FACULDADE NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS CURSO DE PEDAGOGIA JAKELINE PEREIRA RODRIGUES DA SILVA PATRÍCIA VIANNA PEREIRA RAMIULA ZANETTI VIVIANE FERREIRA DE ANDRADE A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTUDO DE CASO COM CRIANÇAS DE 05 (CINCO) ANOS EM UMA ESCOLA DA CIDADE DE SÃO MATEUS(ES) SÃO MATEUS 2013 JAKELINE PEREIRA RODRIGUES DA SILVA PATRÍCIA VIANNA PEREIRA RAMIULA ZANETTI VIVIANE FERREIRA DE ANDRADE A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTUDO DE CASO COM CRIANÇAS DE 05 (CINCO) ANOS EM UMA ESCOLA DA CIDADE DE SÃO MATEUS(ES) Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao programa de graduação de Pedagogia da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus Multivix, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia. Orientadora: Msc. Carolina Fonseca Dadalto SÃO MATEUS 2013 FICHA CATALOGRÁFICA JAKELINE PEREIRA RODRIGUES DA SILVA PATRÍCIA VIANNA PEREIRA RAMIULA ZANETTI VIVIANE FERREIRA DE ANDRADE A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTUDO DE CASO COM CRIANÇAS DE 05(CINCO) ANOS EM UMA ESCOLA DA CIDADE DE SÃO MATEUS(ES) Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Programa de Graduação em Pedagogia da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus, como requisito parcial para a obtenção da licenciatura Plena em Pedagogia. Aprovado em 03 de Dezembro de 2013 COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________ Profª Carolina FonsecaDadalto Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - Multivix Orientadora __________________________________ ProfªRosângela Miranda dos Santos Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – Multivix Membro 1 __________________________________ ProfJosetePertel Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – Multivix Membro 2 Dedicamos a conquista dessa vitória a Deus, por dar - nos a vida e sabedoria; aos nossos familiares pela compreensão e colaboração; aos nossos pais pelo incentivo em todos os momentos; aos esposos por compreender o momento de nossas ausências e aos professores pela dedicação demonstrada durante esses quatro anos. Agradecemos primeiramente e principalmente a Deus pelo dom da vida e por sua imensa ajuda em todos os momentos. Aos nossos pais pelo exemplo de amor, dedicação, perseverança e fé. Aos nossos familiares e amigos pelo grande apoio e incentivos dispensados durante essa jornada. Aos esposos pela compreensão, paciência e apoio ao compartilhar momentos difíceis para alcançar êxito nesta caminhada. À Prof.ªMsc. Carolina Dadalto, pela dedicação e compreensão oferecidas durante todos os momentos de execução desse estudo. Á todos os professores que passaram por nossas vidas e deixaram um exemplo de educação. A escola, a direção, a professora regente e toda a equipe escolar que nos receberam com toda disposição para que fosse realizada nossa pesquisa assim como às crianças, que contribuíram para a realização deste trabalho de conclusão do curso de Pedagogia. RESUMO A pesquisa proposta nesse trabalho trata de um tema considerado de suma importância para a educação infantil, os jogos como forma de proposta pedagógica. Tem como objetivo mostrar que os jogos nessa fase contribui como forma de estimulação para o desenvolvimento cognitivo, social, motor, físico e intelectual da criança, em idade que se encontra na pré-escola. A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, pois foi desenvolvido com auxilio de uma entrevista com a professora regente da turma de educação infantil na idade de cinco anos, de uma escola municipal na cidade de São Mateus - ES. Através dessa pesquisa ficou nítido que a escola necessita valorizar mais os jogos como ferramenta necessária para o desenvolvimento das crianças. PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil. Jogos. Desenvolvimento. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - DEDOCHES...........................................................................................39 FIGURA 2 - BILBOQUÊ.............................................................................................40 FIGURA 3 – JOGO DA VELHA..................................................................................41 FIGURA 4 – JOGO VAI E VEM..................................................................................41 FIGURA 5 – ALUNA CONFECCIONANDO PEÇA DO JOGO DA VELHA................49 FIGURA 6 – ALUNOS JOGANDO O JOGO DA VELHA............................................49 FIGURA 7 – JOGO CONFECCIONADO PELOS ALUNOS.......................................50 FIGURA 8 – CONFECÇÃO DA MILONGA YOYO PELOS ALUNOS........................51 FIGURA 9 – MILONGA YOYO CONFECCIONADA PELOS ALUNOS......................51 FIGURA 10 – OS ALUNOS CONFECCIONANDO O JOGO VAI E VEM..................52 FIGURA 11 – CRIANÇAS BRINCANDO COM O VAI E VEM....................................52 FIGURA 12 – VAI E VEM CONFECCIONADO PELAS CRIANÇAS..........................53 FIGURA 13 – ALUNA CONFECCIONANDO O PERSONAGEM DO DEDOCHE....54 FIGURA 14 – ALUNA CONTANDO HISTÓRIA COM O DEDOCHE.........................54 FIGURA 15 – LUVA DE DEDOCHE CONFECCIONADA PELOS ALUNOS............55 FIGURA 16 – CULMINÂNCIA DO PROJETO COM AS DEMAIS TURMAS..............56 FIGURA 17 – CULMINÂNCIA DO PROJETO COM A PROFESSORA REGENTE..56 LISTA SIGLAS CEIM – Centro de Educação Infantil Municipal EVA – Etil Vinil Acetato LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11 1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA..................................................................................13 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA....................................................................................14 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.........................................................................15 1.4 OBJETIVOS.........................................................................................................15 1.4.