1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Carolina Cordeiro Santana ESTEREOTIPOS NA LÍNGUA ESPANHOLA CURITIBA 2012 1 RESUMO Durante o processo de ensino/aprendizagem, uma das principais dificuldades que um brasileiro encontra na aquisição da língua espanhola, são os falsos amigos. Estes ocorrem devido à semelhança entre os dois idiomas e a grande diversidade linguística que há entre países que possuem o espanhol como língua nativa. Assim, este estudo ocupa-se, em mostrar e estabelecer uma pequena divisão das principais diversidades, tendo em conta aspectos fonéticos, ortográficos e semânticos, além de dificuldades causadas pela semelhança das línguas. Palavra-chave: espanhol, diversidade, léxico, fonética e morfossintaxe. RESUMEN Durante el proceso de enseñanza y aprendizaje, una de las principales dificultades al cual un brasileño encuentra en la adquisición de la lengua española, son los falsos cognatos, Estés ocurren por la semejanza entre los dos idiomas y la gran diversidad lingüística que existe entre países que posen el español como lengua nativa. Por lo tanto, este estudio se dedica, en mostrar y establecer una pequeña división de las principales diversidades, poseyendo en cuenta aspectos fonéticos, ortográficos y semánticos, además de las dificultades ocasionadas por la semejanza de las lenguas. Palabra-clave: español, diversidad, léxico, fonética y morfosintaxis. 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1 1 DIVERSIDADE LINGUISTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA .......................... 2 2 DIVERSIDADE LÉXICA ................................................................................ 4 3 DIVERSIDADE FONÉTICA........................................................................... 6 4 DIVERSIDADE MORFOSINTÁTICA ............................................................ 8 CONCLUSÃO .................................................................................................. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 12 1 INTRODUÇÃO A similaridade entre o espanhol e o português ocorre devido a grande semelhança linguística que há entre os dois idiomas. Assim, aprendizes do espanhol, nativos brasileiros, sempre puderam se comunicar e compreender com facilidade a língua espanhola. No entanto, a compreensão e possível comunicação entre os dois idiomas ocorrem, somente, quando o individuo nunca estudos o idioma ou quando o mesmo está no nível inicial. Conforme o aluno passa a avançar os níveis de aprendizagem, o mesmo começa a enfrentar dificuldades, e enfrentase com os “falsos amigos“. Pois, ainda que os dois idiomas apresentem semelhanças, há casos em que o significado e uso de uma palavra em português, nem sempre corresponde ao mesmo significado em e uso espanhol. Portanto, não significa que a proximidade entre as duas línguas contribua para uma fácil aprendizagem. Conforme Krebs: O português e o espanhol apresentam características peculiares devido ao parentesco existente entre ambas as línguas. No decurso da história, as referidas línguas conservaram muitas palavras na sua forma latina. Uma vez que o português e o espanhol apresentam uma proximidade entre a genealogia e a tipologia lingüísticas, o brasileiro aprendiz de espanhol passa por uma aquisição aparente, ocorrida em um estágio inicial que, segundo Espiga (2001, p. 272), é “(...) bem mais curto comparando-se às outras línguas não-afins”. O aprendiz percorre estágios e, muitas vezes, não percebe que a distância ou a proximidade entre os elementos estruturais do sistema de ambas as línguas pode intervir no sucesso ou no fracasso da sua aprendizagem (2007. p 19). A presente investigação será um estudo que buscará apresentar aos demais que o espanhol possui uma diversidade muito grande, ou seja, que a língua não é homogenia e sim heterogênica. Que a língua espanhola possui variantes linguísticas, que a distingue e a torna única em todos os países que a tenha como língua materna. Assim, também é possível perceber que, mesmo o espanhol sendo similar ao português, a aquisição da mesma, para brasileiros, se torna um pouco mais difícil. Nesta linha de pensamentos, verificarmos que para uma competência linguística de um segundo idioma, todas as particularidades e exceções para a aquisição de um novo idioma devem ser estudadas e desenvolvidas por completos. 