Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza Instituto de Química RELATÓRIO DE ESTÁGIO Análise Voltamétrica de ligantes N,O-doadores AUTOR: Carlos Vinícius Pinto dos Santos DRE: 106044922 ORIENTADOR: Profª. Marciela Scarpellini Co-ORIENTADOR: MSc. Lidiane Cavalcante Rio de Janeiro Janeiro / 2015 Resumo Atualmente os dois principais tratamentos para tumores sólidos, quimioterapia e radioterapia, não são totalmente eficientes em decorrência de regiões constituídas por células em hipóxia. Como este tipo de células é uma característica comum a todos os tumores sólidos e geralmente não ocorre em tecidos normais, tornaram-se alvo na busca por novos candidatos a fármacos denominados pró-drogas ativadas por hipóxia (PDHAs). Deste ponto de vista, a inércia de complexos de Co3+ tornou-se uma alternativa para a entrega seletiva de drogas em ambientes redutores. Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de novas PDHAs, neste trabalho foram sintetizadas e caracterizadas propostas de ligantes para posteriores sínteses de complexos mononucleares de Co3+ a partir dos ligantes tridentados N,O-doadores das séries hbhi-R e hbha-R: hbhi-H: (2-(1H-imidazol-4-il)etilidenoiminoetil-fenol); hbhi-CH3: (2-(1Himidazol-4-il)etilidenoiminoetil-4-metilfenol); hbhi-Cl: (2-(1H-imidazol-4- il)etilidenoiminoetil-4-clorofenol); hbhi-Br: (2-(1H-imidazol-4-il)etilidenoiminoetil-4bromofenol); hbhi-OCH3 (2-(1H-imidazol-4-il)etilidenoiminoetil-4-metóxifenol); hbhiNO2: (2-(1H-imidazol-4-il)etilidenoiminoetil-4-nitrofenol); hbha-H: (2-(1H-imidazol-4il)etiloaminoetil-fenol); hbha-CH3: (2-(1H-imidazol-4-il)etiloaminoetiletil-4- metilfenol); hbha-Cl: (2-(1H-imidazol-4-il)etiloaminoetil-4-clorofenol); hbha-Br: (2(1H-imidazol-4-il)etiloaminoetil-4-bromofenol); il)etiloaminoetil-4-metóxifenol); hbha-NO2: hbha-OCH3: (2-(1H-imidazol-4- (2-(1H-imidazol-4-il)etiloaminoetil-4- nitrofenol) e hbepi-R e hbepa-R: hbepi-H: (2-(piridina-2-il)etilidenoiminoetil-fenol); hbepi-CH3: (2-(piridina-2-il)etilidenoiminoetil-4-metilfenol); hbepi-Cl: (2-(piridina-2il)etilidenoiminoetil-4-clorofenol); hbepi-Br: (2-(piridina-2-il)etilide-noiminoetil-4- bromofenol); hbepi-OCH3 (2-(piridina-2-il)etilidenoiminoetil-4-metóxi-fenol); hbepiNO2: (2-(piridina-2-il)etilidenoiminoetil-4-nitrofenol); hbepa-H: (2-(piridina-2- il)etiloaminoetil-fenol); hbepa-CH3: (2-(piridina-2-il)etiloaminoetiletil-4-metil-fenol); hbepa-Cl: (2-(piridina-2-il)etiloami- noetil-4-clorofenol); hbepa-Br: (2-(piridina-2il)etiloaminoetil-4-bromofenol); hbepa-OCH3: (2-(piridina-2-il)etiloaminoetil-4-me- tóxifenol); hbepa-NO2: (2-(piridina-2-il)etiloaminoetil-4-nitrofenol). Os ligantes foram analisados utilizando a voltametria cíclica. 2 Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por fornecer toda força e esclarecimento para enfrentar os inúmeros obstáculos ao longo da Graduação e permitir que aproveitasse as oportunidades oriundas dos desafios; Agradeço à minha mãe e ao meu irmão, suportes fundamentais de minha estrutura pessoal e que sem os quais não seria possível chegar até aqui; Agradeço a todos os meus amigos que em vários momentos e de diferentes formas ajudaram a fazer o caminho menos árduo; Agradeço a Sra. Sônia Maria Torres Bulhões pela paciência e por interceder por mim nas concessões pedidas, dando grande contribuição para efetivação das mesmas; Agradeço à minha Orientadora Acadêmica Prof.