts, removing interference in dental chewing
movements and reducing the discrepancy between RC and MIH. The
removal of these interferences promotes an improvement of masticatory
condition as well as some symptoms that leverage the DTM and
periodontal disease, in addition, reduces the risk of relapse after
completion of orthodontic treatment. It is essential that professionals will
perform this procedure has the necessary technical and scientific
knowledge, since it is an irreversible procedure.
Keywords:
Occlusion.
Occlusal
adjustment;
Orthodontics;
Centric
relation;
LISTA DE FIGURAS
Figura
1: Classificação das maloclusões de Angle
16
Figura
2: Contatos múltiplos, bilaterais e simultâneos
19
Figura
3: Cargas oclusais distribuídas ao longo eixo do dente
20
Figura
4: Guia de desoclusão canina
20
Figura
5: Movimento protrusivo
21
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Lista de Abreviaturas
AcBO – Academia Brasileira de Odontologia
ATM – Articulação temporomandibular
DTM – Disfunção temporomandibular
MIH – Máxima intercuspidação habitual
MIF – Máxima intercuspidação funcional
OC – Oclusão cêntrica
OMS – Organização Mundial de Saúde
RC – Relação cêntrica
ROC – Relação de oclusão cêntrica
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO
12
2.
PROPOSIÇÃO
14
3.
REVISÃO DA LITERATURA
15
4.
DISCUSSÃO
41
5.
CONCLUSÃO
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
48
12
1. INTRODUÇÃO
A Ortodontia está baseada no princípio da oclusão dentária normal,
e tem por objetivo obter ao final do tratamento uma ótima saúde oral,
estética facial agradável, boa função e estabilidade. Dentre todos os
objetivos, a estabilidade oclusal é o que mais preocupa os ortodontistas.
Dentre
as
diversas
causas
de
insucesso
dos
tratamentos
ortodônticos finalizados, a interferência oclusal se destaca como um dos
fatores mais relevantes e responsáveis pelas recidivas pós-tratamento,
tanto na posição de relação cêntrica quanto na máxima intercuspidação
habitual. Como consequências clínicas de uma interferência oclusal, não
identificada após finalização de um caso clínico, podemos observar
mobilidade dentária, recessão gengival, abfração cervical, desgastes
incisais ou de pontas de cúspides, fraturas de restaurações, entre outras.
Um
profissional
tratamento
ortodôntico
com
grande
conhecimento
de
qualidade
deve
biomecânica,
exigir
do
fisiologia
da
mastigação e da deglutição, princípios de estética e oclusão dentária, os
quais influenciarão no planejamento inicial dos casos e na finalização dos
mesmos. Estes princípios devem ser entendidos e praticados por todos os
especialistas com o objetivo de se obter, após remoção do aparelho
ortodôntico, uma oclusão estável e satisfatória para cada paciente.
O
equilíbrio
oclusal,
considerado
por
autores
como
contatos
bilaterais, simultâneos e estáveis numa posição de oclusão cêntrica e
anterior adequada, com desoclusão pelos caninos em lateralidade direita e
esquerda e incisivos em protrusiva, parece ser fundamental para o
sistema mastigatório.
A oclusão orgânica (gnatológica) é a meta que se deve buscar com o
tratamento ortodôntico. Para obtê-la é necessário, comumente, ter-se o
auxílio de outros tratamentos odontológicos, como o ajuste oclusal e
dentística restauradora após a ortodontia.
O ajuste oclusal é a remodelação sistemática da anatomia oclusal
dos dentes, a fim de minimizar todas as desarmonias oclusais nas
13
posições oclusais mandibulares reflexas. É um dos procedimentos mais
importantes da odontologia, responsável por eliminar uma ou mais
interferências
oclusais,
dando
estabilidade
e
conforto
ao
sistema
estomatognático, principalmente nas áreas que se relacionam diretamente
com a oclusão dentária. O domínio desse assunto é de fundamental
importância para que os ortodontistas possam finalizar seus tratamentos
com maior segurança e qualidade profissional, minimizando as chances de
recidiva e insucessos.
Levando-se em consideração que o principal objetivo do tratamento
ortodôntico é a sua estabilidade, o ajuste oclusal pode ser utilizado para
refinar a relação oclusal obtida após o mesmo, que deve levar a uma
harmonia oclusal relacionada, diretamente, com o sistema neuromuscular,
articulação temporomandibular e os tecidos de suporte dentário.
O
ajuste
oclusal,
quando
bem
indicado
e
utilizado
pelos
ortodontistas como um complemento do tratamento ortodôntico, poderá
levar a essa harmonia, evitando ou minimizando sobrecargas para
determinado elemento desse sistema, visando uma distribuição das forças
oclusais o mais natural possível, eliminando interferências e traumas
oclusais, que levariam a um desequilíbrio oclusal, propiciando recidivas e
possíveis problemas de disfunção temporomandibular.
Uma modalidade terapêutica de se proporcionar oclusão estável é o
ajuste oclusal por desgaste seletivo, que deve ser realizado seguindo-se
algumas etapas, para evitar iatrogenias.
Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo evidenciar com
base em uma revisão de literatura a importância do ajuste oclusal na
finalização dos tratamentos ortodônticos, estudando a melhor forma de se
obter uma maior harmonia e estabilidade oclusal.
14
2. PROPOSIÇÃO
A proposta deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura para
discutir a importância do ajuste oclusal na finalização dos tratamentos
ortodônticos, estudando a melhor forma de se obter uma maior harmonia
e estabilidade oclusal.
15
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 OCLUSÃO
Netto et al. (1995) definem oclusão como o relacionamento estático
e dinâmico das superfícies oclusais dos dentes em harmonia com as
demais
estruturas
do
sistema
estomatognático.
A
análise
oclusal
compreende uma série de cuidados clínicos e laboratoriais com a
finalidade de promover uma avaliação, a mais detalhada possível, das
condições de engrenamento oclusal, para que seja possível a recondução
de um elemento dentário ou grupo de dentes ao seu devido equilíbrio no
aparelho mastigador. A relação cêntrica é definida como a posição mais
retraída da mandíbula, a partir da qual os movimentos mandibulares de
abertura e lateralidade podem ser realizados. Esta posição é bordejante,
limite, funcional e reproduzível, com ou sem a presença dos dentes.
Oclusão cêntrica é a relação de contato dentário não forçada, voluntária
ou não, com maior número de contatos, inclusive dentes anteriores,
independente da posição condilar; é uma posição mutável, que pode ser
alterada por qualquer interferência oclusal. Como a oclusão cêntrica não é
uma posição totalmente estável, devido às mudanças que naturalmente
ocorrem, ela é considerada uma posição dinâmica. Assim, a força de
mordida tem grande influência e qualquer alteração nesse padrão pode
ocasionar o aparecimento de forças parafuncionais.
Segundo Lopes (2010) a oclusão normal foi descrita por John
Hunter, no século XVIII e, posteriormente, por Carabeli, já na metade do
século XIX. Os termos mordida topo a topo e overbite, são realidades
derivadas do sistema de classificação deste último autor. No entanto, ele
cita que foi Norman Kingsley, em 1880, no tratado denominado Oral
Deformities,
que
veio
influenciar
significativamente
a
odontologia
americana durante a última metade do século XIX; afirmando que “a
oclusão dos dentes é o fator mais importante para a estabilidade da nova
posição
dentária.”
Considerando
os
conhecimentos
da
época,
16
provavelmente ele se referia apenas ao aspecto estático da oclusão. A
atenção dos profissionais daquela época estava voltada para um tipo de
aparelho mais eficiente para movimentar os dentes, um método mais
preciso de diagnóstico e uma melhor ancoragem. A preocupação principal
consistia em movimentar os dentes de uma má posição para uma posição
estática e esteticamente normal, não se preocupando tanto com o fator
oclusal. Como a especialidade estava se iniciando, os pacientes eram
poucos, e os problemas relacionados a uma oclusão funcionalmente
insatisfatória,
raríssimas
vezes
eram
comparados
com
a
oclusão
estabelecida pelo tratamento, a ênfase da Ortodontia permaneceu no
alinhamento dos dentes e na correção das suas proporções faciais,
prestando-se pouca atenção à oclusão dentária.
De acordo com Bof (1996), Angle em 1899 postulou as condições
para uma oclusão ótima, apontando como condição sine qua non, que a
cúspide mésio vestibular do primeiro molar superior deva ocluir no sulco
vestibular primeiro molar inferior e se os dentes ocluem nos arcos de
maneira alinhada, resultará em uma oclusão ideal. Angle descreveu três
tipos básicos do que ele chamou de maloclusão, representando desvios na
dimensão ântero posterior (Figura 1). O sistema de Angle, para classificar
as maloclusões foi imediatamente reconhecido.
