1º Ten Al GIOVANA SOARES DA SILVEIRA
ABSENTEÍSMO DE CAUSA ODONTOLÓGICA
RIO DE JANEIRO
2008
1°TEN AL GIOVANA SOARES DA SILVEIRA
ABSENTEÍSMO DE CAUSA ODONTOLÓGICA
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Escola de Saúde do Exército, como requisito
parcial para aprovação no Curso de Formação
de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização
em Aplicações Complementares às Ciências
Militares.
Orientador: DANIEL PEPINO DA SILVEIRA- Cel
RIO DE JANEIRO
2008
AGRADECIMENTOS
Primeiro a Deus por todas as oportunidades e por me mostrar os caminhos.
A minha Família em especial a minha mãe e aos tios Mara e Daniel por todo carinho, atenção e apoio em
todos os momentos.
Ao meu orientador que participou com dedicação desse trabalho.
Aos meus instrutores, comandantes, pares e subordinados que modelam a militar que sou e serei.
Aos meus colegas do CFO pelo convívio desse ano e memórias para a vida toda.
Aos meus Amigos do CFO que participaram intensamente dos bons e maus momentos, que foram
verdadeiros irmãos, não só de armas mas da vida durante esse ano, e que apesar das distâncias
permanecerão junto ao coração.
S587a
Silveira, Giovana Soares.
Absenteísmo de causa Odontológica /. – Giovana Soares da Silveira. Rio de Janeiro, 2008.
27 f. ; 30 cm.
Orientador: Daniel Pepino da Silveira
Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde
do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares
às Ciências Militares.)
Referências: f. 24-27.
1. Absenteísmo (Trabalho). 2. Saúde dos trabalhadores. 3.
Odontologia. I. Silveira, Daniel Pepino da. II. Escola de Saúde do Exército.
III. Título.
CDD 617
RESUMO
Os fatores odontológicos que acarretam ausências ao trabalho têm sido de interesse crescente ao setor
público e privado, razão esta que tem levado alguns pesquisadores a estudar os principais fatores que
estão envolvidos com este tipo de absenteísmo. Diante disso, o presente estudo objetivou revisar a
literatura em busca de resultados e conclusões que demonstrem a importância do assunto aos
responsáveis pela saúde dos trabalhadores, abordando aspectos que direta ou indiretamente contribuem
para essa ocorrência. A partir dos trabalhos revisados pode-se concluir que as faixas etárias mais jovens,
assim como o baixo nível sócio-econômico, a baixa escolaridade e o perfil cirúrgico-restaurador do
atendimento odontológico aparecem como as variáveis com maior agravamento do absenteísmo por
causas odontológicas; enquanto o absenteísmo gerado por atividades preventivas e profiláticas causa
menos perda de horas de trabalho, torna-se menos oneroso ao empregador e traduz-se em melhor
qualidade de vida aos empregados.
Palavras Chave: Absenteísmo. Saúde dos trabalhadores. Qualidade de vida.
ABSTRACT
The dentistry factors that cause absences to the work have been of increasing interest to the public and
private sector, reason this that has taken some researchers to study the main factors that are involved
with this type of absenteeism. Ahead of this, the present study it objectified to revise literature in search of
results and conclusions that demonstrate the importance of the subject to the responsible ones for the
health of the workers, approaching aspects that direct or indirectly contribute for this occurrence. From the
revised works it can be concluded that the younger age groups, as well as the low socio-economic level,
low level of education and the profile surgical-restorative of the dentistry attendance appear as the
variants with bigger aggravation of the absenteeism for dentistry causes; while the absenteeism caused
for preventive and prophylactic activities cause little loss of working hours, becomes less onerous for the
employer and is expressed through better quality of life of the employees.
KEY WORDS: Absenteeism. Health of the workers. Quality of Life.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................07
2 REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................12
3 DISCUSSÃO.......................................................................................................19
4 CONCLUSÃO......................................................................................................23
REFERÊNCIAS......................................................................................................24
1 INTRODUÇÃO
A odontologia avança a cada dia buscando oferecer melhor qualidade de vida à população.
Trabalhos científicos desvendam a microbiologia oral, as ações do organismo no combate aos agentes
patológicos, buscam excelência estética e funcional nos tratamentos. No entanto, o Brasil ainda é
considerado o País dos desdentados e sua população sofre com doenças causadas por problemas
básicos como a falta de higiene oral, que por sua vez, em grande parte, origina-se da falta de orientação
e educação em saúde.
