A empresa em ambiente
concorrencial
IST, LEGI - Teoria Económica II
Margarida Catalão Lopes
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• Objectivo habitual da empresa: maximizar o
seu lucro.
• Lucro vai depender da estrutura do mercado
em que actua. O tipo de mercado que vamos
agora analisar é o concorrencial.
• mercado concorrencial / concorrência
monopolística / oligopólio / monopólio
(concorrência monopolística = muitas empresas,
produto diferenciado; oligopólio = poucas
empresas, produto diferenciado ou não)
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• Mercado concorrencial: aquele em que cada empresa
não é capaz de influenciar o equilíbrio de mercado (P ou
Q). Para tal:
– muitas pequenas empresas
– produto homogéneo
– ausência de barreiras à entrada e à saída (mobilidade
perfeita dos factores produtivos no longo prazo)
– informação perfeita (todos os agentes sabem o
mesmo: tudo)
Consumidores compram à empresa que vender mais
barato. Cada empresa é tão pequena em relação ao
mercado todo que a sua escolha de quantidade não é
capaz de influenciar o preço de mercado, logo toma P
como dado (é “price-taker”) e para ele escolhe a
quantidade que quer vender. A única decisão da
empresa é a quantidade a produzir.
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• A D de mercado é negativamente
inclinada, mas a D defrontada por cada
empresa é horizontal.
P
P
D defrontada pela empresa
D de mercado
Q
Q
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• Escolha por parte da empresa da
quantidade óptima a produzir:
é preciso encontrar a curva da S de cada
empresa, a partir da sua curva de CMg, e
depois, para P dado (encontrado no
mercado pelo equilíbrio da D e S
agregada), a quantidade fica determinada.
• Para a empresa em ambiente
concorrencial RMg=P (porque P é dado, isto é,
não varia com a quantidade que a empresa produz, logo
d(PQ)/dQ=P).
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• Porque é que a curva da S de cada empresa
corresponde à zona crescente da sua curva de
CMg? Porque para cada P dado pelo mercado, a sua
decisão óptima é produzir uma quantidade tal que o
CMg de produzir essa quantidade seja igual ao preço
a que a vai vender. Se produzisse mais estava a ter
CMg maior que o P que vai receber, se produzisse
menos ainda podia produzir mais com ganho.
CMg
CMg(Q2)>P1
P1
Para cada P dá-nos a Q óptima
que a empresa deve produzir,
ou seja, é uma relação óptima
entre P e Q oferecida, o que é
exactamente uma curva da S.
CMg(Q3)<P1
Q3 Q1 Q2
Q
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• Zona decrescente de CMg não interessa
para a curva da S da empresa, porque aí é
possível produzir mais com CMg<P.
CMg
P
Q4
Q*
Q
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• É possível aumentar a produção a partir de Q4
e ganhar com isso. Isto sucede até a curva de
CMg começar a ser crescente. Para o preço
assinalado a empresa deve produzir Q*.
• Para cada ponto da zona descendente existe
um ponto com Q maior na zona ascendente,
com o mesmo custo mas com maior receita:
interessa avançar para ele, exactamente
porque ao fazê-lo estamos com P<CMg.
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• S de mercado é obtida por soma horizontal
das ofertas das várias empresas.
• Se houver 10 empresas todas iguais no
mercado, então
CMg i = Si
Qi
S mercado
10 Qi = QT
Q
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• Elasticidade preço da oferta:
∆ %Q S
∆% P
• Aproximação contínua:
dQ S P
dP Q S
Varia ao longo da recta.
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• Preço de mercado resulta do equilíbrio entre
a D e a S agregada. A esse P cada empresa
produz Qi, sendo a quantidade total do
mercado QT. Se P>CMi, então empresa tem
lucro=[P-CM(Qi)]Qi>0
CMg i
S
CMi
P*
P*
D
QT
CM (Qi)
Qi
Q
Mercado
Empresa
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• Logo, vão querer entrar mais empresas neste mercado
(ex: bancos, a seguir à abertura à iniciativa privada). É o
que sucede no longo prazo.
• S agregada desloca-se para fora, P vai descendo e lucros
vão diminuindo. QT aumenta, mas Qi diminui, porque P
diminuiu (logo o aumento de QT é devido ao maior nº de
empresas). O equilíbrio atinge-se quando lucros
económicos se anulam, isto é, quando P=mín CMi=CMgi.