Figura 1: Classificação das maloclusões de Angle
17
Monnerat & Mucha(2000) descrevem que Andrews, em 1972,
relacionou seis chaves de oclusão que deveriam ser objetivos do
tratamento ortodôntico. Os conceitos estáticos e anatômicos, que por um
bom tempo definiram a oclusão normal, têm dado lugar a uma
interpretação
mais
ampla
e
dinâmica,
onde
articulação
têmporomandibular (ATM), sistema neuromuscular e função, têm sido
considerados. Uma oclusão normal significa algo mais que uma relação
anatômica estática, haja visto que uma oclusão com uma aparência
superficial de normalidade pode ser, de fato, anormal quando submetida a
uma avaliação funcional. Nenhum fator sozinho deve ser considerado
suficiente,
mas
todos
devem
ser
considerados.
Uma
oclusão
funcionalmente equilibrada, estável, saudável e esteticamente atraente
pode ser considerada normal, mesmo se pequenas alterações no
posicionamento dentário estiverem presentes. Desde então, as seis
chaves de oclusão passaram a ser uma meta para todos os casos
terminados, sendo elas: relação molar de classe I; angulação (inclinação
mesio-distal); torque (inclinação vestíbulo-lingual); pontos de contatos
interproximais rígidos; coordenação e diagramação dos arcos e ausência
de rotações dentais.
Segundo
Coelho
(2010),
Dawson
em
1973
afirmou
que
o
diagnóstico diferencial deve constar de: a) uma manipulação acurada da
mandíbula para obtenção da relação cêntrica; b) palpação do músculo
pterigóideo lateral; c) construção de um dispositivo que elimine a
intercuspidação dos dentes (front-plateau), que o paciente deverá usar
durante 24 horas.
Analisando diversos casos ortodônticos concluídos, com a finalidade
de comprovar se as seis chaves de oclusão de ANDREWS proporcionavam
realmente uma oclusão funcionalmente ideal e um posicionamento
dentário estático, Roth (1973), concluiu que quando as seis chaves são
alcançadas,
com
a
mandíbula
em
relação
cêntrica,
a
oclusão
é
verdadeiramente ideal tanto funcional com estaticamente (SANTOS,
2008).
18
Roth (1981) afirmou que a resposta para a estabilidade dos casos
tratados
ortodonticamente
deve
estar,
pelo
menos
parcialmente,
relacionada à dinâmica da oclusão funcional, que o autor definiu como
sendo aquela em que os côndilos devem estar situados na posição ideal
ou fisiológica (que o autor considera como sendo a mais superior e central
nas fossas articulares); deve haver coincidência entre a MIH e a posição
ideal
(RC);
os
dentes
não
devem
interferir
com
os
movimentos
mandibulares em quaisquer direções. Deste modo, a Relação Cêntrica
representa um objetivo de tratamento, e a finalização do tratamento é a
última oportunidade do ortodontista, para ter um caso bem tratado e
refinar a oclusão (BAUMGRATZ, 2012).
Ramfjord & Ash, em 1987, descreveram a oclusão normal como
aquela que envolve contatos oclusais, alinhamento dos dentes, trespasse
vertical e horizontal, arranjo e relacionamento dos dentes com os arcos e
o relacionamento dos dentes com as estruturas ósseas. O conceito
descrito por estes autores dá ênfase ao aspecto funcional da oclusão e à
capacidade do sistema mastigatório de se adaptar ou compensar algumas
variações dentro da média de tolerância do sistema. Uma oclusão pode
ser considerada clinicamente normal na presença de interferências
oclusais na excursão lateral, uma vez que estas interferências tenham
passado por uma adaptação neuromuscular e não existem distúrbios
clínicos aparentes na função mastigatória ou mudanças periodontais
patológicas. Já a oclusão ideal tem menos relação com as características
anatômicas do que características funcionais; contudo, um relacionamento
anatômico bom fornece a melhor garantia para uma harmonia funcional.
Os autores concluíram que o conceito de uma oclusão ideal ou ótima,
refere-se a uma condição estética e fisiológica ideal (SIMÕES et al.,
1992).
Para Calazans et al. (2000) uma oclusão ótima deve incluir uma
posição de intercuspidação funcional (MIF), sendo que esta distância entre
MIH e RC deve ser pequena e sem desvio lateral. Além disso, os
19
movimentos mandibulares excêntricos deverão ser sem interferências,
com contatos apenas no lado de trabalho.
LAFFITTE et al.(2005) consideram como ideal aquela oclusão que
permite a realização de todas as funções fisiológicas próprias do sistema
estomatognático, ao mesmo tempo em que é preservada, a saúde de suas
estruturas constituintes. A oclusão ideal envolve, tanto características
anatômicas estáticas, como aspectos dinâmico-funcionais, sendo, porém,
mais dependente destes últimos. Neste sentido, duas situações principais
devem ser consideradas a fim de melhor se analisar a dinâmica
mandibular ideal: a de oclusão dentária em máxima intercuspidação e a
dos movimentos mandibulares. A posição de máxima intercuspidação é
alcançada em torno de 5000 vezes por dia, durante as funções normais
que incluem entre outras, o ciclo mastigatório e a deglutição. Em
decorrência do número de vezes em que os dentes entram em máxima
intercuspidação num período de 24 horas, e dos níveis de força
potencialmente envolvidos, torna-se evidente a importância do equilíbrio
funcional, quando alcançada aquela posição. A máxima intercuspidação
ideal tem como principal requisito a estabilidade mandibular. Esta deve
manifestar-se em dois níveis: dentário e articular. A estabilidade dentária
depende
basicamente,
de
duas
circunstâncias:
contatos
múltiplos
bilaterais simultâneos e cargas axiais (Figuras 2 e 3). A estabilidade
articular depende, por sua vez, do relacionamento harmônico ideal entre
suas partes constituintes, no momento da máxima intercuspidação,
encontrado na posição de relação cêntrica, também denominada posição
de estabilidade ortopédica da mandíbula.
Figura 2: Contatos múltiplos,
bilaterais e simultâneos
20
Figura 3: Cargas oclusais
distribuídas ao longo eixo
do dente
Para Capote et al. (2004), uma das características de oclusão ideal é
a presença de contatos entre os caninos do lado de trabalho e desoclusão
de todos os dentes do lado de balanceio. Os autores afirmam ainda que,
durante os movimentos laterais, deve existir um contato oclusal entre os
caninos do lado de trabalho, isolados ou juntamente com um ou mais
pares de dentes posteriores adjacentes. Estes movimentos de lateralidade
devem ser guiados preferencialmente pelos caninos, promovendo a
desoclusão de todos os demais dentes do mesmo lado do movimento e os
do lado oposto ao movimento. Sendo assim, uma oclusão ideal deve
apresentar lateralidade através de guia de desoclusão por dentes caninos
ou em grupo, sem interferências no lado de balanceio, conforme ilustrado
na Figura 4. (ABREU, 2010).
Figura 4: Guia de desoclusão canina
Se o ortodontista concorda que a oclusão não consiste apenas de
contatos estáticos dos dentes quando as arcadas estão fechadas, mas
21
envolve todos os contatos, durante mastigação e deglutição, então ele
será obrigado a adotar a "oclusão funcional" como um critério para
diagnóstico e tratamento da dentição dos pacientes (SANTOS et al.,
2005).
Uma vez que foi tomada a decisão de realizar o tratamento
ortodôntico de um determinado caso, parece prudente que o profissional
estabeleça uma oclusão funcional tão ideal quanto possível, com uma bem
planejada e apropriada aparatologia. E isto consiste na obtenção de
coincidência de entre RC e MIH; de movimentos de lateralidade guiados
pelos caninos, sem interferências no lado de balanceio; e de ausência de
contatos nos dentes posteriores durante o movimento protrusivo (Figura
5) (JASON; MARTINS, 1990).
Figura 5: Movimento protrusivo
Segundo Weissheimer et al. (2007) é necessário que o profissional
tenha pleno conhecimento das características que constituem uma oclusão
ideal, quanto aos aspectos oclusais, estéticos e funcionais, para que possa
finalizar os tratamentos da melhor maneira possível, sempre respeitando
os anseios e expectativas do paciente.
A adoção de uma atitude conservadora, tendo em vista uma maior
estabilidade, inclui na remoção de interferências em RC e a eliminação das
interferências deflectivas entre dentes e inter arcos. A incubência do
ortodontista é estar atento a ATM antes, durante e após o tratamento
22
ortodôntico, para garantir o sucesso fisiológico e funcional do mesmo
(MONNERAT; MUCHA, 1998).
