AJUSTE DA BASE POPULACIONAL E OS INDICADORES DO PACTO PELA SAÚDE INTRODUÇÃO No Pacto pela Vida de 2008 foi mantida a base populacional de 2007, na fonte Datasus. Para população geral, isto é sem a estratificação de idade havia outro valor, no mesmo Datasus, também chamada população TCU. No início de 2008 o Datasus assumiu a população TCU, agora com estratificação, provocando alterações significativas nas projeções do estado, CRS e municípios, para mais e para menos, tanto na população geral como nas diversas faixas etárias. Estas alterações levaram a SES a propor à Comissão Intergestores Bipartite o Ajuste de metas para 2009, no momento em que as CRS avaliarem junto aos seus municípios as metas alcançadas em 2008, pois estas metas, em várias situações, poderão ter sido alcançadas ou não apenas pela modificação importante da população que serve como base para seu cálculo. INDICADORES Os indicadores são utilizados para dar comparabilidade entre as diversas instâncias do sistema de saúde, bem como entre as diversas unidades que se deseja comparar.(municípios, estados, países, etc...). Muitas vezes pactuamos taxas, razões, coeficientes, percentuais e esquecemos que são resultados de operações a partir de números, como numerador e denominador. A alteração significativa da população neste ano, mais que oportuniza, exige que, no momento da avaliação do Pacto pela Vida 2008, tanto das metas alcançadas, como do possível ajuste, sejam olhados a partir dos números que determinam o indicador e, no final da conta, sua fórmula. Exemplificamos com o Indicador RS – Taxa de internação por Infecção Respiratória Aguda em menores de cinco anos (Tabela I), pois este indicador sofreu um impacto de redução da população (menores de cinco anos) de 22,34% de 2007 para 2008, bem como em 348 municípios. Alcança a diferença de 25,6% de 2007 para 2009, sendo que a redução também ocorreu em 414 municípios. Tabela I - Taxa de internação por Infecção Respiratória Aguda em menores de 5 anos conforme as diversas projeções populacionais no Rio Grande do Sul 2007 a 2009 2007 2008 pactuado alcançado taxa população internações Fonte: Datasus 32,00 31,78 934.031 29.889 29.683 pactuado 31,00 2009 alcançado 27,53 35,45 manutenção meta taxa pactuada alcançada internações 31,00 934.031 725.372 934.031 725.372 28.955 22.487 25.718 35,45 ajuste 37,01 34,54 25.718 24.000 694.927 21.543 24.635 Em 2007 foi pactuada a taxa de 32 internações de menores de 5 anos por IRA/ano. Para a população que serviu como denominador (934.031), isto representava 29.889 internações. A meta foi alcançada. Seu valor foi 31,78. O número de internações foi de 29683. Em 2008, no momento do Pacto pela Vida (maio de 2008) a projeção populacional que serviu como base de cálculo era a mesma de 2007 (934.031). A SES propôs um valor de 30 internações, que foi aprovado pela CIB. A projeção indicava que o número de internações não deveria ultrapassar 28.955. Com a redução da projeção da população de menores de 5 anos para 725. 