12ºAno
Modulo 7 – CRISES, EMBATES IDEOLÓGICOS E MUTAÇÕES
CULTURAIS NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
Unidade 1 – As Transformações das Primeiras décadas do Século XX
12ºAno
Sumário: O Cubismo: Analítico e sintético. O Abstraccionismo, futurismo,
dadaísmo e surrealismo.
Rupturas com os cânones das
artes e da literatura
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Nas primeiras décadas do século XX, uma autêntica explosão de
experiências inovadoras convulsiona as artes.
Este movimento cultural, conhecido por Modernismo, irradiou de
Paris que era, então, o centro artístico da Europa. A cidade era o
cerne da vanguarda cultural europeia
Artistas e homens de letras partilhavam ideias e experiências
criando, em conjunto, as numerosas correntes estéticas que
revolucionaram a cultura do Século XX
As teorias da relatividade, da psicanálise e do desmantelamento da
ordem clássica do espaço visual constituíram os principais vectores
da mudança cultural
Fauvismo
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“Fauves” (feras) foi a palavra utilizada pelo crítico de arte Louis Vauxcelles para
caracterizar um grupo de jovens pintores que expuseram em conjunto pela primeira
vez no Salon d’Automne de 1905, em Paris. Os quadros estavam agrupados numa
sala a que Vauxcelles chamou “cage aux fauves” (a jaula das feras).
Esta designação advém da violenta utilização das cores de um modo não realista e
arbitrário e ainda de uma execução pictórica aparentemente grosseira.
Entre os membros originais do grupo estavam Henri Matisse, normalmente
considerado o seu mentor, André Derain, Marquet, Vlaminck e Dufy. O termo foi
mais tarde aplicado a outros artistas como Rouault e Van Dongen. Georges Braque
aderiu ao movimento de forma passageira.
Os Fauves eram deliberadamente antiacadémicos, desrespeitando a composição e
proporção convencionais, utilizavam cores berrantes e expressivas em tons
saturados e por vezes, contornando as áreas coloridas. O Fauvismo tudo procurou
exprimir, essencialmente através de composições de cores saturadas e
principalmente pelo sentimento e a reflexão do artista frente ao espectáculo da
Natureza, considerada como temática a desenvolver e não a imitar formalmente. O
Fauvismo mostra afinidades com o Expressionismo alemão, de que é precursor
directo.
A data de 1905 é considerada geralmente como marcando o inicio do Modernismo
(ou Movimento Moderno).
Expressionismo
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. O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma
pintura dramática, subjectiva, “expressando”
sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma
plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à
miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura,
para ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os
intelectuais. Corrente artística concentrada
especialmente na Alemanha entre 1905 e 1930.
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Principais características:
* pesquisa no domínio psicológico;
* cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
* dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
* pasta grossa, martelada, áspera;
* técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e
refazendo, empastando ou provocando explosões;
* preferência pelo patético, trágico e sombrio
Cubismo
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O Cubismo foi uma tendência artística moderna, surgida em 1906,
segundo a qual, o quadro (ou escultura) devem ser considerados
como factos plásticos independentes da imitação directa das formas
da Natureza.
Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois
para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se
fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram
mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objectos
com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles
estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano
frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de
decompor os objectos não tinha nenhum compromisso de fidelidade
com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objectos em três dimensões,
numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio
de linhas rectas. Não representa, mas sugere a estrutura dos
corpos ou objectos. Representa-os como se movimentassem em
torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por
baixo, percebendo todos os planos e volumes.
Principais
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características:
* geometrização das formas e volumes;
* renúncia à perspectiva;
* o claro-escuro perde sua função;
* representação do volume colorido sobre
superfícies
planas;
* sensação de pintura escultórica;
* cores austeras, do branco ao negro
passando pelo cinza, por um ocre
apagado ou um castanho suave.
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O cubismo se divide em duas fases:
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Cubismo Analítico - (1909) caracterizado pela desestruturação da obra
em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista
registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos,
procurando a visão total da figura, examinando-a em todos os ângulos no
mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos
seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de
qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduz aos tons de castanho,
cinza e bege.
Cubismo Sintético - (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos
objectos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência
procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de
Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira,
vidro, metal e até objectos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser
explicada pela intenção do artistas em criar efeitos plásticos e de
ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere,
despertando também no observador as sensações tácteis.
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Abstraccionismo
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A geometrização cubista e a valorização das cores do Fauvismo e
no Expressionismo foram preparando caminho a uma das maiores
revoluções da arte europeia do século XX: o Abstraccionismo, isto
é, o abandono da representação de um objecto identificável. O
Abstraccionismo surgiu em 1910 e desenvolveu-se segundo duas
tendências de cariz muito diferente: o Abstraccionismo sensível ou
lírico e o Abstraccionismo geométrico.
