CÁCIO SANTIAGO “Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas haver decidido dizê-la de determinado modo.” (Jean-Paul Sartre). Nome: Cácio Machado da Silva Nascimento: 27/10/1964 Natural: Santiago/RS Morte: 20/02/2010 CÁCIO SANTIAGO VIDA E OBRA CÁCIO MACHADO DA SILVA 1964 – Em 27 de outubro nasce Cácio Machado da Silva, em Santiago/RS. 1966 – Nascimento da irmã “Nádia da Silva Neves”. 1968 – Nascimento da irmã “Viviani da Silva” 1979 – Na crise menino-homem, entre desejo e fantasia, rabiscava verbetes. Deixando-os espalhados pela residência de Iniciou a escrever pequenas poesias, da qual o motivou a observador da arte poética. 1986 – Realiza: primeiro vestibular na cidade de Bagé/RS No final deste ano vai residir em Porto Alegre/RS, ingressa curso preparatório da Policia Civil. 1987 – Conclui ensino Médio e Fundamental, na Escola Nossa Senhora Medianeira de Santiago/RS. 1989 – Ingressa como Policial Civil, da última turma de investigadores. 1990 – Em fevereiro terminou o curso “Secundário de Formação de Investigador de Policia.” Em Porto Alegre/RS obtendo excelente média. Sendo nomeado para assumir o cargo de investigador na delegacia de polícia do Município de Planalto no Estado do Rio Grande do Sul. 1991 – Inicia romance com a jovem Izabel Caeran. CÁCIO SANTIAGO 1993 – Retorna através de concurso publica para a “Academia de Policia Civil”, curso de Nível Médio de Formação de Inspetor de Policia. Também com excelente média. Exímio atirador. No final de junho deste ano, retornou para a cidade de Planalto/RS. 1994 – Transferido para a Delegacia de Policias Civil de Palmeira das Missões/RS. Onde foi bem recebido pelos amigos e colegas de profissão. Também neste ano retornou seus estudos acadêmicos na “UNICRUZ”, na cidade de Cruz Alta/RS. Estudos já começados em 1986 na Cidade de Bagé/RS, região de Campanha. 1996 – Apaixonado pelo Mar e com apoio da namorada requereu, sua transferência para Arroio do Sal situada no Litoral/RS. Continua os Estudo Universitário na “ULBRA/RS”, Universidade situada na cidade de Torres próxima do litoral. Em função do trabalho, e da família trancou o curso de Direito nesta universidade. 1996 – Pintura a óleo uma experiência. Pintura em homenagem a esposa grávida um cavalo marinho, tendo como cor de fundo o azul do mar. Nascimento do primogênito “Luiz Antonio Caeran da Silva” 2000 – Família era prioridade, e a urgência pelo pedido de transferência para Frederico Westphalen no Estado do Rio Grande do Sul. Junto de Izabel e seu amado primogênito sentia-se seguro e feliz. Faz pedido de reingresso, Curso de Bacharel em Direito - URI/FW/RS. 2000 – Projeto da sonhada casa realizada. 2004 – Formando de Direito na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. –julho. 2004 – Em outubro deste ano, oficializou o casamento com e namorada, e, mãe do seu primogênito, Izabel Caeran na Igreja Nossa Senhora de Fátima na cidade de Frederico Westphalen/RS. CÁCIO SANTIAGO 2006 – Desencarna o querido e estima pai de Cácio. 2007 – Iniciou o curso de Especialização Segurança Publica (EAD) PUC/RS. Não terminado. Dedica-se a expor no papel rascunhos poéticos. 2008 – Recebeu Menção Honrosa Lila Ripoll – AL. RS e seletiva nacional do Livro de Ouro da Poesia Contemporânea – RJ. “Com a poesia ‘NORMÓTICO COMO VAI” - Prêmio Nacional. Neste mesmo ano se submeteu a uma cirurgia da Coluna Realizada no hospital são Vicente de Paula em Passo Fundo/RS. Despertou em Cácio o desejo de dar continuidade em suas obras poéticas, alinhava uma renda púrpura para o segundo livro. Em 24/10/2008 registra e Criar e organiza a Associação de Escritores em Frederico Westphalen/RS, com o apoio de amigos e familiares. Período de recomeço projeto de novo livro. Também em 2008, Procura “Maria de Fátima Obelar Hernandes”, competente bibliotecária. Para então, incluir dados biográficos do primeiro manuscrito “ISBN – 978-85-98253-05-3”. “Obra – Dias de Sol e Vento: prosa e