Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio ILUMINAÇÃO - CÁLCULOS Método do ponto a ponto É um método simples para dimensionamento da iluminação. Baseado nos conceitos e leis básicas da luminotécnica. Provém da Curva de Distribuição de Intensidade Luminosa de uma fonte para determinar-se o iluminamento em diversos pontos do ambiente estudado. É um método mais empregado para a iluminação de exteriores ou para ajustes após o emprego de outros métodos. Considera uma fonte luminosa puntiforme iluminando o ambiente. Esta fonte irradia seu fluxo luminoso para diversas direções. Podendo-se determinar a intensidade luminosa da fonte numa única direção. A Figura 1 apresenta uma fonte puntiforme instalada num ambiente no qual se encontra um objeto iluminado no ponto P. Figura 1: Método ponto a ponto A iluminância no ponto P obtida a partir da fonte luminosa apresentada na Figura 1 pode ser calculada por: EP I ( ). cos D2 sendo: EP = iluminância no ponto P derivada do fluxo luminoso da fonte luminosa [Lux]; I(θ) = intensidade luminosa da fonte na direção do ângulo θ; D2 = distância entre a fonte luminosa e o ponto P em consideração [m]. Pode-se obter as iluminâncias horizontal (Eh) e vertical (Ev) nesse ponto P, utilizando-se as relações fundamentais da luminotécnica e empregando a trigonometria em um triângulo retângulo. Assim, obtém-se: EP I ( ). cos D2 h D. cos d D.sen I ( ). cos 3 h2 I ( ).sen 3 Ev d2 Eh Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio Exemplo: utilizando a curva de distribuição de intensidade luminosa da Figura 2, calcular a iluminância horizontal (Eh) e vertical (Ev) correspondente aos ângulos (θ) iguais a: 0, 15, 30, 45 e 60º. Considere que a fonte luminosa está situada a uma altura de 5m. Figura 2: Exemplo de curva de intensidade luminosa de luminária Solução Da curva de distribuição de intensidade luminosa (Figura 2) obtém-se os seguintes valores: I(0o) = 205cd; I(15o) = 202cd; I(30o) = 198cd; I(45o) = 170cd; I(60o) = 90cd O cálculo da iluminância horizontal é determinado por: Eh = I(θ)*cos3θ/h2 O cálculo da iluminância vertical é determinado por: Ev = I(θ)*sen3θ/d2 A figura 3 representa a situação (não está em escala): Figura 3: Situação em estudo Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio Para o cálculo das iluminâncias horizontais substitui-se os valores de I(θ) e h: Eh(0o) = 205 x cos3 0o/52 = 8,2 lux Eh(15o) = 202 x cos3 15o/52 = 7,28 lux Eh(30o) = 198 x cos3 30o/52 = 5,14 lux Eh(45o) = 170 x cos3 45o/52 = 2,40 lux Eh(60o) = 90 x cos3 60o/52 = 0,45 lux Para o cálculo das iluminâncias verticais, deve-se calcular as distâncias d. Para isso, utilizando-se relações trigonométricas do triângulo retângulo, tem-se: tg cateto .oposto d d h.tg cateto .adjacente h Para o presente caso, tem-se: d1 h.tg 150 5.tg 150 d1 1,34m d 2 h.tg 30 0 5.tg 30 0 d 2 2,89m d 3 h.tg 450 5.tg 450 d 3 5m d 4 h.tg 60 0 5.tg 60 0 d 4 8,66m Substituindo os valores na expressão que determina Ev, tem-se: Ev(0o) = 205 x sen3 0o/0 = não se pode calcular Ev(15o) = 202 x sen3 15o/1,342 = 1,95 lux Ev(30o) = 198 x sen3 30o/2,892 = 2,96 lux Ev(45o) = 170 x sen3 45o/52 = 2,40 lux Ev(60o) = 90 x sen3 60o/8,662 = 0,77 lux Método dos lumens Este método foi desenvolvido para o cálculo de iluminação de ambientes internos, em função das dificuldades do método do ponto a ponto. Ele considera as características próprias de cada luminária e lâmpada elétrica e, também, as cores das paredes e do teto (índices de reflexão). O método emprega tabelas e gráficos obtidos a partir da aplicação do método do ponto a ponto para diferentes situações. Basicamente, busca-se determinar o número de luminárias necessárias para se produzir uma determinada iluminância em uma área, baseando-se no fluxo médio. A seqüência de cálculo é a seguinte: • determinação do nível de iluminância; • escolha da luminária e lâmpadas; • determinação do índice do local; • determinação do coeficiente de utilização da luminária; Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio • determinação do coeficiente de manutenção; • cálculo do fluxo luminoso total (lumens); • cálculo do número de luminárias; • ajuste final do número e espaçamento das luminárias. Determinação do nível de iluminância O nível de iluminância deve ser escolhido de acordo com as recomendações da NBR-5413 da ABNT. A Tabela 1 (resumida – para maiores informações deve-se consultar a norma) traz um exemplo de níveis de iluminância para diferentes atividades. Tabela 1: Iluminância para cada grupo de atividades visuais (resumida) A luminária pode ser escolhida em função de diversos fatores: • distribuição adequada de luz; • rendimento máximo; • estética e aparência geral; • facilidade de manutenção, incluindo a limpeza; • fatores econômicos. Esta escolha depende basicamente do projetista e do usuário. A tendência atual é buscar luminárias que proporcionem melhor eficiência de luminosidade, reduzindo as necessidades de consumo de energia. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio Determinação do índice do local (K) Este índice é calculado relacionando as dimensões do local que vai ser iluminado. Pode ser calculado pela seguinte expressão: K CL h C L sendo: C = comprimento do recinto L = largura do recinto h = distância da luminária ao plano de trabalho Determinação do coeficiente de utilização (u) da luminária Parte do fluxo emitido pelas lâmpadas é perdido nas próprias luminárias. Assim sendo, apenas uma parte do fluxo atinge o plano de trabalho. O coeficiente de utilização (u) de uma luminária é, pois, a relação entre o fluxo luminoso útil recebido pelo plano de trabalho e o fluxo total emitido pela luminária: u útil total Este índice pode ser obtido através do uso de tabelas desenvolvidas pelos fabricantes para cada tipo de luminária a partir do índice do local (K) e dos coeficientes de reflexão do teto e paredes. As Tabelas 2 e 3 mostram exemplos dessas tabelas para luminárias de lâmpadas incandescente e fluorescente. A Tabela 4 apresenta os valores de reflexão normalmente adotados para as cores de paredes e tetos. Tabela2: Fator de utilização (u) – luminárias de lâmpadas incandescentes Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio Tabela 3: Fator de utilização (u) – luminárias de lâmpadas fluorescentes Tabela 4: Índices de reflexão Nas Tabelas 2 e 3 as primeiras colunas apresentam valores do índice do local (K). Na primeira linha dessas tabelas, tem-se o índice de reflexão do teto (em porcentagem). Na segunda e terceiras linhas têm-se o índice de reflexão (em porcentagem) da parede e do plano de trabalho respectivamente. A interseção desses índices proporciona a obtenção do índice de utilização (u). Coeficiente de manutenção (d) Com o passar do tempo as luminárias vão se empoeirando, resultando em diminuição do fluxo emitido. Isto pode ser parcialmente reduzido através de uma manutenção eficiente, porém mesmo assim o rendimento da instalação diminuirá. Assim, é necessário considerar essa perda na determinação do número das luminárias. Isso é efetuado através da determinação do coeficiente de manutenção (d). Este coeficiente deve ser calculado para cada ambiente e leva em consideração, além do período de manutenção das luminárias, as condições gerais de limpeza do local em estudo. Para determinação do índice (d) lança-se mão de curvas como a mostrada na Figura 4. Figura 4: Curvas para determinação do coeficiente de manutenção Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio Cálculo do fluxo luminoso total A partir da determinação dos diversos índices, pode-se calcular o fluxo luminoso total a ser produzido pelas lâmpadas através da seguinte relação: total ES ud Sendo: TOTAL = fluxo luminoso total produzido pelas lâmpadas E = iluminância determinada pela norma S = área do recinto [m2] u = coeficiente de utilização d = coeficiente de manutenção Cálculo do número de luminárias Conhecendo-se o fluxo luminoso total, calcula-se o número n de luminárias necessárias para o local em estudo, através da seguinte relação: n TOTAL LUMINÁRIA tipo e do número de lâmpadas instaladas por luminária. O número de luminárias encontrado dificilmente será inteiro, devendo-se, portanto, adotar o número inteiro mais próximo. Este número também dificilmente proporcionará uma distribuição estética e simétrica das luminárias no ambiente. Assim, deve-se ajustar o número de luminárias de maneira conveniente para o recinto em estudo. Espaçamento das luminárias Deve-se buscar um espaçamento adequado entre as luminárias. Normalmente o fabricante fornece fatores que determinam os espaçamentos máximos que devem ser adotados entre as luminárias. Exemplo 1 de aplicação do método dos Lumens Elaborar o projeto de iluminação de um escritório de 25m de comprimento, 10m de largura e 4m de altura. O teto e as paredes são brancas. O plano de trabalho está a 0,8m do piso. Considere manutenção anual das luminárias, ambiente de limpeza médio e nível de iluminância baixo. Utilize luminárias com duas lâmpadas fluorescentes de 32W. a) determinação do nível de iluminamento. Através dos dados da Tabela 1, adotou-se o nível de iluminância de 500 lux. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio b) determinação do índice do local (K) Tem-se que: K CL h C L Substituindo os valores, tem- se : C=25m; L=10m; h= 4 - 0,8= 3,2m (distância das luminárias ao plano de trabalho) K CL 25 10 2,23 K 2 h C L 3,2 25 10 c) Determinação do coeficiente de utilização (u) da lâmpada Como serão utilizadas lâmpadas fluorescentes, utilizaremos os dados da Tabela 3. Para uso da Tabela 3, é necessário obter o nível de reflexão das paredes e do teto, além do valor de K. Dos dados do problema e utilizando a Tabela 4, obtém-se: teto branco – nível de reflexão: 70% paredes brancas (claras) – nível de reflexão: 50% K = 2,0 Levando esses dados na Tabela 3 obtém-se: u = 0,71 d) Determinação do coeficiente de manutenção (d) Para se obter o coeficiente de manutenção (d), utiliza-se as curvas da Figura 4. Pelo problema, o ambiente apresenta nível de limpeza médio e as luminárias são limpadas a cada um ano. Levando esses dados na Figura 4, obtém-se: d = 0,77. e) Determinação do fluxo luminoso total Total Tem-se que: total Como: S CL ES ud ÁREA DO RECINTO Substituindo os valores do problema em questão, teremos: total E C L 500 25 10 228645lm ud 0,71 0,77 f) Determinação do número de luminárias Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio Foi solicitado que se utilizem luminárias de duas lâmpadas fluorescentes de 32W. Tem-se que uma lâmpada fluorescente de 32 W produz um fluxo luminoso de 2800lm. Assim, uma luminária com duas lâmpadas terá um fluxo de 2 x 2800 = 5600lm. Portanto, pode-se calcular o número de luminárias (n): n TOTAL LUMINÁRIA 228645 41lu min árias 5600 g) Ajuste do espaçamento de luminárias Nessa etapa procura-se ajustar as luminárias as dimensões do local, levando-se em conta as diversas possibilidades existentes. Busca-se uma melhor possibilidade de manutenção e operação do sistema, bem como uma melhor estética. No presente caso, adotou-se o número de luminárias como sendo de 40 para uniformizar a instalação e chegou-se na configuração apresentada na Figura 5 Figura 5: Distribuição das luminárias do Exemplo 1 Exemplo 2 de aplicação do método dos Lumens Elaborar o projeto de iluminação da área de inspeção de uma indústria de vidros. Esta área de inspeção possui 30m de comprimento, 15m de largura e 7m de altura. O teto é claro e as paredes têm cor média. As mesas utilizadas para inspeção têm 1m de altura. Considere manutenção semestral das luminárias, ambiente limpo e nível de iluminância baixo. Utilize luminárias com uma lâmpada de vapor de mercúrio de alta pressão de 400W, capazes de produzir um fluxo luminoso de 22.300lm. a) Determinação do nível de iluminamento. Através dos dados da Tabela 1, adotou-se o nível de iluminância de 1000lux. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio b) determinação do índice do local (K) Tem-se que: C=30m; L=15m; h= 7 - 1= 6m (distância das luminárias ao plano de trabalho) K CL 30 15 1,66 K 1,5 h C L 6 30 15 c) Determinação do coeficiente de utilização (u) da lâmpada Para determinação do coeficiente de utilização (u), utilizam-se os dados da Tabela 5 (lâmpadas de vapor de mercúrio de alta pressão). Tabela 5: Fator de utilização (u) – luminárias de lâmpadas de vapor de mercúrio de alta pressão. Para uso da Tabela 5, é necessário obter o nível de reflexão das paredes e do teto, além do valor de K. Dos dados do problema e utilizando a Tabela 4, obtém-se: teto claro – nível de reflexão: 50% paredes de cor média – nível de reflexão: 30% K = 1,5 Levando esses dados na Tabela 5 obtém-se: u = 0,49 d) Determinação do coeficiente de manutenção (d) Para se obter o coeficiente de manutenção (d), utiliza-se as curvas da Figura 4. Pelo problema, o ambiente é considerado limpo e as luminárias são limpas a cada seis meses. Levando esses dados na Figura 4, obtém-se: d = 0,9. e) Determinação do fluxo luminoso total (φTotal) Tem-se que: Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio Engenharia Elétrica – Engenharia de Iluminação Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio total S CL Como: ES ud ÁREA DO RECINTO Substituindo os valores do problema em questão, teremos: total E C L 1000 30 15 1020408,16lm ud 0,49 0,9 f) Determinação do número de luminárias Foi solicitado que se utilizem luminárias de uma lâmpada de vapor de mercúrio de alta pressão de 400W. Tem-se que uma lâmpada de vapor de mercúrio de 400W produz um fluxo luminoso de 22.300lm. Portanto, pode-se calcular o número de luminárias (n): n TOTAL LUMINÁRIA 1020408,16 45,75lu min árias 46lu min árias 22300 g) Ajuste do espaçamento de luminárias Nessa etapa procura-se ajustar as luminárias as dimensões do local, levando se em conta as diversas possibilidades existentes. Busca-se uma melhor possibilidade de manutenção e operação do sistema, bem como uma melhor estética. No presente caso, adotou-se o número de luminárias como sendo de 48 para uniformizar a instalação e chegou-se na configuração apresentada na Figura 6. Figura 6: Distribuição das luminárias do Exemplo 2