ª Dra. Nanci Câmara de Lucas Garden pela orientação e apoio ao longo da Graduação; Agradeço a minha Orientadora Profa. Dra. Marciela Scarpellini pela oportunidade de realizar este trabalho; Agradeço aos colegas do grupo de trabalho que ajudaram na realização deste trabalho, em especial à minha co orientadora MSc. Lidiane Cavalcante; Agradeço às demais pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o meu longo percurso e que por desventura não tenham sido citadas. 3 Índice 1. Introdução......................................................................................................................5 2. Materiais e Métodos......................................................................................................7 2.1. Materais..........................................................................................................7 2.2. Métodos e Instrumentação..............................................................................7 2.2.1. Voltametria Cíclica..........................................................................7 2.2.2. Síntese dos ligantes hbhi-H, hbhi-NO2, hbhi-Br, hbhi-Cl, hbhiOCH3, hbhi-CH3, hbha-H, hbha-NO2, hbha-Br, hbha-Cl, hbha-OCH3 e hbha-CH3....................................................................................................8 2.2.3. Síntese dos ligantes hbepi-H, hbepi-NO2, hbepi-Br, hbepi-Cl, hbepi-OCH3, hbepi-CH3, hbepa-H, hbepa-NO2, hbepa-Br, hbepa-Cl, hbepa-OCH3 e hbepa-CH3.........................................................................8 3. Resultados e Discussão................................................................................................10 3.1. Resultados Reacionais..................................................................................10 3.2. Voltametria Cíclica.......................................................................................11 4. Conclusões...................................................................................................................21 5. Avaliação do Estágio...................................................................................................23 6. Referências Bibliográficas...........................................................................................24 4 1. Introdução Devido à proliferação desordenada das células em tumores sólidos há a formação de gradiente da concentração de oxigênio, devido à velocidade da neovascularização se dar em velocidade menor que a divisão celular. Com a formação desse gradiente de oxigênio a formação de três diferentes regiões: a região localizada próxima aos vasos sanguíneos (periferia do tumor) onde estão localizadas células bem oxigenadas; no centro do tumor e, portanto, distantes da vascularização, encontram-se células anóxicas e/ou necróticas e na região existente entre as duas regiões mencionadas encontram-se células em hipóxia, uma região de baixa concentração de oxigênio, sugerindo um ambiente com potencial mais redutor. Sartorelli e colaboradores levantaram a hipótese de que as células em hipóxia poderiam apresentar maior capacidade de redução que as células normalmente oxigenadas (SARTORELLI, 1988). Foi proposto então, que esta característica poderia ser explorada no desenvolvimento de agentes tumorais, os quais só se tornariam citotóxicos após ativação metabólica pelas nitrorredutases celulares. Estes agentes biorredutíveis deveriam ser substâncias inativas (pró-fármacos) que, in vivo, sofreriam