verso” - lançada em Santiago/RS (Cidade dos Poetas) Hoje faz por merecer um lugar entre os nossos poetas do Rio Grande do Sul. À semelhança de alguns poetas, descreve com graça e genialidade sua “silabada” no em seu livro de estréia: DIAS DE SOL E VENTO. - ISPRÍTU: publicado pela Fundação Cultural Blumenal – SC, no Dia da Consciência Negra/2008. - NOITE PERFUMADA: Painel Literário de setembro/2008 – - PONTO FINAL: Painel Literário de agosto/2008 – Fundação Cultural de Blumenau – SC. - OBTUÁRIO VERDE: Publicado no Livro Sua Majestade, o Itajaí –Açu – Memórias, Histórias e Heranças de um Rio. HB editora. .VAGANDO: publicado pela Diretoria Regional de Ensino – Gurupi Tocantins. – Diplomado como Membro fundador Vitalício à cadeira nº.012/ALB/RS da Academia de Letras do Brasil/RS. CÁCIO SANTIAGO - Fundador da Associação: “CEAU/FW/RS – Câmara dos Escritores de Frederico Westphalen”, juntamente com amigos e escritores frederiquenses. Câmara dos Escritores de Frederico Westphalen e Alto Uruguai – RS CNPJ – 10.659.828 – 0001 2009 – Torna público, teceu de mais uma obra. Para o próximo ano. 2010 - Em dezembro de 2009, foi agraciado por vinte anos de serviço prestado para a Secretaria de Segurança pública do estado do Rio Grande do Sul – Policia Civil. “MEDALHA DE SERVIÇO POLICIAL DELEGADO PLÍNIO BRASIL MILANO’”. 2010 – Em fevereiro deste ano, deixou a vida física para rascunhar junto aos “Anjos do Universo” grandes obras poéticas. Sepultado em Frederico Westphalen/RS. Deixando para os herdeiros os manuscritos da terceira obra literária já pronta. CÁCIO SANTIAGO PERFIL E FRAGMENTOS DA “VIDA E OBRA” DO POETA CACIO MACHADO DA SILVA Poeta rigoroso que procurava com exatidão expressar em suas poesia a realidade vivida da experiência de vida cotidiana. A real classificação “prosa e verso” (subscrita no título), com luxuria descreve-a com perfeição a modernidade. Inexistindo, portanto rodeios e fantasias no uso do verbo, que contém expressa linguagem diversificada. No jogo de palavras, montadas a enaltecer contradição do homem urbano ao homem das lidas campesinas. Em sua primeira obra, Cácio destaca seu perfil de poeta. Manejando vocabulário tradicionalista, assim com tal esculpido na obra: galpão, coxilha, saleiro, xucro e charco. Os temas mais recorrentes do mundo sem fronteiras, dos pampas gaúchos adjetivando um lirismo enxuto. Por vezes, até com aparência de agressivo glossário gauchesco. Porém, aos habitantes da região bem a par dos significados. Possui Cácio técnicas das silabadas bem distribuídas em perfeito mosaico em cores. Assim sendo, no ilógico da poesia, Cácio emerge entre os escritores num momento ímpar, para se tornar imortal, frente a sua laboriosa poesia. Competente na arte de emparelhar palavras que poetizam a vida do homem e suas diversidades cotidianas. No entanto, o poeta admite a contradição que existe entre sua vontade e a vida real. É o dom dos poetas, saber o momento do hiato existencial, isto é, separar a vontade íntima e a realidade fática dos acontecimentos. A preferência de imagens, metáforas e cenários gauchescos, onde o homem desprovido de mascaras se revela como elemento chave. Pode ser filho de Santiaguense – Terra de Poetas, mas a aguçada sensibilidade, a sagacidade transformou o homem, “Poeta”, num ser melancólico e por vezes rude. Mas, este poeta por muitos desconhecidos, “Cácio Santiago”, ou “Cácio Machado da Silva”, desabrochou como as pétalas aveludadas de uma flor na primavera. Um escritor demonstrando a poesia nos fatos reais da vida corriqueira, com termos inovadores. A cidade de “Santiago/RS” considerada a “Terra dos CÁCIO SANTIAGO Poetas”, deixou, na alma do Poeta Cácio Santiago ás asas da libélula, Para enfim pousar em Frederico Westphalen/RS. Cidade que o acolheu, amparou e deu-lhe o que tinha de mais sagrado - “o amor” - deste amor surge o “primogênito”. Acolhido como filho do povo frederiquense, quisera as peraltices da vida, deixar