MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DO CONDICIONAMENTO FÍSICO DO CAVALEIRO ATLETA – O ANTES E O DEPOIS DO TRABALHO MONTADO por Renato Paulino Senna dos Santos – 2º Ten PMERJ Rio de Janeiro 2005 MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DO CONDICIONAMENTO FÍSICO DO CAVALEIRO ATLETA – O ANTES E O DEPOIS DO TRABALHO MONTADO por Renato Paulino Senna dos Santos – 2º Ten PMERJ Monografia apresentada à Escola de Equitação do Exército como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Equitação. ORIENTADOR: Jader Roger Severo Delmorá – Cap Cav Rio de Janeiro 2005 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família, minha razão de existir, e principalmente à minha noiva, amiga, irmã, mãe e companheira, Renata, que me ensina todos os dias a viver. AGRADECIMENTO Ao Oficial Orientador deste trabalho, Cap Cav Jader Roger Severo Delmorá pela orientação e paciência. Aos demais Oficiais Alunos do Curso de Instrutor de Equitação – 2005 pela amizade e constante ajuda e incentivo durante o desenvolvimento do trabalho. À minha noiva Renata Nogueira pelo fornecimento do material, do conhecimento na área de Educação Física e Informática e pela compreensão da minha ausência em alguns momentos. LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – Aproximação do Obstáculo..........................................................................12 FIGURA 02 – Batida............................................................................................................13 FIGURA 03 – Elevação e passagem do ante-mão...............................................................13 FIGURA 04 – Planar............................................................................................................14 FIGURA 05 – Descida.........................................................................................................14 FIGURA 06 – Recepção.......................................................................................................15 FIGURA 07 – Pescoço e cabeça..........................................................................................17 FIGURA 08 – Articulação do cúbito...................................................................................19 FIGURA 09 – Ação concêntrica..........................................................................................21 FIGURA 10 – Ação estática.................................................................................................22 FIGURA 11 – Ação excêntrica............................................................................................23 FIGURA 12 – Freqüência cardíaca......................................................................................24 FIGURA 13 - Tendinite.......................................................................................................28 FIGURA 14 – Alongamento e flexionamento.....................................................................29 FIGURA 15 – Tabela comparativa......................................................................................30 FIGURA 16 – Estiramento...................................................................................................32 FIGURA 17 – Soltura...........................................................................................................33 SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................................09 CAPÍTULO 1 – O HIPISMO CLÁSSICO...........................................................................10 1.1 A Origem e Histórico do Hipismo.................................................................................10 1.2 O salto.............................................................................................................................11 1.2.1 Aproximação do Obstáculo......................................................................................12 1.2.2 Batida........................................................................................................................12 1.2.3 Elevação e passagem do ante-mão...........................................................................13 1.2.4 Planar........................................................................................................................13 1.2.5 Descida.....................................................................................................................14 1.2.6 Recepção..................................................................................................................15 CAPÍTULO 2 – AS ESTRUTURAS DO CORPO..............................................................16 2.1 O Sistema Esquelético e Articular.................................................................................16 2.1.1 Cabeça e pescoço.......................................................................................................16 2.1.2 Tronco.......................................................................................................................17 2.1.3 Membros Superiores..................................................................................................18 2.1.4 Punhos e Mãos..........................................................................................................19 2.1.5 Quadril......................................................................................................................19 2.1.6 Joelho........................................................................................................................20 2.1.7 Pernas.......................................................................................................................20 2.1.8 Tornozelos e Pés.......................................................................................................20 2.2 O Sistema Muscular...................................................................................................20 2.3 O Sistema Cardiorrespiratório....................................................................................23 CAPÍTULO 3 – LESÕES E FADIGAS MAIS COMUNS..................................................26 