2 1. DIVERSIDADE LINGUISTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA Atualmente o espanhol é falado em quatro continentes (Europa, América, África e Ásia), ou seja, a língua espanhola é repleta de diversidades, particularidades e exceções. Segundo O Professor Juan Manuel Carrasco, no seu Manual de Iniciación a la Lengua Portuguesa: El portugués suele considerarse lengua fácil. Cualquier hispanohablante, por el hecho de serlo, cree que al menos puede entender y hacerse entender al establecer un diálogo con una persona de lengua portuguesa. Este hecho, apoyado además por la facilidad con que se puede entender un texto escrito en portugués con muy pocas nociones que se tengan de este idioma, provoca un rechazo o un desprecio, si no por esta lengua, sí por su estudio profundo y sistemático. Cuando éste, finalmente, se emprende, las dificultades parecen insalvables y es fácil caer en el desánimo, especialmente a la hora de usar oralmente la lengua (hablarla y entenderla). (...) La similitud entre las lenguas española y portuguesa es, sin duda, una ventaja para el aprendizaje rápido. Sin embargo, es también un arma de doble filo, pues el hispanohablante encontrará multitud de formas similares a su lengua que poseen un uso y un significado completamente diferente. Deberá, por lo tanto, prestar más atención que cualquier otro estudiante a las particularidades del portugués y, en consecuencia, debe evitar guiarse sólo por las estructuras y el léxico del castellano sin cerciorarse con anterioridad sobre su uso en português. (2001 p. 4) Ainda que o professor esteja referindo-se ao aprendiz da língua portuguesa, podemos levar em consideração o mesmo pensamento para um aprendiz de língua espanhola. Não é pela proximidade entre as línguas que o aprendizado se torna mais fácil. Essa semelhança que há entre os dois idiomas, segundo Alves ocorre devido ao surgimento de estereótipos e mitos – “a semelhança entre a língua espanhola e a língua portuguesa facilita no aprendizado das mesmas”; “não estudo espanhol porque é uma língua muito fácil”; “quem sabe falar português, sabe falar espanhol”; “Falando portunhol, todos se entendem” – criados em torno da aprendizagem do espanhol. Segundo Alves: • o mito da facilidade: os falantes do português acreditam que "espanhol é uma língua muito fácil", que é um “português mal falado", para justificar a facilidade que julgam ter para falar e escrever o idioma; • o mito do bilinguismo: as semelhanças entre os dois idiomas faz com que os brasileiros acreditem que não é preciso estudar uma língua que eles já sabem. São comuns frases como "sei espanhol porque entendo tudo o que me falam ou que escuto em espanhol”, que acabam induzindo o falante do português a acreditar que domina os dois idiomas; e 3 • o mito da sonoridade: é a crença de que mudando os sons de algumas palavras do português se pode falar o espanhol. São frequentes palavras como: profesuera, coca cuela, pueco, etc. (2002, p 3) E toda esta semelhança começa a ser um ponto prejudicial ao aprendizado do espanhol, uma vez que todas essas afinidades levam ao aprendiz a encontrar os falsos amigos. Para entender a diversidade linguística do espanhol, precisamos lembrar que cada país possui uma historia, uma colonização e que cada um sofreu alterações com o passar do anos/tempo, além das interferências culturais, social, etc. Ou seja, ainda que o nome dado ao idioma seja “espanhol”, o mesmo se modificou/transformou e evoluiu juntamente com o seu país, tendo por si, suas particularidades. Conforme afirma El Instituto Don Quijote: Para entender el español hablado en Latinoamérica no sólo hay que tener en cuenta las diferencias lingüísticas de los distintos países y de las regiones. Además hay diferencias que tienen que ver con el nivel sociocultural de los hablantes, diferencias diastráticas, o con el tipo de población, zonas rurales y urbanas, hablantes monolingües o bilingües. El factor cultural, y en especial la escolarización, es un elemento nivelador que influye en la homogenización de las lenguas. (2009) Em relevância temos: a diversidade lexical – para países que possuem o espanhol como língua nativa, onde para uma mesma ideia é utilizada palavras diferentes de um país para outro. Refletindo entre o espanhol e o português, há vocábulos compartilhados, no entanto, o significado e o uso de uma palavra em português nem sempre é correspondente ao espanhol – diversidade fonética – tanto para países que possuem o espanhol como língua materna quanto para a relação entre português e espanhol, há uma diferença na pronunciação das palavras, diferenças que podem inclusive alterar o significado das mesmas – diversidade morfossintática - tanto para países que possuem o espanhol como língua materna quanto para a relação entre português e espanhol, há diferenças gramaticais que interferem na compreensão do idioma se não estiverem empregados corretamente. Abaixo veremos estas diferenças/diversidades simplificadamente, em uma contraposição entre o espanhol utilizado na América Latina e o espanhol utilizado na Europa, além da contraposição entre o português e o espanhol. 