A dor acompanha a vida do ser humano como um dos grandes desafios da ciência em decorrência
de suas múltiplas implicações. O interesse em desenvolver uma pesquisa sobre dor orofacial, a qual
envolvesse saúde bucal de trabalhadores e impactos na qualidade de vida, surge devido à importância
do assunto e à carência de estudos epidemiológicos nessa área. Sabe-se que as pessoas, durante sua
experiência de dor, têm seu comportamento alterado em virtude de ações desencadeadas pelo estímulo
doloroso. As atividades rotineiras e cotidianas das pessoas podem sofrer alterações, tendo suas
atenções desviadas no intuito de aliviar seu desconforto. A dor influencia, de uma forma ou de outra,
em todos os segmentos da vida das pessoas. Influencia na vida profissional, promovendo o aumento do
número de faltas ao trabalho em decorrência da procura por assistência. A experiência de dor influencia
nos estudos, aumentando a freqüência de faltas na escola ou desviando a atenção dos estudantes,
dificultando a concentração e o aprendizado. A dor pode também influenciar nas atividades sociais,
deixando as pessoas acamadas e afastadas dos parentes e amigos.
Estudos demonstram que a dor orofacial pode alterar a qualidade de vida mais do que outras
condições sistêmicas, tais como, úlceras, diabetes e pressão alta. Indivíduos nessa condição vivenciam
grandes mudanças no seu dia-a-dia, incluindo dias de trabalho perdidos, ficando isoladas em casa,
evitando os amigos e a família, preocupando-se com as condições bucais, visitando dentistas, tomando
medicamentos e evitando certos alimentos (LOCKER, 1997).
Enquanto as pessoas dos países mais desenvolvidos buscam uma qualidade de existência
superior a mera sobrevivência, infere-se que para o povo brasileiro a percepção de qualidade de vida
passe pela busca da sobrevivência e pelo alívio da dor (PORTILLO e PAES, 2000).
Diversos trabalhos em saúde pública indicam que no Brasil a faixa etária mais atingida por
problemas odontológicos como a cárie, o abscesso dentário, a gengivite e a periodontite é composta por
indivíduos de 15 à 25 anos, exatamente a mesma em que os jovens ingressam no mercado de trabalho.
E a questão que surge é: Um trabalhador pode ter bom desempenho em suas funções, ser produtivo, se
não tiver saúde oral?
A saúde ou bem estar do trabalhador devem estar voltadas às atenções dos responsáveis pelas
diretrizes de um país que tenha sua economia embasada no labor desses mesmos trabalhadores; estes,
portanto, devem ser o objetivo da preservação, conservação de um completo bem estar, físico, mental e
social. Portanto o máximo da sua capacidade produtiva tornar-se-á plena quando a população
trabalhadora estiver satisfeita em suas necessidades básicas de saúde.
Com o avanço econômico e tecnológico da sociedade, torna-se necessário um trabalho mais
efetivo para se atingir a máxima eficiência industrial. Trabalhadores satisfeitos profissionalmente
apresentam maior capacitação e agilidade contribuindo para um real desenvolvimento da empresa.
Dessa maneira, a saúde do trabalhador deveria ser considerada como um componente do conjunto que
leva ao desenvolvimento técnico-econômico de um país.
As doenças bucais não se desvinculam das condições gerais de saúde do corpo e não podem ser
deixadas de lado nem relegadas a um segundo plano. Qualquer problema de origem bucal pode provocar
desconforto físico e emocional, prejuízos consideráveis a saúde geral além de diminuir a produtividade de
um empregado dentro de sua função e, conseqüentemente, a eficácia da organização na qual trabalha.
Além disso, segundo Midorikawa (2001) existem informações hoje quanto à ocorrência de acidentes de
trabalho cujas causas básicas foram os problemas odontológicos.
O absenteísmo pode ser entendido como a ausência do trabalhador motivada pelo estado ou
condição de saúde, em sua pessoa ou qualquer de seus dependentes (quando o trabalhador tenha de
acompanhar ou assistir seu dependente). Caracteriza-se pela perda temporária da possibilidade ou da
capacidade de trabalho, e determina a ausência física (parcial ou completa) do trabalhador em sua
jornada laboral regular. O absenteísmo gera um aumento de custos, pois além da concessão de auxíliodoença, gera diminuição de produtividade e eficiência, assim como um aumento de problemas
administrativos, o que compromete a engrenagem industrial. Os fatores odontológicos que acarretam
ausências ao trabalho têm sido de interesse crescente ao setor público e privado, principalmente em
razão do contexto econômico competitivo e produtivo em que a sociedade se encontra atualmente.
O absenteísmo por motivos odontológicos tem pouco peso sobre o total de faltas e provocam o
afastamento do colaborador por um período curto, mas o “presenteísmo”, no qual, o trabalhador
permanece fisicamente, porém, mental e emocionalmente ausente por estar doente, pode acontecer a
qualquer momento, com qualquer colaborador, independente de seu cargo ou nível social. Existem
diversos problemas bucais que podem provocá-lo, como a própria dor de dente por motivos de cárie,
problemas de canais e traumas. Há também o bruxismo (ranger os dentes) e problemas na ATM
(articulação têmporo mandibular) muitas vezes responsáveis por dores de cabeça, no ouvido e até
mesmo na coluna cervical. Dentes infeccionados ou com problemas periodontais (sangramentos na
gengiva, associados ou não à perda óssea), que além da dor local, podem causar diversos problemas de
ordem geral como artrite, problemas musculares, problemas no coração (endocardite bacteriana) entre
outras.