metabolização, geralmente pelo sistema redox celular (biorredução), dando origem à substância na forma ativa (fármaco), que são chamadas de PDAHs (Pró-Drogas Ativadas por Hipóxia , adaptado do inglês Pro-Drugs Actived by Hypoxia) (DENNY, 2001; OLIVEIRA, 2002; ALMEIDA, 2005). Como a presença de células em hipóxia é característica de tumores sólidos e geralmente não ocorrem em tecidos normais, tais células se tornaram o alvo de novos possíveis tratamentos (DENNY & WILSON, 1986; DENNY, 2001; BUSTAMANTE et al, 2009). O mecanismo de ação proposto para as PDAHs sugere que a ativação bioquímica de tais substâncias seja dependente do seu potencial de redução. Existem três principais classes bem conhecidas: (i) os antibióticos contendo uma função quinona (mitomicin C) (ROCKWELL et al, 1982); (ii) os nitroimidazóis e (iii) os D-N-óxidos de benzotriazinas (tirapazamina) (HELLMAN & ROSENBERG, 1989). Em complexos de cobalto com mostardas nitrogenadas, a coordenação do nitrogênio da mostarda com o Co3+ a torna inativa. A alta energia de estabilização do campo cristalino dos complexos de Co3+ (configuração d6, baixo spin) faz com que estes complexos sejam cineticamente inertes. A redução monoeletrônica dos complexos de Co3+ nas regiões de hipóxia pode ser possível quando o potencial de redução 5 Co3+→ Co2+ estiver dentro da faixa ideal para a atividade das enzimas redutases. O complexo de Co2+ resultante deve sofrer facilmente reações de substituição pela água, liberando a mostarda nitrogenada ativa e [Co(H2O)6]2+ (WARE et al, 2000; BUSTAMANTE et al, 2009). Com base na literatura, o Laboratório de Desenvolvimento de Compostos Bioinorgânicos (LDCB), sob coordenação da Profª Drª. Marciela Scarpelini, vem desenvolvendo estudos no desenvolvimento de compostos como possíveis pró-drogas biorredutíveis. Scarpellini e colaboradores (TEIXEIRA et al, 2009) estudaram complexos mononucleares de Co3+ como inibidores do crescimento celular de S. cerevisiae e observaram que a forma reduzida desses complexos apresentam resultados de IC50 = 0,5mM, ou seja, menor que o da cisplatina (IC50 = 0,6mM), fármaco utilizado atualmente, para o mesmo período de exposição. Estes dados indicam que os complexos possuem grande potencial como pró-drogas biorredutíveis, uma vez que sua forma oxidada não mostrou atividade expressiva em morte celular e inibição celular, comparada com a sua forma reduzida (TEXEIRA et al, 2009; CASTRO, 2011). Baseado no trabalho anterior, Scarpellini e colaboradores (TEXEIRA et al, 2011) investigaram posteriormente outros compostos mononucleares de Co3+ como inibidores de crescimento celular na linhagem de melanoma murino B16F10. Os resultados obtidos foram satisfatórios. Os resultados dos estudos citados acima são parte de um trabalho do Laboratório de Desenvolvimento de Compostos Bioinorgânicos (LDCB), que investiga a influência da natureza de grupos substituintes, -R, na posição para do anel fenólico, em ligantes tridentados, sobre os potenciais de redução e a atividade biológica de complexos de Co3+ (Figura 1). Figura 1 - Esquema representativo dos ligantes tridentados investigados pelo LDCB. 6 Neste trabalho foram sintetizados e analisados eletroquimicamente, através da técnica de voltametria cíclica os ligantes imínicos e amínicos das séries piridínicas e imidazólicas mostrados na Figura 1 em DMF anidra. Serão apresentados os dados e uma análise comparativa da resposta eletroquímica dos ligantes. 