4 2. DIVERSIDADE LÉXICA A diversidade léxica é um dos principais prejudiciais para um aprendiz da língua espanhola, pois normalmente é aqui que o aprendiz se fixa para facilitar e ajudar em seu aprendizado. Esta proximidade dos signos entre o português e o espanhol, ainda que ajude alunos e professores. O aluno a entender textos, áudios e a comunicar-se inicialmente, e a professores que abusam desta semelhança para dar aulas somente em espanhol e até mesmo explicar o conceito de uma palavra dessemelhante sem precisar traduzi-la. Com o desenvolver das aulas isto passa a ser um problema, pois conforme o aprendiz evolui em seu aprendizado começam a surgir os falsos cognatos. Um dos exemplos mais relevantes são os heterossemânticos, palavras que têm a mesma ortografia entre dois idiomas, neste caso entre o português e o espanhol, contudo que possuem significados inteiramente diferentes. Ou seja, possuem o mesmo signo linguístico, mas com distintos campos semânticos. Português Aborrecer Borracha Copo Criança Frente Oficina Propina Espanhol Moletar Goma Vaso Niño Delante Taller Matrícula, cuota Espanhol Aborrecer Borracha Copo Crianza Frente Oficina Propina Potuguês Detestar Bêbada Floco Criação Testa Escritório Gorjeta Mais adiante da infinidade de heterossemânticos (falsos cognatos), existem os heterotônico, palavras que variam quanto o acento tônico, os heterogenéricos, que diferem em gênero e número, há também palavras que mudam a grafia, além das variantes que ocorrem nas expressões populares, pois a diversidade lexical não se resume somente a palavras soltas, mas também a grupos de palavras – frases e/ou orações. Ou seja, uma expressão que possui o mesmo campo semântico, pode ser dita de várias maneiras de acordo com seu país de origem. Português Oceano Heterotônico Espanhol Oceano Heterogenérico Português Espanhol O nariz La (a) nariz 5 Academia Alergia Atmosfera Nível Academia Alergia Atmósfera Nivel O sal O leite A paisagem A árvore La (a) sal La (a) leche El (o) paisaje El (o) árbol Esta diversidade se estende, pois os obstáculos léxicos para um aprendiz do espanhol não incidem somente entre o português e o espanhol, mas também entre os próprios países que possuem o castelhano como língua nativa. Aqui, dividiremos entre Europa (Espanha) e América Latina (Argentina) – lembrando que na América Latina, há outros países que falam espanhol e cada um, com seu léxico particular. Neste caso, há um mesmo campo semântico, contudo as palavras possuem signos diferentes. Europa Falda Autobus Judías Bolígrafo Acera América Latina Pollera Colectivo Porotos Birome Vereda Português Saia Ônibus Feijão Caneta Calçada No caso acima citado, também encontraremos as demais diversidades que vimos/citamos entre o português e o espanhol. Ou seja, independentemente de existir vários países que possuam um mesmo idioma como língua nativa, as diferenças heterossemânticas, heterotônicas e heterogenéricas também irão ocorrer. Europa Chófer Bebé Vídeo Heterotônico América Latina Chofer Bebe Video Heterogenérico Europa América Lartina La coliflor El coliflor La radio El radio La sauna El sauna Vale a pena lembrar, como já havíamos dito anteriormente que cada país recebe muita influência, seja ela cultural ou temporal, o que faz que com que todo país tenha sua particularidade independente. Assim um aprendiz do espanhol precisa estar sempre conhecendo as características de cada país, ampliando o seu conhecimento e evitando cometer erros por falsos amigos. 6 3. DIVERSIDADE FONÉTICA Existe uma grande variedade na questão fonológica, entre: espanhol e português, assim como também há entre: espanhol europeu e espanhol da América Latina. Vejamos abaixo alguns exemplos para ambos os casos. Português versus Espanhol, a diversidade fonética ocorre entre a pronuncia de alguns fonemas, onde para um nativo da língua portuguesa nem sempre é perceptível, inclusiva há a necessidade de aprender outros sons que a língua alvo apresenta como nova. Tomaremos como relevância os fonemas /b/, /θ/, /ř/. Veja os exemplos abaixo: O fonema /b/ (correspondente à grafia -b e –v), diferente do português carrega consigo duas letras, onde ambas possuem o mesmo som, ex.: as