372, para alcançarmos a meta o número de internações deveria ser reduzido a 22.487, representando uma queda de 25,6%. Houve uma redução significativa de 3.965 internações (13,4%), que representa uma taxa de 35,45. Contudo podemos considerar que foi alcançada a meta, se considerarmos o número de internações ou ainda se calcularmos pela base populacional pactuada(934.031),: 27,53. Conclusão: meta não alcançada para a taxa, objetivo atingido para o número de internações. Já para 2009 temos reflexões a fazer: - se mantivermos a taxa (31,00), como propõe a Portaria 48/2009 no Ministério da Saúde, devemos ter em conta que o número de internações deverá baixar para 21.543; - se mantivermos como meta o número de internações realizadas em 2008 (25.718) devemos ajustar a meta para 37,01; - se propusermos redução das internações para até 24.000, o ajuste deverá ter como meta 34,54; - e se mantivermos a mesma taxa alcançada (35,45) a meta será reduzir as internações para, no máximo 24.635. . A ALTERAÇÃO DA BASE POPULACIONAL E OS DIFERENTES IMPACTOS NOS INDICADORES. O aumento ou redução da base populacional pode melhorar ou piorar a meta do indicador. Os indicadores de processo têm sua meta melhorada quando há redução de população. Isto é o mesmo número de eventos realizados divididos pela população que foi reduzida, dará um valor maior. Estes mesmos indicadores “pioram” quando aumenta a população. Alguns indicadores de processo: Média anual de consultas médicas nas especialidades básicas, Cobertura de primeira consulta odontológica programática, Razão de exames citopatológicos em mulheres de 25 a 59 anos, etc... Já para os indicadores de resultado ocorre o inverso. Pode-se observar no exemplo da IRA em menores de cinco anos. A redução da população aumenta a taxa, isto é, piora o resultado. O aumento da população facilita o alcance das metas. AVALIAÇÃO DAS METAS 2008 E AJUSTE DE METAS PARA 2009 Por todas estas considerações é que, no momento da avaliação das metas de qualquer indicador do Pacto pela Vida de 2008 o número de eventos deve ser observado e comparado com àquele dos eventos pactuados, neste caso a base de população deveria ser aquela de 2007. O mesmo vale para o ajuste de 2009. Várias Coordenadorias Regionais de Saúde, nos momentos do pacto e sua avaliação levam em consideração o número de eventos. Acreditamos que esta deve ser uma prática de todas as CRS. Por isso, sugere-se para as CRS que costumam pactuar apenas taxas e coeficientes, pactuem o número de eventos quando da interlocução com o município. Após o consenso, este número deve ser traduzido em taxa, coeficiente, razão, etc, através da utilização da fórmula de cálculo do indicador. Isto certamente permitirá melhor compreensão do indicador, pois aproximará mais da realidade da gestão. Para ilustrar a importância de sempre olhar para o número de eventos incluímos a Tabela II onde estão os valores alcançados pelas CRS e Estado para oito indicadores vinculados ao DAS. INDICADORES DO PACTO PELA SAÚDE NO RIO GRANDE DO SUL 2008 C R S CP AIDS 1ª 113662 39 2ª 28492 3 24936 565118 3ª 10446 1 57180 4ª 11948 1 27321 5ª 13056 6ª 34039 NÚMERO DE EVENTOS POR INDICADOR NAS VALOR REGIONAL POR INDICADOR NAS COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE E ESTADO 1ªCOP CEB COORDENADORIAS REGIONAIS DE SAÚDE E RS AVC ALCOOL 725 IRA 6.949 3325 577 0,12 15,57 4,01 0,82 6,79 27,7 82,55 1,88 45 1.668 534 183 0,16 5,59 3,28 0,74 2,89 31,1 61,34 2,84 722652 105 1.656 739 555 0,05 1,73 6,59 0,83 3,70 28,7 60,79 7,48 355319 10 1.545 306 498 0,09 2,71 4,74 0,62 2,11 41,8 37,51 10,04 0 94744 2070061 163 1.993 389 807 0,05 0,00 8,99 1,96 5,33 30,6 32,26 8,84 1 66727 90 1.383 651 326 0,23 2,56 11,10 0,98 3,29 35,4 82,23 6,31 4,07 144913 2954127 592173 BP CP AIDS 1ªCOP CEB BP IRA AVC ALCOOL 7ª 5572 0 679 8538 0 692 255 63 0,16 0,00 0,37 0,05 0,00 54,4 99,39 8ª 7279 2 19520 175584 8 658 187 51 0,15 15,36 9,53 0,86 2,01 50,5 58,91 2,89 9ª 5686 0 6256 92192 25 463 103 157 0,17 0,00 4,67 0,69 3,29 52,8 55,55 13,66 10ª 