CMg i
S
S’
P*
CMi
P*
D
QT
Mercado
Q
Qi
Empresa
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• Estas curvas de custos incluem o
custo de oportunidade de todos os
factores produtivos, logo lucro
económico=0 significa que a empresa
está a obter para o seu capital uma
remuneração exactamente igual à que
obteria em aplicações alternativas
(lucro económico nulo não quer dizer
que o lucro contabilístico seja zero).
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• Se, nos gráficos atrás, entrarem
empresas a mais vai haver prejuízo,
logo algumas vão saír, S desloca-se
para cima e P aumenta até se
reestabelecer o equilíbrio.
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• Se houver contracção da D, P diminui, há prejuízo,
saem empresas, S retrai-se, P aumenta e voltamos
ao equilíbrio com QT menor que inicialmente, Qi
igual, mas menos empresas.
S’
CMg i
S
CMi
S’
D
prejuízo
D’
Q
Mercado
Empresa
• Preço lê-se na curva de CMg. Lucro ou prejuízo lê-se
na curva de CM.
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• Em indústrias com produto homogéneo,
sem barreiras à entrada e com informação
perfeita não é possível manter lucro
económico positivo durante muito tempo.
Por isso empresas tentam diferenciar o
mais possível o seu produto, e/ou criar
barreiras artificiais à entrada de rivais, e/ou
“fomentar” a informação imperfeita (ex:
mercados financeiros).
• Então, qual é o interesse de estudar esta
estrutura de mercado?
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• Mercados concorrenciais são
eficientes porque:
– quantidade produzida é tal que custo de
produção da última unidade é
exactamente igual à valorização que o
consumidor faz dela (eficiência na
afectação de recursos) P=CMg
– produção é feita no mínimo dos custos
(eficiência técnica)
P=mínimo dos CM
• O que é que o Estado pode ou deve
fazer para aumentar a concorrência?
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• O que se altera na mobilidade dos factores
quando existem custos afundados?
• Se existirem custos afundados a empresa não
sai do mercado logo que começa a ter prejuízo.
• A regra será: sai do mercado quando as
receitas não cobrirem os custos não afundados
(recuperáveis), isto é, quando o preço for
inferior ao mínimo dos custos médios não
afundados. Lembrar que os custos afundados
são irrelevantes para a tomada de decisão da
empresa.
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• A existência de custos afundados implica que
P que determina a decisão de entrada e P
que determina a decisão de saída sejam
diferentes. Gera-se uma assimetria das duas
decisões. Haverá um intervalo de preços
para o qual não ocorre nem entrada, nem
CM
saída.
CMg
CM não afundados
LR=P1
Acima de P1 (limiar de
rentabilidade) entra-se,
mas só se sai abaixo de P2
(limiar de encerramento)
LE=P2
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• Se os custos afundados (irrecuperáveis) forem
CF, então sai quando P<CVM: basta que P
chegue para cobrir CVM e ela prefere continuar
em actividade, apesar de ter prejuízo
contabilístico. Se sair tem π = - CF; se ficar terá
π<0, mas ainda pode cobrir parte dos CF.
• Limiar de encerramento: P abaixo do qual a
empresa prefere sair.
CMg
CM
CVM
prejuízo
Limiar de encerramento
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• Se parte dos CV também forem
afundados, deve sair quando P não
cobrir os CV não afundados. Desde que
P cubra os custos evitáveis, é melhor
permanecer em actividade.
CM
CMg
CVM
CVM excluindo afundados
Limiar de encerramento
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• As empresas podem ter diferentes níveis de
eficiência, dependendo das suas função
custo (heterogeneidade). Assim, para o
mesmo preço de mercado irão produzir
quantidades diferentes.
CM 1
CMg 1
CMg 2
CM 2
P
π2
Q1
Q2
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• As mais eficientes, que tenham
capacidades de gestão que não possam ser
imitadas, ou qualquer outra vantagem
comparativa, poderão conseguir ter π>0
mesmo no LP.
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• Erros de expectativa quanto à verdadeira
forma da função custo (isto é, quanto ao
verdadeiro nível de eficiência) podem levar a
erros de entrada e fazer com que a empresa
saia pouco tempo depois de entrar.
• A realidade diz que todos os anos entra em
actividade um nº correspondente a cerca de
10% do total das empresas já a actuar.
Dessas novas, 1/4 delas sai durante o 1º ano
de vida.
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• Exemplo:
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