seu corpo repousar definitivamente nas terras vermelhas de Frederico Westphalen seu último solo sagrado. Nesta cidade do Rio Grande do Sul realizou seus sonhos e desejos. Deixando marcas por onde passava, muito o amavam, outros tantos o amavam muito menos. Quando, em estado meditativo de criação saia caminhar com sua adorada Nina (cão da raça Pit bull), causando certo desconforto no coração de Luna ( cão da raça Pit bull). Distraindo a mente conflitada, para receber do universo as glorias da criação, da inspiração. A vida cotidiana o trabalho por vezes violento lhe assolava a alma. Buscado na própria vida a inspiração para os temas de suas poesias: de certo modo a família, a morte, a infância mo Pampa Gaúcho; por outro lado a ironia por vezes amarga, a tristeza e a alegria, a idealização de um mundo melhor. Cácio que no devaneio criativo tornava-se um homem introspectivo e silencioso encontrou apoio de “PILHO”, (em seu único primogênito a mais bela criação), sim eterno e fiel admirador. A reunião familiar em torno da lareira, na grande sala de estar, o ritual começou com a chegada de “Luiz”. O grande colchão em cima do tapete, almofadas, pipoca. Izabel providenciava um bom vinho, dividia seu amor com o filho. Juntos planejavam, sonhavam, sempre existia cumplicidade, eternizada nas poesias de Cácio Santiago. Em invernos mais rigorosos, a família Caeran e Silva, olhava filmes, a leitura imprescindível. Mas, “por vezes apenas assim ficavam, a aquecer-se, amarem-se e rirem. Ciclo invernal cria um aconchego. Uma da situação ‘friorenta”, e de quem iria sair primeiro do calor dos cobertores para alimentar o criptar das salamandras na lareira. Assim, as decisões eram tomadas. Claro que a ultima palavra era da amada Izabel. Cácio e Luiz cúmplices no amor pela mesma mulher, fingiam uma rendição amorosa, que entre brincadeira e pequenas discussões firmavase o forte elo de união e amor familiar. Os sonhos se formavam num papiro de CÁCIO SANTIAGO emoções e palavras se formavam numa mistura ritualística de português clássico e dialeto gaúcho. De personalidade forte, típica de gaúcho da campanha. Rendia-se ao amor incondicional pelo primogênito Luiz, homenageia a amada Izabel com a sinceridade de gaúcho, expressando seu amor no poema “GURIA”. GURIA Linda Prenda sempre quis falar do meu amor, do meu querer sincero, que me contamina mas preferi calar. Te miro de longe. Os meus sentidos vão na tua direção e se aguçam tanto!.. Que por vezes ouço suaves batidas de teu coração. Sinto o teu perfume Igual ao das árvores das matas com nuances de cor,,, e temperatura. De todas que conheci nas minhas andanças, foste a única criatura que pelo meu gostar me fez ter medo, de te contar do meu querer por ti. Mas quando aprender a lidar CÁCIO SANTIAGO com meu coração xucro e espero que não seja tarde, a ti vou me declarar. DIAS DE SOL E VENTO Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008. Após uma gestação rápida entre família, editor, amigo nasceu à obra citada abaixo: Lançou seu primeiro livro Dias de Sol e Vento - Prosa e Verso, no qual reúne 64 trabalhos, em 2008. Tem trabalhos publicados em diversos periódicos. CÁCIO SANTIAGO DIAS DE SOL E VENTO Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008. Também em 2008, recebe Menção Honrosa no Prêmio Lilá Ripoll de Poesia conferida pela Assembléia Legislativa/RS. Com a poesia abaixo: NORMÓTICO COMO VAI? Cinco e trinta CÁCIO SANTIAGO Acorda, senta, Caminha, metrô. Cartão-ponto, trabalha Sirene- Almoça- Sirene Trabalha, cartão-ponto. Metrô, caminha. Casa, banho, Come, cama. Cinco e trinta Acorda, senta, Caminha, metrô. Cácio Machado da Silva O tricotar dos trabalhos de Cácio seguem a peculiaridade do texto literário, está em uma oscilação singular entre o mundo real e a experiência passada ao leitor. As injustiças, amores, saudades, questionamentos vertem e brotam nos rascunhos da nova obra. Encantada, estudada, tecida delicadamente. Enfatiza