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Segunda-feira
21 de fevereiro de 2011
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
!Mercado de Capitais
Isenção do IR eleva o ganho com
papéis do agronegócio e de imóvel
Agronegócio, construção civil e, agora, infraestrutura. Três
dos setores de maior potencial da
economia brasileira são também
os que têm as melhores oportunidades de ganho para o investidor
pessoa física nas aplicações financeiras em renda fixa. E o motivo
não é o dinamismo dessas indústrias, mas a isenção do Imposto
de Renda dada pelo governo para
quem ajuda a financiar esses setores, considerados estratégicos
para o País. As Letras de Crédito
do Agronegócio (LCA) e as Letras
de Crédito Imobiliário (LCI) têm
isenção do IR, que leva até 22,5%
do ganho em aplicações semelhantes de menos de seis meses. O
mesmo vai ocorrer com os títulos
de infraestrutura.
Quem aplicar R$ 100 mil por
um ano nesses papéis com taxa
de 85% do CDI pode levar R$
9.477,50 líquidos, considerando
um CDI projetado de 11,15%. Para
ter um ganho desse patamar pagando IR de 17,5% (alíquota a
partir de 361 dias) -, o investidor
precisaria conseguir um CDB de
103,03% do CDI (11,49% ao ano,
nessa conta), retorno que os bancos não oferecem nessa faixa de
aplicação. “É um investimento
muito interessante. A gente mal
consegue atender à demanda”,
disse Vitor Bidetti, diretor da Brazilian Mortgages, maior financeira
do ramo imobiliário.
Apesar de estarem atrelados
a um projeto - muitas vezes arriscado ou de difícil viabilidade,
como na infraestrutura -, o risco
dessas aplicações é baixíssimo.
No caso dos papéis imobiliários e
do agronegócio, os bancos emissores garantem integralmente a
aplicação do investidor mesmo
em caso de inadimplência dos financiamentos a eles atrelados. O
Bndes vai garantir o retorno dos
papéis de infraestrutura. O risco é
de o banco quebrar - o mesmo de
um CDB. Na hipótese de isso ocorrer, o aplicador ainda tem como
seguranças adicionais o imóvel
e as garantias apresentadas pelos
emprestadores.
A principal desvantagem é
que, diferentemente de um CDB,
o aplicador não pode resgatar sua
aplicação antes do vencimento.
Alem disso, o investidor precisa
dispor de um valor elevado para
comprar esses papéis e se beneficiar da isenção fiscal. No Banco do
Brasil, as aplicações em LCA começam em R$ 1 milhão e as taxas
JOÃO MATTOS/JC
Não recolhimento do tributo é oferecido pelo governo federal para incentivar
setores considerados estratégicos para o desenvolvimento econômico do País
Inves!mentos em infraestrutura passarão a contar com o bene"cio
vão de 85% a 95% do CDI, dependendo do prazo. Bancos de menor
porte, como o Safra e o Pine, aceitam investimentos a partir de R$
100 mil, oferecendo taxas líquidas
de 85% a 97% do CDI.
As LCI são um pouco mais
acessíveis. Na Brazilian Mortgages, a aplicação mínima é de
R$ 20 mil e as taxas começam
em 88% do CDI. “Se precisar do
dinheiro no meio do caminho, é
um problema. O investidor tam-
bém tem de ver qual é a garantia
da operação”, diz Fabio Colombo,
administrador de investimentos.
“É um produto diferente de um
CDB e da poupança, que, se a pessoa precisar, pode sacar no outro
dia. O risco de crédito é menor
que em um CDB, mas a operação
como um todo é mais arriscada
porque não se pode sair quando
quiser”, diz Osvaldo Cervi, diretor do Private Bank do Banco do
Brasil.
BB quer levar
produto para o
varejo bancário
O Banco do Brasil pretende
vender as Letras de Crédito do
Agronegócio (LCA) na rede de
agências Estilo, que atende ao varejo de alta renda. Segundo Osvaldo Cervi, diretor do BB, a ideia é
permitir uma aplicação mínima na
faixa de R$ 20 mil a R$ 30 mil nesses papéis. Para isso, o BB trabalha
com a Cetip, empresa que faz o
registro de títulos privados, uma
forma de customizar e de automatizar essa aplicação. “Os contratos
são muito complexos, têm uma
burocracia, mas vamos conseguir
levar esses investimentos a um público maior”, disse. Hoje, a LCA só
é vendida para os clientes do Private Bank (gestão de fortunas).
