Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
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A TEMÁTICA AMBIENTAL NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE 3º ANO DE ENSINO MÉDIO DE PARNAÍBA – PI
Maria Janete Cardoso Neves (Universidade Federal do Piauí/CEAD) Maria da Conceição
Prado de Oliveira (Universidade Federal do Piauí/Departamento de Biologia) Geraldo Felipe
Prado de Oliveira (Faculdade Santo Agostinho) Geraldo José de Oliveira (Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí)
RESUMO: Objetivou-se analisar como a temática ambiental está sendo desenvolvida nas
práticas pedagógicas no 3º Ano de ensino médio das escolas da cidade de Parnaíba-PI.
Para tanto, selecionamos seis escolas públicas, onde foram aplicados os questionários
com 152 alunos e 10 professores de Biologia. Os resultados mostraram que a Educação
Ambiental, nessas escolas públicas de Parnaíba, está sendo trabalhada de forma
fragmentada e os conteúdos, na maioria das vezes, estão sendo incluídos na disciplina de
biologia. Para mudar esse quatro sugerimos capacitação e a disponibilidade de material
didático apropriado para que os educadores possam desenvolver mais atividades práticas
diferenciadas e projetos que incentivem o debate, a construção de conhecimento e a
reflexão sobre as questões ambientais.
Palavras chave: atividade diferenciada, educação ambiental, prática pedagógica
ABSTRACT: This study aimed to analyze how environmental issues is being developed in
pedagogical practices in the 3rd year of secondary education schools in Parnaíba-PI. We
selected six public schools where questionnaires with 152 students and 10 teachers of biology
were applied. The results showed that environmental education, these public schools
Parnaíba, is being crafted in fragmented form and content, in most cases, are being included
in the discipline of biology. To change this we suggest four training and the availability of
appropriate teaching materials for educators to develop more differentiated practice activities
and projects that encourage debate, knowledge construction and reflection on environmental
issues.
Keywords: differentiated activities, environmental education, teaching practice.
INTRODUÇÃO
A definição de meio ambiente vem sendo construída de diferentes maneiras por
especialistas de variadas ciências. No entanto, de acordo com a Resolução 306/2002 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) “Meio Ambiente é o conjunto de
condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social,
cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”
(BRASIL, 2002).
A Revolução Industrial, sendo interventora e transformadora do homem em sua
relação com a natureza, tornou a atividade humanística cada vez mais predatória. A
década de 1960 é considerada uma referência quanto ao início das preocupações com a
qualidade ambiental (TOZONI-REIS, 2004). Desde então vem se desenvolvendo
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propostas de educação ambiental que levem à reflexão sobre a problemática ambiental e
sua relação com a educação.
A educação ambiental (EA) é um estudo permanente que surge a partir do
crescente interesse do homem em relação às grandes catástrofes naturais que têm
assolado o mundo nas últimas décadas, no qual os indivíduos e a comunidade tomam
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,
experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e coletivamente, para
resolver problemas ambientais presentes e futuros (FREITAS & LOMBARDO, 2000;
GADOTTI, 2000; EFFTING, 2007).
A realidade atual exige uma reflexão detalhada sobre os métodos hoje
utilizados no contexto escolar que viabilizem um processo de transformação e uma
percepção maior do papel do educador como mediador na construção de referenciais
ambientais, usando-os como instrumento para o desenvolvimento de uma prática
educativa transformadora. Para Perrenoud (2002) a autonomia e a responsabilidade de um
profissional dependem de uma grande capacidade de refletir sobre sua ação. Essa
capacidade está no ato do desenvolvimento permanente, de suas experiências e
competências.
Desde o momento em que se constitui como categoria central do movimento
ambientalista, a educação ambiental reforça na educação uma proposta de rediscussão da
sociedade, da natureza e da vida em seus significados mais profundos (LAYRARGUES et
al, 2008). A mesma deve ser desenvolvida no contexto educacional levando-se em
consideração os aspectos ambientais em que a escola está inserida, buscando um processo
de conscientização ambiental que gere ações para manter um meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Esse é o grande desafio da escola atual, o do fazer
pedagógico, fazer com que de fato a educação ambiental não seja ilustrativa quando
trabalhada pelo professor, mas sim que possa acarretar conscientização ao educando.