3.1 Dor Muscular..................................................................................................................26 3.1.1 Dor Muscular Aguda................................................................................................26 3.1.2 Dor Muscular de Início Retardado...........................................................................26 3.2 Fadiga.........................................................................................................................27 3.3 Contratura...................................................................................................................27 3.4 Tendinite.....................................................................................................................28 CAPÍTULO 4 – TÉCNICAS DE EXERCÍCIOS.................................................................29 4.1 Alongamento e Flexionamento......................................................................................29 4.1.1 Alongamento............................................................................................................31 4.1.2 Flexionamento..........................................................................................................33 4.2 Condicionamento Muscular.......................................................................................34 4.2.1 Treinamento de Força Isométrico.............................................................................35 4.2.2 Pliometria.................................................................................................................35 4.2.3 Treinamento Excêntrico...........................................................................................35 4.2.4 Treinamento com Estimulação Elétrica...................................................................35 4.2.5 Pesos Livres..............................................................................................................36 CAPÍTULO 5 – ANÁLISE DOS POSSÍVEIS GANHOS...................................................37 5.1 Profilaxia de Lesões......................................................................................................37 5.2 Melhora no Desempenho...............................................................................................38 CAPÍTULO 6 – PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS..........................40 6.1 Antes e depois de montar..............................................................................................40 6.2 Quadro de trabalho semanal...........................................................................................40 ANEXO I – Alongamento “A”............................................................................................41 ANEXO II – Alongamento “B”...........................................................................................42 ANEXO III – Alongamento “C”..........................................................................................43 ANEXO IV – Grupamentos específicos..............................................................................44 ANEXO V – Grupamentos auxiliares..................................................................................45 CONCLUSÃO......................................................................................................................46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................47 RESUMO Este trabalho tem por objetivo propor um programa de exercícios específicos, visando o desenvolvimento e manutenção do condicionamento físico do atleta de equitação. No primeiro capítulo, o hipismo é apresentado como uma modalidade esportiva da equitação, no capítulo seguinte são apontadas as estruturas do corpo do atleta que mais se destacam na prática do salto. No terceiro capítulo verifica-se quais os maiores problemas físicos apresentados pelo cavaleiro e no quarto capítulo, são selecionadas algumas técnicas de exercícios mais utilizadas atualmente. Posteriormente é feito uma análise dos possíveis ganhos com a utilização de tais exercícios. Finalmente é exposta uma proposta de um programa de exercícios específicos para o atleta de equitação, e conclui-se sobre questionamentos surgidos durante a pesquisa. ABSTRACT This work has for objective to consider a program of specific exercises, aiming at the development and maintenance of the physical conditioning of the riding athlete. In the first chapter, the hipismo is presented as a esportiva modality of the riding, in the following chapter is pointed the structures of the body of the athlete that more if detach in the practical one of the jump. In the third chapter one verifies which the biggest physical problems presented by the knight and in the room chapter, techniques of exercises are selected some more used currently. Later an analysis of the possible profits with the use of such exercises is made. Finally it is displayed a proposal of a program of specific exercises for the riding athlete, and is concluded on questionings appeared during the research. INTRODUÇÃO O Hipismo Clássico é uma modalidade esportiva eqüestre que representa uma atividade física complexa, na qual é necessário o perfeito entrosamento do cavaleiro e seu cavalo. Na maior parte das vezes, as atenções e esforços estão direcionadas ao cavalo. Porém é importante ressaltar que uma série de movimentos executados pelo animal devem ser acompanhados e amortecidos pelo atleta, além das ajudas necessárias que o cavaleiro fornece através das pernas, mãos e peso do corpo. Para isso um bom condicionamento físico do praticante é fator preponderante para um bom desempenho da atividade. No entanto, pouco material impresso discorre diretamente sobre a preparação física do cavaleiro. O objetivo do presente trabalho é proporcionar ao praticante da equitação esportiva referencial teórico, baseado em pesquisa, que lhe permitam elaborar um treinamento físico, visando a aquisição e manutenção de seu condicionamento. Para isso será feito uma análise dos tempos e gestos de salto, afim de desmembrar a mecânica dos movimentos executados e identificar