Os
contatos
oclusais
influenciam
a
função
do
sistema
estomatognático, e, uma oclusão ideal funcional deveria representar para
o clinico, o objetivo do tratamento, e as seguintes condições parecem ser
as menos patogênicas: 1) quando a boca se fecha, os côndilos devem
estar em RC e, nesta posição, deve haver contatos homogêneos de todos
os dentes posteriores, e os dentes anteriores se contatam um pouco mais
suavemente
que
os
posteriores;
2)
todos
os
contatos
dentários,
promovendo carga axial das forças oclusais; 3) na lateralidade, deve
haver guias de contato no lado de trabalho para desocluir o lado oposto
imediatamente, e a guia mais favorável é fornecida pelos caninos; 4) no
movimento protrusivo, deve haver contatos dentários dirigidos pelos
dentes anteriores para desocluir todos os posteriores imediatamente
(RINCHUSE; KANDASAMY, 2006).
Em muitos casos, a análise cefalométrica em posição de MIH,
mostra
aparentemente
boa
oclusão
e
bom
relacionamento
dento-
esquelético. No entanto, em RC tudo é diferente, há uma má oclusão com
ressalte
incisal,
mordida
aberta
anterior
e
significativa
retração
mandibular. Deve ser considerado que frequentemente a posição de RC
não é encontrada de imediato e, neste caso relatado está “mascarada”
como “boa oclusão” por acomodação, em que o paciente leva a mandíbula
para frente buscando uma posição mais cômoda da mandíbula ou até
mesmo, em alguns casos, inconscientemente, buscando a posição mais
estética. Esta má posição mandibular pode perpetuar-se sem que o
paciente apresente sintomatologia. Porém, o mais frequente é que esta
situação, mais cedo ou mais tarde, apresentará consequências na
Articulação Têmporo Mandibular (ATM)(BARONE; PEREIRA, 2011).
A AcBO sugere que as telerradiografias devem ser feitas em MIH
porque não se pode pretender que o Serviço de Radiologia encontre e
radiografe na correta posição de RC. É sabido que muitas vezes não se
consegue levar a mandíbula para RC na primeira consulta. Algumas vezes
23
é de tal forma tão difícil que se faz necessária a confecção e instalação de
placa desprogramadora, por alguns dias. No aspecto cefalométrico a
posição de MIH ou RC não apresenta variações significativas nos desvios
laterais da mandíbula. Da mesma forma, os modelos são articulados em
MIH nos Centros de Documentação Ortodôntica, para segurança durante
os procedimentos de recorte. Ressaltamos que não se deve fazer o
diagnóstico apenas com as informações destes modelos. Aqueles que
desejam estudar a relação oclusal em modelos de gesso, devem montálos em RC, empregando o arco facial num articulador especial que
retratará mais detalhadamente a oclusão em RC e possibilitará uma
melhor avaliação da Oclusão Dinâmica. Cabe ao profissional estar atento
buscando sempre a RC para realizar seu diagnóstico, plano de tratamento
e durante todo o tratamento até sua finalização. A busca de uma oclusão
dentária em perfeita harmonia com a ATM, nos leva, como uma boa
alternativa, ao ajuste oclusal por desgaste na finalização do tratamento
(BARONE; PEREIRA, 2011).
Bósio (2004) afirma que evidências científicas significantes apontam
para
uma
tendência
tratamento
de
ortodôntico,
Aparentemente,
a
maior
não
associação
oclusão
e
parte
dos
do
relacionamento
disfunção
cursos
de
entre
têmporo-mandibular.
pós-graduação
em
Ortodontia já estão ensinando esta filosofia aos seus alunos. Mas o
mesmo parece não acontecer em muitos cursos de graduação em
Odontologia, que ainda insistem na tese de que o problema de disfunção
têmporo-mandibular é um problema de oclusão. Oclusão, por si só, é um
termo bastante abrangente e pode ser dividido em muitas variáveis.
Talvez seja esta razão de encontrarmos cada vez menos artigos científicos
discutindo
o
relacionamento
entre
oclusão
e
disfunção
têmporo-
mandibular. O paradigma parece realmente estar mudando. O foco
principal dos problemas de DTM está voltando-se mais para a própria
articulação têmporo-mandibular. Entretanto, não devemos desprezar
outros fatores associados aos problemas de DTM.
24
Segundo Durso (2002) até o presente momento, com base na
literatura pertinente, parece lícito alegar que o tratamento ortodôntico
conduzido de maneira apropriada, seguindo os protocolos terapêuticos
existentes, não desencadeia DTM. Mesmo assim, parece-nos prudente que
o Ortodontista dê importância à presença de sinais e sintomas de DTMs
durante o exame inicial, registrando-os quando presentes e alertando o
paciente ou responsável para o problema. A prevalência de sinais e
sintomas de disfunções temporomandibulares em indivíduos saudáveis e
os muitos tipos de filosofias, metas e técnicas de tratamento ortodôntico
existentes atualmente dificultam investigar se o tratamento ortodôntico
previne a DTM. Estudos adicionais, investigando a etiologia, o diagnóstico
e os métodos de avaliação, parecem ser necessários para elucidar esta
importante questão.
3.2 AJUSTE OCLUSAL
De acordo com Fernandes Neto et al.(2004) o termo oclusão
traumática, introduzido por Stillman em 1917, denotava dano causado por
força anormal nos tecidos periodontais ou dentários. Em 1927, Arnold
verificou
a
presença
ortodonticamente,
de
oclusão
atribuindo
esta
traumática,
condição
ao
em
fato
casos
de
tratados
existirem
interferências oclusais, tanto em relação cêntrica quanto nos movimentos
funcionais, sendo capazes de provocar problemas periodontais. O ajuste
oclusal era utilizado como uma terapêutica para estes problemas e como
complemento ao tratamento ortodôntico para todos os casos, afim de
melhor distribuir as forças mastigatórias entre o maior número de dentes
possível.
Consolaro (2006) citou o trabalho de Thompson realizado em 1956,
no qual constatou que o aspecto funcional da oclusão era de vital
importância na fisiologia do sistema estomatognático e que a maioria dos
ortodontistas negligenciavam este aspecto funcional na finalização dos
25
tratamentos
ortodônticos.
ortodonticamente
Observou-se
geralmente
que
apresentavam
os
casos
contatos
terminados
prematuros,
constituindo um grande potencial para desenvolver a oclusão traumática
e, posteriormente, distúrbios na região da articulação temporomandibular.
Salientou que os dentes ficariam abalados com o tempo, pois os contatos
não corrigiam por si só, e que os sintomas anormais da articulação
temporomandibular incluindo estalos, dores, movimentos mandibulares
irregulares, subluxação, fadiga muscular poderiam acontecer e que para
prevenir esses problemas o ideal seria fazer o ajuste oclusal após
tratamento ortodôntico ensejando assim o aspecto funcional.
O trauma oclusal foi definido pela OMS como sendo um dano ao
periodonto, causado pela pressão sobre os dentes, produzido direta ou
indiretamente
pelos
dentes
antagonistas.
As
forças
excessivas
ou
traumáticas podem atuar sobre grupo de dentes ou sobre um único dente
em relação de contato prematuro, em associação com o hábito de cerrar
os dentes e o bruxismo. As forças oclusais excessivas, além de causarem
danos aos tecidos periodontais, também podem ter efeitos prejudiciais,
sobre a articulação temporo-mandibular, os músculos da mastigação e a
polpa
dentária.
Pensando-se
numa
odontologia
moderna,
onde
a
prevenção vem em primeiro lugar, a dinâmica oclusal, com a troca no
padrão oclusal do paciente, deverá ser detectada em visita de rotina do
paciente ao consultório. Deveremos realizar uma pesquisa abrangente,
através do exame clínico, fazendo com que o paciente execute os
movimentos de máxima intercuspidação, lateralidade e movimentos
protrusivos, a fim de obtermos um diagnóstico precoce dos problemas
oclusais e suas consequências em relação à endodontia, periodontia e
ortodontia (EDUARDO; SAITO, 1999).
Durante o tratamento ortodôntico, forças são aplicadas, resultando
remodelação óssea e movimentação dentária, além de adaptações
estruturais provenientes das mudanças requeridas. Portanto, uma oclusão
traumática pode trazer injúrias ao sistema estomatognático como um todo
desencadeando assim, alterações diversas e muitas vezes complexas. É
26
necessário o conhecimento em oclusão e sobre os traumas oclusais para a
compreensão e sucesso do tratamento ortodôntico. A oclusão traumática
pode trazer injúrias ao sistema estomatognático como um todo, sendo
assim, o estudo da oclusão e traumas oclusais é de suma importância
para os ortodontistas e toda classe odontológica. O trauma é uma
condição em que o ato de ocluir os maxilares resulta em lesão das
estruturas de suporte dos dentes. Ele pode ser dividido em primário
(relação tecidual provocada em volta de um dente com estrutura
periodontal normal) e secundário (forças oclusais causando dano a um
periodonto comprometido). Uma condição oclusal boa e saudável é
primordial para a função muscular normal durante a mastigação, fala e
postura mandibular. No diagnóstico clínico, o trauma oclusal pode
apresentar as seguintes características: mobilidade dentária, facetas de
desgaste, perda do ponto de contato, migração dentária, dor localizada,
dor na ATM, mastigação unilateral e posição viciosa ou de conveniência
(VELDOVELHO FILHO et al., 2004).