As empresas, preocupadas com o absenteísmo devido a motivos odontológicos, passaram a
investir na promoção da saúde bucal, oferecendo aos seus empregados a possibilidade acesso a
tratamentos restauradores e preventivos, com isso, os benefícios relatados vão desde a redução do
absenteísmo, a melhoria das condições de saúde e trabalho, até a mudança da percepção da empresa
por parte do empregado (Ferreira, 1997).
No entanto, pesquisas de campo têm constatado que a grande maioria do empresariado não está
preocupada com a saúde bucal do trabalhador, mas somente com a produção. As poucas empresas que
realmente se mobilizam no sentido da preservação da saúde bucal e da prevenção de acidentes com
seus trabalhadores são as multinacionais que trazem para o Brasil a sua filosofia de origem (BARONI,
1996).
Dentro do conceito de promoção de saúde, considera-se importante não somente levantar os
problemas bucais que podem afetar diretamente os trabalhadores, deve-se analisar concretamente sua
epidemiologia e patologia, assim como estudar o impacto que possam ocasionar em suas qualidades de
vida, trazendo à tona novos elementos na análise da causalidade das doenças e dos porquês da sua
maior ocorrência e manutenção em determinados segmentos da sociedade (PIZZATTO, 2002).
A atenção à saúde bucal do trabalhador tornou-se importante a partir da Segunda Guerra Mundial,
quando houve necessidade de se aumentar e acelerar a produção de material bélico, obrigando, dessa
forma, as indústrias a considerarem todos os fatores que poderiam perturbar ou retardar as atividades. A
transformação do mundo nas décadas de 80 e de 90, em busca de qualidade total, deu início ao
processo de competitividade, forçando as empresas de todos os segmentos a se realinharem no
mercado. Para obter este resultado, o principal produto que deve, primeiramente, estar em perfeita
harmonia é o “homem” (BARONI, 1996).
Noites mal dormidas em decorrência da dor deixam as pessoas desatentas, irritadas, fatigadas e
impossibilitadas de exercerem suas atividades habituais. Os problemas bucais constituem uma
incapacidade da atividade produtiva, com efeitos sobre a capacidade de trabalho e a qualidade de vida
(BARONI, 1996).
O homem é peça fundamental no sistema de produção. Cada vez que os empresários agregam
novos métodos para beneficiar as condições dos trabalhadores, estão aumentando produtividade e
qualidade, sem levar o trabalhador a morbidade (MIDORIKAWA, 2001).
Baseado nisso percebe-se que a falta de saúde bucal tem como conseqüências a baixa qualidade
de vida do trabalhador, queda de sua capacidade de trabalho e aumento do índice de acidentes de
trabalho.
A educação em saúde deve ser pensada como um processo capaz de desenvolver nas pessoas a
consciência crítica das causas reais dos seus problemas e, ao mesmo tempo, criar uma prontidão para
atuar no sentido da mudança. (PETRY e PRETTO, 1997).
Não existem valores palpáveis para aferirmos o número de dias perdidos de trabalho por razões
de absenteísmo odontológico quer seja a nível nacional, estadual e municipal. Não existe, portanto,
informações tanto a respeito do ônus econômico que tais faltas possam acarretar, como também no nível
de insatisfação do trabalhador pela quebra da binômio saúde-trabalho e para que se possa mudar essa
realidade é necessário que se alcance algum entendimento a respeito desse mal que atinge os
trabalhadores.
Assim, este trabalho objetiva revisar a literatura em busca de resultados e conclusões que
demonstrem os fatores causais do absenteísmo de causa odontológica e sua importância como problema
social e econômico para o país, avaliando as variáveis que o compõe na busca de soluções.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Hooper(1942) estudou o absenteísmo em indústrias americanas e afirmou que pelo menos 25% do
absenteísmo por doenças não ocupacionais está diretamente relacionado às condições bucais. O autor
também reforçou a relação entre infecções orais e doenças sistêmicas, citando trabalhos publicados pelo
Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos e pela Companhia Metropolitana de Seguro de Vida. O
autor discutiu a importância da profilaxia como forma de prevenção e afirmou que a preocupação com o
serviço odontológico na indústria deveria caber à direção da empresa, ao médico industrial, ao cirurgiãodentista privado e ao próprio trabalhador.
Kulstad(1945) observou nas indústrias americanas que grande número de ausências ao trabalho
decorria de problemas não-ocupacionais. Afirmou também que uma grande proporção do absenteísmo
por razões ocupacionais e não-ocupacionais era complicada e agravada por doenças bucais. Ele
comentou que sempre que um completo serviço de saúde, médico e dental, existia em uma indústria,
provas conclusivas mostravam que, controlando a infecção dental, obtinha-se uma importante redução do
absenteísmo. O autor preconizava a integração dos serviços odontológicos industriais ao programa de
saúde da empresa, aumentando a sua eficácia.
