X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 Núcleo Regional Sul Isolamento e caracterização de rizobactérias indutoras de crescimento vegetal no alho (Allium sativum) Mariane da Rosa Leoncio(1); Glória Regina Botelho(2) ; Bruna Orsi(3); Cláudio Roberto F. S. Soares(4); Rafael Dutra de Armas(5); Paulo Emílio Lovato(6) (1) Discente do curso de Agronomia; UFSC campus Curitibanos; Rod. Ulysses Gaboardi Km 3. Curitibanos-SC, CEP 89520-000; [email protected]; (2)Professora adjunta; UFSC campus Curitibanos; (3)Discente do curso de Agronomia; UFSC campus Curitibanos; (4) (5) (6) Professores adjuntos; UFSC campus Florianópolis; RESUMO- O alho possui grande importância econômica e social em Santa Catarina. O uso de fertilizantes químicos incrementam o custo de produção e podem causar danos ambientais. As Rizobactérias Promotoras de Crescimento de Plantas (RPCP’s) podem ser alternativas ao uso de insumos. Dentre as RPCP’s, os gêneros Pseudomonas e Azospirillum possuem diversos estudos. Neste contexto, objetivou-se caracterizar fenotípica e genotipicamente, isolados de Pseudomonas do grupo fluorescente e Azospirillum, obtidos da rizosfera de alho, cultivado em casa-de-vegetação. Foram obtidos 23 isolados de Pseudomonas fluorescente e 27 de Azospirillum. Os testes bioquímicos utilizados foram Vermelho de Metila (VM), fermentação de glicose e sacarose, presença de catalase, hidrólise de ureia. Os testes de capacidade de produção de AIA (Ácido IndolAcético) e de solubilização de fosfatos in vitro avaliaram o potencial de indução de crescimento vegetal. Os isolados de Pseudomonas fluorescente foram avaliados genotipicamente por BOX-PCR. Os resultados obtidos por provas bioquímicas indicaram que a maior parte dos isolados de Pseudomonas fluorescente e Azospirillum apresentaram características semelhantes às dos gêneros. As características de morfologia de colônia observadas para Pseudomonas fluorescente mostraram similaridade aos padrões. Porém, as avaliações genotípicas destes mostraram pouca semelhança com P. fluorescens. As análises de solubilização de fosfato indicaram reação positiva para a maioria dos isolados de ambos os gêneros. A avaliação de produção de AIA para Pseudomonas fluorescente mostrou que mais de 80% dos isolados apresentaram-se positivos. Palavras-chave: Azospirillum, Pseudomonas, Liliaceae. INTRODUÇÃO- O alho é uma das culturas de grande importância econômica. Atualmente, o país é o segundo maior consumidor e o maior importador de alho do mundo Por vários anos, a região do Planalto Catarinense foi considerada a capital do alho (LUCINI, 2009). Entretanto, fatores econômicos e fitossanitários levaram à diminuição da produção. Atualmente, busca-se incrementá-la, através de alternativas que promovam a diminuição de seus custos, como a redução de insumos, especialmente de adubos nitrogenados. As bactérias denominadas Rizobactérias Promotoras de Crescimento de Plantas (RPCPs) beneficiam o crescimento de espécies vegetais e vivem na rizosfera. Estas podem atuar na promoção do crescimento de forma direta ou indireta. Dentre as RPCPs mais estudadas estão Pseudomonas do grupo fluorescente e o gênero Azospirillum (NOVAKOWISKI, 2011). Estes gêneros têm recebido atenção, pois além de induzir o crescimento de plantas por diversos mecanismos, possuem a capacidade de suprimir a atividade de fitopatógenos do solo (LOPER, 1991). Na cultura do alho existem poucos estudos sobre associação com bactérias benéficas. Por este motivo, objetivou-se verificar, isolar e caracterizar, os gêneros Azospirillum e Pseudomonas do grupo das fluorescentes, para avaliar o seu potencial de eficiência na promoção de crescimento in vitro. MATERIAL E MÉTODOS- Foi coletado solo da fazenda Dias, localizada no município de Curitibanos-SC, seguindo os procedimentos-padrão. Este foi utilizado para o plantio de bulbilhos de alho, em dois vasos de 5L, em casa-de-vegetação, sendo semeados quatro bulbilhos por vaso. 1. Isolamento de Pseudomonas fluorescente e Azospirillum Para o isolamento dos gêneros foram separadas amostras de solo e raízes. Para iniciar o procedimento com solo, este foi homogeneizado e pesada uma amostra de 10g. Essa foi transferida para 90 ml de solução salina 0,9%, agitado por 30 min a150 