Atualmente, o desequilíbrio ambiental gerado pela ausência de uma percepção
mais coerente em relação ao meio, tem gerado grandes problemas socioambientais. Sendo
assim, a educação ambiental aparece como uma alternativa de mudança e transformação,
onde o individuo é convidado a refletir sobre suas ações e atitudes. Considerando a
importância da temática ambiental na visão integrada de mundo, destaca-se a escola
como local privilegiado na formulação de atividades que viabilizem essa reflexão.
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Nesta perspectiva, o presente estudo tem por objetivos avaliar como a temática
ambiental está sendo desenvolvida com alunos de 3º ano do ensino médio nas escolas
públicas do município de Parnaíba-PI e analisar a prática pedagógica do tema em
questão, propondo uma reflexão em torno dos métodos utilizados na educação ambiental.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Breve retrospectiva da educação ambiental
Durante as décadas de sessenta e setenta a educação ambiental surgiu com o
propósito de promover uma mudança comportamental, uma consciência crítica da relação
do ser humano com o meio ambiente e suas atitudes para concretizar soluções que
possam minimizar os problemas ambientais que afetam o planeta (FREITAS &
LOMBARDO, 2000; DIAS, 2004; TOZONI-REIS, 2004).
Dentre os importantes eventos que marcaram a trajetória da educação ambiental,
destaca-se a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, realizada pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo, em 1972. Seu objetivo foi chamar a atenção
dos governantes para a criação de novas políticas ambientais, dentre as quais um
Programa de Educação Ambiental que contemplasse a formação de cidadãos críticos em
relação aos assuntos pertinentes aos problemas ambientais. Outros encontros e
conferências foram realizados e tiveram grande importância nesse contexto, como a de
1975, quando a UNESCO promoveu em Belgrado, Iugoslávia, o Encontro Internacional
sobre Educação Ambiental, no qual foram formulados princípios e orientações para um
programa internacional de educação ambiental, a qual deveria ser contínua,
interdisciplinar, integrada às diferenças regionais e voltada aos interesses nacionais. Em
1977, ocorreu a primeira conferência sobre a educação ambiental em Tbilisi, Geórgia,
sendo considerado o evento mais importante para a evolução da educação ambiental no
mundo, representando um marco conceitual, onde foram elaborados os objetivos,
princípios, estratégias e recomendações para a Educação Ambiental (LIMA, 1999).
No Brasil, a educação ambiental é o resultado de toda uma discussão anterior ao
nível internacional que somente foi instituída em 31 de agosto de 1981 pela lei Federal nº
6.938, a qual criou, dentre outros, o Cadastro Técnico Federal de Atividade e
Instrumentos de Defesa Ambiental no Brasil, admitindo como um de seus princípios que
a educação ambiental deveria ser abordada em nível formal e informal. Esta assumiu um
caráter mais pedagógico quando da emissão do parecer 226/87 (Plenário do Conselho
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Federal de Educação /MEC), que indicou seu caráter interdisciplinar e em todos os níveis
de ensino. Em 1988, a Constituição Federal fez referência ao meio ambiente em seu
capitulo VI, artigo 225. Posteriormente, o MEC baixou a portaria 678 (14/05/91) na qual
recomendou a educação ambiental como conteúdo disciplinar em todos os níveis de
ensino, sem que se configurasse, entretanto, como disciplina específica (SILVA, 2004).
A prática em educação ambiental
A prática educativa enfrenta graves desafios. O Estado brasileiro tem a
responsabilidade de formar quadros aptos a enfrentar a gestão dos sistemas naturais,
visando à melhoria da qualidade de vida das populações (FRANCALANZA et al., 2005).
Como afirma Veiga (1992) a prática pedagógica é também considerada uma prática
social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos e inserida no contexto da
prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social. Portanto, para
desenvolver a participação dos alunos nesta atividade é considerado por muitos
professores um desafio, pois o exercício da aprendizagem constante, do saber falar,
ouvir, propor, contrariar e complementar requer uma disponibilidade individual de
superação, diante das deficiências e dificuldades.
A dimensão ambiental representa uma vasta questão que envolve um conjunto de
atores do universo educativo, reunindo diversos sistemas de conhecimento, como a
capacitação de profissionais, numa perspectiva interdisciplinar. Portando, pode-se dizer
que a produção de conhecimento deve necessariamente contemplar as inter-relações do
meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos
diversos atores envolvidos e as formas de organização social que aumentam o poder das
ações alternativas de um novo desenvolvimento, buscando priorizar um novo perfil de
desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade socioambiental (ROSINKSI &
OLIVEIRA, 2002).