Futurismo
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Esta corrente nasceu em Itália e foi um movimento que se manifestou
primeiramente na literatura para, mais tarde, se estender às artes plásticas,
à arquitectura, à música, ao cinema, etc. O seu surgimento, datado de
1909, foi marcado pelo Manifesto Futurista do poeta Filippo Marinetti.
Nesse texto, o autor apresentava como pontos fundamentais a recusa da
harmonia e do bom gosto, do geometrismo intelectual dos cubistas, bem
como do sensualismo cromático dos fauvistas, propondo uma nova poética
que combatia qualquer forma ligada à tradição e fazia a exaltação da
civilização industrial com tudo o que ela comportava – o movimento da
máquina e da velocidade -, fazendo uma total assunção da sociedade
moderna e industrial.
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«Os elementos essenciais da nossa poesia serão o valor, a ousadia e a
rebelião. Declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma nova
beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de corridas é mais bonito que a
Vitória de Samotrácia.»
Marinetti, Primeiro Manifesto Futurista, 1909
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Características fundamentais
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Apologia da máquina, da velocidade, da luz e da própria sensação
dinâmica;
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Libertação e exaltação das energias;
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Exaltação do presente, da velocidade e das formas dinâmicas
produzidas pela civilização, reflectindo a vida moderna;
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Alternância de planos e sobreposição de imagens, ora fundidas, ora
encadeadas, para dar a noção de velocidade e dinamismo;
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Arabescos contorcidos, linhas circulares emaranhadas, espirais e
elipses;
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Geometrização dos planos em ângulo agudo, mais dinâmico, abolindo
totalmente os ângulos rectos cubistas na organização espacial, permitindo
a sugestão da fragmentação da luz;
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Cores muito contrastadas, em composições violentas e chocantes.
Dadaísmo
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O movimento Dadá surgiu em Zurique em 1916, no decurso da Primeira
Guerra Mundial, pela mão de artistas que aí se encontravam refugiados e
que se consideravam apátridas, muitos deles considerados desertores ou
traidores nos seus países. Negando o passado, o presente e o futuro, o
Dadaísmo é a total falta de perspectiva diante da guerra; daí ser contra as
teorias, as ordenações lógicas, pouco se importando com o espectador.
Opõe-se aos valores tradicionais, procurando destruí-los, defendendo a
liberdade desenfreada do indivíduo, a espontaneidade e a imperfeição.
Contestavam o belicismo e todos os valores considerados eternos. Para
isso, utilizavam a ironia, a troça, o insulto, a crítica, de modo a destruir a
ordem e estabelecer o caos. O próprio nome do movimento não tem
significado algum.
Um dos Manifestos Dadá, de 1918, afirma que a arte é uma imbecilidade
e tudo o que se vê é falso, por isso atribui valor artístico aos objectos que
estariam desprovidos dele.
Todos estão unidos na destruição da arte tradicional e seus
fundamentos, negando o seu valor. Criam a antiarte.
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Objectos encontrados são retirados do seu contexto, assinados e
considerados obras de arte (são os readymade). Esta atitude
provocatória foi característica do movimento Dada, que contesta a
obra de arte de sentido tradicional, propondo uma nova estética.
Marcel Duchamp, Fonte, 1917 (readymade)
Surrealismo
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O aparecimento do surrealismo não pode dissociar-se da mudança de
estruturas económicas e sociais, decorrentes sobretudo da 1ª Grande
Guerra e da “Revolução de Outubro”, em 1917, na U.R.S.S., nem do
agravamento de uma crise da valores que inclui o questionamento do
pensamento discursivo e racional. Este movimento desejou revolucionar a
vida através da arte, aceitando e alimentando as manifestações do
inconsciente, da loucura, do desregramento dos sentidos, da anulação de
fronteiras entre o sonho e a realidade.
O surrealismo surgiu na França na década de 1920. Este movimento foi
significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund
Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser
humano.
De acordo com Freud, o homem deve libertar sua mente da lógica imposta
pelos padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade e
dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente. O pai da
psicanálise, não segue os valores sociais da burguesia como, por exemplo,
o status, a família e a pátria.
O marco de início do surrealismo foi a publicação do Manifesto Surrealista,
feito pelo poeta e psiquiatra francês André Breton, em 1924.
Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores ditados
pela burguesia, vão criar obras repletas de humor, sonhos, utopias e
qualquer informação contrária a lógica.
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