Podemos definir ajuste oclusal como sendo um procedimento clínico
que tem por finalidade a correção do contato oclusal traumático. Através
dos contatos oclusais normais, os dentes transmitem a força de
mastigação
(força
oclusal),
no
sentido
do
longo
eixo
do
dente,
estimulando o periodonto de sustentação. Estas forças oclusais são
importantes
pela
sua
direção,
intensidade,
duração
e
frequência.
Quaisquer modificações circunstanciais, ou por hábitos individuais do
paciente, podem produzir forças anormais (pelo aumento da intensidade
destes fatores ou pelo surgimento de forças horizontais), que se tornam
traumatizantes, desencadeando o traumatismo oclusal, causando a
destruição do periodonto e por fim a perda do dente (SAITO et al., 1977).
Palomares et al.(2006) citam o trabalho de Ahlgren & Posselt
realizado em 1963, em que realizaram uma pesquisa eletromiográfica em
6
pacientes,
que
concluíram
seus
tratamentos
ortodônticos
e
apresentavam interferências. O objetivo seria avaliar se com a eliminação
das interferências haveria uma melhora na coordenação muscular.
27
Comparou-se os registros antes e após o ajuste e observaram que os
ajustes
proporcionavam
Ressaltaram,
então,
a
uma
melhora
necessidade
de
da
se
coordenação
avaliar
os
muscular.
resultados
ortodônticos quanto às interferências, e caso existam, corrigi-las com o
ajuste oclusal.
Apesar de vários autores relatarem a importância do ajuste oclusal
pós-tratamento ortodôntico, em 1965, Heide e Thorpe verificaram em 10
casos
corrigidos
ortodonticamente
que
a
presença
da
máxima
intercuspidação, coincidindo com a relação cêntrica, não existia, e que
haviam interferências nas excursões excêntricas. Enfatizaram que muitas
das recidivas dos incisivos superiores e inferiores tanto de apinhamentos
como de diastemas são devidas às pressões exercidas durante os
movimentos funcionais. Alertaram para o fato de que o ajuste oclusal é
um procedimento auxiliar, mas não um substituto para o tratamento
ortodôntico correto (CORTÉS, 2007).
A análise oclusal deve ser indicada como rotina, nos períodos póstratamento, pois permitem detectar prematuridades, que obviamente
poderão criar sérios distúrbios oclusais a curto, médio ou longo prazo ao
paciente, no seu sistema estomatognático. A análise da oclusão, no póstratamento
ortodôntico,
demonstrou
que
prevaleceram os contatos
prematuros durante a oclusão em Relação Central na maioria dos casos
analisados, e que esses contatos eram deflectivos e deslocaram a
mandíbula até chegar à MIH. Em função dos contatos prematuros
evidenciados pelas análises, deve-se preconizar procedimentos clínicos de
ajustes oclusais que possibilitem uma máxima intercuspidação, e, se
possível, coincidente com a relação cêntrica, nos pacientes tratados
ortodonticamente. Nas análises oclusais dos pacientes considerados com
oclusão normal, não foram detectados contatos prematuros, movimentos
deflectivos mandibulares e discrepância entre relação central e máxima
intercuspidação oclusal em cêntrica em 90% dos casos estudados
(SANTOS, 1978).
28
Preocupado com os problemas de dor relacionada com a disfunção
temporomandibular e como solucioná-las Roth em 1973, fez um trabalho
em 9 pacientes, sendo que 7 deles apresentavam dores e 2 não
apresentavam. Todos tinham sido tratados ortodonticamente e concluiu
que os que apresentavam dor tinham interferências oclusais, sendo que
aqueles com dores mais severas apresentavam maiores desvios da
cêntrica em relação à máxima intercuspidação habitual. Nos movimentos
de lateralidade apresentavam interferências no lado de balanceio ou
interferências nos dentes posteriores nos movimentos de protrusiva,
ocorrendo uma correlação entre a severidade e a localização dos
sintomas. Após a realização do ajuste oclusal nos pacientes, houve
eliminação dos sintomas, comprovando a validade do ajuste após o
tratamento
ortodôntico.
Observou
ainda
que
as
interferências
em
balanceio eram causadas pelo torque lingual de coroa insuficiente, nos
molares superiores, pela falta de relacionamento ântero-posterior correto
da relação maxilomandibular, pela forma e largura desproporcionais dos
arcos dentários e por torque lingual acentuado de coroa nos molares
inferiores. Ressaltou que para evitar as interferências nos dentes
posteriores durante os movimentos funcionais deveria existir guia anterior
correta (FERREIRA, 2009; LOPES, 2011).
Viola & Paiva (1982) relataram que o diagnóstico precoce dos sinais
e sintomas de patologia oclusal possibilitam a prevenção da mesma e/ou a
simplificação do tratamento indicado. O exame de oclusão do paciente
tratado ortodonticamente, invariavelmente, mostra interferências oclusais
que podem e devem ser eliminadas por ajuste oclusal e complementadas
por dentística restauradora.
De acordo com Crepaldi (2011) o ajuste oclusal como forma de
tratamento e/ou parte dele, indispensável a qualquer especialidade
odontológica, requer que a mandíbula esteja em posição de relação
central.
O
sucesso
de
um
ajuste
oclusal
está
relacionado
fundamentalmente em ter-se os músculos mastigadores relaxados e o
clínico conseguir orientar os côndilos à posição de relação central. O
29
ajuste oclusal é considerado uma forma de tratamento com princípios e
regras que devem ser seguidos.
Roth (1981) afirmou que o tratamento ortodôntico é uma forma de
reabilitação bucal completa, obtida clinicamente em esmalte e, como tal,
deve seguir as regras de oclusão exigidas para obter-se saúde bucal em
longo prazo, tanto na odontologia restauradora quanto protética, se os
ortodontistas pretendem prover um serviço de saúde verdadeiro. Afirma
também a importância da relação entre a oclusão e a articulação
temporomandibular, e, além disso, a oclusão, se alterada, deve ser
modificada para estar em harmonia com a posição articular ótima no
fechamento e nos movimentos bordejantes. A estabilidade não será obtida
na ausência de uma articulação estável, em posição articular também
estável, além de contatos interoclusais cêntricos apropriados, com
desoclusão dos dentes posteriores quando em movimento.
A proposta do ajuste oclusal, após o tratamento ortodôntico na
obtenção do estabelecimento de uma relação harmônica entre os planos
inclinados dos dentes, a respectiva musculatura e a ATM, durante a
função mastigatória, pois o padrão de movimento da mandíbula é
determinado não somente pela morfologia da dentição, mas também pela
anatomia da ATM e atividade dos músculos mastigatórios, e se a função é
a meta principal em ortodontia, então os dentes devem estar dispostos de
maneira a preservar esta harmonia. A falta desta sintonia pode implicar
num distúrbio morfofuncional e desarmonia oclusal com interferências nos
movimentos
mandibulares,
com
consequente
disfunção
de
ATM
e
problemas periodontais. Dessa forma, podemos concluir que todos os
casos ortodonticamente tratados exibem prematuridades oclusais; os
articuladores são obrigatórios para se avaliar as condições da oclusão,
antes, durante e após o tratamento ortodôntico; prematuridades oclusais
exigem movimentos condilares e causam deflexão mandibular; o ajuste
oclusal é necessário nos casos ortodonticamente tratados para: remover
as
interferências
mandíbula,
durante
principalmente
os
do
movimentos
lado
de
excêntricos
não
laterais
trabalho;
da
remover
30
interferências dos dentes posteriores durante os movimentos protrusivos,
ou seja, os anteriores protegem os posteriores (PASCOAL, 1994;
CONSOLARO, 2008).
O ajuste oclusal apesar de um ótimo tratamento deve ser executado
para eliminar as interferências oclusais e contatos prematuros e estes
além de provocar problemas articulares e musculares, são fatores
desencadeantes de problemas periodontais não obstante, a estabilidade
oclusal resultante deste procedimento, contribui para a prevenção de
eventuais recidivas. O ajuste oclusal realizado após o tratamento
ortodôntico propicia a obtenção da oclusão de relação cêntrica, um melhor
padrão de desoclusão e a eliminação das interferências durante os
movimentos funcionais, a eliminação dos sintomas nos pacientes com
disfunção temporomandibular e o aumento do número de contatos na
oclusão de relação cêntrica. Conclui-se que o ajuste oclusal é um recurso
muito importante e útil para o cirurgião-dentista e em especial para o
ortodontista, na finalização de seus casos. Por meio dele pode-se obter
uma estabilidade mandibular adequada, livre de prematuridades e
interferências oclusais, visto que as interferências oclusais são fatores que
levam
à
recidiva,
apinhamentos
e
disfunções
da
articulação
temporomandibular e devem ser eliminados (BELLINI, 2009).