23748 1 9621 84312 61 1.745 545 141 0,19 2,53 1,80 0,16 2,76 44,1 81,04 3,15 11ª 11938 0 25810 261631 27 556 93 115 0,22 0,00 11,69 1,18 4,24 41,2 29,33 5,99 12ª 13587 1 27030 283202 5 701 94 32 0,24 6,67 11,56 1,21 2,15 46,8 26,88 1,59 13ª 3583 2 34552 496901 161 851 354 274 0,04 9,45 10,36 1,49 3,21 40,2 79,16 9,54 14ª 13620 0 55205 466919 22 1.175 228 60 0,24 0,00 24,05 2,03 7,46 87,8 65,47 2,99 15ª 8380 0 9223 64966 24 817 182 159 0,22 0,00 5,58 0,39 3,99 72,3 74,47 11,28 16ª 12267 0 20859 244889 40 1.205 207 178 0,14 0,00 5,66 0,66 3,31 55,1 39,72 5,54 17ª 8345 0 27076 83037 42 614 202 73 0,15 0,00 11,95 0,37 2,31 43,7 60,04 3,72 18ª 17971 3 20815 294289 58 690 264 185 0,20 12,54 6,15 0,87 4,46 28,8 60,41 6,44 19ª 11899 0 4816 48500 27 470 162 126 0,24 0,00 2,29 0,23 3,91 33,2 51,30 6,99 RS 703639 54 677283 9864410 1361 25.831 8820 4560 0,13 7,44 6,24 0,91 3,73 35,6 64,49 4,91 CP - RAZÃO DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS CÉRVICO VAGINAIS NA FAIXA ETÁRIA DE 25 A 59 ANOS AIDS - (/ 100000) TAXA DE INCIDÊNCIA DE AIDS EM MENORES DE CINCO ANOS 1ª COP - (%) COBERTURA DE PRIMEIRA CONSULTA ODONTOLÓGICA PROGRAMÁTICA CEB - MÉDIA ANUAL DE CONSULTAS MÉDICAS POR HABITANTES NAS ESPECIALIDADES BÁSICAS BP -(%) PERCENTUAL DE CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS COM BAIXO PESO PARA A IDADE IRA - (/1000) TAXA DE INTERRNAÇÃO POR INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA EM MENORES DE CINCO ANOS ÁLCOOL - (/10000) TAXA DE INTERNAÇÃO POR ALCOOLISMO NA POPULAÇÃO DE 10 ANOS E MAIS AVC - (/10000) TAXA DE INTERNAÇÃO POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA POPULAÇÃO DE 60 ANOS E MAIS Por exemplo: enquanto a Razão de cobertura de CP no estado é de 0,13, resultado de 703639 exames; a taxa de incidência de Aids em menores de cinco anos é de 7,44 e representa somente 54 casos e a média de consultas médicas nas especialidades básicas é de 0,91 e proporcionados por 9.864.410 consultas registradas no SIA/SUS. Esta é a oportunidade que a alteração da população está proporcionando em 2009: permitir uma melhor compreensão de cada indicador. Como lembrança final, observamos a seguinte obviedade: a avaliação das metas de 2008 tem como denominador a população 2008. O ajuste de metas para 2009 deve ter como base de cálculo a população 2009, pois esta é que será utilizada no Relatório de Gestão Municipal: mais um dos grandes motivos pelos quais o ajuste de metas se torna uma necessidade. INDICADORES VINCULADOS AO DEPARTAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE (DAS) As áreas técnicas do DAS analisaram a situação das CRS e dos municípios em, também quanto ao que foi pactuado, e fizeram propostas para auxiliar nesta tarefa. Também foram feitas tabelas por indicador, por CRS com a série histórica, valor pactuado, valor alcançado e o quanto estes últimos representam em número de eventos (visitas domiciliares, consultas, exames, etc...). Além disso, para os indicadores de base populacional IBGE, foram elaboradas tabelas comparativas entre as populações projetadas de 2007, 2008 e 2009, bem como seu percentual de variação. As tabelas e análises realizadas pelas áreas técnicas do DAS serão disponibilizadas no e-mail de diálogo: [email protected]. Este e-mail está vinculado à Assteplan que coordena a avaliação 2008 e o ajuste de metas 2009. Para o momento de ajuste de metas, sugere-se que uma variação da base populacional, para mais ou para menos, a partir de 5% (cinco por cento), deve merecer o ajuste de sua meta.