Medeiros & Bijella(1970), afirmaram que a cárie dental, pelo seu aspecto de ataque quase
universal, sua natureza insidiosa, com conseqüente perda do dente, antecedida por síndromes agudas
ou crônicas, constitui a causa direta de muitas enfermidades responsáveis pela perda de milhares de dias
de trabalho por ano. Eles relataram que um problema dentário não atendido, na sua evolução acarreta
um quadro clínico, que por sua vez traz graves conseqüências como a perda do dente, o abalo da saúde
e a diminuição da capacidade de trabalho nas fases agudas, dissipando tempo, produção e consumindo
boa parte das economias do trabalhador. Para os autores, um programa de assistência odontológica,
bem planejado, que vise melhorar o estado oral dos trabalhadores, contribuirá para melhorar a
capacidade produtiva dos mesmos.
Pimentel(1976) relatou que a dor de dentes ocupa o terceiro lugar entre as causas de falta ao
trabalho, perdendo apenas para a dor de estômago e para a dor de cabeça.
Reisine(1981), após analisar as considerações na formulação dos indicadores sociodentais,
encontrou que os homens apresentam-se mais incapazes por dor de dente e doenças na maxilamandibula, e glândulas salivares, enquanto que mulheres perdem o trabalho por outras condições como
doenças de tecido duro, desordens de erupção dentária, doença pulpar e doença gengival e periodontal.
Reisine(1984) em um estudo que busca correlacionar doenças bucais e perdas na produtividade
dos trabalhadores, entrevistou 2.527 trabalhadores e verificou que 25% destes relataram ter perdido
horas de trabalho por problemas dentais nos últimos doze meses, com uma média de 1,7 horas perdidas.
O autor relatou ainda que a prevalência e a magnitude das perdas produtivas por motivos buco-dentais
sofrem interação de diversos fatores, as quais possuem determinantes sociais. Ele concluiu que um
serviço preventivo pode promover uma relação custo-benefício favorável, implicando a redução dos
custos indiretos, da perda de tempo de trabalho e possibilitando a utilização dos dados registrados como
indicadores adjuntos para pesquisas odontológicas. Revelou ainda que quando o indivíduo, no caso das
doenças bucais, participa de um tratamento preventivo, isso diminui suas faltas com relação a
tratamentos curativos, ou seja, o serviço preventivo acarreta menos prejuízos à economia. Segundo o
autor, em suas pesquisas as visitas preventivas acarretam maior episódio de absenteísmo do trabalho
(62.8%), entretanto elas resultam em poucas horas perdidas.
Reisine & Miller (1985) desenvolveram um estudo longitudinal da perda de trabalho relacionada
com doenças dentais, e afirmaram que os dias de trabalho perdidos podem ser uma estatística
populacional útil na mensuração do estado de saúde oral por causa da alta prevalência das doenças
dentais. As autoras afirmaram que de 15 a 35% das amostras pesquisadas reportaram um ou mais
episódios de ausência do trabalho associada com condições dentais e/ou tratamentos odontológicos em
um ano. Este estudo analisou os efeitos das condições dentais no desempenho social, pela medida da
incidência de dias de trabalho perdidos associada com problemas dentais e tratamentos realizados em
um ano. O estudo longitudinal foi conduzido com uma amostra randomizada de 1.992 trabalhadores
adultos em Hartford, na área metropolitana de Connecticut. Os participantes foram entrevistados pelo
telefone, quatro vezes em um ano, e foram anotados os auto-relatos de falta ao trabalho por causa de
problemas dentais e visitas odontológicas. Os dados coletados continham informações sobre condições
sócio-demográficas, cuidados de saúde oral e estado da saúde oral. Os participantes foram
acompanhados durante um ano para se avaliar a incidência de dias de trabalho perdidos por condições
dentais. A amostra foi predominantemente de trabalhadores com menos de 45 anos (68%), homens
(60,2%), brancos (87,2%), casados (66,1%), com alto grau de escolaridade (91,5%), cobertos por seguro
odontológico (63%), beneficiados com licença para tratamento de saúde (80,3%) e que relataram boa ou
excelente saúde oral (79,3%). Na primeira entrevista, 33% declararam que tinham se ausentado do
trabalho para visitar o dentista no último ano. Durante o período de acompanhamento, 68% da amostra
reportou uma ou mais visitas ao dentista; 35% receberam serviços de prevenção; 41% foram tratados
com restaurações, coroas e profilaxia; 24% receberam serviços mais complexos como cirurgias
periodontais e exodontias. Os resultados finais mostraram que 26,4% da amostra reportou um episódio
de perda de trabalho por condições dentais durante um ano. A maioria dos trabalhadores (70,2%) relatou
ter perdido meio dia de trabalho ou menos, enquanto 13% declararam ter perdido mais do que um dia de
trabalho por causa de problemas dentais.