Bataglion (2009) esclarece que para se realizar o ajuste oclusal
algumas normas devem ser estabelecidas e seguidas, tais como:
eliminação
de
contatos
prematuros
e
interferências
oclusais;
estabelecimento de ótimas relações oclusais funcionais; estabilidade
oclusal de maneira que, após o ajuste oclusal, tenha lugar apenas a
disposição desejável ou inevitável dos dentes; distribuição das paradas
cêntricas de maneira, que a força oclusal principal aplicada ao dente, seja
em
direção
axial
(em
seu
longo
eixo)
e
domínio
das
posições
fundamentais da mandíbula em todas as tentativas de um ajuste oclusal
(posição mandibular de relação cêntrica (RC); posição mandibular em
máxima intercuspidação habitual (MIH); posição mandibular de relação
31
cêntrica de oclusão (ROC); posição mandibular em lateralidade e
protrusiva.
3.3 AJUSTE OCLUSAL POR DESGASTE SELETIVO NA TERAPIA
ORTODÔNTICA
As pequenas correções de desarmonias oclusais têm sempre sido
parte
da
prática
odontológica.
Contatos
oclusais
fortes
causando
desconforto ou aumentando a mobilidade do dente normalmente têm sido
eliminados,
após
marcação
com
papel-carbono,
pelo
desgaste
e
eliminação desses pontos marcados para melhorar, de maneira geral, os
padrões
de
contatos
dentários.
Tais
desgastes
sem
planejamento
produziam um alívio de pouca duração dos sinais e sintomas, mas
frequentemente terminavam em problemas futuros à medida que os
dentes se inclinavam de posição após a remoção dos contatos prematuros
ou recidivavam os sintomas pelas mudanças dos impactos das forças
oclusais (CAPOTE, 2004).
Segundo
Macedo
(2009)
deve-se
a
Schuyler
(1973)
uma
contribuição científica para o ajuste oclusal da dentição natural, através
do desgaste seletivo. Em 1923, Schuyler já havia notado que oclusões
equilibradas por procedimentos empíricos quase sempre terminavam em
várias complicações. Devido a essas observações, o autor idealizou uma
maneira sistemática para o ajuste oclusal, promovendo meios para o
ortodontista remover estruturas dentais por desgaste, a fim de minimizar
as forças oclusais exercidas durante a mastigação. E, em 1947,
apresentou uma revisão de suas regras para o desgaste seletivo,
enfatizando as influências destrutivas que os contatos no lado não
funcional exerciam sobre o aparelho mastigatório.
No procedimento de ajuste oclusal por desgaste seletivo a estrutura
dentária é seletivamente removida até que o dente, assim recontornado,
tenha contatos oclusais que preencham o objetivo do tratamento. Como
32
ele é irreversível e envolve a remoção da estrutura dentária, seu uso é
bastante limitado. Desta forma, deve existir uma correta indicação antes
que o ajuste seja considerado. Os procedimentos de ajuste oclusal podem
ser facilitados fazendo-se os desgastes primeiramente em modelos
montados em articulador ajustável, e somente após a certeza quanto ao
resultado obtido estesserão executados no paciente (NETTO et al., 1995).
O ajuste oclusal por desgaste seletivo pode ser usado como uma
etapa do tratamento ortodôntico, objetivando estabelecer melhoria nas
relações funcionais do sistema mastigatório e estabilizar os resultados
alcançados. Uma oclusão funcional ideal consiste em contatos no lado de
trabalho durante os movimentos excursivos da mandíbula, guia canino
bilateral, desoclusão no lado de não trabalho durante a lateralidade e dos
dentes posteriores no movimento de protrusão, contato anterior nas
excursões e forças direcionadas no longo eixo dos dentes e no maior
número de dentes possíveis (BORGES et al., 2007).
Segundo Duarte et al. (2008) a desarmonia oclusal é um fator de
risco na causa de sintomatologia dolorosa, principalmente na musculatura
da mastigação; e o ajuste oclusal é uma modalidade de tratamento das
DTMs, sendo o ajuste oclusal por desgaste seletivo
um tipo de
procedimento de tratamento de disfunção do sistema mastigatório que,
apesar de gerar muitas controvérsias, é um procedimento efetivo quando
corretamente
aplicado.
O
ajuste
oclusal
traz
benefícios
conforme
enfatizado pelos autores que acreditam na melhoria da função do sistema
mastigatório,
promovendo
melhor
saúde,
reduzindo
o
desconforto,
proporcionando estabilidade a este sistema; facilitando o metabolismo dos
tecidos injuriados até a diminuição ou eliminação de dores de cabeça por
tensão muscular. A estabilidade oclusal deve ser buscada sempre pelos
cirurgiões-dentistas em todos os procedimentos realizados, pois ela é
fundamental na preservação da saúde das unidades fisiológicas do
sistema
estomatognático.
Oclusão
traumática,
doença
degenerativa
articular, distúrbios do crescimento e tumor foram apresentados como
algumas das etiologias para a disfunção da ATM.
33
Costa et al. (1980), examinando uma amostra de 15 pacientes
tratados ortodonticamente e escolhidos aleatoriamente pelo departamento
de ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, constataram que
100% dos casos tratados ortodonticamente tinham a presença de
contatos deflectivos em RC no final do tratamento. A partir daí, trataram
os pacientes com ajuste oclusal, obtendo uma melhora da oclusão, um
aumento do número de contatos em cúspides de contenção cêntrica em
100% dos casos, aproximando a RC da oclusão cêntrica em todos os
casos. Com esse estudo, concluíram que o ajuste oclusal aumentou a
eficiência mastigatória e a estabilidade oclusal.
Ferreira Neto et al. (2003) salientaram que o objetivo do ajuste
oclusal por desgaste seletivo é adaptar a forma e o contorno dentários
para melhorar as relações funcionais da dentição de modo que os dentes e
o periodonto recebam estímulo funcional uniforme e as superfícies
oclusais
dos
dentes
estejam
expostas
a
um
desgaste
fisiológico
semelhante com as forças oclusais orientadas em uma direção vertical,
passando pelo longo eixo dos dentes. No desgaste seletivo para
eliminação do deslizamento em cêntrica, deve-se tratar de estabilizar a
oclusão
e
manter
a
função
cúspide-fossa,
ajustando
as
cúspides
vestibulares dos dentes inferiores às fossas centrais dos dentes superiores
e as cúspides palatinas dos dentes superiores às fossas centrais dos
dentes inferiores. Antes de proceder aos ajustes da oclusão, um
diagnóstico deve ser realizado, continuam os autores, pois a manipulação
do paciente, para relação cêntrica, é o ponto de partida desde o início do
tratamento ortodôntico, ao invés da visualização da posição de máxima
intercuspidação. A posição dos côndilos deve estar correta, antes que os
dentes sejam considerados. A partir da determinação da posição de
relação cêntrica, reproduzível, os dentes serão adaptados para estar em
harmonia com a ATM. Neste sentido, os autores enfatizam que o
diagnóstico de deslizes e interferências oclusais, a partir da posição de
relação cêntrica e durante as excursões excêntricas da mandíbula, pode
ser realizado visualmente ou registrado com papel articular ou cera. É
34
aconselhável que o Ortodontista guie estes registros, pois o paciente
pode, inconscientemente, seguir uma trajetória de menor desconforto
para si, evitando as interferências.
Para
se
conseguir
resultados
excelentes
com
o
tratamento
ortodôntico é necessário avaliar o paciente de forma dinâmica. Afirmam
que se pode finalizar um caso clínico complexo com RC coincidente com a
OH, através do ajuste oclusal, pós-terapia ortodôntica. A interferência
oclusal é um fator importante no desencadeamento de DTM, podendo ou
não
ser
coadjuvante,
havendo
também
a
influência
de
fatores
psicológicos. Dessa forma, o ajuste oclusal por desgaste seletivo é um
procedimento efetivo quando corretamente aplicado. Long Jr. (1973),
após revisão da literatura e observação clínica sobre o ajuste oclusal por
desgaste seletivo, afirmou que, diante de diagnóstico e realização de
ajuste oclusal corretos, há interrupção da sintomatologia, havendo,
contudo,
necessidade
de
acompanhamento
do
paciente
após
o
tratamento, pela possibilidade de haver alguma alteração adaptativa,
como extrusão, rotação ou migração de algum dente ou alterações nos
tecidos das articulações temporomandibulares, certificando-se, assim, de
que houve ajuste efetivo (BORGES et al., 2008).
Santos et al. (2005), descreveram o ajuste oclusal por desgaste
seletivo como forma de eliminar as interferências oclusais durante os
movimentos funcionais, promover a remissão dos sintomas de disfunção
no sistema estomatognático e aumentar o número de contatos na oclusão
de relação cêntrica, justificando sua utilização ao final do tratamento
ortodôntico. Assim, pode-se concluir que desequilíbrio oclusal pode ser
fator
desencadeante
de
sintomatologia
dolorosa
no
sistema
estomatognático; o ajuste oclusal por desgaste seletivo pode ser
empregado
como
uma
terapêutica
complementar
do
tratamento
ortodôntico.