as estruturas e sistemas envolvidos e mais sobrecarregados durante a prática da equitação. Após a identificação dos problemas mais comuns, relacionados à parte física dos cavaleiros e dos exercícios normalmente realizados, serão analisados os possíveis ganhos com a prática de uma rotina de exercícios específicos para o atleta de hipismo. Ao final do trabalho será apresentado uma proposta de um programa de atividades físicas visando o desenvolvimento e a manutenção do condicionamento do atleta de equitação. Com este programa, o cavaleiro interessado poderá trabalhar suas deficiências, intensificando os exercícios ou apenas manter seu condicionamento, transformando-os em uma rotina. CAPITULO 1 – O HIPISMO CLÁSSICO 1.1 Origem e Histórico do Hipismo O hipismo clássico teve origem nas famosas caçadas que os ingleses realizavam pelos campos, onde era necessário transpor obstáculos naturais para alcançar as raposas. Já no séc. XIX, teve-se a idéia de tentar reproduzir as antigas caçadas, porém em um ambiente bem menor. A partir daí, foram criados obstáculos semelhantes àqueles encontrados nos campos. E assim, se originaram as provas de salto, que com o tempo foram sofrendo diversas variações e divisões em categorias, de acordo com os níveis de cavaleiros e cavalos (FREITAS FILHO). No Brasil, a utilização do cavalo foi introduzida pelos portugueses, no trabalho da lavoura e posteriormente na marcha rumo ao oeste, encontrando condições ideais para seu desenvolvimento e reprodução no sul do país (FERREIRA). A utilização do cavalo de forma esportiva, no entanto, teve início na região norte, dominada pelos holandeses, conforme Ferreira. Foi no Torneio de Cavalaria - inquestionavelmente o marco do início da equitação desportiva no País - , realizado em abril de 1641 pelo governador-geral, príncipe Maurício de Nassau, em Cidade Maurícea, Pernambuco. Participaram da competição cavaleiros holandeses, franceses, alemães e ingleses de um lado e do outro, portugueses e brasileiros. Como que antevendo o resultado da luta vitoriosa poucos anos depois contra os invasores holandeses, nas batalhas dos Guararapes, os portugueses e brasileiros foram os vencedores. Nos séculos XVIII e XIX, no eixo Rio - São Paulo, eram comum as cavalgadas e os torneios esportivos nãooficiais (corridas, simulações de combate e disputas com lança e espada contra bonecos de palha). Grandes fazendeiros e aristocratas participavam principalmente de corridas rasas, ”nas areias da praia de Botafogo, em hora que a maré permitia”, descreve a Gazeta do Rio de Janeiro, de 25 de maio de 1814. Essas competições eram apreciadas pela nobreza e, freqüentemente, de acordo com o Diário Fluminense, de 31 de julho de 1825, podia-se encontrar na platéia os jovens imperadores D. Pedro I e sua esposa D. Maria Leopoldina. Somente em meados do século XIX as corridas rasas passaram a ser disputadas oficialmente, com a criação, em 6 de março de 1847, do Clube de Corridas, que teve como primeiro presidente Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias. Por reconhecer a importância do cavalo como arma de guerra, o governo - por iniciativa de Caxias procurou melhorar a criação nacional, importando da Europa garanhões puro sangue inglês (PSI). O fato estimulou ainda mais a realização de corridas e motivou a fundação do Jockey Clube Fluminense, em 9 de junho de 1854. Em São Paulo, outra personalidade incentivava as corridas no campo da Luz: a marquesa de Santos, que descobrira o ancestral prazer de montar a cavalo em 1830. O campo da Luz deu origem, em 1875, ao Clube de Corridas Paulistano, que mais tarde passou a se chamar Jockey Club da Moca, o percursor do Jockey Club de São Paulo. 1.2 0 Salto Segundo o Artigo 234 do Regulamento de Saltos da FEI, as velocidades para as competições internacionais são: mínimo de 350m e máximo 400m por minuto. Em pistas “Fundoor” a velocidade pode ser reduzida para 325m por minuto; em provas de Potência e Destreza , não é exigida velocidade mínima; em Grande Prêmio, 375m por minuto no mínimo e 400m por minuto no máximo para provas ao ar livre e 350m por minuto para “Indoor”; na Copa das Nações***** e **** ao ar livre, 400m por minuto e 350m por minuto para Copa das Nações** e * e “Indoor”. Para tanto é necessário estar na andadura galope. Esta andadura se caracteriza por ser a três tempos e basculada, ou seja, possui um movimento de subida e descida do pescoço do cavalo que deve ser acompanhado pelo cavaleiro, se utilizando da ação elástica dos cotovelos. De acordo com a Apostila de Salto D5 da Escola Equitação do Exército (EscEqEx), podemos destacar quatro movimentos rápidos e inversos do cavalo, durante a execução do salto: 1. Elevação do pescoço na batida; 2. Abaixamento do pescoço durante a passagem dos anteriores; 3. Elevação do pescoço durante a passagem dos posteriores; 4. Abaixamento do pescoço na recepção ao solo. Esses movimentos são essenciais para a execução de um bom salto e para isso a tensão que o cavaleiro dá às rédeas deve se limitar ao contato com a boca, permanecendo o cavalo na mão e tenso na extremidade da rédea. O manual de salto D5 da Escola de Equitação do Exercito apresenta seis momentos do salto: 1.2.1 Aproximação do obstáculo O cavaleiro deve apoiar o calcanhar à saliência do ventre, colocar-se em suspensão flexível e levar a bacia, progressivamente, para frente, próximo ao cepilho, evitando apertar os joelhos. Seus ângulos articulares devem se abrir, acomodando a bacia, ao mesmo tempo em que desce o máximo que pode sobre os calcanhares. A coluna vertebral deve ser alongada para frente, agindo por meio dos calcanhares. Os cotovelos permanecem elásticos, os braços com tendência a se alongarem , e as mãos cedem, mantendo o contato e abaixando-se para dar mais liberdade de funcionamento do rim do cavalo. Figura 01 – Aproximação Fonte: Apostila de Salto - EsEqEx, 2005, P19. 1.2.2 Batida Neste momento, o joelho e a bacia devem deslizar para frente, acompanhando os efeitos da inércia ocasionados pelo engajamento acentuado do cavalo. A aderência dos calcanhares e o ponto de apoio que a panturrilha encontra na elevação do ventre do cavalo, permitem ao cavaleiro tomar o avanço necessário e conservar-se na sela, mesmo em caso de refugo brusco. Figura 02 – Batida Fonte: Apostila de Salto - EsEqEx, p. 19. 