Diacov & Lima (1988) ao analisar atestados odontológicos emitidos por cirurgiões dentistas para
justificar faltas ao trabalho na Prefeitura Municipal de São José dos Campos(SP), encontraram o gênero
masculino como o que apresentou maior índice de absenteísmo, tendo este ocorrido principalmente na
faixa etária compreendida entre 20 e 30 anos.
Narvai(1994) em seu estudo afirma que no Brasil, o modelo de prática odontológica hegemônico
tem privilegiado historicamente a atenção individual, baseada no paradigma cirúrgico restaurador
Iniciativas no campo da saúde coletiva desenvolveram-se de forma subordinada, e quase exclusivamente
direcionadas a uma parcela da população escolar.
Baroni(1996) afirma que noites mal dormidas em decorrência da dor deixam as pessoas
desatentas, irritadas, fatigadas e impossibilitadas de exercerem suas atividades habituais. Os problemas
bucais constituem uma incapacidade da atividade produtiva, com efeitos sobre a capacidade de trabalho
e a qualidade de vida.
Duffy(1996) estudou a incidência de faltas ao trabalho por problemas odontológicos na Shell
(indústria de petróleo americana), no período de 1988 a 1994. Ele verificou que o absenteísmo por
motivos odontológicos se constituía um grave problema para a empresa, e que tal situação poderia ser
alterada com a implantação de programas de promoção de saúde bucal e educação em saúde bucal,
bem como tratamento das afecções já existentes e exames periódicos.
Ferreira(1997)em sua reportagem “Odontologia: essencial para a qualidade de vida”, veiculada
pela revista da APCD, abordou a presença da odontologia nas empresas e reforçou os benefícios que
dela advêm, como a diminuição do absenteísmo e a melhora na qualidade de vida dos funcionários.
Midorikawa(2000) descreve dois tipos de absenteísmo: o absenteísmo por falta ao trabalho e o
absenteísmo de “corpo presente”. O absenteísmo chamado tipo I (pela falta ao trabalho) é representado
pela falta pura e simples do empregado ao trabalho, sendo de fácil mensuração e custo calculado. Leva à
perda de produção das horas não trabalhadas. O absenteísmo tipo II (de corpo presente) é aquele em
que, apesar de não faltar ao trabalho, o trabalhador não desenvolve seu melhor desempenho, levando à
diminuição na sua produtividade e a ocorrência de acidentes de trabalho. Isso ocorre devido ao fato de o
trabalhador apresentar algum problema de saúde.
Midorikawa(2000) afirmou que o trabalhador que tem boas condições de saúde bucal pode
manifestar os seus sentimentos através do sorriso, desinibidamente ou com expressão extrovertida e
sociável. Em contrapartida, o trabalhador que tem problemas odontológicos sente dor, sofre desconforto,
sente-se esteticamente diminuído ou estressado e manifesta vários sinais e sintomas, que vão desde a
diminuição de atenção no trabalho (absenteísmo de corpo presente) até a falta ao trabalho
(absenteísmo), além de comportamentos sociais de tristeza, a inibição demonstrada pela vergonha de
sorrir e de falar em público e a falta de vontade de se relacionar com as outras pessoas.
Unfer & Saliba (2000) realizaram um estudo para avaliar o conhecimento popular e as práticas
cotidianas em saúde bucal de usuários de serviços públicos de saúde. A população estudada foi
selecionada a partir de uma amostra estratificada de usuários dos serviços públicos municipais de saúde
de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Foram entrevistadas 389 pessoas, com idade variando de 15 a 79
anos. Na observação das características pessoais e socioeconômicas da amostra verificou-se que as
faixas etárias predominantes situavam-se entre 21 a 31 anos (33,4%) e entre 31 a 40 anos (25,4%).
Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, 64,5% não tinham o ensino fundamental completo e
apenas 7,7% completaram o ensino médio. Em relação à renda mensal familiar, houve predominância da
faixa salarial entre um e três salários-mínimos (31,9%), enquanto 15,9% dos entrevistados situaram-se
na faixa salarial de até um salário-mínimo. Foi perguntado aos entrevistados sobre quais problemas
dentais (“cárie”, “dor de dente”, “problema de canal”, “obturação”, entre outros) e problemas periodontais
(“problema de gengiva”, “sangramento”, “tártaro” e outros) eles conheciam e sobre a percepção da
própria saúde bucal. Os problemas dentários foram mencionados por 64,5% dos entrevistados e os
problemas periodontais por 19,7%. No que diz respeito à percepção da própria saúde bucal, 45,7%
consideraram sua saúde regular, pois mencionaram apresentar algum tipo de necessidade (prótese,
tratamento de canal, cárie, problema de gengiva, visitar ao dentista) enquanto que 30% consideraram
sua saúde bucal boa. A análise mostrou que 64,7% dos entrevistados acreditavam que os dentes podem
durar a vida inteira, desde que se tomem atitudes como cuidar, tratar, ir ao dentista, enquanto que 30,8%
não acreditavam na durabilidade dos dentes
Lima (2001) com dados obtidos com funcionários da Prefeitura Municipal de São José dos
Campos e segurados do Instituto Nacional de Previdência Social – INAMPS – Regional de São José dos
Campos, concluiu que houve uma diferença estatisticamente significante, ao nível de 5%, quando
consideraram o gênero masculino em relação à faixa etária de 10 a 20 anos. Nas demais faixas etárias,
em ambos os gêneros, o autor não verificou uma diferença entre proporções estatisticamente
significante.