Para Tamaio (2000) a educação ambiental é uma condição necessária para
modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é
suficiente para converter-se em uma ferramenta de mediação necessária entre culturas,
comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais. Assim, cabe ao educador
atuar na construção de referenciais ambientais e usá-los como instrumentos para o
desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza.
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PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
A pesquisa foi realizada no Município de Parnaíba, localizado no extremo norte
do Estado do Piauí, na microrregião do litoral piauiense. Parnaíba fica a 318 km da
capital Teresina, com uma população de 145.705 habitantes e é considerado o segundo
maior município do Piauí. (AGUIAR & GOMES, 2004).
Nesta região, há unidades de conservação de uso sustentável e de proteção integral
(sítios naturais), voltadas para a preservação dos ecossistemas costeiros, formados por
dunas, restingas e manguezais (ANDRADES, 2010). Portanto, este trabalho buscou
compreender como a EA vem sendo trabalhada nas práticas de ensino médio,
especificamente nas turmas de 3º Ano das Escolas Públicas do Município de Parnaíba-PI
no intuito de colaborar na formação da ecocidadania para a preservação desses recursos
naturais. Para tanto, selecionamos seis escolas Públicas de Ensino Médio do Município
de Parnaíba.
No período de agosto a novembro de 2011 foi elaborado e aplicado um
questionário com oito questões objetivas a 10 docentes que lecionam a disciplina
Biologia no ensino médio. Outro questionário com oito questões foi direcionado a 152
estudantes que cursavam o 3º ano do ensino médio no turno da manhã, nas escolas
públicas de Parnaíba. Os questionários foram respondidos anonimamente pelos professores e
alunos, simultaneamente nas escolas selecionadas. Todos os participantes são maiores de
idade e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a tabulação dos dados obtidos nas pesquisas realizadas nas seis escolas
públicas, foram contabilizados através do número de vezes que as alternativas foram
assinaladas pelos professores ou alunos durante a aplicação dos questionários. Os
resultados, quando necessários, foram representados em figuras por meio de valores
percentuais, possibilitando assim uma melhor visualização das concepções de alunos e
professores em determinada questão.
Práticas pedagógicas para abordar as temáticas ambientais na escola – pesquisa com
os professores
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Nesse item foram apresentados os resultados da pesquisa no que diz respeito às
práticas pedagógicas para abordar as temáticas ambientais na escola, resultantes das
respostas obtidas do questionário aplicado com os professores entrevistados.
Quando perguntamos aos professores entrevistados se as temáticas de Educação
Ambiental estavam sendo vivenciadas nas aulas, 30% deles responderam que sim e 70% deles
responderam que as temáticas estavam sendo desenvolvidas nas aulas, apenas, parcialmente.
Com relação a metodologia empregada para despertar o interesse do aluno em estudar
as questões ambientais obtivemos as seguintes repostas: 83% dos professores responderam
que os temas são abordados apenas na teoria; 17% fazem aulas práticas na própria escola e
nenhum professor assinalou a alternativa “aulas práticas na comunidade”.
Como já dissemos acima, a região onde Parnaiba está inserida tem sítios naturais que
poderiam ser exploradas para realização de aulas-passeios. Vários autores já estudaram a
importância de sítios naturais como recursos didáticos no ensino básico (BELLO & MELO,
2006; CAZOTO & REIS, 2008; RIBEIRO & CASTRO, 2010).
Freinet (1973) foi um dos primeiros autores a preconizar uma sala de aula diferente ao
ar livre, essa poderia ser no quintal da escola ou fora dela, descreve o autor: “e os alunos iriam
a esses lugares nos dias de bom tempo, como se vai ao campo, no domingo ou nas tardes de
verão”. Seria a oportunidade dos alunos e professores praticarem uma atividade diferente e
prazerosa aprendendo na prática, com problemas da comunidade onde eles estão inseridos.
Perguntamos também aos professores com que frequência eles abordam as questões
ambientais em sala de aula e a maioria deles respondeu que fala sobre o tema semanalmente
(50%), 40% deles disseram que tratam das temáticas ambientais em sala de aula mensalmente
e, apenas, 10% falam sobre a temática diariamente.