Muitos pacientes, durante ou após o tratamento ortodôntico, podem
desenvolver sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM).
Conclui nestes estudos que a sintomatologia dolorosa ou recidiva de
35
maloclusão, pós tratamento ortodôntico, ocorreu em pacientes não
submetidos ao refinamento do equilíbrio oclusal (VALENCIA et al., 1994).
De acordo com Ferreira (2009) Okeson em 1992 definiu o ajuste
oclusal como um equilíbrio da oclusão por meio de desgastes seletivos e
afirmou que o uso deste procedimento é limitado pelo fato de serem
permanentes e irreversíveis. Desgastes seletivos estão indicados para
eliminar
uma
desordem
temporomandibular
complementar,
associados
com
mudanças
e
como
oclusais
ao
tratamento
tratamento
ortodôntico, por exemplo. Afirmou também que ajustes oclusais por
desgastes são a eliminação do deslize das posições de relação cêntrica
para máxima intercuspidação. O deslize da mandíbula é causado pela
instabilidade dos contatos entre vertentes de dentes opostos. Quando a
ponta de cúspide contata uma superfície plana em relação cêntrica e uma
força é aplicada pelos músculos elevadores da mandíbula, não ocorre
deslize. Assim, para se conseguirem contatos aceitáveis em relação
cêntrica, deve-se alterar ou recontornar todas as vertentes em ponta de
cúspide ou superfície plana. O desgaste de interferências durante os
movimentos excêntricos tem como objetivo, complementar o aspecto
funcional dos contatos dentários, que irão servir para guiar a mandíbula
por meio destes movimentos. Em função, os dentes posteriores não são
apropriados para receber forças geradas nos movimentos excêntricos e
desgastes, sendo assim são realizados para que somente os dentes
anteriores façam a desoclusão bilateral dos dentes posteriores.
Santos (2008) afirmou que o ajuste oclusal deve ter uma indicação
específica para cada paciente. Não deve ser feito como um procedimento
profilático na esperança de retardar algo ainda não existente no momento,
mas talvez esperado para o futuro. Existem indicações e contra-indicações
específicas para o ajuste oclusal. Descreveu também que a estabilidade
dos resultados ortodônticos pode ser aumentada por meio do ajuste
oclusal e que o melhor momento para o ajuste oclusal pós-ortodôntico
parece ser depois que a manutenção tenha ocorrido por seis a oito meses.
A instabilidade oclusal após o tratamento ortodôntico parece ser uma
36
parte do fenômeno de retorno à condição anterior e os resultados podem
ser melhorados com o ajuste oclusal. Relatou ainda os pré-requisitos para
o ajuste oclusal, como condições prévias importantes que devem ser
consideradas e se alguma delas não for encontrada, os resultados serão
menores do que se espera ou piores do que antes do ajuste oclusal.
Nenhum ajuste pode ser realizado, a menos que seja certa a facilidade de
obtenção da posição de relação cêntrica, que também não deve causar
desconforto para ser conseguida. Se causar dor, deve-se suspeitar de
disfunção ou técnica inadequada. Certos pacientes irão necessitar de
terapia por placa, antes do ajuste oclusal, de forma a realizar este prérequisito e por fim a realização da regra do teste dos terços é um prérequisito anatômico que auxilia em assegurar que a remoção de estrutura
dental seja economizada e que as forças de fechamento seriam mais
próximas dos longos eixos dos dentes. Enquanto se examina o modelo
montado em relação cêntrica ou se mantém a mandíbula no primeiro
contato em relação cêntrica, notar a posição da cúspide vestibular dos
pré-molares inferiores em relação à cúspide palatina dos pré-molares
superiores. O ajuste diagnóstico nos modelos é vital antes de realizar a
decisão final.
Bellini et al. (2008) realizaram um trabalho com o objetivo de fazer
uma revisão da literatura a respeito da necessidade do ajuste oclusal por
desgaste seletivo pós-tratamento ortodôntico em pacientes que não
apresentavam
disfunção
temporomandibular,
visto
que
é
um
procedimento clínico que tem como finalidade obter uma estabilidade
mandibular, livre de prematuridades e interferências oclusais. Após revisar
a literatura, desde 1899 até 2003, chegaram à conclusão que o ajuste
oclusal pode ser indicado após o tratamento ortodôntico a fim de se obter
uma estabilidade mandibular adequada, livre de interferências oclusais,
que causam recidivas e problemas articulares. Porém, o ajuste oclusal por
desgaste seletivo, deve ser feito com muito critério, pois qualquer falha
em seu planejamento ou execução leva a danos irreversíveis para o
paciente.
37
Mello (2008) analisou a atividade eletromiográfica em 18 indivíduos
de ambos os sexos submetidos a tratamento ortodôntico corretivo com a
mecânica de Edgewise, comparando um grupo controle constituído por 09
indivíduos, que ao término do tratamento ortodôntico, apresentaram uma
MIH igual a RC, com 09 indivíduos que ao término do tratamento
ortodôntico, apresentaram uma
MIH diferente
da
RC
e
avalia-los
novamente após o ajuste oclusal. Na condição clínica de mastigação, após
o ajuste oclusal, verificou-se um equilíbrio da atividade eletromiográfica
de todos os músculos analisados, com exceção do masseter direito onde a
atividade eletromiográfica foi maior após o ajuste. O ajuste promoveu
uma aproximação dos padrões regulados pelo grupo controle. Deve
ressaltar também que os indivíduos com parafunção aumentam a força
sobre os dentes, o que levará ao recebimento de mais carga oclusal nos
prematuros. O ajuste oclusal será benéfico, pois proporcionará uma
melhor distribuição das forças oclusais nestes indivíduos. Levando em
consideração a metodologia utilizada e os resultados obtidos é lícito
concluir que em todas as condições clínicas analisadas não houve
diferença estatisticamente significante dentro dos grupos avaliados,
ocorrendo,
entretanto
variações
diferentes
das
atividades
eletromiográficas dos músculos masseter e temporal direito e esquerdo.
Brandão & Brandão (2008) consideram aceitável que, ao final do
tratamento ortodôntico, exista uma diferença de RC para MIH de até 3
mm, com desvio para anterior da mandíbula, desde que não gere forças
horizontais excessivas sobre os dentes anteriores; trespasse vertical
adequado, normalmente, entre 2 e 3 mm; na abertura e fechamento, os
contatos nos dentes anteriores devem ser mais leves em relação aos
posteriores, e os dentes anteriores devem promover imediata desoclusão
dos dentes posteriores nos movimentos excursivos. A guia pelo canino é
preferencial em relação à função em grupo nos movimentos laterais da
mandíbula e não devem existir interferências dos dentes no lado de não
trabalho. Durante a fase de finalização do tratamento ortodôntico, o
profissional
que
busca
excelência
em
seus
resultados
encontra,
38
frequentemente, três problemas comuns ao fazer análise oclusal: pequeno
desvio de RC para MIH, que deve ser corrigido caso gere fortes contatos
nos dentes anteriores; diferença de magnitude dos contatos oclusais
bilaterais; ausência de alguns contatos oclusais necessários para o
equilíbrio oclusal e estabilização mandibular. O ajuste oclusal pode
promover a remoção desses fatores indesejáveis e encurtar o tempo do
tratamento.
Compagnoni (1994) selecionou 40 pacientes dentados naturais
superior e inferior, em que, verificou-se a análise e o ajuste oclusal obtido
através de um método clínico e através de uma análise oclusal
computadorizada utilizando o sistema T-SCAN. Foram analisados os
seguintes aspectos: se o primeiro ponto de contato oclusal em oclusão
cêntrica e MIH obtido através do método clínico convencional corresponde
ao obtido através da análise oclusal computadorizada através do sistema
T-SCAN e; se a técnica de ajuste oclusal feita através do método clínico
convencional proporciona uma estabilização oclusal que seja confirmada
pela análise computadorizada utilizando-se o sistema T-SCAN. Observouse que não houve coincidência entre os pontos de contatos oclusais antes
e após o ajuste oclusal ser realizado, nas posições OC e MIH, em torno de
50% para ambos os métodos estudados. A utilização do sistema T-SCAN
se justifica mediante os seguintes aspectos: constatar através de um
sistema mais sensível os pontos oclusais; observar a igualdade da
intensidade das forças oclusais que incidem sobre os dentes após o ajuste
oclusal realizado; o sistema T-Scan não deve ser visto como um método
isolado para a realização de ajuste oclusal, ele deve ser complementado
com o MCC o qual possibilita o direcionamento dos desgastes oclusais a
serem realizados, pois o sistema T-SCAN nos fornece o local ou região que
devemos atuar.