Streciwik & Lacerda (2001) realizaram um estudo transversal sobre a prevalência da dor orofacial
e a relação com o absenteísmo em trabalhadores da indústria metalúrgica e mecânica, do município de
Xanxerê, Santa Catarina. Cerca de 90% dos participantes que sentiram dor orofacial relataram um, dois
ou três tipos diferentes dela, no período de seis meses anteriores à pesquisa. O estudo verificou a
associação entre as variáveis socioeconômicas renda e escolaridade, sendo a baixa escolaridade e
renda familiar inferior ou igual a 2 salários mínimos diretamente relacionadas com maior intensidade de
dor orofacial.
Macfarlane et al. (2002) afirmaram que o custo econômico da dor orofacial para a sociedade inclui
custos diretos, como o custo para providenciar tratamento, e custos indiretos, como aqueles associados
com ausência ao trabalho e diminuição da produtividade no trabalho. Os resultados da pesquisa desses
autores, com 2.504 adultos do Reino Unido, mostraram que 17% faltaram ao trabalho ou estiveram
incapacitados para realizar atividades normais por causa da dor orofacial.
Mazzilli (2003) acrescenta que o absenteísmo tipo II caracteriza uma das principais causas de
baixa produtividade nas empresas públicas e privadas, sendo um dos relevantes fatores predisponentes
dos acidentes de trabalho.
O “Levantamento Epidemiológico de Saúde Bucal”, realizado pelo Departamento Nacional do
SESI, em 2000, confirmou que no Rio de Janeiro, 20% do absenteísmo na indústria decorreu de
problemas bucais (SESI, 2004).
Mazzilli (2004) em sua pesquisa, investigando a prevalência e o risco relativo dos afastamentos ao
trabalho por motivos odontológicos, obteve resultados mostrando que a faixa etária mais prevalente foi a
de 40 a 49 anos de idade (40,29%), seguida pela faixa de 30 a 39 anos de idade (27,46%); à faixa de 60
a 69 anos, coube o menor índice observado (2,83%). Outro resultado importante encontrado foi que a
faixa etária de maior risco relativo de solicitação de afastamento foi a de 20 a 30 anos, enquanto a de
menor risco relativo foi de 60 a 69 anos de idade.
Almeida & Vianna ( 2005) afirmaram que iniciativas no campo da saúde coletiva desenvolveram-se
de forma subordinada, e quase exclusivamente direcionadas a uma parcela da população escolar. A
tendência, que se tem observado, de mudanças no perfil demográfico e epidemiológico da população
sugere a necessidade de um olhar mais atento para novos e velhos problemas, que atingem com
especificidades os diferentes grupos etários. É nesse contexto que se busca ressaltar a importância da
observação da população adulta economicamente ativa, exposta, muitas vezes, não só aos fatores
etiológicos mais conhecidos das principais doenças bucais, mas também aos fatores de risco presentes
no ambiente de trabalho
Gushi et al.(2005) observou que a prevalência de cárie dentária no grupo de 15 a 19 anos de
idade foi de 90,4%, no Estado de São Paulo, 2002, demonstrando que a cárie dentária em adolescentes
ainda constitui um problema de saúde pública. A análise das variáveis gênero e etnia demonstrou que o
gênero masculino e os não brancos apresentaram piores condições em relação à cárie dentária.
Portanto, para o autor, o conhecimento da distribuição da cárie em adolescentes, identificando o grupo de
risco nesta faixa etária, bem como a necessidade de tratamento, pode auxiliar na priorização de uso dos
recursos, que são sempre aquém das necessidades, a fim de racionalizar tempo e recursos financeiros.
Yaedú (2005) associando a profissão com os tipos de lesões bucais relatados nos prontuários da
clínica de Estomatologia da FOB de 1993—2003, afirmou perceber uma deficiência da higiene bucal nos
trabalhadores, classificados por ele, como trabalhadores de manutenção e reparação, sendo isto um forte
indício de que existe a necessidade de educação em saúde bucal deste grupo. Os trabalhadores deste
setor mostram percepção de saúde bucal deficitária e a necessidade de cuidados odontológicos
preventivos.
3 DISCUSSÃO
Pimentel (1976), em consonância com outros autores como Hooper (1942), Kulstad (1945),
Medeiros & Bijella (1970), Duffy(1996), relatou que a dor de dentes ocupa importante posição quanto à
classificação das principais causas de falta ao trabalho.