2. Materiais e Métodos 2.1. Materiais Os seguintes reagentes, materiais e solventes empregados nas sínteses e análises foram adquiridos de fontes comerciais e utilizados sem purificação prévia: 2-(2aminoetil)piridina (Aldrich), dicloridrato de histamina (98%, Aldrich), hidróxido de potássio (85%, Merck), 2-hidróxi-5-nitrobenzaldeído (98%, Aldrich), 2-hidróxi-5bromobenzaldeído (98%, Aldrich), 2-hidróxi-5-clorobenzaldeído (98%, Aldrich), 2hidróxi-5-metoxibenzaldeído (98%, Aldrich), 2-hidróxi-5-metilbenzaldeído (98%, Aldrich), salicilaldeído (98%, Aldrich), perclorato de lítio (LiClO4), metanol PA (Vetec), acetonitrila PA (Vetec), dimetilformamida (Anidra, Sigma-Aldrich). 2.2. Métodos e Instrumentação 2.2.1. Voltametria Cíclica O comportamento redox dos ligantes foi investigado por voltametria cíclica utilizando-se um potenciostato-galvanostato Epsilon, da Bioanalytical Systems (BAS), no LDCB no Departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química da UFRJ. Os experimentos foram realizados em solução de dimetilformamida (DMF anidra, SIGMA-ALDRICH). Foi utilizado como eletrólito suporte o LiClO4 (0,1 mol L-1). Foi usada uma célula eletrolítica com três eletrodos: eletrodo de trabalho – carbono vítreo; eletrodo auxiliar – fio de platina e pseudo-eletrodo de referência – Ag/AgCl. Para monitorar o pseudo-eletrodo de referência utilizou-se o par redox ferrocínio/ferroceno como padrão de referência para as soluções em DMF. 7 2.2.2. Síntese dos ligantes hbepi-H, hbepi-NO2, hbepi-Br, hbepi-Cl, hbepi-OCH3, hbepi-CH3, hbepa-H, hbepa-NO2, hbepa-Br, hbepa-Cl, hbepa-OCH3 e hbepa-CH3 As iminas da série piridínica foram sintetizadas através de uma reação de condensação entre a 2-(2-amino-etil)piridina e o respectivo aldeído na proporção de 1:1, em meio metanólico, como representado na Figura 2 e descrito na literatura. (ASADI, 2009). HO OH N O N CH3OH + 0ºC NH 2 N R R R= H; OCH3; CH3; NO2; Cl; Br Figura 2 - Síntese dos ligantes imínicos da série piridínica. As respectivas aminas da série piridínica foram obtidas através de uma reação de aminação redutiva (Figura 3) pela lenta adição de NaBH4 à respectiva imina em meio metanólico. A mistura reacional foi mantida sob agitação em pernoite e após este período o solvente foi removido sob pressão reduzida. Em seguida foi adicionado cerca de 10 mL de solução aquosa saturada de Na2CO3 e realizada extração com CH2Cl2. A fase orgânica foi recolhida e seca com Na2SO4 anidra, filtrada e o solvente removido sob pressão reduzida, obtendo-se assim os produtos de interesse. HO HO N N NaBH 4 CH 3OH NH N R R R= H; OCH3; CH3; NO2; Cl; Br Figura 3 - Síntese dos ligantes amínicos da série piridínica 8 2.2.3. Síntese dos ligantes hbhi-H, hbhi-NO2, hbhi-Br, hbhi-Cl, hbhi-OCH3, hbhi- CH3, hbha-H, hbha-NO2, hbha-Br, hbha-Cl, hbha-OCH3 e hbha-CH3 As iminas da série imidazólica foram sintetizadas de modo similar ao descrito na literatura (TEIXEIRA, 2009), através da reação de condensação entre a dicloridrato de histamina, previamente neutralizado, e o respectivo aldeído na proporção de 1:1, em meio metanólico em banho de gelo, como representado na Figura 4. HO OH N O N CH3OH + HN HN 0ºC NH2 N R R R= H; OCH3; CH3; NO2; Cl; Br Figura 4 - Síntese dos ligantes imínicos da série imidazólica. Assim como as aminas piridínicas, as aminas da série imidazólica foram sintetizadas através da reação de aminação redutiva (Figura 5) pela lenta adição de NaBH4 à respectiva