Segundo Madeira & Vanzelli (1999) o tratamento ortodôntico ao
alcançar a oclusão normal deveria ter como características os movimentos
mandibulares livres de interferências oclusais. Quando estes objetivos não
são alcançados os ortodontistas devem usar o ajuste das superfícies
39
dentárias como método de complementação do tratamento ortodôntico,
pois os contatos prematuros são desencadeadores de instabilidade dos
resultados e necessitam ser eliminados refinando a oclusão.
Em relato de caso clínico, Crepaldi (2008) mostrou que os desgastes
dentários no ajuste oclusal devem ser seletivos e conservadores e as
mesmas dimensões de contatos verticais devem ser alcançadas para
todos os dentes em cêntrica, com isso, os contatos iguais em fechamento
resultarão em uma pressão igual nas porções centrais dos discos
articulares, avasculares desprovidos de nervos sensitivos capazes de
suportarem o estress sem injúria ou dor. Como resultado ocorreram
homogeinização dos contatos dentários em relação cêntrica, movimentos
de lateralidade guiados pelos caninos com desoclusão dos demais dentes,
guia
anterior
com
desoclusão
pelos
quatro
incisivos
inferiores
e
superiores, diminuição e até eliminação dos espaços negros com os arcos
dentários em oclusão.
Segundo Simamoto Junior et al. (2005) todo tratamento que
envolver mudança na condição oclusal existente deverá fazer o ajuste
oclusal como terapia complementar para promover condições oclusais
fisiológicas, sendo que, estas condições devem proporcionar harmonia
entre a estrutura dental, sistema neuromuscular, ATM, periodonto,
mastigação, fonação e deglutição não limitando apenas em fatores
estéticos e estáticos.
Brandão & Brandão (2008) afirmaram que o ajuste oclusal não está
indicado como substituto do movimento dentário, mas é determinante
para evitar seqüelas de trauma oclusal. O ajuste por desgaste deve ser
realizado seis meses após o tratamento ortodôntico para corrigir pequenos
erros e promover melhor estabilidade oclusal e mandibular.
De acordo com Bataglion (2009), uma modalidade terapêutica de se
proporcionar oclusão estável é o ajuste oclusal por desgaste seletivo, que
deve ser realizado seguindo-se algumas etapas para evitar iatrogenias. O
autor preconizou que o paciente deve estar assintomático para facilitar a
montagem de modelos no articulador semiajustável em relação cêntrica
40
com
o
auxílio
do
JIG,
que
tem
a
função
de
desprogramação
neuromuscular. Após a montagem dos modelos no articulador deve-se
proceder à análise oclusal, o mapeamento das prematuridades e do
desgaste seletivo com fitas de papel celofane e papel carbono articular
com a finalidade de direcionar a sequência da realização do desgaste dos
dentes envolvidos na prematuridade no articulador antes da realização do
ajuste oclusal clínico. Após ter-se mapeado a sequência do ajuste no
articulador, o procedimento pode ser realizado clinicamente, com o auxílio
do JIG, instalado entre os incisivos centrais do paciente. A face palatina do
JIG
deve
ser
marcada
com
fita
de
papel
carbono
articular
e,
sequencialmente, desgastada com fresa até a ocorrência do primeiro
contato de dentes antagonistas, que serão os prematuros. Na sequência,
o carbono deve ser interposto entre esses dentes, desgastando os
contatos prematuros com brocas multilaminadas, priorizando planos
inclinados e evitando o desgaste de ponta de cúspides cêntricas. Ajustado
o primeiro contato, o procedimento deve ser repetido, marcando-se a face
palatina do JIG, desgastando-a novamente com fresas, até novo contato
prematuro ocorrer e ser desgastado. Este procedimento deve ser
sucessivamente realizado até a inexistência de prematuridades que
denotará a finalização do ajuste, observando-se a máxima intercuspidação
dos dentes ocorrerem sem desvios e sem deslizes. Dessa forma, o autor
considera que pode ser obtida uma oclusão estável com equilíbrio oclusal
sem iatrogenias ao paciente.
Pinzan et al. (2009) ponderam que se o profissional não diagnosticar
a interferência, esta pode atrasar o tempo de tratamento ou mesmo
promover mobilidade desnecessária. Segundo os autores, um dente
restaurado conforme a situação prévia permitida pode ficar sub ou superrestaurado e permitir que os dentes antagonistas migrem verticalmente,
dificultando movimentações e finalizações.
41
4. DISCUSSÃO
A busca por resultados adequados no tratamento ortodôntico,
principalmente em relação à estabilidade dos resultados pós-tratamento,
consiste em um desafio para a ortodontia.
Nos tempos atuais, para se fazer uma ortodontia de qualidade, bem
como um ajuste da oclusão, é imprescindível que o profissional conheça a
fundo as regras de oclusão, bem como suas definições. Os conhecimentos
da ATM e da posição de RC são de suma importância para se conseguir
uma oclusão estável.
Calazans et al. (2000) e Capote et al. (2004) concordam ao afirmar
que Angle (1899) foi pioneiro na conceituação de oclusão normal,
considerando os planos oclusais dos dentes com os arcos em oclusão,
trazendo grande influência para a odontologia, com maior reconhecimento
após sua morte. Já Ramfjord e Ash (1971) abordaram conceitos de
oclusão normal e balanceada em PT (próteses totais) e ortodontia. Porém,
apenas em 1972, Andrews estabeleceu as seis chaves para uma oclusão
normal como a meta ideal estática a ser obtida ao término dos
tratamentos ortodônticos.
A oclusão não é uma relação de contatos estática, mas, um sistema
integrado por estruturas de suporte, articulação têmporo-mandibular e um
sistema neuromuscular. Um conceito prático de oclusão ideal, que
reconhece a relação existente entre articulação têmporo-mandibular,
dentes e sistema neuromuscular, deveria servir de base para o tratamento
de todos os problemas ortodônticos (MONNERAT; MUCHA, 2000).
O ajuste oclusal em ortodontia é uma terapia que objetiva o
equilíbrio oclusal, promovendo a estabilização dentária. É definido como a
obtenção de contatos oclusais em que prevaleçam as resultantes de forças
no sentido do longo eixo do dente, visto que, resultantes horizontais são
indesejáveis, pois comprometem a estabilização dentária e mandibular.
42
Da mesma forma, a necessidade de que se distribua a força da oclusão
sobre todos os dentes posteriores para que haja contatos bilaterais
simultâneos e estáveis, evitando a sobrecarga em determinadas regiões.
Para que isto ocorra, são necessários contatos bem estabelecidos e
coincidência da posição dental de MIH com a posição condilar de RC, sem
desvios, ou seja, que não ocorra deslize de uma para outra (NETTO et al.,
1995; BRANDÃO; BRANDÃO, 2008; BATAGLION, 2009).
Os casos ortodônticos devem ser analisados sempre em RC ao início,
durante e ao final do tratamento ortodôntico (ROTH, 1973; ROTH, 1981;
JANSON et al. 1990; BARONE & PEREIRA, 2011).
Vários trabalhos confirmam as vantagens clínicas e funcionais do
ajuste oclusal pós-tratamento ortodôntico como provável aumento na
estabilidade do posicionamento dentário, estabilização radiográfica de
reabsorções
radiculares
por
trauma
e
possível
moderação
da
sintomatologia dolorosa em pacientes com disfunção temporomandibular,
quando sob a influência da condição oclusal (SAITO et al., 1977; SANTOS,
1978; VIOLA; PAIVA, 1982; CONSOLARO, 2008).
Autores como Janson & Martins (1990) e Ferreira Neto et al.(2003),
observaram a importância da máxima intercuspidação habitual e da
relação cêntrica com o ajuste oclusal. Bellini et al.(1998) relataram que
em muitos casos tratados ortodonticamente a RC não coincidia com a
MIH.
Costa
et
al.
(1980)
analisando
vários
casos
terminados
ortodonticamente observou que 85% dos casos não terminavam a RC
coincidindo com a MIH. Ferreira Neto et al. (2003) mostraram que o
ajuste oclusal com desgaste devem ser seletivos e conservadores e as
mesmas dimensões de contatos verticais devem ser alcançadas para
todos os dentes em cêntrica.
Observou-se que todos os autores foram unânimes ao concordar
com a importância do ajuste oclusal pós-tratamento ortodôntico.
Para Janson & Martins (1990), o objetivo do tratamento ortodôntico
deve ser, além de produzir uma melhor estética facial e uma oclusão
ideal,
proporcionar
uma
oclusão
harmoniosa
com
a
articulação
43
temporomandibular, com contatos múltiplos e de mesma intensidade em
todos os dentes para o fechamento em cêntrica. Para isso, requer-se um
grau de ajuste oclusal por desgaste.