rpm. Para isolamento de Pseudomonas fluorescentes, realizou-se o procedimentos da diluição seriada, com a retirada de 0,1 ml das diluições de 10 3, 104 e 105 para placas contendo King B (KING et al., 1954), incubadas a 28°C por 48 horas. Em seguida, os isolados que apresentaram fluorescência sob luz UV de 340m, foram purificados. Para isolamento de Azospirillum, após a diluição seriada, retirou-se 0,1 ml das diluições de 10³, 104 e 105 que foram transferidos para frascos de penicilina contendo 5ml de meio NFB semi-sólido (DOBEREINER et al., 1995). Para cada diluição foram utilizados três frascos que foram incubados a 28ºC, por sete dias. Após X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 este período, foi observado o desenvolvimento de película na região superficial do meio. Em seguida as colônias foram purificadas. Para isolamento de Azospirillum da raiz foi coletado 10g que foram desinfetas com água sanitária 10% por 10 minutos, depois lavada três vezes com água destilada estéril. As amostras foram maceradas e transferidas, posteriormente para frasco contendo 90 ml de solução salina 0,9%, seguindo o mesmo tempo e rotação descritos acima. Em seguida, processou-se a diluição seriada e de cada tubo, retirou-se 0,1 ml da suspensão, segundo DOBEREINER et al. (1995). Para cada diluição,foram utilizados três frascos, incubados a 28º C, por sete dias. Em seguida, as colônias que desenvolveram película foram purificadas. As culturas puras de Azospirillum e de Pseudomonas fluorescente foram estocadas a -20°C. 2. Determinação de características fenotípicas e de potencial de indução de crescimento de plantas. 2.1. Caracterização de isolados de Pseudomonas fluorescente. A caracterização morfológica das colônias foi realizada através da análise de coloração, intensidade de coloração, espessura, borda, elevação e forma. Os testes bioquímicos realizados foram fermentação de glicose e de sacarose, presença de catalase, de urease e crescimento a 41°C. As bactérias foram crescidas em meio King B liquido durante 24 horas a 30°C. Transferiuse uma alíquota para os tubos contendo meios específicos (RIBEIRO; SOARES, 2002) para cada teste, em três repetições e foram incubados a 30°C, durante 48 horas. Para o crescimento a 41°C foi utilizado o meio King B líquido. Para a análise de solubilização de fosfatos, utilizou-se meio contendo fosfato de cálcio tribásico, (10g/L glicose; 5g/L deNH4Cl; 1 g/L de MgSO4.7H2O; 4 g/L de CaHPO4; 15 g/L de Agar; pH6,5). Os isolados foram previamente crescidos em meio King B líquido a 28°C, por 24 horas. Em seguida, foi transferido 0,1 ml da suspensão para placas contendo o meio, estabelecendo-se quatro isolados, dispostos em pontos equidistantes. Foram utilizadas cinco placas, como repetições. Após incubação a 28°C, por sete dias, realizou-se avaliação qualitativa, observando a presença de halo incolor em torno das colônias solubilizadoras. Avaliou-se a produção de AIA pelos isolados, através da metodologia colorimétrica adaptada de Catellan (1999), sendo essa, maior número de isolados por placa. Os isolados foram avaliados qualitativamente, observando a presença de halo avermelhado em torno das colônias produtoras de AIA. A caracterização genotípica dos isolados foi realizada por BOX PCR, utilizando como padrões P. fluorescens e Azospirillum sp. A extração de DNA baseou-se na técnica de lise térmica (HAGEN et al., 2002). Para a amplificação Núcleo Regional Sul do gene 16S rDNA utilizou-se a reação de BOX PCR com um volume final de 25 µL, contendo 1 µL de DNA molde, 5 µL de solução tampão, 2,5 µL de dNTPs , 2,5 µL de DMSO, 4 µL de BSA, 1 µL do primer BOX A1R (10 pmol) e 0,5 µL de Taq DNA polimerase. A amplificação foi programada em um ciclo inicial (95°C; 2 minutos) seguido de 30 ciclos (94°C; 3 segundos, 92°C; 30 segundos, 50°C;1 minuto, 65ºC; 8 minutos) e um ciclo final (65°C; 8 minutos). Os produtos da reação foram submetidos à eletroforese (V; 1 h) em gel de agarose 1%, e visualizados sob luz ultravioleta. 