palavras Vaca, Venezuela e Bolívia, ainda que possuam a mesma escrita entre os dois idiomas, possuem outra pronuncia na letra v, onde sua pronuncia é igual/similar a letra -b do português, ex.: [baca], [Benezuela] e [Bolibia]. Ainda neste pensamento, temos o fonema /θ/ que tem como grafia as letras -c1 e -z, onde ambas possuem a mesma pronuncia e neutralizam-se ao som da letra -ç do português. Por ex.: cine, azucar, Venezuela – [çine] [açucar] e [beneçuela]. Quanto ao fonema /ř/ que possui como grafia a letra -r2 e –rr, ambas passam a ser vibrantes múltiplas em espanhol e assemelham-se ao som da letra –r em português. Por ex.: Rápido, honra, alrededor e perro – [řapido], [honřa], [alřededor] e [peřo]. Espanhol europeu versus espanhol da América Latina, sua diversidade também ocorre na pronúncia de alguns fonemas, onde acada país possui sua particularidade. Em relevância temos os fonemas /λ/ e /l̪ / (corresponde à grafia –ll) e o /y/ e /ǰ/ (corresponde à grafia –y). Vejamos: Em quase toda a metade do norte da Espanha, o fonema /λ/ (correspondente à grafia –ll), é pronunciado com a –l palatal, lateral. Por ex.: 1 A letra -C somente será grafia do fonema /θ/ quando estiver acompanhado das vogais -i e -e, ex.: cine, cena, cocina, etc. 2 A letra –R somente será grafia do fonema quando estiver no início de palavras, por ex.: Rosa e Ratón e quando estiver acompanhado das consoantes –n e –l, por ex.: Alrededor e honra. 7 Yo me llevo la llave - [yo me llebo la llabe]. No entanto, em alguns países da América Latina, como Argentina, Uruguay, Paraguay, etc., o fonema utilizado para a grafia –ll é o /l̪ /, que é pronunciado com o –l alveolar – Por ex.: [sho me shevo la shave]. O exemplo acima citado, não neutraliza os demais países não mencionados no texto, pois cada país possui sua particularidade na pronuncia de seus fonemas. Quanto aos fonemas /y/ e /ǰ/ (correspondente à grafia –y) que possui uma grande diversidade de alofones, citaremos somente duas variantes. Na Europa, temos como principal fonema o /y/, onde em sua pronuncia podemos colocar a letra –i do português. Por ex.: yo – [io], proyecto – [proiecto]. Entretanto, quando nos remetemos a América Latina, em países como: Argentina, Uruguay, Paraguay, etc., o fonema utilizado é o /ǰ/, assim a pronuncia das palavras é outra, ex.: yo – [sho], proyecto – [proshecto]. Abaixo apresentaremos a tabela fonética do espanhol para uma visualização geral de todos os fonemas e suas particularidades – Consoantes e vogais: 8 4. DIVERSIDADE MORFOSINTÁTICA Não obstante as diversidades acima citadas, ainda temos a variante morfossintática, que segundo Alcaine são as “discordancias de género y número, reestructuración del sistema pronominal, usos anómalos del gerundio y las perífrasis de gerundio, reestructuración de los tiempos verbales de pasado, aparición de modales evidenciales o modalizadores, formas de atenuación en imperativos, alteraciones del orden de constituyentes, cambio del régimen preposicional o elisión de elementos como artículos, cópula verbal o preposiciones” Ou seja, são todos elementos gramaticais que sofrem alterações de um idioma para o outro e que podem ser prejudiciais no inicio de uma aprendizagem. Pois um brasileiro estudante de espanhol já tem fixas suas regras gramaticais, que aprende durante sua vida escolar e automaticamente sente um estranhamento ao ter que altera-las para aprender um novo idioma. Como já havíamos dito acima, essas alterações gramaticais que o estudante precisava fazer e aprender entre o português e espanhol, devem ser aprendidas, feitas e percebíveis também entre o espanhol da Europa e espanhol da América Latina. Uma das primeiras alterações que um brasileiro precisa fazer/perceber é quanto a aprendizagem dos artigos em espanhol, pois além dos artigos comuns em português – definidos: a, o, as, os – indefinidos: um, uma, uns, umas. Em espanhol temos o artigo neutro lo que é usado somente diante de adjetivos e advérbios. Custa para um aprendiz de a língua espanhola utilizá-lo uma vez que nós brasileiros não o possuímos. Ex.: Lo mejor de todo fue la fiesta. (mejor = melhor - adjetivo) (O melhor de tudo foi a festa.) La paz es lo más valioso sentimiento. (más = mais - advérbio) (A paz é o mais valioso sentimento. Não só há o uso de um novo artigo como também há a omissão deles em alguns casos. Por exemplo, em português é comum usar um artigo definido antes de nomes próprios, sobretudo em países, regiões e cidades, assim como 9 no uso de possessivos, já em espanhol esse conceito não se aplica, em ambos os