1.2.3 Elevação e passagem do ante-mão O cavaleiro deve colocar o alto do corpo na trajetória do salto, permitindo ao cavalo projetá-lo, elevando-se por cima do obstáculo. Figura 03 – Elevação e passagem do ante-mão Fonte: Apostila de Salto - EsEqEx, p.19. 1.2.4 Planar O cavaleiro permanece inclinado e em equilíbrio na região do cepilho, evitando abandonar o contato dos calcanhares e curvar o dorso. Figura 04 – Planar Fonte: Apostila de Salto – EsEqEx, p. 19. 1.2.5 Descida Durante o movimento de báscula o cavalo desce mais rapidamente que o cavaleiro. Este, ligado pelos calcanhares, atraído para baixo, deixa-se desdobrar (abertura dos ângulos articulares). O movimento deve ser da bacia e não dos membros. Bacia e joelhos devem ser impelidos para a frente e para a baixo, a fim de acelerar sua descida e acompanhar o cavalo. A elevação do ventre atrás da bota fornece ao cavaleiro o ponto de apoio necessário à execução desse movimento de bacia. Figura 05 – Descida Fonte: Apostila de Salto – EsEqEx, p.19. 1.2.6 Recepção O cavaleiro termina o salto em suspensão flexível, em equilíbrio sobre o cepilho, como estava antes do salto. O funcionamento dos seus ângulos articulares subtrai o peso de sua massa aos esforços da recepção do cavalo. Figura 06 – Recepção Fonte: Apostila de Salto – EsEqEx, p. 19. CAPÍTULO 2 – AS ESTRUTURAS DO CORPO O Hipismo Clássico, assim como a maioria dos esportes, exige que seus praticantes tenham cuidados especiais com sua saúde, uma vez que todo o corpo, seus órgãos e sistemas estão envolvidos em uma atividade física intensa. Neste capítulo, serão estudados os sistemas que mais se destacam durante a prática da equitação. 2.1 O Sistema Esquelético e Articular Para estudarmos estes sistemas faremos a seguinte divisão: a) Cabeça e pescoço b) Tronco c) Membros superiores d) Punhos e mãos e) Quadril f) Joelhos g) Pernas h) Tornozelos e pés 2.1.1 Cabeça e Pescoço O crânio está ligado à coluna vertebral através da região cervical que é formada por sete vértebras do pescoço, o que permite uma ampla mobilidade e possibilita movimentos para trás, para frente e de rotação, além de contribuir para a orientação espacial. Segundo REGO, apud Freitas (2000): A cabeça deve se manter sempre aprumada, executando, ocasionalmente, leves rotações. A posição correta: altiva e voltada para frente, resultam da contração isométrica da musculatura local, isto é, contração muscular sem movimentação de segmento. (p.42) Figura 07 – Pescoço e cabeça Fonte: Novo Atlas do Corpo Humano, p.44 . 2.1.2 Tronco O tronco é composto pelo tórax e pelo abdome e suas respectivas cavidades que envolvem e protegem os órgãos internos. A estrutura de ossos e cartilagens da coluna, disposta em curvaturas permitem que o homem se mantenha em posição vertical, ajudam a manter o equilíbrio do corpo e reduzem o impacto dos golpes durante a movimentação. Freitas(2000) nos apresenta duas diferentes formas em que o tronco pode se dispor, durante a prática da equitação: Dependendo da modalidade, o tronco assume diversas posições, todavia duas são básicas: postura ereta ou em flexão e extensão. Na primeira, a de postura ereta, que predomina no Adestramento, há uma contração estática de seus grupos musculares, ocorrendo um trabalho isotérico (contração muscular sem movimentação do segmento) que abrange também parte da musculatura do pescoço. A Segunda posição, em flexão e extensão, assumida por ocasião de um salto ou de uma partida de Pólo (onde ocorre também à rotação lateral do tronco), é mais fatigante, embora perdure por frações de segundos. Além disso, há um trabalho de alongamento e encurtamento da musculatura posterior, anterior e lateral do tronco, numa região onde está inserida grande parte da coluna vertebral. (p.43) 2.1.3 Membros Superiores O ombro é formado pela clavícula, pela escápula e pelo úmero, cuja articulação é a que possui maior mobilidade. Os dois ossos do antebraço (rádio e ulna) são ligados ao braço por uma articulação do cúbito. Segundo Freitas (2000) citando Rego: Na equitação acadêmica, estes segmentos assumem uma posição flexionada , em torno de 90º, na articulação do cúbito (trabalho muscular estático), enquanto que no salto, na transposição de obstáculos, os membros superiores executam também a extensão (trabalho muscular dinâmico). (p.45) Figura 08 – Articulação do cúbito Fonte: Novo Atlas do Corpo Humano, p.44. 2.1.4 Punhos e Mãos O punho é composto pelos oito ossos do carpo, que se ligam aos metacarpos e estes às falanges, compondo a mão. Segundo Freitas (2000, p.46), na prática eqüestre, há um trabalho muscular específico tanto para a fixação do punho, como para a apreensão das rédeas (trabalho isométrico). 2.1.5 Quadril Todos os movimentos do quadril são realizados por uma única articulação, a coxofemural que está bem encaixada à cavidade da pelve, se ligando à região lombar da coluna vertebral. Kapandji (1987) descreve: A coxo-femural é, portanto, dotada de uma menor amplitude de movimento - compensada, de uma certa forma, pela coluna lombar - mas contrariamente, ela é mais estável – é a articulação mais difícil de ser luxada de todo o corpo. Essas características do quadril são condicionadas pela função de suporte do peso do corpo e de locomoção assumida pelo membro inferior.(p.12) 2.1.6 Joelho Segundo Kapandji (1987,p.74), o joelho é a articulação intermediária do membro inferior que possui um grau de liberdade, a flexão – extensão e trabalha essencialmente em compressão, sob a ação da gravidade. 2.1.7 Pernas Segundo Rego, apud Freitas(2000): Este segmento é de vital importância para a fixidez do cavaleiro, na impulsão, nas mudanças de direção e nas andaduras do cavalo. O trabalho desenvolvido pelos músculos dessa região é estático (isométrico), com contrações alternadas ao pressionar os flancos do animal.