imina em meio metanólico. A mistura reacional foi mantida sob agitação em pernoite e após este período o solvente foi removido sob pressão reduzida. Em seguida foi adicionado cerca de 10 mL de solução aquosa saturada de Na2CO3 e realizada extração com CH2Cl2. A fase orgânica foi recolhida e seca com Na2SO4 anidra, filtrada e o solvente removido sob pressão reduzida, obtendo-se assim os produtos de interesse. HO HO N N NaBH4 CH3OH HN HN NH N R R R= H; OCH3; CH3; NO2; Cl; Br Figura 5 - Esquema reacional de síntese dos ligantes amínicos da série imidazólica. 9 3. Resultados e Discussão 3.1. Resultados Reacionais As iminas, também conhecidas como bases de Schiff, foram geradas pela condensação do grupo aldeído no p-R-saliciladeído (onde R = H, Cl, Br ,OCH3, CH3 ou NO2), com a amina primária da histamina ou da 2-piridiletilamina. Os produtos são, em geral, oleosos e de coloração amarelada. As iminas foram reduzidas a aminas com NaBH4 resultando em sólidos de coloração amarelo pálido a branco. Os rendimentos reacionais são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Rendimentos das reações de síntese dos ligantes tridentados. Ligante Imidazólico R (%) Ligante Piridínico R (%) hbhi-H 85 hbepi-H 87 hbhi-CH3 92 hbepi-CH3 96 hbhi-Br 88 hbepi-Br 90 hbhi-Cl 91 hbepi-Cl 86 hbhi-OCH3 89 hbepi-OCH3 87 hbhi-NO2 73 hbepi-NO2 69 hbha-H 72 hbepa-H 81 hbha-CH3 84 hbepa-CH3 88 hbha-Br 73 hbepa-Br 96 hbha-Cl 81 hbepa-Cl 99 hbha-OCH3 93 hbepa-OCH3 89 hbha-NO2 42 hbepa-NO2 73 3.2. Voltametria Cíclica O comportamento redox dos ligantes foi avaliado através da técnica de voltametria cíclica, em varreduras catódicas e anódicas, variando-se a velocidade de varredura, sendo empregada dimetilformamida (DMF) anidra como solvente. Todos os potenciais redox 10 foram referenciados ao eletrodo padrão de hidrogênio (EPH) através do uso do padrão de referência ferroceno (E1/2 = 0,400 V vs EPH; GAGNÉ et al, 1980), utilizado para monitorar o pseudo-eletrodo de referência Ag/AgCl. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 2 para cada análise. Tabela 2 - Potenciais de redução encontrados do ferroceno em DMF, na concentração de 1x10-5 mol/L na velocidade de 100mV/s para cada análise Análise E1/2 (mV) Análise E1/2 (mV) hbhi-Br 59 hbepi-Br 155 hbhi-Cl 195 hbepi-Cl 183 hbhi-CH3 75 hbepi-CH3 180 hbhi-H 181 hbepi-H 189 hbhi-NO2 66 hbepi-NO2 177 hbhi-OCH3 38 hbepi-OCH3 145 bhba-Br 207 hbepa-Br 131 bhba-Cl 197 hbepa-Cl 168 bhba-CH3 182 hbepa-CH3 143 bhba-H 184 hbepa-H 147 bhba-NO2 207 hbepa-NO2 126 bhba-OCH3 182 hbepa-OCH3 120 Os ligantes analisados apresentam picos referentes a processos de redução e ondas decorrentes de processos de oxidação das espécies formadas pela redução, cujos valores são mostrados na Tabela 3. Os processos comuns a todos os ligantes com função imina são a redução da imina (C=N) à amina (C-N) e a posterior oxidação regenerando a imina. Processos particulares podem ocorrer com os respectivos substituintes. O carbono nas aminas não pode ser mais reduzido, portanto as ondas observadas devem ser particulares a processos envolvendo os substituintes. 