55 mil empregos em risco por falta de obras ILÍDIA PINTO A construção e obras públicas já perdeu, desde o início do ano, 40 mil postos de trabalho. E poderá ver desaparecer mais 55 mil empregos se não forem tomadas medidas para inverter a derrocada no mercado habitacional. Quem o garante é Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN). A explicação é simples: este segmento, responsável por 60% da mão-de-obra da indústria, acumula já uma redução de produção de 40% desde 2002. "No início da década, construíam-se em Portugal uma média de 120 a 125 mil fogos anuais; este ano, estão previstos apenas 30 mil", referiu ao DN Reis Campos. "Estão-se a construir, em média, sete fogos por mês e por concelho. É uma coisa assustadora", diz. "O sector, que representa 7% do PIB, esperava o lançamento de uma série de obras que viessem contrariar a situação do mercado imobiliário, desde das águas e saneamento, passando pelas energias renováveis, até à reabilitação urbana, que, só por si, vale 28 mil milhões de euros", adiantou. No entanto, "chegamos ao fim do ano e o Governo não lançou as obras previstas, o emprego mantém-se em risco e o país continua cativo de toda esta indecisão". O plano de obras públicas anunciado pelo Governo até 2017, que incluía projectos polémicos como o TGV e o aeroporto, mas também barragens, a recuperação do parque escolar, hospitalar e judicial, e o alargamento da rede de águas e saneamento, implicava um investimento global de 42 mil milhões de euros, dos quais menos de 10% terão sido realizados.