(p.48) 2.1.8 Tornozelos e Pés O tornozelo é a articulação distal do membro inferior, muito “fechada” que suporta a totalidade do peso do corpo, aumentada pela energia cinética imposta pelos movimentos do cavalo e do cavaleiro. Segundo Freitas (2000): “A flexão dorsal do pé é facultada pela posição de flexão do joelho, uma vez que há uma menor tensão no músculo posterior da perna (gastrocêmico).” (p.49) 2.2 O Sistema Muscular Existem três tipos de músculos que desempenham funções diferentes. São eles: • Liso – involuntário, não está sob o controle consciente. • Cardíaco – encontrado apenas no coração. • Esquelético – voluntário, responsável pelos movimentos do esqueleto e, portanto, o que será nosso alvo de estudo. “Todos os movimentos humanos, do piscar de olhos à corrida em uma maratona, dependem do funcionamento adequado do músculo esquelético.” (WILMORE e COSTILL, 2001) Os músculos podem ser classificados quanto a sua função como agonista, quando é agente principal na execução de um movimento; antagonista, quando se opõe ao trabalho de um agonista, para regular a rapidez ou a potência da ação deste; ou sinergista, quando atua no sentido de eliminar algum movimento indesejado, que poderia ser produzido pelo agonista. (DANGELO e FATINNI, 2003) Os movimentos musculares podem ser classificados como concêntrico, estático ou excêntrico, de acordo com seu tipo de ação. Em diversas atividades é possível a ocorrência dos três tipos. Por questões de clareza, serão examinados separadamente. Ação Concêntrica é a ação principal de um músculo, seu encurtamento. Por ocorrer o movimento articular è considerada uma ação dinâmica. Figura 09 – Ação concêntrica Fonte : WILMORE e COSTIL, 2001, p. 47 Ação Estática é quando os músculos atuam sem movimento, gera força mas seu comprimento permanece inalterado. È também chamada de Isométrica. Não ocorre alteração do ângulo articular, sendo considerada uma ação estática. Figura 10 – Ação estática Fonte: WILMORE e COSTILL, 2001, p. 47. Ação Excêntrica é quando os músculos exercem força mesmo quando estão alongando. É considerada uma ação dinâmica, uma vez que também gera o movimento articular. Figura 11 – Ação excêntrica Fonte: WILMORE e COSTIL, 2001, p. 47. 2.3 O Sistema Cardiorrespiratório Durante o exercício, ocorre o aumento da necessidade de oxigênio nos músculos ativos, bem como há a utilização de uma quantidade maior de nutrientes. O metabolismo é acelerado e , por conseqüência, ocorre uma maior produção de detritos metabólicos. No exercício intenso, a concentração de H+ aumenta nos músculos e no sangue, baixando seu pH.( Wilmore e Costill, 2001) É um dos parâmetros mais simples e que mais fornece informações cardiovasculares, refletindo a quantidade de trabalho que o coração deve realizar para suprir as demandas aumentadas durante a realização dos exercícios. Para fazermos tal análise devemos comparar a freqüência cardíaca em repouso e durante o exercício. Wilmore e Costill (2001) nos apresentam esta comparação da seguinte forma: Em média a freqüência cardíaca em repouso é de 60 a 80 batimentos/min. Em indivíduos de meia idade, não-condicionados e sedentários, a freqüência cardíaca em repouso pode ultrapassar 100 batimentos/min. Em atletas treinados em endurance e altamente condicionados, foram descritas freqüências cardíacas em repouso de 28 a 40 batimentos/min. A freqüência cardíaca de repouso tipicamente diminui com a idade. Ela também é afetada por fatores ambientais. Por exemplo, ela aumenta nos extremos de temperatura e altitude. Antes do início do exercício, a sua freqüência cardíaca préexercício geralmente aumenta bem acima do valor de repouso normal. Isso é denominado resposta antecipatória. [...] A freqüência cardíaca préexercício não deve ser utilizada estimativa de freqüência cardíaca de repouso.(p. 223) Quando você começa a se exercitar, a sua freqüência cardíaca aumenta em proporção direta ao aumento da intensidade do exercício (ver figura 12), até você se encontrar próximo ao ponto de exaustão. Figura 12 – Freqüência cardíaca Fonte: WILMORE e COSTILL, 2001, p. 224. Quanto mais próximo a este ponto, maior é a tendência da freqüência cardíaca se estabilizar, indicando, assim que você está próximo do valor máximo. A freqüência cardíaca máxima (FCmáx) é o valor mais elevado que se pode atingir num esforço máximo até o ponto de exaustão. A Fcmáx pode ser estimada tomando por base a idade, pois apresenta uma diminuição discreta, porém constante, de aproximadamente um batimento por ano, e que começa entre os 10 e 15 anos de idade. A subtração de sua idade por 220 fornece uma idéia aproximada de sua freqüência cardíaca máxima média. (WILMORE e COSTILL, 2001). Quando a taxa de trabalho é mantida constante, em níveis submáximos de exercício, a freqüência cardíaca aumenta rapidamente até estabilizar. Neste ponto ela é chamada de freqüência cardíaca do estado estável e é a ideal para suprir as demandas circulatórias de uma determinada taxa de trabalho. (WILMORE e COSTILL, 2001) CAPÍTULO 3 – LESÕES E FADIGAS MAIS COMUNS 3.1 Dor Muscular A dor muscular é freqüentemente apresentada ao executarmos exercícios intensos. Ela pode se apresentar durante os estágios finais e no período de recuperação imediato a uma sessão de exercício; 12 a 48 horas após uma sessão de exercício extenuante ou em ambos os períodos. 3.1.1 Dor Muscular Aguda A dor sentida durante e imediatamente após o exercício pode ser resultante do acúmulo de detritos metabólicos decorrentes do exercício, o que gera o aumento da concentração de H+ nos músculos e no sangue, baixando seu pH. Essa dor e esse desconforto geralmente levam alguns minutos ou horas para desaparecer. (Wilmore e Costill, 2001) 3.1.2 Dor Muscular de Início Retardado Existem diversas teorias que tentam explicar a dor sentida um ou dois dias após uma sessão de exercício, porém nenhuma delas tem aceitação mundial. Quase todas as teorias atuais entendem que a ação excêntrica é o principal indicador da Dor Muscular de Início Retardado (DMIR) e está associada a uma lesão real, como descreve Wilmore e Costill (2001): A presença de enzimas musculares no sangue após um exercício intenso sugere que pode ocorrer uma lesão estrutural nas membranas musculares. Foi descrito que a concentração dessas enzimas aumentam de duas a dez vezes acima das concentrações normais após sessões de exercício intenso. Estudos recentes defendem a idéia de essas alterações poderiam indicar vários graus de ruptura do tecido muscular. O exame de tecido muscular da perna de maratonistas revelou lesões acentuas das fibras musculares tanto após o treinamento quanto após a competição da maratona. O início e o período dessas alterações musculares são proporcionais ao grau de dor muscular apresentada pelos corredores. (p. 97) Segundo Wilmore e Costill (2001) acompanhada da DMIR, apresenta-se uma redução da capacidade de geração de força dos músculos afetados. No decorrer de dias ou semanas, ocorre a recuperação gradual da capacidade de geração de força. 