11 Tabela 3 - Potenciais encontrados para os ligantes em DMF, na concentração de 1x10-5 mol/L na velocidade de 100mV/s. Epc (V) vs EPH Composto Epc 1 Epc 2 Epc 3 Epc 3 Epa1 Epa 2 hbhi-H 0,07 1,58 - - -1,34 - hbhi-CH3 -0,71 - - - -1,57 - hbhi-Br 0,82 1,96 - - -1,65 - hbhi-Cl 0,59 0,70 - - - - hbhi-OCH3 0,81 0,85 - - -1,63 -0,58 hbhi-NO2 -0,02 0,80 - - -1,54 -1,45 hbha-H -0,04 0,68 - - - - hbha- CH3 0,12 0,79 - - - - hbha-Br -0,05 0,54 0,80 - - - hbha-Cl -0,10 0,59 0,82 - - - hbha-OCH3 -0,21 0,11 0,48 1,08 -2,15 - hbha-NO2 -0,44 0,58 - - -1,57 0,65 hbepi-H 0,90 - - - -1,82 - hbepi- CH3 0,26 0,68 1,10 - -1,80 - hbepi-Br -0,09 0,45 1,26 - -1,70 - hbepi-Cl 0,44 1,24 - - -1,77 - hbepi-OCH3 0,78 1,03 - - -1,86 -2,03 hbepi-NO2 0,31 0,80 1,03 -1,29 -1,82 hbepa-H 0,06 0,82 - - - - hbepa- CH3 -0,04 0,47 - - - - hbepa-Br -0,10 0,65 - - - - hbepa-Cl -0,21 0,59 - - - - hbepa-OCH3 -0,32 0,61 - - -0,38 - hbepa-NO2 -0,49 0,62 - - -1,62 -1,28 12 Os voltamogramas a seguir (Figuras 6 a 11) foram obtidos nas velocidades 25mV/s (laranja), 50mV/s (azul claro), 75mV/s (verde), 100mV/s (rosa), 150mV/s (vermelho), 200mV/s (azul) e 250mV/s (preto). Figura 6 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica respectivamente dos ligantes hbhi-H, hbhi-CH3, hbhi-Br, hbhi-Cl, hbhi-OCH3 e hbhi-NO2 com velocidades variando de 25mV/s a 250mV/s em DMF anidra. 13 Figura 7 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica respectivamente dos ligantes hbha-H, hbha-CH3, hbha-Br, hbha-Cl, hbha-OCH3 e hbha-NO2 com velocidades variando de 25mV/s a 250mV/s em DMF anidra. 14 Figura 8 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica respectivamente dos ligantes hbepi-H, hbepi-CH3, hbepi-Br, hbepi-Cl, hbepi-OCH3 e hbepi-NO2 com velocidades variando de 25mV/s a 250mV/s em DMF anidra. 15 Figura 9 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica respectivamente dos ligantes hbepa-H, hbepa-CH3, hbepa-Br, hbepa-Cl, hbepa-OCH3 e hbepa-NO2 com velocidades variando de 25mV/s a 250mV/s em DMF anidra. 16 Figura 10 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica dos ligantes hbhi-Br (preto), hbhi-CH3 (vermelho), hbhi-Cl (castanho), hbhi-H (azul), hbhi-NO2 (laranja) e hbhi-OCH3 (verde) na velocidade de 100mV/s em DMF anidro. Os valores de Epc (V) vs EPH para a imina observados são, respectivamente, -1,65, -1,57, -1,34, -1,45 e -1,63 (não foi observado para o hbhi-Cl). Figura 11 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica dos ligantes hbha-Br (preto), hbha-CH3 (vermelho), hbha-Cl (castanho), hbha-H (azul), hbha-NO2 (laranja) e hbha-OCH3 (verde) na velocidade de 100mV/s em DMF anidro. Os valores de Epc (V vs EPH) não foram observados para as aminas. 17 Figura 12 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica dos ligantes hbepi-Br (preto), hbepi-CH3 (vermelho), hbepi-Cl (castanho), hbepi-H (azul), hbepi-NO2 (laranja) e hbepi-OCH3 (verde) na velocidade de 100mV/s em DMF anidro. Os valores de Epc (V) vs EPH) para a imina observados são, respectivamente, -1,31, -1,50, -1,37, -1,49, -1,29 e -1,62. Figura 13 - Voltamogramas cíclicos obtidos em varredura catódica dos ligantes hbepa-Br (preto), hbepa-CH3 (vermelho), hbepa-Cl (castanho), hbepa-H (azul), hbepa-NO2 (laranja) e hbepa-OCH3 (verde) na velocidade de 100mV/s em DMF anidro. Os valores de Epc (V) vs EPH não foram observados para as aminas. 