Contribuição Consulta Pública 012/2010 Nome: José Wanderley Marangon Lima Empresa: Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI Na CP 12/10, duas Notas Técnicas foram disponibilizadas que versam sobre: a utilização de custos médios para alimentar o processo de definição da estrutura tarifária na distribuição; e, a definição dos diagramas simplificados de fluxos entre os níveis de tensão. Gostaria de parabenizar a ANEEL pela forma bastante didática que explanou os conceitos e os procedimentos sugeridos. As minhas contribuições são colocadas para as Notas Técnicas 41 e 39. Nota Técnica 41/10 A NT041/2010 propõe substituir o custo marginal de expansão pelo custo médio das redes de distribuição. Os motivos para esta substituição são, entre outros: a proximidade com a metodologia utilizada na transmissão, assimetria de informação e a grande variação do CIMLP calculado pelas empresas. Esta NT apresenta os fundamentos da teoria microeconômica que diz que o custo médio é igual ao custo marginal na condição ótima de operação e expansão. A utilização da empresa de referência para identificar os custos operacionais e a busca por um conjunto de ativos ajustados ao tamanho da concessão através da base de remuneração regulatória são indícios de que a ANEEL está trabalhando no sentido de buscar esta condição ótima. O problema é que em geral as empresas não estão neste ótimo e que, portanto, não se aplica o cálculo do custo marginal através do custo médio para a maioria das empresas. Entretanto, existe uma dificuldade na obtenção do custo marginal ou mesmo da aproximação feita através do custo incremental médio de longo-prazo. Os valores informados para os CIMLPs variam muito de empresa para empresa o que levou a utilização da média destes custos. A utilização do custo médio não me parece ruim no atual estágio do setor elétrico, mas ao comparar a Tabela 1 com a Tabela 4 vemos que a relação atual do A4 para o A2 que é de duas vezes passa a ser de cinco vezes. Isto pode trazer problemas se for aplicada esta relação diretamente à tarifa completa. Apesar da NT dizer que os valores da Tabela 4 são apenas indicativos, esta alerta deve ser considerada e se for aplicada deve ser apenas para a parcela relativa ao “fio” da rede de distribuição. Apesar da escolha conjuntural pelo custo médio, acho que as pesquisas devem continuar no sentido de aprimorar o cálculo do custo marginal de longo prazo não por nível de tensão, mas também por barramento incorporando os efeitos no planejamento da rede. Notar que o modelo da transmissão, conforme ressaltado nesta NT, também carece de aprimoramentos visto que também utiliza os custos médios extraídos de um caso base anual. A partir do planejamento poderão ser considerados os efeitos da ociosidade das redes devido à incorporação da confiabilidade e segurança que são pressupostos do planejamento minimizando a parcela selo. No parágrafo 35, não apenas o lucro do produtor monopolista é maximizado quando receita marginal é igual a custo marginal, mas também em mercados atomizados onde o ofertante é um tomador de preço. Nota Técnica 39/10 Esta NT estabelece uma nova forma de cálculo do fluxo simplificado das redes de distribuição utilizando o procedimento estabelecido para obter as perdas em cada nível de tensão e detalhando melhor o procedimento de cálculo a ser seguido por cada empresa. Gostaria de ressaltar que a utilização do digrama de fluxo simplificado está intimamente ligada ao processo atual da definição da estrutura tarifária onde a questão espacial é negligenciada. A utilização do diagrama simplificado funciona satisfatoriamente em redes radiais onde é possível definir diretamente as responsabilidades de cada cliente no carregamento das transformações. Podemos dizer que este fluxo é uma aproximação que tende a ser pior quando o sistema é mais malhado como ocorre em geral nas redes de 138 a 69 kV. A TUSDg é uma tentativa de evitar esta aproximação para os agentes de geração. Sugiro que a nova estrutura tarifária leve isto em consideração criando Redes Unificadas (RU) que apresentem características próximas de redes radiais melhorando a aproximação do diagrama de fluxos. Desta forma, teríamos estes diagramas de fluxos para cada RU e poderíamos incorporar os sinais horosazonais capturando melhor as características da região tanto no que se refere à rede elétrica como também nos hábitos de consumo.