O mercado pede ao governo que permita que os fundos de
investimento comprem as LCA e
repassem ao cotista o benefício
fiscal, que hoje só vale para quem
compra diretamente esses títulos.
Os fundos de investimento são
considerados pessoa jurídica e não
têm isenção do Imposto de Renda,
como o aplicador pessoa física.
O governo já permitiu que os
fundos de investimento que apliquem em títulos de infraestrutura
repassem a isenção do IR a seus
cotistas. Para isso, terão de aplicar
95% de seu patrimônio nesses papéis. Os fundos imobiliários também conseguem repassar a isenção para os clientes, aumentando
o apelo da aplicação no varejo.
Construção, mineração, petróleo e telecomunicações devem liderar na bolsa Apimec-Sul tem
Os setores de construção civil, fatores como a renda nacional, lan- ao Ibovespa. O bom desempenho de telecomunicações será benefi- novo presidente
mineração, petróleo e telecomunicações são os que devem apresentar melhor performance na bolsa de
valores em 2011, enquanto varejo e
siderurgia devem ter um desempenho abaixo do Ibovespa. Essa é a
conclusão de um estudo realizado
pela corretora Solidus, que avalia
çamento de novos programas de
governo, alta dos preços de diversas commodities e a situação do
mercado internacional.
De acordo com o relatório, em
2011 o setor da construção civil
deve ter outro ano positivo e a tendência é de rentabilidade superior
Evolução do fechamento
ARTE/GABRIELALORENZON/JC
FONTE:IBOVESPA
esperado se deve, em grande parte, à expectativa do lançamento da
segunda edição do programa do
governo federal Minha Casa, Minha Vida, que deve ter como meta
a construção de 2 milhões de moradias em quatro anos. Conforme
Matias Dieterich, analista de investimentos da Solidus, o setor possui
uma demanda reprimida muito
grande, com déficit habitacional de
7 a 8 milhões de moradias, e uma
necessidade anual de criação de
cerca de 1 milhão de lares devido à
formação de novas famílias.
Os setores de mineração e petróleo também apresentam boas
perspectivas para 2011. A demanda mundial deve ser sustentada
por economias emergentes, que
seguem em processos de industrialização e urbanização. Outro fator
positivo é a relação entre oferta e
procura, que vai manter os preços
em patamares elevados. Já o setor
ciado por alterações nas estruturas
societárias das principais companhias em operação no País.
Em relação aos setores que
devem ter desempenho abaixo do
Ibovespa, o estudo da Solidus destaca a siderurgia. “Desde a crise
de 2008 a demanda do segmento
caiu em todo o mundo, então as
indústrias siderúrgicas perderam
vendas”, destaca o analista. Outro
segmento que deverá ficar abaixo
do principal índice da bolsa brasileira neste ano é o varejo. “Isso não
significa que as empresas do setor
terão prejuízo, mas será mais uma
forma de reajuste, porque em 2010
as ações desse segmento cresceram demais”, explica Dieterich.
Na semana passada, a
BM&FBovespa registrou alta em
quatro dos cinco pregões, acumulando valorização de 3,5%. Sextafeira o Ibovespa avançou 0,56% no
fechamento, aos 68.066 pontos.
Marco Antonio dos Santos
Martins, analista de investimentos
e sócio de empresas com foco no
mercado de capitais, assume a presidência da Associação Brasileira
de Mercado de Capitais da região
Sul (Apimec-Sul) pelos próximos
dois anos. Na vice-presidência será
acompanhado pelo presidente dos
últimos dois anos, Christian Klemt.
A maioria dos profissionais que
compõem a diretoria executiva e
o conselho diretor se mantém da
gestão anterior. Esta é a segunda
vez que Martins ocupa a presidência da entidade. No biênio 2011-2012
o foco do trabalho da Apimec-Sul
continua na disseminação da educação financeira, com o trabalho
de apoio técnico da diretoria institucional. Criada em 2009, a diretoria é uma iniciativa inédita na história de todas as outras regionais
da Apimec no País.
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