3.2 Fadiga “Normalmente, utilizamos o termo fadiga para descrever as sensações gerais de cansaço e a concomitante redução do desempenho muscular.” (WILMORE e COSTILL, 2001) Diversos fatores contribuem para causar a fadiga, não devendo ser considerados isoladamente, quase sempre envolvem os sistemas energéticos, o acúmulo de subprodutos metabólicos, o sistema nervoso e a falha do mecanismo contrátil das fibras musculares. 3.3 Contratura A contratura pode ser gerada por um esforço muscular súbito, uma lesão decorrente de um exercício, um golpe no músculo ou uma infecção. Para evitar uma contratura , os músculos devem estar sempre flexíveis. 3.4 Tendinite Ocorre normalmente nos membros superiores. Uma das principais causas da tendinite são os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), conhecidos até pouco tempo como lesões por esforço repetitivo (LER). Figura 13 – Tendinite Fonte: NOVO ATLAS DO CORPO HUMANO, 2001, p. 59. CAPITULO 4 – TÉCNICAS DE EXERCICIOS 4.1 Alongamento e Flexionamento Segundo Dantas (1999), podemos definir alongamento como sendo uma “forma de trabalho que visa a manutenção dos níveis de flexibilidade obtidos e a realização dos movimentos de amplitude normal com o mínimo de restrição física possível.” (p.97) Quando realizamos um trabalho visando obter uma melhora da flexibilidade, através da viabilização de amplitudes dos arcos articulares superiores às originais, estamos realizando o chamado flexionamento. (DANTAS, 1999) Figura 14 – Alongamento e flexionamento Fonte: DANTAS, 1999, p. 98. Figura 15 – Tabela comparativa Fonte: DANTAS, 1999, p. 101. Segundo Dantas (1999) o alongamento não apresenta contra indicações durante o aquecimento, antes da competição, no entanto, o flexionamento apresenta os seguintes efeitos negativos de acordo com a velocidade da execução: • Rápido: estimula o fuso muscular, provocando uma redução da flexibilidade durante a competição; • Lento: inibe a transmissão neuromuscular e relaxa a musculatura, chegando em alguns casos, a diminuir a velocidade de reação. Hurton (1971), apud Tubino (1979), apud Dantas (1999, p.102), concordando, expõe: “... as sessões de flexibilidade são contra-indicadas imediatamente antes ou depois das competições”. Devendo ser substituído pelo alongamento durante o aquecimento antes das competições. Como o trabalho de flexionamento exige que se utilizem arcos de movimentos maiores, isto força que as estruturas músculo-conjuntivas envolvidas sejam submetidas a um estiramento extremo, o que sempre traz consigo um razoável risco de distenção. Já o alongamento trabalha com margens de segurança bem mais confortáveis, fazendo praticamente desaparecer o risco de causar lesões. (DANTAS, 1999, P.103) 4.1.1 Alongamento Segundo Dantas (1999), podemos realizar ao alongamento de três formas distintas: • Estiramento – se assemelha a um espreguiçamento amplo e completo, com a finalidade de deformar os componentes plásticos de forma conveniente a que, esses componentes estejam preparados e não maios se oponham às forças atuantes em uma nova execução do movimento. O estiramento passivo è realizado sem extrapolar o limite máximo do movimento, durante um tempo de quatro a seis segundos, pois, apesar da amplitude ser submáxima, a permanência por oito ou mais segundos pode provocar uma reação de estímulo sobre o fuso muscular, descaracterizando o alongamento. O estiramento ativo se utiliza de duas a três séries de três a seis repetições de movimento, alcançando o limite máximo do arco articular. O estiramento misto, consiste de duas séries de quatro insistências submáximas e uma permanência de quatro segundos no ponto máximo. Senda esta última forma de alongamento, a mais adequada para ser utilizada no aquecimento. Figura 16 - Estiramento Fonte: Dantas,1999, p.107. • A Suspensão – faz com que as articulações, seus ligamentos e os músculos que as circundam sejam tracionados pela ação da gravidade. O comprimento dos ossos age como agente limitador ao estiramento. Figura 17 – Suspensão Fonte: Dantas,1999,p.108. • A Soltura - é normalmente realizada durante a atividade ou nos seus intervalos e consiste no balanceamento dos membros, podendo ser acompanhado de leve tração, se realizado com o auxílio de outra pessoa. Figura 17 - Soltura Fonte: DANTAS, 1999, p. 108. 4.1.2 Flexionamento Existem diversos métodos e processos de flexionamento e muita polêmica entre os autores sobre qual deles é o mais eficaz, Dantas (1999), no entanto, enfatiza: ... o aumento da flexibilidade se dá basicamente pelo incremento da mobilidade articular e da elasticidade muscular. Alguns métodos de flexionamento fazem crescer a flexibilidade prioritariamente pelo aumento da mobilização articular. Obtém-se esse aumento pela diminuição da estabilidade articular, o que, obviamente, contra-indica estes métodos para os desportos de contato. Entretanto, os métodos que aumentam a flexibilidade prioritariamente, graças a uma maior elasticidade muscular, conseguem esse efeito, entre outros fatores, por um afrouxamento dos componentes elásticos em série, o que provoca, apesar de em pequena escala, uma diminuição da força explosiva. (p.118) O hipismo clássico, nosso alvo, é uma atividade que exige muito das articulações, porém estas não são utilizadas em sua amplitude total. Por estas razões, nos parece que a prática do alongamento é a mais aconselhável, por outro lado, o flexionamento nos sugere a diminuição da estabilidade articular o que pode ser prejudicial e agente facilitador de lesões, devendo, portanto, ser evitado. A flexibilidade, ao contrário de todas as outras qualidades físicas, não é melhor quanto maior for. Existe um nível ótimo de flexibilidade para cada desporto e para cada pessoa, em função das exigências que a prática exercerá sobre o aparelho locomotor e a estrutura dos seus componentes (ligamentos, articulações, músculos e outras estruturas envolvidas) (DANTAS, 1999, p.149). 