2.2. Caracterização de isolados Azospirillum. Os testes bioquímicos realizados para os isolados de Azospirillum foram fermentação de glicose e de sacarose e vermelho de metila. As bactérias foram crescidas em meio LB liquido durante 24 horas a 30°C. Transferiu-se uma alíquota para os tubos contendo meios específicos para cada teste, em três repetições. Estes foram incubados a 30°C, durante 48 horas. Para a análise de solubilização de fosfato foi utilizado o meio contendo fosfato de cálcio tribásico descrito anteriormente. Os isolados foram previamente crescidos em meio LB líquido a 30°C, por 24 horas. Em seguida, foi transferido 0,1 ml da suspensão bacteriana para placas contendo o meio, estabelecendo-se quatro isolados por placa, dispostos em pontos equidistantes. Foram utilizados cinco placas, como repetição. Após incubação a 30°C durante sete dias, realizou-se avaliação qualitativa, observando a presença de halo incolor em torno das colônias solubilizadoras de fosfato. RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados da caracterização morfológica dos isolados de Pseudomonas seguem o padrão descrito (COELHO, 2006). Todos os isolados eram Gramnegativos. A maioria apresentou fluorescência esverdeada (60,87%) e intensidade brilhante (73,71%). A maioria das colônias apresentou coloração branca (52,17%), tamanho de 1,0-2,0cm (69,56%), borda lisa (52,17%), forma circular (78,26%) e elevação convexa (78,26%), semelhante ao obtido por Fonseca et al. (2000). Nos testes bioquímicos, a maioria apresentou reação positiva para o teste de catalase (82,6%) e hidrólise de ureia (82,6%). Nos testes fermentação de glicose, todos os isolados mostraram reação negativa. Para análise do potencial de indução de crescimento vegetal por solubilização de fosfatos e produção de AIA in vitro observou-se que 52,17% e 82,60% dos isolados foram positivos para os testes, respectivamente, sugerindo potencial para estimular o crescimento plantas. Outros mecanismos também são propostos, como a redução de urease e o potencial de fixação de nitrogênio descrito para bactérias do gênero Pseudomonas (FERNANDES;FERNANDES; RODRIGUES, 2001). A caracterização genotípica dos isolados de 2 X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 Pseudomonas fluorescente indicou que grande parte dos isolados possuía alta similaridade entre si. Porém, apresentaram similaridade inferior a 30% , comparandose, Pseudomonas fluorescens. Nenhum dos isolados apresentou similaridade à Azospirillum sp. Todos os isolados de Azospirillum eram Gramnegativos. Para o teste de fermentação de glicose e da sacarose obteve-se 77,77% e 96,29% dos isolados positivos, respectivamente. Azospirillum são descritos como capazes de metabolizar fontes diversas de C (SILVA, 2010), indicando que o perfil de utilização de C dos isolados testados, é semelhante ao do gênero. Segundo Eckert et al. (2001), Azospirillum são positivos para teste de urease, comprovando a semelhança entre os isolados e o gênero. Para o teste de vermelho de metila, todos os isolados obtiveram reação positiva, indicando a produção de diacetil, Não foram encontradas referências na literatura sobre esse teste para Azospirillum. As análises de potencial de indução de crescimento vegetal indicaram que 66,66% dos isolados foram capazes de solubilizar o fosfato Este resultado sugere como um mecanismo de indução ao desenvolvimento de plantas. CONCLUSÕES– Os isolados apresentaram características fenotípicas semelhantes às dos gêneros de interesse. A caracterização genotípica dos isolados de Pseudomonas fluorescente indicou pouca similaridade com a espécie padrão utilizada (Pseudomonas fluorescens), sendo necessária comparação com outras espécies do gênero. Os isolados de ambos os gêneros apresentaram potencial de indução de crescimento de planta in vitro, pela capacidade de solubilização de fosfatos, onde se observou que 52,17% de Pseudomonas fluorescente e 66,66% de Azospirillum foram positivos e para produção de AIA em que 86,60% dos isolados de Pseudomonas apresentaram-se positivos. AGRADECIMENTOS- À pesquisadora Verônica Massenas Reis da Embrapa Agrobiologia pelo treinamento da autora. À CooperAlho, Cultivar Distribuidora de Insumos Agricolas Ltda e Coocam pela cessão de sementes, insumos e solo. REFERÊNCIAS COELHO, L. F. Interação de Pseudomonas spp. e de Bacillus spp.com diferentes. 2006. 71 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, IAC-instituto Agronômico, Campinas SP. 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