Produção local é realidade distante por
conta da falta de escala; grande parte
dos equipamentos para propulsão das
embarcações construídas no Brasil vem
do exterior
Danilo Oliveira
E
m meio à desconfiança do
mercado em relação à economia e às incertezas sobre o
futuro dos investimentos do
setor de óleo e gás em 2015, os fabricantes de sistemas de propulsão seguem confiantes no aumento das vendas. Após 2012 ser bastante positivo
para a maioria dessas empresas, os resultados não foram tão bons nos dois
anos seguintes. Muitas delas, porém,
estão com encomendas importantes e
esperam fechar novos contratos neste
ano. A produção local, entretanto, ainda parece uma realidade distante. Por
conta da falta de escala, grande parte
dos equipamentos para propulsão das
embarcações construídas no Brasil
ainda vem do exterior.
A Wärtsilä está otimista e com expectativa de novas entregas em 2015.
Até o fechamento desta edição, a empresa esperava fechar novos contratos
ainda em 2014. O gerente de vendas de
ship power da empresa, Renato Barcellos, avalia que 2013 foi bom para
as vendas, porém não tanto quanto
2012. Na área de propulsão, a Wärtsilä
fechou contratos para fornecimento
de oito sistemas de passo controlável
para oito petroleiros, de 32 mil toneladas a 48 mil toneladas, que serão construídos pelo estaleiro Mauá (RJ).
A fabricante acredita que o mercado brasileiro está bastante atrativo. A
Wärtsilä também possui contrato para
fornecimento de sistemas de propulsão para 10 das 28 sondas contratadas
pela Petrobras e previstas para serem
construídas nos estaleiros Jurong (ES)
e Ecovix (RS). Considerando seis propulsores por navio, serão fornecidos
60 sistemas, entre o início de 2015 e
2017. Barcellos acredita que o nível
de conteúdo local aumente após as
primeiras entregas deste pacote, partindo de um patamar menor para um
nível mais expressivo. Ele ressalta que
a empresa segue o cronograma dos estaleiros.
O ano de 2014 foi um período de
investimentos da Rolls-Royce no setor, visando a objetivos de médio e
longo prazo. Com R$ 80 milhões de
aportes, a nova unidade em Duque de
Caxias (RJ), dedicada à montagem e
teste de grandes propulsores e outros
equipamentos, tem início de operação previsto para o primeiro trimestre
de 2015. “A instalação permitirá maior
apoio às necessidades operacionais
dos nossos clientes do setor marítimo,
contribuindo para o desenvolvimento
das atividades de exploração e produção de óleo e gás em águas profundas”,
projeta Rodrigo Barbosa, diretor de
comunicação corporativa, responsabilidade social e relações acadêmicas
da Rolls-Royce para a América do Sul.
Barbosa constata a ascensão
do mercado de embarcações offshore
desde os anos 2000, quando foi lançada a primeira embarcação modelo UT
projetada pela Rolls-Royce. Ele observa que fortes investimentos no setor
levaram a um crescente fluxo de embarcações de apoio offshore e sondas
com os equipamentos da fabricante.
A aposta é que o mercado de sistemas
de propulsão no Brasil continuará
aquecido em 2015, com destaque para
embarcações de apoio, navios-sonda
e a embarcações militares. “A expectativa é que todas essas embarcações
ganhem cada vez mais espaço no mercado”, avalia Barbosa.
A previsão da ZF Sistemas de Propulsão Marítima é que, em 2015, o
mercado naval e a empresa devem
registrar queda nas vendas. “A expectativa é que o mercado se comporte
como em 2014, sendo que neste ano
a queda deve ser de 10% em relação a
2013”, conta o gerente da unidade de
negócios da empresa, Milton Ceotto.
Apesar disso, ele afirma que a ZF não
perderá mercado. Em 54 anos de atuação, a unidade já vendeu 26 mil reversores, operando na planta industrial
de Sorocaba (SP).
Ceotto destaca que a ZF é a única
fabricante de reversores marítimos no
Brasil e concorre com reversores menores provenientes da China e com
reversores maiores produzidos nos Estados Unidos e Alemanha. Em 2014,
a unidade Marine conseguiu alcançar equilíbrio graças ao aumento de
50% nas exportações, com abertura
de novos clientes, principalmente no
Oriente Médio, Estados Unidos e na
China.
A Thrustmaster é uma das maiores
empresas do mundo em propulsão
hidráulica. Com o avanço da exploração do pré-sal, a subsidiária brasileira
da empresa identifica um novo mercado para atender a plataformas em
campos distantes. A estratégia é oferecer pacotes de propulsão completos
atendendo, principalmente, à crescente demanda por embarcações para
suporte e apoio ao mergulho — DSV
(Diving Support Vessels) e supridores
de cargas rápidas — FSV (Fast supply
vessels), diminuindo gastos operacionais, na medida em que a Petrobras
reduzir o uso de helicópteros em suas
operações em plataformas offshore.
O gerente geral da Thrustmaster do
Brasil, Wim La Maitre, diz que os projetos de grandes navios no Brasil já estão
consolidados, com empresas muito
competitivas e que estão no mercado
brasileiro há mais tempo. Na demanda
relacionada ao Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio
Marítimo da Petrobras (Prorefam), ele
aponta que alguns estaleiros fecham
contratos para o fornecimento de pacotes completos de equipamentos
para as embarcações, o que restringe o
número de fornecedores.
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2015
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