4.2 Condicionamento Muscular Fleck e Kraemer, apud Wilmore e Costill (2001, p. 102) nos sugere os primeiros passos para a elaboração de um programa de treinamento de força, a partir da seguinte análise: • Quais os principais grupos musculares necessitam ser treinados? • Qual o método de treinamento deve ser utilizado? • Qual sistema energético deve ser enfatizado? • Quais são os principais locais de preocupação na prevenção da lesão? Após esta análise é possível elaborar o programa de treinamento, selecionando: • os exercícios que serão realizados, • a seqüência da sua realização, • número de séries de cada exercício, • os períodos de repouso entre as séries e entre os exercícios e • a carga a ser utilizada. 4.2.1 Treinamento de Força Isométrico Ficou muito conhecido em meados de 1950, devido à estudos alemães que indicavam a superioridade deste tipo de treinamento em relação aos métodos de ação dinâmicos. Porém, estudos posteriores não foram capazes de confirmar os mesmos resultados. Ainda assim, é um método que tem se mostrado muito eficaz na recuperação e na redução atrofia muscular e da perda de força. 4.2.2 Pliometria Utiliza o reflexo do estiramento para facilitar o recrutamento de unidades motoras adicionais, alem de adicionar uma carga aos componentes elástico e contrátil do músculo. Ainda não é possível afirmar sua superioridade em relação às demais técnicas mais tradicionais. 4.2.3 Treinamento Excêntrico Segundo Wilmore e Costill (2001) o músculo aumenta sua capacidade de resistir à força em até 30% em relação às ações concêntricas, quando realizado excêntricamente. Assim, submetendo esse músculo a esse maior estímulo de treinamento, aumentamos sua força. No entanto, as pesquisas atuais não demonstram uma clara vantagem do treinamento excêntrico em relação ao treinamento concêntrico ou isométrico e sim a associação da fase excêntrica à fase concêntrica para maximizar os ganhos de força. 4.2.4 Treinamento com Estimulação Elétrica Mostrou-se eficaz no ambiente clínico, reduzindo a perda de força e de tamanho musculares. Em atletas, esta técnica tem sido usada experimentalmente como suplemento aos exercícios regulares, porém não há evidência de ganho de força, potência ou melhoria de desempenho com este tipo de suplemento. 4.2.5 Pesos Livres Diversos atletas e técnicos estão voltando a usar pesos livres em substituição aos modernos aparelhos que invadiram o mercado nos últimos trinta anos. Com os pesos livres o atleta controlar o peso que está sendo levantado e para isso deve recrutar mais unidades motoras, não só dos músculos que estão sendo trabalhados, mas também de outros, a fim de controlar a barra e manter-se equilibrado. O treinamento de força deve ser o mais específico possível em relação ao esporte. Pelo menos parte do treinamento deve incluir movimentos que simulam ao máximo, tanto no que concerne ao padrão quanto à velocidade, aqueles necessários para a atividade ou ao esporte do atleta. (WILMORE e COSTILL, 2001, p. 105) CAPITULO 5 – ANÁLISE DOS POSSÍVEIS GANHOS 5.1 Profilaxia de Lesões “ Apesar de as pessoas envolvidas com a atividade física, via de regra, afirmarem que o aumento da flexibilidade reduz o risco de lesões músculo articulares, isto ainda não foi confirmado experimentalmente”. (DANTAS, 1999, p.78) Pode ser meramente “ouvi dizer”, ou talvez um efeito de placebo, que faz com que a maior parte das pessoas envolvidas com esporte acredite que o aumento da flexibilidade diminui as lesões. Talvez seja um pouco de ambos, mas um sincero desejo de acreditar em alguma coisa que faça sentido. Porém, deve ser reiterado que estudos controlados que comprovem que o aumento da flexibilidade previne lesões não existem. (DARDEN apud DANTAS, 1999, p78) Há um segmento de pesquisadores que concordam que a flexibilidade em excesso pode comprometer a estabilidade das articulações, o que pode facilitar a ocorrência de lesões.(DANTAS, 1999) Baseado na experiência pessoal no treinamento de sedentários e atletas, Dantas (1999) nos mostra que o risco de lesões em algumas articulações diminui consideravelmente, com o aumento da flexibilidade e da resistência muscular. Em geral, autores que se baseiam em pesquisa realizadas em laboratório concordam com o primeiro ponto de vista, já os que puderam contar com a vivência prática são defensores do segundo. (DANTAS, 1999) Dantas (1999, p.79), citando Tubino (1979, p.273) nos apresenta os quatro efeitos da agilidade: • facilitação do aperfeiçoamento nas técnicas dos desportos; • aumento da capacidade mecânica dos músculos e articulações, permitindo um aproveitamento mais econômico de energia • fatos preventivo contra acidentes desportivos (lesões, contusões, etc) e • condições para uma melhoria na agilidade, velocidade e força. As articulações devem ser suficientemente móveis para permitir ao atleta a movimentação necessária, mas não devem possuir mobilidade tão ampla que diminua a estabilidade ou que coloque um membro em condições de maior vulnerabilidade e lesões. Uma excessiva mobilidade é mais comumente um problema do ombro ou do joelho. Isto ocorre porque, tendo importantes ligamentos, demasiadamente longos, estas articulações tornam-se susceptíveis a lesões, principalmente nos esportes de contato. O ‘Donoghul, em 1970, estudando o problema, concluiu que uma mobilidade excessiva nos joelhos ou ombros é razão para vetar a prática de esporte de contato. Nas articulações em que o fator limitante não é a amplitude de movimento do músculo, demasiada flexibilidade não provoca instabilidade, mas sim a elasticidade, pelo contrário, evita o risco de lesões musculares. (WATSON apud DANTAS, 1999, p. 80) Para o atleta de equitação, que na maioria de suas articulações não utiliza amplitude de movimento, a estabilidade é fator primordial, devendo-se portanto, priorizar os exercícios de alongamento, associado ao fortalecimento muscular. 