casos. Seguidamente vem a complicação com o pretérito em espanhol (tempos verbais), pois em castelhano temos o pretérito indefinido/pretérito perfeito simples e o pretérito perfeito composto. Onde ambos dão a ideia de um passado (equivalente no que diz respeito à situação temporal), uma ação já terminada. Contudo que diferem quanto à distância temporal, ou seja, um refere-se a um passado já concluído/acabado (pretérito indefinido) e o outro a um passado que continua no presente (pretérito composto). Ex.: Ayer comí en casa - Ontem comi em casa – Pret. Indefinido Hoy he comido en un restaurante - Hoje comi num restaurante – Pret. Comp. Enquanto em espanhol eu preciso diferenciar quanto ao uso dos pretéritos para os exemplos acima. Em português para ambas as frases eu utilizo somente um pretérito, o pretérito perfeito. Mais a frente, dos exemplos acima citados há diferenças, pronominais, adverbiais, no uso de demonstrativos, possessivos, preposição, etc. E diferenças entre o espanhol da Europa e o espanhol da América Latina. Primeiramente nos deparamos com a diferença nos pronomes pessoais da 2ª pessoa do singular e plural, automaticamente na alteração das formas verbais de um país para outro. Na Europa para a 2ª pessoa do singular é utilizado o pronome tú, já na América Latina (Argentina) o pronome utilizado é o vos, conhecido como o voseo. Quanto a 2ª pessoa do plural, em Europa é utilizado vosostros, já em América Latina (Argentina) utiliza-se ustedes. Assim temos uma contraposição entre o uso do voseo x o uso do tuteo. Ex.: Europa Tu (tuteo) Ex.: Tú tienes Ex.: Tú dices América Latina Vos (voseo) Ex.: Vos tenés Ex.: Vos decís Europa Vosotros Ex.: Vosotros tenéis Ex.: Vosostros decís América Latina Ustedes Ex.: Ustedes tienen Ex.: Ustedes dicen Seguidamente temos os tempos verbais para expressar duvida, desejos, incertezas, probabilidades e sentimentos, o pretérito imperfeito do subjuntivo. Que em espanhol possui duas formas, uma com a terminação em -se e outra com a terminação em -era. Ex.: Si yo pudiese – Si yo pudiera. Ambos 10 chamados de “pretérito imperfecto del subjuntivo”, contudo em Europa é comum utilizar o final –se, já em América Latina a terminação –ra. Aqui também irão aparecer as diferenças com demonstrativos, possessivos, uso de preposições, etc. Diferenças, particularidades que torna o aprendizado do espanhol cada vez mais complicada e difícil. Ou seja, ainda que a semelhança entre os idiomas seja abundante, nem sempre ajudará para uma boa competência linguística. 11 5. CONCLUSÃO De inicio é possível perceber que a diversidade existente no mundo da língua espanhola é vasta e de uma primeira conclusão percebemos que as dificuldades que surgem para um brasileiro no ensino e na aprendizagem do espanhol não estão somente na semelhança que há entre o português e o espanhol, mas também na diversidade linguística que ocorre entre países que possuem a mesma, como língua nativa. Foi possível, em meio a tantas diversidades, confirmar que a semelhança existente entre o português e o espanhol, ainda que no início da aprendizagem seja um facilitador e um meio alternativo utilizado para a comunicação imediata entre aprendizes do espanhol e falantes fluentes da língua, possa com o tempo se tornar um complicador, dificultando a aprendizagem do idioma e comprometendo uma possível competência na comunicação e fluência na língua. Não obstante confirmamos que o espanhol é heterogênio, ou seja, possui diversas particularidades que mudam de um país para o outro. Isto não só inclui a história e a cultura de cada país, mas também a manifestações fonológicas, léxicas e morfossintáticas. Manifestações estas que confundem e até mesmo bloqueiam a aprendizagem do idioma, se não observado com atenção. Por tanto, todos os estereótipos e mitos criados em torno da aprendizagem do espanhol são elementos errôneos, pois não é porque há vários países que falam espanhol, que todos são idênticos. Devemos aprender a conhecer cada cultura, diversidade, variedade e particularidade, e uma vez conhecidas, devemos respeitá-las e agregá-las para uma melhor competência linguística. Além de trazer como base que a afinidade entre o português e o espanhol nem sempre é vantajosa para o sua aprendizagem. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCAINE, Azucena Palacios. Variedades del español hablado en América: una aproximación educativa. Disponível em http://www.uam.es/personal_pdi/filoyletras/alcaine/UIMP.pdf. Acessado em 10/04/2012. ALVES. Janaína Soares. 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