AVENIDA AMAZONAS
Caminhão invade passeio e mata 2
Alunos do Cefet, de 14 e 24 anos, esperavam ônibus quando veículo sem controle e dirigido por
inabilitado atingiu ponto
Thiago Herdy
Landercy Hemerson
AVENIDA AMAZONAS
Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
Caminhoneiro transportava caixotes para a Ceasa. Condições
do motorista e do automóvel serão avaliadas para determinar
causas
Dois estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG)
morreram e outros dois ficaram feridos ao serem atropelados por um caminhão
desgovernado, dirigido por um motorista inabilitado que, segundo a polícia, apresentava
indícios de ingestão de bebida alcoólica. O acidente ocorreu no fim da tarde de ontem, na
Avenida Amazonas, no Bairro Nova Suíça, Região Oeste de Belo Horizonte. As vítimas
tinham saído da escola e estavam no ponto de ônibus em frente à Concessionária Pisa,
quando foram surpreendidas pelo veículo, que depois de bater em duas caminhonetes
paradas no semáforo tombou sobre a calçada.
A estudante de engenharia elétrica Fernanda Maya Reis, de 24 anos, e o calouro do curso
técnico de eletrônica Ronaldo Lúcio Costa Almeida, de 14, foram atingidos em cheio e
sofreram parada cardíaca. Os dois foram levados para o Hospital de Pronto-Socorro João
XXIII (HPS) com ferimentos graves. Ronaldo deu entrada sem vida; Fernanda morreu
quando recebia cuidados médicos.
Colega de Fernanda no curso, Adriano Rodrigues Dias, de 29, teve um corte na face e
várias escoriações. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do
Barreiro. O estudante Luiz Antônio Chagas, de 17, machucou a boca e a perna direita, mas
recusou atendimento médico. Segundo a PM, ele foi levado para casa pela mãe, que esteve
no local. O motorista de uma das caminhonetes, Heliodoro Ferreira, de 44, teve ferimento
leve na cabeça e foi medicado em uma unidade de saúde próximo ao local.
O motorista do caminhão, Joaquim das Neves Santos, de 49, disse que o Chevrolet, ano
1977, perdeu os freios. Ele estava carregado com caixotes de madeira vazios, que eram
transportados de um sacolão na Gameleira para a Ceasa, em Contagem, na Região
Metropolitana de BH. Joaquim, que foi socorrido no Hospital Odilon Behrens com
suspeita de fratura de clavícula, entre outros ferimentos, não teve condições físicas de
soprar o bafômetro no local do acidente. De acordo com o subtenente Geraldo Pereira, da
Companhia de Policiamento de Trânsito, responsável pelo boletim de ocorrência, o
motorista não era habilitado e, caso fosse liberado ontem, seria levado ao plantão policial
do Detran e, possivelmente, ao Instituto Médico Legal para exame de teor alcoólico no
sangue, que não pode ser feito no hospital.
Os pais dos estudantes mortos estiveram no HPS para autorizar a doação de órgãos. Foi
possível o aproveitamento das córneas de ambos. Os pais de Ronaldo tinham programada
para noite de ontem uma reunião no Cefet, quando conheceriam a escola em que o filho
ingressou em 9 de fevereiro. Já o motorista Milton Geraldo e sua mulher Maria de Fátima,
que já festejavam a formatura de Fernanda, dentro de poucos meses, tiveram que ser
amparados pelo namorado da jovem, que tinha planos de se casar no próximo ano.
“Minha filha fazia uma matéria de mestrado à tarde e quando saía pedia ao pai para buscála de carro. Mas hoje (ontem), não sei por que, ela decidiu voltar de ônibus”, contou Maria
de Fátima. O pai, inconformado, culpou o motorista. “Trabalho dirigindo e sei como são
essas coisas. Não tenho dúvidas de que houve excesso de velocidade. Acredito em Justiça,
somente a de Deus”, desabafou.
EXAMES “O motorista do caminhão disse ter perdido o freio, mas isso deverá ser
investigado. Há suspeita de que ele apresentasse sinais de consumo de álcool, por isso
vamos encaminhá-lo para exame no IML”, disse o major Roberto Lemos, comandante da
Companhia de Trânsito da capital. Perguntado sobre quais seriam os sinais, o major disse
que o motorista estava com os olhos muito vermelhos, olhar disperso e sem firmeza nas
pernas. Como os sintomas podem estar relacionados ao impacto do acidente, a polícia
tentaria submetê-lo ao exame médico.
Na noite de ontem, peritos da Polícia Civil eram aguardados no local do acidente para
averiguar as condições do caminhão. Durante o atendimento às vítimas, dezenas de alunos
e professores do Cefet-MG estiveram no local do acidente para se informar sobre quem
havia sido atingido.
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