As respostas apresentadas pelos professores, durante a aplicação dos questionários
revelaram que a maioria deles (87%) faz correlações entre os temas ambientais e os
problemas relativos ao meio ambiente existente na comunidade e o restante dos professores
(13%) confessou que faz essa correlação às vezes.
A maioria dos professores respondeu também que a escola não adota procedimentos
de educação ambiental e que ela está se adaptando a essa prática pedagógica.
Com relação ao grau de dificuldade encontrada pelos professores para tratar das
questões ambientais, os resultados mostraram que a maioria dele não tem dificuldades para
abordar o tema em epilogo.
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Sobre o acesso permanente a materiais informativos de EA para trabalhar com os
alunos, 10% dos professores disseram que tem acesso ao material didático, 10% disseram não
ter acesso e a maioria (80%) respondeu que, somente às vezes, tem esse material disponivel.
Foi também perguntado ao professor sobre as estratégias de ensino para eles tratarem
os problemas ambientais com seus alunos e a maioria deles respondeu que apresentava o
conteudo na forma de palestras (Figura 1).
outros
8%
15%
Utilização de vídeo
Pesquisa na internet
8%
69%
Palestras
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Figura 1. Distribuição das respostas dos professores no que diz respeito às estratégias de
ensino para eles tratarem os problemas ambientais em sala de aula
Esses resultados apresentados acima, a partir das respostas dos professores ao
responderem o questionário, nos levou a perceber que a educação ambiental, nas escolas
pesquisadas, não está sendo vivenciada como um componente essencial e permanente na
educação, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, como reza a Lei No. 9.795 de 27 de abril de 1999, em vigor, em seu
Artigo 2º (BRASIL, 1999).
Percepção dos alunos entrevistados sobre as questões ambientais
Os alunos que participaram do estudo (n= 152) ao serem indagados sobre o conceito
de meio ambiente, 43% deles responderam que significava a fauna e a flora, 29% que é o
lugar onde se encontram e 28% que o meio ambiente era todos os recursos naturais. Os
alunos demonstraram ter um breve conhecimento do que seja meio ambiente, pois mesmo
com respostas diferenciadas todas remetiam ao mesmo sentido, pois de acordo com o
CONAMA, meio ambiente envolve as condições, leis, influencia e interações de ordem
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física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que rege a vida em todas as suas
formas.
Os resultados das entrevistas semi-estruturadas revelaram também que os alunos
têm consciência de que eles fazem parte do meio ambiente (97% deles).
Metodologia e estratégia de ensino adotada pela escola para abordar as questões
ambientais na visão dos alunos
Quando perguntamos aos alunos entrevistados se a escola, que eles frequentam
abordam as temáticas sobre as questões ambientais, 84% deles responderam que sim e 16%
que não.
Os resultados das entrevistas mostraram também que as temáticas ambientais são mais
abordadas na disciplina biologia (Figura 2). Como representado na figura 2, nenhum aluno
assinalou a alternativa em todas as disciplinas, mostrando que não há a transversalidade
efetiva desse tema, conforme preconizam os Parametros Curiculares Nacionais/PCNs
(BRASIL, 1999)
0
em todas
2
história
3
matemática
10
quimica
85
biologia
0
20
40
60
percentual (%)
80
100
Figura 2. Distribuição em percentual das respostas dos alunos ao serem indagados em quais
disciplinas as questões ambientais eram abordadas.
Com intuito de averiguar a estratégia de ensino adotada pela escola para abordar as
temáticas ambientais, foi perguntado aos alunos se já haviam participado de aulas de campo,
cujo tema fosse meio ambiente, 55% responderam que não. Esses resultados confirmam as
respostas dadas pelos professores ao responderem que utilizam aulas teóricas para estudar as
questões ambientais.O que evidencia que as aulas de campo é uma alternativa metodológica
que pode levar o aluno a compreender o mundo criticamente, visto que o excesso de aulas
expositivas, têm motivado o descaso desses alunos em relação a esse tema.
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Perguntamos também, se os alunos consideravam os temas relacionados às questões
ambientais abordados nas disciplinas importantes e a maioria (83%) respondeu que sim.
