PRECISÃO DIMENSIONAL DOS TROQUEIS DE GESSO E DE RESINA A BASE DE POLIOL UTILIZANDO TECNOLOGIA CAD-CAM EM COPINGS DE ZIRCÔNIA Gerson da Silva Santos (Bolsista PIBIC-UFPI), Carmem Dolores Vilarinho Soares de Moura (Orientadora- Departamento de Odontologia Restauradora-UFPI) Introdução: O gesso é o material mais utilizado para a obtenção de modelos odontológicos, no 1,2 entanto, apresenta algumas desvantagens como a baixa resistência ao impacto e à abrasão . Materiais alternativos têm sido propostos com o objetivo de se obter modelos precisos e com maior 4 longevidade, dentre os quais: a metalização de troqueis; o gesso sintético e a resina epóxica . Com o mesmo objetivo, a resina à base de poliol foi lançada recentemente no mercado odontológico, que de acordo com o fabricante, tem a vantagem de reduzir o tempo de trabalho, possuir coeficiente de expansão zero e ser 36 vezes mais dura que o gesso convencional. A evolução dos materias para obtenção de troqueis combinado com a tecnologia CAD/CAM para confecção de restaurações e infraestruturas protéticas em 3D têm contribuído para a longevidade dos trabalhos protéticos no 5 quesito adaptação marginal . A região cervical do preparo é a área mais susceptivel a inflamação gengival, retenção de placa bacteriana, recidiva de cárie, perda ossea e doença periodontal, 6 principalmente em preparos subgengivais . Alguns autores concordam que os gaps marginais devem 7 estar entre 100 e 200 µm para que sejam considerados satisfatórios clinicamente , porém, para 8 outros o limite aceitável seria de até 120 µm . Metodologia: A amostra foi constituída por um modelo mestre confeccionado com um Munhão Anatômico CM Exact® (Neodent, Curitiba, Brasil) de titânio aparafusado em implante incluído em resina acrílica o qual originou 15 troqueis obtidos em moldes de silicone de adição Elite P&P® (Zhermack) distribuídos em três grupos experimentais (n=5): Grupo 1: Troqueis em resina Novox® à base de polyol (Talladium,Curitiba, Paraná, Brasil), Grupo 2: Troqueis em gesso tipo IV Elite Rock® (Khermack, Polesine, Rovigo, Italy) e Grupo 3: Troqueis em gesso tipo IV ZERO Stone® (DentonaAG,Dortmund, Alemanha). Sobre todos os troqueis foram confeccionados copings de zircônia IPS e-maxZirCAD® (Ivoclar, Vivadent, Schaan, Liechtenstein) obtidos pela tecnologia CAD-CAM. A discrepância marginal dos copings de zircônia adaptados aos troqueis dos grupos experimentais foi avaliada utilizando-se uma câmera digital Nikon® e um software de análise de imagens digitais (Image Tool, UTHSCSA, versão 3.0, EUA) para ampliação e medição do diâmetro do gap marginal em micrômetros (µm) em três pontos equidistantes das faces axiais vestibular, palatina, mesial e distal. Os dados de discrepância marginal foram tabulados e submetidos à análise de variância (ANOVA) e post hoc Tukey. Resultados e discussão: A menor média do gap marginal entre os copings de zircônia e o modelo foi observada em troqueis obtidos de gesso tipo IV Zero Stone com diferença estatisticamente significativa entre as médias dos gaps marginais dos outros dois grupos. E a adaptação dos copings de zircônia em troqueis de resina à base de Poliol teve uma média inferior ao troquel de Elite Rock apresentando diferença estatisticamente significativa. Como o processo de fabricação dos copings de zircônia foi igual para todos os grupos com o uso do sistema CAD/CAM Neoshape, logo, eliminou-se a influência de tal fator, e mostra-se que a escolha do material para a confecção do troquel é importante para adaptação marginal dos copings. Assim, os resultados deste estudo sugerem que troqueis obtidos de gesso tipo IV Zero Stone podem apresentar menores discrepâncias marginais. As médias gerais dos gaps marginais dos grupos Zero Stone, Elie Rock e resina à base de Poliol apresentaram-se dentro do limite de gap marginal clinicamente aceitável de acordo com alguns autores que é de até 120µm 7,8,9 . A face mesial do grupo Elite Rock e as faces vestibular e lingual do grupo Poliol apresentaram médias de discrepâncias marginais maiores do que 120µm, mas considerando os estudos de alguns autores, estas discrepâncias são consideradas clinicamente aceitáveis 10,11 . De acordo com estes autores 10,11 um desajuste marginal pode ser considerado clinicamente aceitável quando é visualmente imperceptível ou não pode ser detectado utilizando uma sonda odontológica. Estes autores ressaltaram que valores de gap marginal entre 100 e 150µm são considerados clinicamente aceitáveis. Estudos têm demonstrado que discrepâncias marginais para restaurações CAD / CAM variaram de 24 a 110 µm 12,13 . Os resultados deste estudo mostram que as médias dos gaps marginais estão dentro desta variação de gap para CAD/CAM, com exceção do grupo poliol que teve média de 111,05 µm. Sabe-se que a inadequada adaptação marginal leva ao acúmulo de placa bacteriana 14,15 que pode aumentar o risco de 16 desenvolvimento de lesões cariosas , microinfiltração, inflamações periodontais e dissolução do 17,18 cimento . Um dos fatores que poderia explicar a discrepância marginal encontrada neste estudo é a configuração do término cervical que foi em forma de chanfrado. Este tipo de término e o ombro 19 arredondado tem sido os mais adequados para coroas de cerâmica pura . Foi observado em um estudo que a média da discrepância marginal de copings de dióxido de zircônia para os preparos com términos em forma de chanfrado foi maior que o término em ombro, com diferença estatisticamente 20 significativa . Uma revisão sistemática cita a configuração do término cervical como um dos 21 parâmetros que influenciam a adaptação marginal . Outros autores não encontraram influencia significativa da configuração do término na adaptação marginal com restaurações indiretas ou copings 22,23 . Isso é justificado pelo uso de diferentes métodos para avaliar o ajuste marginal ou 20 diferentes técnicas e materiais usados para a confecção das restaurações indiretas . Conclusão: Os resultados deste estudo sugerem que modelos obtidos a partir do gesso tipo IV Zero Stone® podem ser usados para confecção de copings de zircônia com menores valores de discrepâncias marginais que modelos de resina Novox® (Poliol) e de gesso Elite Rock®. Baseado nos valores médios dos gaps marginais, todos os três grupos se apresentaram dentro dos limites clinicamente aceitáveis com o uso da tecnologia CAD/CAM. Palavras-chave: Cerâmica. Adaptação marginal. Zircônia. Referências bibliográficas 1. DIAS, S.C. et al. Roughness of dental stones and epoxy resin die materials and compatibiity of the epoxy resins with impression materials. Rev Odontol UNESP, v.36, n.1, p.1-8, 2007. 2. CHAFFEE, N.R.; BAILEY, J.H.; SHERRARD, D.J. Dimensional accuracy of improved dental stone and epoxy resin die materials. Part I: single die. J Prosthet Dent, v.77, p.131-5, 1997. 3. STOLF, D. P. et al. Superficial texture of type IV, V and reinforced stones. PCL, v.6, n.31, p.297-305, 2004. 4. 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