A falta ao trabalho por motivo de doença (absenteísmo-doença) rompe o equilíbrio entre a saúde
do trabalhador e a produtividade, o que inviabiliza o desenvolvimento mercantil. No entendimento de
alguns autores o absenteísmo por motivo de saúde e absenteísmo-doença, compreendem episódios
distintos. O absenteísmo por motivos de saúde compreenderia as ausências decorrentes de problemas
de saúde próprios ou de dependente, como a procura pelo diagnóstico, assistência, terapia e
acompanhamento e, como tal, caracterizaria uma condição potencialmente questionável no tocante à
necessidade de interromper o exercício laborativo. No caso do absenteísmo-doença, a ausência seria
devido à falta de capacidade para exercer as atividades de trabalho em razão de doença ou lesão
acidental, configurando uma condição justa e necessária e, portanto, inquestionável.
Ao contrário do absenteísmo, no qual o colaborador se ausenta temporariamente do trabalho, no
absenteísmo tipo II, também é conhecido por “presenteísmo”, nele o trabalhador permanece fisicamente,
porém, mental e emocionalmente ausente por estar doente. Este colaborador dificilmente falta ao
trabalho, mas possui um baixo rendimento podendo causar prejuízo para a empresa e descontentamento
de seus clientes. Entre os sintomas mais comuns do “presenteísmo” estão as dores de cabeça, nas
costas, musculares, depressão, insônia e distúrbios gástricos, mas o principal é o estresse. A situação
pode perdurar por semanas ou meses. Com isso, a empresa perde produtividade e o colaborador,
tomado pelo desânimo, com nível de estresse alto, sofre as conseqüências físicas e emocionais,
podendo influenciar negativamente toda a equipe e até mesmo colocar a sua saúde em risco. Este é um
problema que ocorre atualmente dentro das empresas e que tem chamado a atenção daqueles que
atuam na área de Gestão de Pessoas conforme citado por Midorikawa(2000), Mazzilli (2003).
A má condição de saúde bucal pode provocar absenteísmo ou queda de produtividade em uma
empresa. O trabalhador que sofre com uma dor de dente, por exemplo, não só perde a concentração,
facilitando a ocorrência de acidentes e erros técnicos, como também altera seu humor e comportamento.
Irritadiço, o funcionário fica mais propenso à intolerância e à discussão, prejudicando o relacionamento
interpessoal, além dos problemas acarretados pela doença a automedicação tende a piorar a situação,
ocultando os sintomas pode agravar a patologia, também concorrendo para acidentes do trabalho, devido
aos diversos efeitos colaterais dos medicamentos, dentre eles a depressão do sistema nervoso central.
Apesar da maioria dos autores considerarem o absenteísmo de corpo presente de ocorrência
rotineira, especialmente quanto às causas odontológicas este, continua desconhecido e de difícil
mensuração. Neste sentido o presente trabalho vem reforçar a importância de estudos, programas e
condutas que contribuam para diminuição da presença precária no local de trabalho.
Os autores estudados são unânimes em ressaltara a importância da profilaxia como forma de
prevenção e que a preocupação com o serviço odontológico na indústria deveria caber à direção da
empresa, ao médico industrial, ao cirurgião-dentista privado e ao próprio trabalhador; ressaltando que a
integração dos serviços odontológicos industriais ao programa de saúde da empresa, aumentando a sua
eficácia.
Reisine(1984)observou em suas pesquisas que as visitas preventivas acarretam maior episódio de
absenteísmo do trabalho (62.8%), entretanto elas resultam em poucas horas perdidas, o que está em
acordo com os achados de Reisine & Miller (1985), nos quais verificaram que o alto número de visitas ao
dentista, associado ao fato de já ter faltado ao trabalho anteriormente, ser jovem e pertencer à alta classe
social, evidenciando um modelo preventivo que se torna menos oneroso e traduz-se por uma melhor
qualidade de vida.
Narvai(1994) em seu estudo afirma que no Brasil, o modelo de prática odontológica hegemônico
tem privilegiado historicamente a atenção individual, baseada no paradigma cirúrgico restaurador,
iniciativas no campo da saúde coletiva desenvolveram-se de forma subordinada, e quase exclusivamente
direcionadas a uma parcela da população escolar afirmações essas em acordo com as feitas por Almeida
& Vianna ( 2005).
Oliveira (1997) escreveu que as novas formas de organização do trabalho, no Brasil, baseadas no
modelo japonês de gestão, traduzem-se pela implantação de Programas de Qualidade Total que
modificam as relações de trabalho. Como a definição de qualidade humana depende da subjetividade de
cada um, hoje, tornar-se independente, satisfazer suas necessidades, para a maioria dos trabalhadores;
ter qualidade de vida, está relacionado com o fato de se ter saúde o que se completa com as
observações de Reisine & Miller (1985) nas quais, a nova postura de mercado de trabalho deve
incentivar que as horas de tratamento odontológico sejam expandidas além do horário de trabalho dos
funcionários das indústrias; reestruturar os benefícios dos seguros de saúde, estimular o uso de serviços
odontológicos de prevenção e promover o estabelecimento de clínicas odontológicas nos locais de
trabalho, facilitando o acesso para os trabalhadores.