5.2 Melhora no Desempenho Os resultados do treinamento são altamente específico ao tipo de programa de treinamento utilizado. Para o halterofilista, em pouco ou em nada melhorará sua performance fazendo uma corrida de longa distância. Assim como, para um maratonista, o treinamento com pesos de alta sobrecarga em nada servirá. Os ganhos de força, também são altamente específico ao padrão de movimento. Portanto, quanto mais próximo o padrão de movimento for do desempenho real de cada esporte, maior é o benefício do treinamento. Ainda não existem estudos o suficiente para afirmar o quanto específico deve ser o programa de treinamento para se atingir os benefícios máximos. Além disso, o treinamento de força pode não melhorar o desempenho. (WILMORE e COSTILL, 2001) Tanaka e colaboradores observaram aumentos importantes na força de nadadores após o treinamento de força, mas não houve uma melhora no desempenho da natação em comparação com o treinamento de natação realizado isoladamente. (WILMORE e COSTILL, 2001, p.106) Ainda não temos dados suficientes para documentar os benefícios específicos que o treinamento de força pode trazer para a equitação. Obviamente, algumas exigências básicas devem ser satisfeitas para a obtenção de um desempenho ideal. O treinamento que ultrapassa essas exigências pode ser desnecessário. O treinamento é oneroso em termos de tempo e os atletas não devem se permitir desperdiçar tempo em atividades que não resultem em desempenho atléticos melhores. Portanto, é imperativa a realização de algumas mensurações do desempenho para se avaliar a eficácia de qualquer programa de treinamento de força. È questionável o valor do treinamento de força isolado com o objetivo de se tornar mais forte, sem que haja uma melhoria concomitante do desempenho. (HILMORE e COSTILL, 2001, p. 107) CAPITULO 6 – PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS Neste capítulo apresentaremos uma proposta de exercícios específicos que compreendem uma série de alongamento a ser realizada antes de montar, visando a preparação da musculatura para a realização as exigências do trabalho montado; outra, visando o relaxamento da mesma, e portanto, devendo ser realizada após o treinamento e, finalmente, um quadro de trabalho semanal, priorizando a manutenção e melhora do condicionamento cardirrespiratório e muscular. As figuras explicativas são apresentadas nos anexos I e II. 6.1 Antes e depois de Montar Diariamente, antes de iniciar o trabalho montado, siga a seqüência A, do anexo I, utilizando a técnica de estiramento passivo, ou seja, permanecendo na posição de três a seis segundos, em nível submáximo. Após o treinamento, deve-se repetir o procedimento. 6.2 Quadro de Trabalho Semanal A seguir apresentamos um quadro de trabalho semanal, destacando que a carga a ser utilizada depende da capacidade física de cada atleta. 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Alongamento A+B Alongamento A+C Alongamento A+B Alongamento A+C Alongamento A+B Bicicleta – 40 min Corrida – 40 min Bicicleta– 40 min Corrida – 40 min Bicicleta – 40 min Musculação (grupamentos específicos) Pernas e Abdômen Musculação (grupamentos auxiliares) Braço e Costas Musculação (grupamentos específicos) Pernas e Abdômen Musculação (grupamentos auxiliares) Braço e Costas Musculação (grupamentos específicos) Pernas e Abdômen Alongamento B Alongamento C Alongamento B Alongamento C Alongamento B ANEXO I ALONGAMENTO “A” Fonte: DANTAS, 1999. ANEXO II ALONGAMENTO “B” Fonte: DANTAS, 1999 ANEXO III ALONGAMENTO “C” Fonte: DANTAS, 1999. ANEXO IV GRUPAMENTOS ESPECÍFICOS Fonte: ROCHA, 2000. ANEXO V GRUPAMENTOS AUXILIARES Fonte: ROCHA, 2000. CONCLUSÃO Através deste trabalho foi possível constatar a importância da realização de uma rotina de exercícios específicos para o desenvolvimento e manutenção do condicionamento físico do atleta de equitação. Não foi possível fazer um acompanhamento de atletas com diferentes rotinas de treinamento preparatório, impedindo, portanto, fazer as análises necessárias para se afirmar que a realização de tais exercícios é realmente capaz de evitar lesões ou gerar uma melhora no rendimento do cavaleiro. Os dados apresentados neste trabalho se norteiam pela experiência de diversos autores ligados à área de Educação Física, e partir de tais informações, procurou-se apresentar uma proposta de um programa de exercícios que priorizam as estruturas e sistemas mais utilizados pelo cavaleiro atleta. Houve também, a preocupação de não serem incluídos neste programa, exercícios desnecessários, carga excessiva ou séries longas, uma vez que o treinamento montado já exige muito do cavaleiro físicamente. Desta forma, a proposta apresentada visa facilitar ao atleta interessado em manter seu condicionamento físico, seguindo um roteiro simples e específico de atividades associadas à equitação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HIPISMO. Regras para Eventos de Salto.21.ed. Rio de Janeiro, 2003. DANGELO, José Geraldo, FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana Básica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1999 . FREITAS, Junerval. O Volteio do Regimento 9 de Julho. São Paulo: PMESP, 2000. KAPANDJI, I. A. Fisiologia Articular: esquemas comentados de mecânica humana. 2. ed. São Paulo: Manole, 1987. LUDORF, Silvia Agatti. Metodologia da Pesquisa em Educação Física: conversando sobre a pesquisa e o projeto de monografia. Rio de Janeiro: Edição da autora, 2003. Mc ARDLE, William D., KATCH, Frank I., KATCH, Victor L. Fisiologia do Exercício. Energia, nutrição e desempenho humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. MINISTÉRIO DA DEFESA. Escola de Equitação do Exército. Apostila de Salto. Rio de Janeiro, 2005. NOVAES, Jefferson S., VIANNA, Jeferson, M., Personal Training e Condicionamento Físico em Academia. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. ROCHA, Paulo Eduardo Carnaval. Musculação, 1000 Exercícios. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. WILMORE, J.H. , COSTTIL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2. ed. São Paulo: Manole, 2001.