18 Para R = H ou CH3, em todos os grupos de compostos analisados, são observados picos pouco intensos nos processos de redução (Epc) que não são elucidativos. Para os halogênios também são observadas alguns picos de baixa intensidade nos processos de redução, onde o bromo tem intensidades médias maiores que o cloro. Para o grupo metoxila são observados vários picos tanto nos processos de redução, quanto de oxidação. Como se trata de um grupo ativante (Tabela 3 MCDANIEL, 1958) é possível que se trate de bom estabilizador para processos de oxirredução no anel aromático, gerando as espécies observadas. Para o grupo NO2, Adams e colaboradores (ADAMS, 1992) reportaram que este grupo, em substâncias nitroaromáticas, pode sofrer até quatro processos envolvendo seis elétrons na redução de NO2 a NH2 (NO2 → NO2·- → NO → NHOH → NH2). Todos os processos envolvendo apenas os grupos substituintes não são elucidativos para seus respectivos efeitos de ativação ou desativação do anel aromático. As séries hbha-R e hbepa-R não apresentam processos referentes à redução, por possuírem a função amina que não podem ser mais reduzida. Os picos observados nos voltamogramas são devido a processos redox dos diferentes substituintes. Por esse motivo não é possível fazer correlações sobre o efeito dos substituintes na redução da função amina. Analisando os valores de Epc encontrados para os complexos da série hbhi-R na concentração de 1x10-5mol/L, em DMF anidro, na velocidade de varredura de 100 mV/s (Figura 10 e Tabela 3), é possível observar como a troca de substituinte desloca os potenciais de redução. Para as condições de análise, o hbhi-H (Epc = -1,34 V vs EPH) e hbhi-NO2 (Epc = -1,45 V vs EPH) são os que possuem os valores mais positivos, sendo portanto mais facilmente reduzidos que os demais: hbhi-CH3 (Epc = -1,57 V vs EPH), hbhi-OCH3 (Epc = -1,63 V vs EPH), hbhi-Br (Epc = -1,65 V vs EPH). A ordem de contribuição é próxima ao esperado, com contribuições crescentes para os grupos metila, metoxila e bromo, sugerindo que o bromo contribua com maior densidade eletrônica ao sistema do que a metoxila. Estes resultados não concordam com o previsto pelos parâmetros de Hammett (σp) para estes grupos, pois o bromo com maior valor de σp (0,232) deveria ser retirador de elétrons e a metoxila (0,268) bom doador, não sendo observado em nenhuma outra dupla de compostos. Essa incoerência pode ser explicada pela possibilidade do grupo OCH3 realizar ligações de hidrogênio com o grupo imidazol, diminuindo assim sua eficiência de doação de densidade eletrônica ao anel. De maneira semelhante a ausência de grupo na posição meta diminui o impedimento 19 estéreo e pode permitir um arranjo intermolecular de ligação de hidrogênio que contribua com a menor doação de densidade eletrônica pelo grupo OH fenólico. A correlação (R = 0,97286 – excluídos hbhi-H e hbhi-Br) entre os parâmetros de Hammet (σp) e Epc (V vs EPH) dos ligantes supracitados é apresentada na Figura 16. A série hbepi-R apresentou nas mesmas condições comportamento diferente da anterior. O hbepi-NO2 (Epc = -1,29 V vs EPH) foi o que apresentou o valor mais positivo, portanto, demonstrando como o grupo retirador de densidade eletrônica do sistema facilitam a redução do composto. O hbepi-Br (Epc = -1,70 V vs EPH) e hbepiCl (Epc = -1,77 V vs EPH) apresentaram valores próximos ao hbepi-H (Epc = -1,80 V vs EPH), entretanto ainda se comportando como grupos retiradores de densidade eletrônica. Se hbepi-H (Epc = -1,80 V vs EPH) for tratado como tendo contribuição nula à densidade eletrônica o hbepi-CH3 (Epc = -1,82 V vs EPH) é fracamente ativador e o hbepi-OCH3 (Epc = -1,86 V vs EPH) ativador. Estes resultados concordam bem com o previsto pelos parâmetros de Hammet (σp) para estes grupos. A correlação (R = 0,96511 – excluído o hbepi-Cl) entre os parâmetros de Hammett (σp) e Epc (V