NECESSIDADES DE SAÚDE NA PERCEPÇÃO DE USUÁRIOS DO SUS Autoria: Arleusson Ricarte de Oliveira (orientador) - Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande (FCM) Daniela da Cunha Carneiro (autora) – Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande (FCM) E-mail: [email protected] RESUMO ESTENDIDO Introdução: Na Constituição Brasileira de 1988, que institucionalizou o Sistema Único de Saúde, inscreveram-se diversos determinantes e condicionantes do processo saúdedoença, reconhecendo finalmente que a saúde não se aprimora unicamente com a atenção à doença. Com base nisso, responder às necessidades de saúde deveria significar implementar ações que incidissem nos determinantes, e não só na doença, que já é o resultado do desgaste expresso no corpo biopsíquico individual. Nesse contexto, a concepção de saúde-doença expressa no SUS, sanciona necessidades de saúde ampliadas, em que respostas deveriam ser mais complexas, para além das ações curativas (CAMPOS; BATAIERO, 2007). A partir disso, o tema necessidades de saúde começou a ser alvo de várias discussões, uma vez que estas fazem parte do conceito amplo de saúde, e para atendê-las, os serviços deveriam evoluir do antigo modelo assistencial centrado na doença para um modelo de atenção integral à saúde que priorize a promoção da saúde e prevenção de doenças (BRASIL, 2004). Dessa forma, torna-se necessário conhecer as reais necessidades de saúde sentidas pela população, já que estas são produtos das relações sociais e destas com o meio físico, social e cultural (NOGUEIRA, 2003; MIOTO, 2004). Nesta direção os serviços públicos de saúde terão condições de direcionar sua atenção para melhor satisfazê-las; para isso é imperativo que se saiba se as mesmas encontram-se em consonância com os determinantes descritos na Constituição ou se ainda estão voltados ao antigo modelo médicoassistencial. Objetivos: Investigar a percepção dos usuários do SUS em relação às suas necessidades de saúde, bem como analisar se o conceito de necessidade de saúde apreendido pelos usuários está em conformidade com o conceito amplo de saúde preconizado pelo SUS. Metodologia: A pesquisa foi de caráter exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa. A amostra foi escolhida por conveniência, considerando os usuários que receberam atendimento na unidade nos dias pesquisados, totalizando 20 usuários. Foram incluídos usuários com idade igual ou superior a 18 anos, que residiam em área de abrangência da unidade pesquisada, que receberam atendimento na unidade e que aceitavam participar do estudo. A coleta de dados foi realizada em duas etapas, sendo a primeira no mês de agosto de 2011 e a segunda no mês de março de 2012, tendo como instrumento um roteiro de entrevista contendo uma questão norteadora ao objetivo proposto. Os dados foram analisados qualitativamente através da Técnica do Discurso do Sujeito Coletivo proposta por Lefévre et al (2000). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento, tendo como número do protocolo para aprovação n0 0106.0.405.00011. Resultados: Verificou-se que os entrevistados desse estudo apresentam precárias condições socioeconômicas, fatores que diz respeito aos determinantes socioeconômicos evidenciados na constituição. Constatou-se ainda que a percepção de necessidades de saúde pelos entrevistados está relacionada ao conceito de saúde com enfoque biopsicossocial e espiritual, ao estilo de vida saudável, à estrutura, organização e funcionamento dos serviços de saúde, conforme preconiza o conceito amplo de saúde proposto pelo SUS. Por outro lado, muitos depoimentos evidenciaram a relação de necessidades de saúde associada à saúde como ausência de doenças, bem como relacionada ao atendimento médico individual, o que demonstra o quanto as necessidades de saúde ainda são tidas pelos usuários numa perspectiva biológica, enfatizando principalmente a figura do médico como agente provedor da saúde e assim contrapondo o modelo que enfatiza a vigilância em saúde. Conclusões: É necessário que os serviços de saúde elaborem ações que repercutam nos determinantes do processo saúde-doença, fazendo assim com que a população possa entender suas necessidades de saúde sob uma perspectiva de um conceito amplo de saúde. Palavras-chave: usuários; necessidades de saúde; conceito amplo de saúde. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. CAMPOS, C. M. S.; BATAIERO, M. O. Necessidades de saúde: uma análise da produção científica brasileira de 1990 a 2004. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 11, n. 23, p. 605-618, set./dez./ 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 20 nov. 2011. LEFÈVRE, Fernando; LEFÈVRE, Ana Maria Cavalcante; TEIXEIRA, Jorge Juares Vieira. O Discurso do Sujeito Coletivo: uma abordagem metodológica em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul: EDCS, 2000. MIOTO, R. C. T. processo de construção do espaço profissional do assistente social em contexto multiprofissional: um estudo sobre o Serviço Social na Estratégia Saúde da Família. Projeto de Pesquisa: UFSC/CNPq. Florianópolis, 2004. NOGUEIRA, V. M. R. A concepção de direito à saúde na sociedade contemporânea: articulando o político e o social. Textos e contextos, v. 2, n. 2, dez, 2003. Disponível em: <http://www.revistaseletronicas.pucrs.br>. acesso em: 25 nov. 2012.