Costa, Janson, Passaneti (1980) e Crepaldi (2008) afirmaram que o
ajuste oclusal é uma importante ferramenta da ortodontia para finalização
dos
casos,
eliminando
os
contatos
prematuros
e
interferências
e
aproximando a MIH da RC.
Porém para Brandão & Brandão (2008) e Bellini (2009)o ideal seria
que o tratamento ortodôntico fosse iniciado com o diagnóstico em RC e a
finalização também, mesmo que para chegar a essa relação seja indicado
o AO. Em casos de grandes discrepâncias entre RC e MIH o ajuste oclusal
estaria contra-indicado, necessitando assim de retratamento ortodôntico.
De acordo com Madeira & Vanzelli (1999); Ferreira Neto et
al.(2003); a oclusão deve ser constantemente monitorada e o dentista
poderá
intervir
com
ajuste
antes,
durante
e
após
o
tratamento
ortodôntico, sempre que haja interferências oclusais prejudiciais.
Brandão & Brandão (2008) e Duarte (2008) preconizam o uso do
ajuste oclusal durante a fase ativa do tratamento ortodôntico para
minimizar as forças oclusais nocivas que estejam por tempo prolongado
sobre os dentes. Janson & Martins (1990) e Simamoto Junior et al. (2005)
preconizam a eliminação de interferências grosseiras logo após a remoção
do aparelho e uma segunda sessão em torno de noventa dias. Brandão &
Brandão (2008) recomendam o ajuste seis meses após a remoção do
aparelho. Para Ferreira (2009), somente devem ser efetuados ajustes
oclusais para a eliminação de interferências mais intensas, uma vez que
nos primeiros meses após a remoção dos aparelhos haveria uma
tendência natural e fisiológica de reacomodação, buscando uma adaptação
às
forças
funcionais
geradas
pela
própria
dinâmica
do
sistema
estomatognático. Deste modo, após essa fase inicial de readaptação
fisiológica, os ajustes oclusais mais detalhados poderão ser iniciados.
Quanto ao melhor momento para se efetuar o ajuste oclusal, Santos
(2008) concorda com Pinzan et al. (2009) quando recomendam seis a oito
44
meses
pós-tratamento
ortodôntico
para
o
refinamento
da
oclusão
dentária.
Alguns autores acreditam que caso não seja feito o ajuste oclusal
por desgaste seletivo após o tratamento ortodôntico, podem surgir
anormalidades, como, por exemplo, Consolaro (2006) que considera a
recessão periodontal, um efeito iatrogênico que pode aparecer durante a
Ortodontia ou se estabelecer de forma tardia após o tratamento finalizado,
acreditando que o ajuste oclusal por desgaste seletivo seria importante
para evitar tais situações concordando com Bósio em 2004, quando
concluiu que a sintomatologia dolorosa ou recidiva de maloclusão, após o
tratamento
ortodôntico,
ocorre
em
pacientes
não
submetidos
ao
refinamento do equilíbrio oclusal e também com Compagnoni et al. (1994)
que acreditam no ajuste oclusal por desgaste seletivo como parte
integrante do tratamento ortodôntico, prevenindo disfunção dolorosa da
ATM.
Ramjford & Ash (1987) afirmaram que é importante enfatizar que o
ajuste oclusal é um procedimento irreversível e que deve ser realizado
apenas quando há absoluta certeza que a oclusão existente está causando
algum distúrbio ao sistema mastigatório, corroborado por Monnerat e
Mucha (1998).
O ajuste oclusal, apesar de um ótimo tratamento, deve ser
executado para eliminar as interferências oclusais e contatos prematuros
e esses, além de provocar problemas articulares e musculares, são fatores
desencadeantes de problemas periodontais (CONSOLARO, 2008). Não
obstante, a estabilidade oclusal resultante desse procedimento contribui
para a prevenção de eventuais recidivas (RINCHUSE et al., 2006;
PALOMARES et al., 2006).
O articulador mostrou-se um instrumento de grande valor na
orientação do estudo da oclusão e do planejamento mais adequado na
busca do equilíbrio oclusal, uma vez que a montagem dos modelos de
estudo e de trabalho reproduziria as relações oclusais do paciente.
(EDUARDO & SAITO, 1999; DURSO et al., 2002; LAFFITE et al., 2005).
45
Em 1980, Costa et al. comprovou através do articulador totalmente
ajustável que o ajuste oclusal proporcionou maior estabilidade em relação
cêntrica,
aumentando
o
número
de
contatos
e
eliminando
as
interferências nos movimentos de excursões mandibulares.
Pascoal (1994); Borges et al. (2008); Pinzan et al. (2009) e Abreu
(2010); indicaram o ajuste oclusal por desgaste seletivo, como meio de
promover a remoção de fatores indesejáveis e encurtar o tempo do
tratamento na ortodontia enquanto Bof (1996), esclarecia que o ajuste
oclusal deve ter uma indicação específica para cada paciente.
Outros autores, contra-indicaram o ajuste oclusal nos seguintes
casos:
profilaticamente,
sem
diagnóstico
da
causa
do
distúrbio,
desconhecimento da técnica correta de como fazê-lo, o mau ajuste piora o
quadro (FERNANDES NETO et al.,2004; BORGES et al., 2007); e em
pacientes com sobreoclusão profunda, grandes abrasões, portadores de
grande sensibilidade (CORTÉS, 2007; COELHO, 2010; BAUMGRATZ,
2012).
Santos et al. (2005), concluíram que o ajuste oclusal por desgaste
seletivo como forma de eliminar as interferências oclusais durante os
movimentos funcionais, promover a remissão dos sintomas de disfunção
no sistema estomatognático e aumentar o número de contatos na oclusão
de relação cêntrica, justifica sua utilização ao final do tratamento
ortodôntico da mesma forma que Crepaldi et al. (2011), demonstram sua
eficácia no fechamento de mordida anterior leve.
Autores como Santos (1978), Simões et al. (1992), Macedo (2009)
e Fernandes Neto et al. (2008) afirmaram que o ajuste oclusal deve ser
feito como complemento do tratamento ortodôntico e não como um
substituto de uma ortodontia bem feita.
Enquanto Mello (2008) e Lopes (2010) demonstram que uma
avaliação e um planejamento são necessários para se verificar a real
possibilidade de desgaste para se chegar a estabilidade de oclusão por
desgaste seletivo, Valencia et al. (1994) e Veldovelho Filho et al. (2004)
46
estabelece regras para o ajuste oclusal, que devem ser conhecidas e
rigorosamente seguidas.
Weissheimer et al. (2007) e Lopes (2011) chegaram à conclusão
que o ajuste oclusal pode ser indicado após o tratamento ortodôntico, a
fim de se obter uma estabilidade mandibular adequada, livre de
interferências oclusais, que causam recidivas e problemas articulares,
enquanto Brandão e Brandão (2008) e Borges et al. (2008), concluíram
que ajuste oclusal pode promover a remoção de fatores indesejáveis e
encurtar o tempo do tratamento. Porém, todos eles concordam que o
ajuste oclusal por desgaste seletivo, deve ser feito com muito critério,
pois qualquer falha em seu planejamento ou execução leva a danos
irreversíveis para o paciente.
47
5. CONCLUSÃO
O ajuste oclusal é um recurso muito importante e útil para o
ortodontista na finalização de seus casos, pois por meio dele pode-se
obter uma estabilidade mandibular adequada, livre de prematuridades e
interferências oclusais, visto que as interferências oclusais são fatores que
podem levarà recidivas, apinhamentos e disfunções da articulação
temporomandibular e, por isso, devem ser eliminados.
O ajuste oclusal por desgaste seletivo é um recurso terapêutico por
meio do qual pode-se conseguir uma estabilidade da oclusão, porém
deve-se
sempre
levar
em
consideração
que
é
um
procedimento
irreversível e para realizá-lo, o profissional deve ter um conhecimento
profundo de oclusão e da função do sistema estomatognático. Os
conceitos de relação cêntrica, oclusão cêntrica, máxima intercuspidação,
movimentos excursivos mandibulares devem estar muito claros para o
profissional, assim como a necessidade de se fazer uma avaliação prévia
do caso com a montagem dos modelos em articulador semiajustável e
uma análise criteriosa de todas as funções mastigatórias. Deve ser muito
bem planejado e nunca feito diretamente na boca do paciente.
O ajuste oclusal pode diminuir o tempo de ortodontia quando
indicado corretamente, podendo ser usado durante o tratamento, na
presença de interferências oclusais e antes do início, na presença de
desvios funcionais da mandíbula; prevenindo futuros problemas na
articulação
temporomandibular,
devido
à
estabilidade
oclusal
que
proporciona.
O ajuste oclusal deve ser feito como complemento e não como
substituto de uma ortodontia bem feita; e tem suas limitações, como no
caso de grandes discrepâncias oclusais em que o retratamento ortodôntico
se torna o procedimento mais indicado.
48
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A importância do ajuste oclusal na ortodontia