vs EPH) dos ligantes supracitados (Figura 17) demonstra a forte relação entre eles. Tabela 3 - Parâmetros de Hammett (σm) para os substituintes estudados Substituinte σpara CH3 -0,170 OCH3 -0,268 H 0,000 Cl 0,227 Br 0,232 NO2 0,778 20 Figura 16 - Correlação entre os parâmetros de Hammett (σp) e Epc (V vs EPH) dos ligantes hbhi-Br, hbhi-CH3, hbhi-Cl, hbhi-H, hbhi-NO2 e hbhi-OCH3 em DMF anidro Figura 17 - Correlação entre os parâmetros de Hammett (σp) e Epc (V vs EPH) dos ligantes hbepi-Br, hbepi-CH3, hbepi-Cl, hbepi-H, hbepi-NO2 e hbepi-OCH3 em DMF anidro. 21 4. Conclusões Os voltamogramas cíclicos dos ligantes em DMF foram caracterizados por picos irreversíveis, correspondentes a processos de redução e oxidação das espécies formadas pelo processo de redução. Uma vez que as aminas das séries imidazólicas e piridínicas não podem mais ser reduzidas, os processos de redução observados para as iminas são referentes à sua redução ao grupo amina correspondente. Desta forma pode-se estabelecer a ordem de redução para as iminas imidazólicas como: hbhi-H > hbhi-NO2 > hbhi-CH3 > hbhi-OCH3 > hbhi-Br e as piridínicas como: hbepi-NO2 > hbepi-Br > hbepi-Cl > hbepi-H > hbepi-CH3 > hbepi-OCH3. Em termos globais a sequência fica hbepi-NO2 > hbhi-H > hbhi-NO2 > hbhi-CH3 > hbhi-OCH3 > hbhi-Br > hbepi-Br > hbepi-Cl > hbepi-CH3 > hbepi-H > hbepi-OCH3. As séries hbha-R e hbepa-R não sofrem processos de redução para o grupo amina, sendo observados apenas picos relacionados a processos envolvendo os substituintes. Logo não podem ser correlacionados com as séries hbhi-R e hbepi-R. Através da correlação com o Parâmetro de Hammet (0,96511) pode-se observar que a série piridínica – hbepi-R – se comporta como se esperava, onde os substituintes retiradores de elétrons incrementam o potencial de redução. A série imidazólica – hbhiR – possui a boa correlação de 0,97286. Um desvio importante observado foi o grupo Br diminuindo o potencial de redução mais que o grupo OCH3, que pode ser causado pela possibilidade do grupo OCH3 realizar ligações de hidrogênio com o grupo imidazol, diminuindo assim sua eficiência de doação de densidade eletrônica ao anel. De maneira semelhante a ausência de grupo na posição meta diminui o impedimento estéreo e pode permitir um arranjo intermolecular de ligação de hidrogênio que contribua com a menor doação de densidade eletrônica pelo grupo OH fenólico. 22 5. Avaliação do Estágio O estágio foi de grande importância na aprendizagem de novas técnicas de síntese e caracterização não disponíveis na graduação. O trabalho em grupo foi um ponto crucial no desenvolvimento de novas habilidades, onde a colaboração de todos envolvidos nesse trabalho contribuiu muito para meu crescimento profissional. Dessa forma, foram identificados alguns pontos a melhorar e feitas a devidas correções para obtenção dos resultados profissionais e pessoais desejados. 23 6. Referências Bibliográficas SARTORELLI, ALAN C., Cancer Research, v 48(4), 775-8, 1988. ALMEIDA, V. L., et al. Química Nova, Vol. 28, No. 1, 118-129, 2005 ASADI, M., et al. Inorganica Chimica Acta, Vol 14, 4906-4912, 2009. CASTRO, L. C., Investigação da inibição da proliferação e morte celular de Saccharomyces cereviseae por [Co(BHA)2]+ e [Co(BEPA)2]+: como possíveis pródrogas biorredutiveis; Trabalho de conclusão de curso; Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. CASTRO, L. 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