uma linguagem desposa. Formando em suas poesias a teia entrelaçadas das palavras. Num complexo rendado de fios nos galhos de pequenos ciprestes. Fica a rascunhar, após as madrugadas, com sol despontando no horizonte. Cácio mero observador de si mesmo, já sonolento. Vê sob os vidros da janela, orvalho da madrugada a definir seus traços, numa teia da aranha noturna. Onde gotas de orvalho após longo percurso languidamente deixam-se envolver desfalecidas para o solo. Momento mágico, determinação incomum, despede-se silenciosamente. Antecipando a noite seguinte para recomeçar a vigília da criação. Entretanto, o poeta Cácio distraidamente a contemporizar a perfeição da “gota de Orvalho”. Rabisca a poesia, com perfeição, conteúdos das coisas e dos homens expressos em palavras soltas. mundanas. Por vezes cruéis realidades CÁCIO SANTIAGO Enfim, olho sonolento mente distante visualiza nova obra: “FOLHAS DE OUTONO”. Defindo um contexto voltado aos analfabetos. Aos que vivem transformando sofrimento e dor em poesias, nas ruas, nos hospitais, na juventude descontrolada pelo vicio. Seu maior desafio... Em fase de projeto deixa registrado no livro de poesias Folhas de Outono. Poesias experimentais, que buscam inovar o gênero literário explorando o trabalhando junto aos dependentes químicos. Cria camisas-deforça dentro das quais os textos poéticos se classificam. Desejoso de mudanças planta a realidade em forma de poesia. Para o novo manuscrito – de tudo um pouco, com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2009, torna público mais uma Obra de valor inestimável, “Folhas de Outono”. “FOLHAS DE OUTONO” CÁCIO SANTIAGO FOLHAS DE OUTONO Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008. Por conviver com todas as classes sociais, Cácio se tornou complexo, questionador e por vezes irônico. Bastante ativo, espirituoso, boêmio e apaixonado. Conservador em muitos aspectos, liberais em outros, era homem crente em Deus, em um único ser criador de tudo. Assume uma característica fragmentaria como resultado de todo esse processo de questionamento por que passam os seres humanos. Entretanto, Cácio no auge do “boom tecnológico”, com o surgimento da internet no meio social e familiar. Pode-se dizer que somente uma expressão poderia ser escolhida como símbolo de sua poesia: informação. Com o surgimento da rede mundial de computadores – o acesso à informação tornou-se mais rápido. Diante desta realidade o “poeta Cácio Santiago” compõe suas poesias, com a clareza e subjetividade apresentando uma realidade feita de pedaços. De experiências individuais, que compõem um grande e singelo mosaico. Cujos limites do entendimento ficam obscuros. O efeito, não raro, será o de questionamento e encanto, expressão verbal para representar o que somos. Cria seres e expressões típicas de uma linguagem gaúcha. Obrigando-nos a reflexão e o questionamento das entrelinhas de sua obra, a melancolia, a necessidade e o desejo de recriar, modificar um mundo conflituoso e cheio de significados. Como demonstra na poesia abaixo, CÁCIO SANTIAGO publicada na primeira edição do livro intitulado: “FOLHAS DE OUTONO”, Frederico Westphalen, RS: Impresso pela Gráfica Boscardin Ltda, em 2008. CACO DE VÍCIO Sôfrego trémulo ansioso respirando mal Seus passos norteados pelo vício na direção do bolicho O escoro no balcão o olhar pidão para o bolicheiro que Já conhece o cachaceiro! O martelo Enchido até engordar a boca do copo por prevalecido. Só para ver o coitado tentar controlar o tremor e o pavor de derramar! Que Num "upa" seco seca E se desfaz o mal estar de entranha Sente com manha de olhos fechados aquele bálsamo que lhe amansa os pecados O segundo martelo CÁCIO SANTIAGO já é mais tranquilo Não precisa tudo aquilo de controle A precisão da mão é um relógio Assusta Frena, três quatro vezes no meio do caminho conversando gesticulando O braço está regulado Naquele momento o tremulento que chegou já