OBESIDADE MÓRBIDA - PERGUNTAS FREQUENTES O que é a obesidade e por que ela acontece? A obesidade tem múltiplas causas, algumas delas ainda desconhecidas. A evolução do homem e a história natural da sociedade moderna têm importante papel na sua origem. Na antiguidade, os indivíduos que podiam armazenar mais alimento nos seus estômagos e absorver mais completamente o conteúdo de seus intestinos eram favorecidos e sobreviviam mais facilmente, passando seus genes adiante. No mundo moderno, armazenar muita comi da e absorver completamente todos os nutrientes pode vir a ser nocivo, pois por não mais ter que caçar, pescar, plantar e colher seus alimentos e viver de forma sedentária, o homem muitas vezes ingere mais calorias do que precisa para viver, causando o acúmulo da energia excedente na forma de gordura. Meus pais são obesos. Eu também serei? Não é uma relação obrigatória, mas é raro de se ver um único indivíduo obeso mórbido em uma família. Sabe-se que há tolerâncias diferentes para a maioria dos estímulos e com a alimentação não é diferente. Essa característica é passada dos pais para os filhos pelos genes e, dependendo do estilo de vida que essas pessoas levem, podem vir a se tornar obesas. Por que eu tenho que me preocupar com a obesidade? A obesidade é um estado no qual todo o organismo trabalha com sobrecarga. O coração tem que bombear mais sangue; os pulmões enfrentam uma maior resistência para ventilar o organismo; as articulações têm que suportar uma carga muito maior que a ideal; a pele fica tensionada de forma contínua; o sangue enfrenta uma maior pressão para circular. Com isso, chega um momento que a capacidade de se recuperar, em cada um desses órgãos é superada e daí vêm hipertensão arterial, diabetes, artrites, apnéia do sono, esteatohepatite, doença coronariana, etc. Sou obeso. Que tratamento existe para mim? Uma dieta balanceada e orientada por um nutricionista e um plano de atividade física é capaz de proporcionar um gasto de calorias superior ao acumulado pela alimentação. No entanto, em níveis maiores de obesidade, tais medidas podem não ser suficientes. Há medicações que inibem o apetite e outras que diminuem a absorção de nutrientes, que podem auxiliar no tratamento. Outra opção é a colocação de um balão intra-gástrico, que ocupa parte do estômago, dificultando a ingestão de grandes volumes de comida. Há casos em que a obesidade se deve a distúrbios hormonais, devendo ser acompanhada por um endocrinologista. Por fim há o tratamento cirúrgico, com diversas técnicas, de eficácia e segurança bem estabelecidos. Em que momento devo procurar o tratamento? Quanto maior a duração da obesidade sobre o organismo, maiores os efeitos deletérios sobre o mesmo. Dessa forma, quanto antes procurar seu tratamento, mais o paciente se beneficiará, com relação a tempo e qualidade de vida. Quem é o especialista a se procurar, para tratar da obesidade? Atualmente há grupos multiprofissionais dedicados ao tratamento da obesidade. Cirurgiões, gestroenterologistas, nutricionistas, endocrinologistas, endoscopistas, psicólogos, todos com sua contribuição no tratamento. No nosso grupo, o cirurgião digestivo inicia o protocolo com a avaliação inicial e dá a orientação sobre a modalidade de tratamento mais adequada. Quando há indicação para tratamento cirúrgico? O tratamento cirúrgico está indicado para pacientes com o índice de massa corpórea - IMC (peso dividido pelo quadrado da altura) a partir de 40 e que já tenham tentado outras modalidades de tratamento por pelo menos dois anos sem sucesso. Para os paciente que tenham alguma doença secundária relacionada à obesidade, um IMC a partir de 35 já o torna candidato à cirurgia. Como é feita a cirurgia? A cirurgia bariátrica tem diversas modalidades e se baseia em dois princípios básicos: A restrição alimentar e a Diminuição da eficácia do processo de absorção dos nutrientes. No nosso meio, há duas técnicas mais rotineiramente utilizadas: o desvio gástrico em Y de Roux e a gastrectomia Sleeve. O primeiro envolve a confecção de um pequeno reservatório gástrico e o desvio do trân sito alimentar de forma que uma fração do intestino não possa atuar na absorção de alimentos. O segundo envolve a redução do estômago em torno de um molde, retirando-se o excesso de estômago do organismo. Ambas as técnicas podem ser executadas por videolaparoscopia, evitandose grandes incisões. Quanto tempo o paciente vai passar no hospital, para essa cirurgia? Na maioria das vezes, o paciente é internado no dia da cirurgia, e costuma sair de alta entre o 3 o. e o 4o. dia do pós-operatório. Quanto tempo demora para emagrecer? Após a cirurgia, a alimentação é progressivamente reintroduzida conforme a orientação do nutricionista assistente, e a cirurgia vai ser o primeiro passo da longa caminhada que vai ser o tratamento. A perda de peso prevista é algo em torno de 60% do excesso de peso após um ano e vai variar conforme a motivação do paciente em assumir um novo estilo de vida. O emagrecimento é definitivo? A maior parte dos pacientes mantêm o peso perdido, mas uma parcela deles pode voltar a ganhar peso, dependendo sobretudo de seu comportamento. É interessante que o paciente veja a cirurgia como o primeiro passo da caminhada e não como ela toda. Quem não pode ser operado? Pacientes que não tenham previsão de sobrevida em um futuro próximo, que não possam ente nder os riscos e as limitações da cirurgia, aqueles psicologicamente instáveis, os dependentes de drogas de abuso não devem ser submetidos a tratamento cirúrgico. Pacientes sem motivação dificilmente conseguirão bons resultados. Quais os cuidados necessários após a cirurgia? O paciente submetido a qualquer cirurgia de grande porte deverá evitar esforços por um período de 1,5 a três meses. Sua alimentação será evoluída progressivamente de líquida até que se possa comer uma dieta sólida. As porções deverão ser bem pequenas inicialmente e a frequência alta, para prevenir desidratações. No primeiro ano, ocorre a maior parte da perda de peso, devendo o médico ser consultado no décimo dia, no fim do primeiro mês, no terceiro mês, no sexto mês, no fim do primeiro ano e daí em diante anualmente. Após o primeiro ano o acompanhamento visará avaliar deficiências de vitaminas e o acompanhamento do peso. Qual o custo de uma cirurgia bariátirca? Falando-se em valores, é importante discriminar suas parcelas. A maior parte do custo envolve os gastos hospitalares, medicações de alto custo e materiais cirúrgicos. Cada hospital tem sua tabela, fazendo desse montante algo bastante variável. Se o paciente não tem um plano de saúde, é importante salientar da necessidade da preparação para imprevistos. Dessa forma, para uma resposta adequada, é necessária a consulta com seu cirurgião para uma completa avaliação e determinação da melhor forma de tratamento.