Alguns autores correlacionam o absenteísmo à variáveis como: gênero, faixa etária, nível sócio
econômico e escolaridade. Diacov & Lima (1988) encontraram o gênero masculino como o que
apresentou maior índice de absenteísmo, tendo este ocorrido principalmente na faixa etária
compreendida entre 20 e 30 anos este dado também verificado por Lima (2001), Gushi et al.(2005)
,Mazzilli (2004). Unfer & Saliba (2000) em consonância com os achados de Streciwik & Lacerda (2001)
verificaram a associação entre as variáveis socioeconômicas renda e escolaridade sendo, a baixa
escolaridade e a renda familiar diretamente relacionadas com maior intensidade de dor orofacial.
Reisine(1984) assim como, Yaedú (2005) concluíram que um serviço preventivo pode promover
uma relação custo-benefício favorável, implicando a redução dos custos indiretos, da perda de tempo de
trabalho e possibilitando a utilização dos dados registrados como indicadores adjuntos para pesquisas
odontológicas já que, conforme afirma LIMA(2001), não há valores palpáveis para aferirmos o número de
dias perdidos de trabalho por razões de absenteísmo odontológico e a falta de dados a respeito do
absenteísmo odontológico implica, sem dúvida alguma, em nada se saber do comportamento do
trabalhador nesse sentido. Não existem, portanto, informações objetivas tanto a respeito do ônus
econômico que tais faltas possam acarretar, como também em relação à insatisfação do trabalhador pela
quebra do binômio saúde-trabalho.
Levantamentos epidemiológicos recentes mostram a gravidade do quadro epidemiológico da
população adulta brasileira. Isso decorre da limitada atenção odontológica oferecida a essas pessoas, já
que o modelo hegemônico de prática odontológica, historicamente consolidado no Brasil, privilegiou a
atenção individual, e restringiu as práticas de saúde bucal coletiva à parcela escolar da população. Os
trabalhadores, particularmente do setor industrial, constituem um grupo da população adulta cuja
condição de realização do trabalho favorece a implantação de programas de atenção à saúde bucal,
considerando as associações potenciais entre determinadas exposições ocupacionais e alterações
bucais, e considerando também a constatação da necessidade de assistência odontológica aos
trabalhadores, programas de atenção à saúde bucal voltados para essa população devem ser cada vez
mais incentivados e desenvolvidos, tendo como base o conhecimento epidemiológico, uma vez que
muitos são os exemplos de programas implantados em fábricas/empresas bem-sucedidos e capazes de
promover a redução da incidência de doenças e a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.
Tendo em vista o ingresso anual nas fileiras do exército de um grande número de soldados do
efetivo variável, estes em grande parte de nível sócio econômico baixo e com baixa escolaridade, a
importância desse trabalho reside em estimular a criação de um programa preventivo de atenção
odontológica inserido no período básico de instrução desses soldados. Os benefícios serão diretos na
saúdes desses indivíduos e para a melhor capacidade produtiva desses junto à instituição exército e
indiretos pois esses elementos serão multiplicadores dentro de suas famílias e comunidades.
4 CONCLUSÃO
Diante da avaliação dos dados apresentados nos diversos trabalhos constantes na literatura e do
confrontamento dessas informações chegou-se às seguintes conclusões:
1. Embora o absenteísmo do tipo I seja de grande importância para o mercado de trabalho por
representar custos diretos e redução na produção, o absenteísmo tipo II merece atenção
especial por ser de difícil mensuração e ser ainda o responsável por grande parte dos
acidentes e por precárias condições de trabalho.
2. Enquanto trabalhadores de alto nível sócio-econômico se ausentam do trabalho algumas horas
no ano para consultas preventivas, os de precária condição sócio-econômica sofrem com os
agravos de sua condição odontológica e têm que se submeter a tratamentos mais complexos e
demorados ou mutiladores.
3. Ao avaliar os números obtidos em diversos trabalhos da literatura percebe-se que quanto aos
agravos da condição de saúde oral que podem levar ao absenteísmo, a maioria deles esta
relacionada a uma baixa escolaridade e baixa renda, demonstrando que a condição sócioeconômica é um fator relevante a ser observado.
4. Trabalhadores que faltam ao trabalho em virtude de consultas odontológicas de rotina têm um
número muito menor de horas de trabalho perdidas e uma melhor produtividade comparada
àqueles que se ausentam em casos de emergência, os quais incorrem em absenteísmo tipo I e
II.
5. A deficiente percepção da própria condição de saúde oral entre os trabalhadores reflete a
carência de programas preventivos e de educação em saúde oral.
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