JORNAL DA
associação
médica
Junho/Julho 2012 • Página 5
OPINIÃO
Editorial
Dra. Maria Aparecida Braga*
O médico deve
sempre dizer a
verdade?
Mortalidade materna
De 1990 a 2010, as mortes maternas
caíram 51% no Brasil, passando de 120
para 56 por 100 mil nascimentos, conforme relatório da OMS, Unicef, Fundo
de População das Nações Unidas e o Banco Mundial. A meta é alcançar a taxa de
35 mortes maternas para cada 100 mil
nascidos vivos até 2015.
Alexandre Guzanshe
Podemos iniciar discorrendo sobre o significado da palavra verdade. Que tipo de coisa é
verdadeira? O que torna verdadeiro ou falso o
portador da verdade? O paciente é informado
adequadamente para a tomada de decisão? O
médico tem o conhecimento sobre a melhor
opção? O médico utiliza a melhor opção? Ou
considera seus pacientes ignorantes demais para responderem por sí mesmos? E sobre os
eventos adversos, o médico diz que a sua ocorrência tornou o paciente mais doente?
O paciente tem o direito de saber todos os
detalhes e possibilidades de sua doença, seja
ela grave ou não. Ele tem o direito de participar das decisões referentes às possibilidades
propedêuticas e terapêuticas e tem o direito
de decidir como quer passar os últimos dias
de sua vida, se for o caso. Porém, mais importante sobre o que se diz é a forma como se diz.
Sabemos da importância da honestidade na
comunicação médica. A desonestidade significa o fim da medicina como profissão. Mas
devemos reconhecer que a honestidade não
é valorizada na cultura médica e não é ensinada de forma clara e objetiva nas faculdades
de medicina.
Existem muitas formas de comunicar más
notícias e todo médico deve estar ciente de
que ele ou ela tem outras opções além de dizer: “Você vai morrer”. A forma de comunicar
pode acalmar, hamonizar relações e ajudar as
pessoas a manterem a esperança e o otimismo, fundamentais para a manutenção da qualidade de vida. Por isto, devemos ensinar aos
jovens médicos que a comunicação em medicina deve fazer parte das habilidades a serem
POSITIVO
Remédio gratuito
desenvolvidas. Devemos ainda considerar o
tempo necessário para as conversas como parte do tratamento.
Devemos nos perguntar se o direito à autonomia cria uma obrigação para os médicos
de sempre dizerem a verdade para os pacientes. O médico prudente avaliará cada caso tentando pesar os prós e contras das duas alternativas: dizer a verdade ou mentir para o paciente. Em seu julgamento, ele deverá levar em
conta que somente um fato moral muito relevante, fundamentado na beneficência, poderá
justificar uma ação paternalista de ignorar o direito à verdade e, consequentemente, de que
o paciente defina os limites de seu tratamento.
Se realmente queremos o paciente no centro do cuidado, devemos iniciar imediatamente o ensino da ética médica e da comunicação
nas faculdades de medicina e repensar a forma de reembolso, considerando e valorizando
o tempo necessário para as conversas com os
pacientes e familiares que, às vezes, têm que se
repetir por vários dias, reconhecendo definitivamente o quão desafiadoras as práticas da honestidade e da transparência podem se tornar.
*Diretora de Comunicação e Marketing
da AMMG.
LOR
Em junho, começou a distribuição gratuita de três remédios contra a asma. De
acordo com o MS, os medicamentos estarão disponíveis nas drogarias do programa Aqui Tem Farmácia Popular. Para
retirar os remédios é preciso apresentar
um documento com foto, o CPF e a receita médica no prazo de validade.
Ajuda online
O Ministério da Saúde quer usar o
banco virtual no Facebook, criado em novembro de 2011, para aumentar a doação de sangue no país. A ideia é conectálo com todos os hemocentros espalhados
no Brasil, que poderá fazer uma busca ativa dos doadores cadastrados.
NEGATIVO
Diabetes no Brasil
Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco
e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, divulgada em maio pelo Ministério da Saúde, aponta que 5,6%
dos brasileiros são diabéticos. Em 2009, foram notificadas 52.104 mortes pela doença e em 2010, o número subiu para 54.542.
Internações
Levantamento inédito do MS mostra
que o custo de internações por acidentes
com motociclistas pagas pelo SUS, em
2011, foi 113% maior do que em 2008,
passando de R$45 milhões para R$96 milhões. O aumento das internações passou
de 39.480 para 77.113 hospitalizados no
período.
Peso ideal
BH é a capital brasileira com o maior
número de bebês nascidos abaixo do peso ideal. Balanço divulgado em maio pelo Datasus, aponta que das 30.948 crianças nascidas em BH, em 2010, 3.285 tinham menos de 2,5 kg. O índice corresponde a 10,61% do total de nascimentos e representa o dobro do tolerado pela OMS.
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