era! Agora já incorporou outro senhor Pelo menos até amanhã de manhã na hora do café Quando tudo se repete E a canha apetece. Diacho! Que sina macabra essa do borracho. Cácio Machado da Silva FOLHAS DE OUTONO Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008. Para Cácio a beleza dos versos poéticos é muito mais do que decoração, de múltiplos significados. Indiferente ao significado obscuro e pobre. Sua obra literária permite-nos identificar, nossa percepção das coisas que não podem ser expressas de outras formas. A informatização nos traz um período literário de resgate. Religar a dura realidade da vida ao sonho já abandonado. O poeta gaúcho trouxe em suas poesias algumas realidades CÁCIO SANTIAGO vivenciadas, tendo características literárias baseadas: nacionalismo, temas do cotidiano, linguagem com humor, liberdade no manuseio de silabadas. O uso informal de palavras e textos. O poeta decolou com suas poesias num momento ímpar da literatura brasileira onde a cultura e a informatização atinge o ápice. Neste período, muitos escritores retomam as críticas, a referência de grandes problemas sociais, o jovem e a dependência química, destacando-os de forma poetizada. Os assuntos místicos, religiosos e o corriqueiro cotidiano também ficaram registrados em suas poesias, sendo seus textos breves e concisos. Integra com maturidade o uso do verso livre e da linguagem coloquial e termos gauchescos. CEDITO Mateando solo não tem jeito quando olho a quina em zero do encontro da erva com o porongo Me perco regorgitando recuerdos pialo de lombo dói no peito Pensar que os dias eram tão longos os velhos sempre velhos Já se foram.... CÁCIO SANTIAGO -Ainda fraquejo cedo chimarreando No calor do amargo do meio pro fim a alma vibra igual desde o ventre sou assim Nasço cresço e morro em Santiago. Cácio Machado da Silva FOLHAS DE OUTONO Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008. Poesias de cunho realista, pela sua organização é o próprio centro de interesse da comunicação. Ao elaborar sua arte poética, Cácio utiliza os recursos vivenciados no cotidiano, de forma e de conteúdo que chamam nossa atenção para a própria mensagem. Causando-nos surpresa, estranhamento e prazer estético. A mistura de silabada que desperta a sensação de uma linguagem que foge do convencional e se impõe por um arranjo único de formas e significados. Gaúcho por excelência, procura no escrever estes versos. Os fatos ocorridos de sua juventude, sentimentos contraditórios: a dor e a alegria, sofrimento e o prazer. E escreve como que absorto nos próprios devaneios, o criador-homem-poeta contemporiza a sua arte e compraz-se dela. (TIVE ELABORA isso TEXTO....foi MMalala) Homenageando gaúchos que possuem hábitos de dividir uma gostosa bebida amarga o “chimarrão”. O eterno amor pela cidade de Santiago no Rio Grande do Sul, inspirava-o a dar continuidade a herança deixada pelos poetas que lá viveram e nasceram. Santiago – cidade de poetas. Tradicionalista da cultura gaúcha, alimentos como o carreteiro de charque, churrasco, chimarrão, CÁCIO SANTIAGO uso de traje característico bombachas – caboclo da terra. Demonstra na poesia “MATEANDO” o respeito e o carinho pela cultura gaúcha. MATEANDO Absorto, sorvendo um amargo e... num repente tenho os galpões de minha mente invadidos por saudades. Saudades do porvir, lembranças que saem para dentro, por que ainda não as vivi. Como um filme do fim para o começo, o que seria um tropeço de desordem, torna-se agradável e confortante como um avião distante de que vou envelhecer junto dos meus. Cácio Machado da Silva Publicado na obra: DIAS DE SOL E VENTO Prosa e Verso Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008. Com a maturidade Cácio revelou-se em suas poesias. O pai, Sr. Hermeto sentiu-se orgulhoso e envaidecido do único filho homem. Atritos e discussões eram complementos de cumplicidade e amor. Cácio demonstrava- CÁCIO SANTIAGO se um gaúcho guerreiro, lutava