Com intuito de sabermos mais sobre a prática pedagógica do professor, através da
vivencia do aluno na escola perguntarmos a eles: ‘se os professores já haviam abordado o
tema problemas ambientais em sala de aula’ a maioria (80%) respondeu que sim.
Quando indagamos se o aprendizado relacionado ao meio ambiente adquirido na
escola alteraram sua conduta em casa e na comunidade, 71% responderam sim, 26%
responderam não e 3% não souberam responder.
Nesse contexto, os alunos sabem da importância dessa temática em seu dia-a-dia.
Entretanto, percebe-se a precariedade na abordagem desse conteúdo,
restringindo-se à
disciplina Biologia, sem a necessária transversalidade que o tema impõe.
A temática Educação Ambiental no Ensino Fundamental e Médio já foi abordada por
diversos autores brasileiros, dentre eles podemos citar: Saraiva et al (2008) com estudos
realizados no Rio Grande do Norte; Machado (2008) em São Paulo e Oliveira (2011) para o
estado da Bahia.
Especificamente para o ensino médio temos os trabalhos de Silva e Melo (2007) para o
Amazonas, onde os autores constataram que as escolas se preocupam com o meio ambiente,
mas não se percebe empenho por parte dos educadores para que as propostas trabalhadas em
sala de aulas se tornem realidade. Os estudos de Zuquim et al (2010), em Minas Gerais,
mostraram que os professores não só desconhecem a importância da inclusão do tema no diaa-dia em sala de aula, como também não estão preparados para trabalhar com o tema meio
ambiente na sala de aula, tornando escasso o trabalho sobre assunto na escola em que atuam.
No entanto, no trabalho de Moura e Lira (2011) em Pernambuco foi verificado que os
professores de ensino médio conhecem os problemas que envolvem a EA e os abordam em
sala de aula através de projetos e práticas pedagógicas, porém os trabalhos realizados não
suprem as expectativas desejadas, devido ao grande número de disciplinas lecionadas pelos
mesmos, dificultando a interdisciplinaridade, à falta de uma formação continuada e de apoio
pedagógico e infraestrutura, são alguns dos problemas que inviabiliza o desenvolvimento de
novos métodos de conscientização ao educando.
O presente estudo corrobora com o trabalho de Almeida et al (2012) em Minas Gerais,
quando ele enuncia que educação ambiental como tema transversal não é incorporado
devidamente no ambiente escolar, pois observa-se a necessidade de uma revisão tanto
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pedagógica como de legislação, para que seja inserida entre os componentes curriculares e
educacionais.
Considerando-se os trabalhos citados se observa que além das aulas teóricas, se fazem
necessárias aulas práticas e projetos que estimulem os alunos a interagirem com essas
questões em seu dia-a-dia, pois através deles pode-se ampliar as possibilidades de interação
entre as disciplinas e a EA passará a ser um eixo integrador entre elas. Em relação às práticas
pedagógicas, faz-se necessária disponibilidade por parte dos profissionais, gestores e
professores, para que as metodologias utilizadas possam incentivar uma mudança na
percepção e atuação do aluno em seu cotidiano como também capacitação para estes
profissionais, de forma que possa contribuir na formação do cidadão crítico e consciente.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos conclui-se que os alunos de 3º ano do ensino
médio da cidade de Parnaíba-PI têm a concepção do que seja o meio ambiente e da
importância que tem seu estudo, no entanto não há interdisciplinaridade, dimensões
fundamentais na construção do senso crítico dos alunos.
Os professores possuem a consciência de que a EA é um tema abrangente e que
deve ser abordado de várias formas, no entanto, devido às escolas ainda estarem
adaptando-se a essa nova realidade, observa-se que as práticas pedagógicas têm sido
prejudicadas, por falta de suporte metodológico como também uma qualificação dos
professores especificamente focalizada nas questões ambientais, pois esses profissionais
limitam-se, em geral, apenas aos conteúdos teóricos, sem realizarem aulas práticas ou de
campo.
Para
mudar
esse
quadro
sugerimos
mais
capacitação
aos
professores,
disponibilidade de material didático apropriado para que possam desenvolver atividades
práticas diferenciadas e projetos que incentive o debate, a consolidação de práticas na
rotina escolar, a construção de conhecimento e a reflexão sobre as questões ambientais,
desenvolvendo o senso crítico e transformador do educando.
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