por suas “idéias”. Mas, quando a inspiração surgia rascunhava, devaneava, numa linear irrealidade. Cácio de personalidade muitas vezes extremamente melancólico, outras forte, corajoso e quando possível boêmio. Era demasiado intolerante com a crueldade humana, com certos vícios e radicalismos. Quando por fim decidiu expor seus talentos literários. Dedicara seus versos e poesia para homenagear ao “Pai” e o primogênito “Luiz”. Usando suas aptidões poéticas com maestria. Convivendo desde tenra idade, com os jogos de truco do pai com os amigos, encontros no “Clube Operário Santiaguense”. Eram gritos e silabadas indecifráveis, para um garoto fascinado pela tática do jogo. Mas, o jogo entre os amigos no final da tarde domingo, era rotineiro. Entre gritos, e, dedos trocados com agilidade, Cácio aprendeu a valorizar o homem “Hermeto”. Identificando-se com manias e hábitos do gaúcho tradicionalista. Como sugere o poema “Truco cego pra quem joga (in memorian), publicado em 2008, na obra “Dias de Sol e Vento” Prosa e Verso, pág. 101, Editora Grafimax”. Cácio privilegia a linguagem clara e precisa, sua organização de código nas mensagens poéticas coloca as próprias palavras em primeiro lugar, tornando-as quase um fim em si mesmo e não mais um meio de significar outra interpretação. Sendo assim, um poeta que usa as silabadas valorizando o sentido verbal, pelo que são e não pelo que representam. A valorização de temas do trabalho cotidiano, da vida diária demonstra a sensibilidade de percepção aguçada. Expressa claramente no poema transcrito abaixo. RETRATO DE JORNAL Um cadáver Purulento fedorento estático estendido podre CÁCIO SANTIAGO rendido aos vermes que lhe comem. Sinta o nojo da própria espécie vergonha de sentir nojo do irmão. do Adeus, do fim. É a morte que vomita sua face na vida que fica e vira retrato de jornal. Faz ferida sem igual Sem dó Até virar pó. Cácio Machado da Silva Publicado na obra: DIAS DE SOL E VENTO Prosa e Verso Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008. Os poetas filhos de si mesmo. Sem receita, nem manual de instrução pré-estipulado de como conceber um poeta. Assim, na medida em que o corpo de um poema surgia na mente, somente após muito rascunhar, trocar palavras e expressões lutar com a linguagem. Enfim, Cácio conseguia obter á primeira tentativa satisfatória, mas o xeque mate final ficaria na gaveta ate outro dia. Muitos textos tiveram um final trágico, num interessante arremeço certeiro cesta do lixo - como um bom advogado diria – art. 6º. Quando o conflito verbal se processava, somente uma sentença jogar as folhas rascunhadas ao CÁCIO SANTIAGO assoalho para no dia seguinte contemporizar sua arte, sua criação. Na obra de Cácio os verbos distintos, compõem um comportamento especifico – observar, sentir, transformar - o conceito do estado da alma, indica o recolhimento, em um estado que só o homem moderno pode pressentir. Não mais participando de sua criação, mas sim da experiência vivida, do sentimento, muitas vezes do eu pessoal do artista. Transforma sua fantasia em um modo irreal de ver num assunto qualquer, a poesia expressa. IDA: publicado no “Poesia Brasis”, seletiva nacional-publicado na Antologia de Poetas Contemporâneos- vol.47- Câmara Brasileira de Jovens Escritores - RJ. IDA Quando eu morrer quero partir bem velhinho e se me for permitido escolher, que seja dormindo num domingo de quermesse em sono profundo e tranqüilo, para não sentir a dor da passagem. Muitos estarão lá me esperando para meu auxílio. E aqui, além de saudades, deixarei um corpo bem vestido com um terno de bom gosto, cabelo bem penteado e, para lembrança dos outros um leve sorriso no rosto. Cácio Machado da Silva CÁCIO SANTIAGO BIBLIOGRAFIA PUBLICADA: SILVA, Cácio Machado da. Dias de Sol e Vento, Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008. SILVA, Cácio Machado da. Folhas de Outono, Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008.