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................15 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................16 1.5 HIPÓTESE...........................................................................................................16 1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA.........................................................................17 1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA..............................................................................17 1.6.2 TÉCNICAS DE PESQUISA PARA COLETA DE DADOS..................................................18 1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS..........................................................................19 1.6.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA...........................................................................20 1.6.5 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS...............................................................20 1.6.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS....................................................................21 1.7 APRESENTAÇÃO DAS PARTES DO TRABALHO.............................................21 2. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................23 2.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL................................................23 2.2 DIFERENTES FORMAS DE ENTENDER A CRIANÇA AO LONGO DOS SÉCULOS..................................................................................................................25 2.3 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET.................................31 2.4 OS PRINCÍPIOS E AS DEFINIÇÕES DA LEGISLAÇÃO ACERCA DA EDUCAÇÃO INFANTIL..............................................................................................35 2.5 JOGOS EDUCATIVOS.........................................................................................37 2.6 OS TIPOS DE JOGOS.........................................................................................39 2.7 CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS.........................................................................42 2.8 ALGUNS CUIDADOS QUE O PROFESSOR DEVE TER AO TRABALHAR COM JOGOS.......................................................................................................................44 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS/ESTUDO DE CASO.....................47 3.1 MUNICÍPIO/EMPRESA OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA.........................47 3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS.........................................................................48 3.3 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................57 4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES..................................................................63 4.1 CONCLUSÃO.......................................................................................................63 4.2 RECOMENDAÇÕES............................................................................................64 5. REFERÊNCIAS......................................................................................................65 6.ANEXOS.................................................................................................................68 6.1 ANEXOS A - DETALHAMENTO DOS JOGOS ...................................................69 7.APÊNDICES............................................................................................................72 7.1 APÊNDICE A - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM A PROFESSORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL .............................................................................................73 7.2 APÊNDICE B - PROJETO APLICADO NA TURMA DE 05 ANOS.........................................................................................................................75 11 1INTRODUÇÃO A sociedade atual passa por constantes mudanças às quais exigem novas orientações e propõe diferentes desafios no âmbito da educação. Ou seja, não cabe apenas as escolas repassar ou transmitir conhecimentos, mas favorecer a formação humana, por meio de uma aprendizagem significativa que conduza os alunos a aprenderem a pensar e aprimorar habilidades necessárias ao enfrentamento no mundo em que se encontra. Diferenciar o ensino para promover uma aprendizagem significativa é propor procedimentos didáticos que visem e foquem o ambiente natural da criança, ou seja, o interesse da mesma. Dentre esses procedimentos didáticos é possível citar: os jogos, as brincadeiras, músicas, a utilização de projetos que abordam assuntos do cotidiano, a educação física, dentre outros. De acordo com Lopes (2011, p. 33) “o jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”. Ou seja, através dos jogos a criança descobre suas habilidades de uma forma divertida e prazerosa para desenvolvê-las com o decorrer do seu crescimento até a fase adulta. O jogo de modo significativo requer a capacidade de se relacionar com diferentes parceiros e com eles por meio de diferentes linguagens para criar o novo e tomar decisões. Na educação infantil eles têm muita importância, pois é nesta fase que a criança está conhecendo seus medos, atribuindo sentidos aos acontecimentos, desenvolvendo de modo autônomo a fala e o pensamento e que está crescendo como ser humano, e o jogo faz com que a criança adquira o aprendizado jogando, brincando e divertindo-se aprendendo regras e limites. As regras, de modo geral, são aprendidas de forma concreta e direta em interação com os companheiros do grupo, da mesma condição psicossocial. O jogo é um juramento feito primeiro a si mesmo, depois aos outros, de respeitar certas instruções, certas regras. Nos grupos naturais, as regras não são impostas, mas engendradas por eles mesmos ou democraticamente acatadas, e por isso as crianças as respeitam e não permitem sua transgressão. (ALMEIDA, 1998, p. 53) 12 Dentro do aspecto escolar, os jogos ocupam um lugar de destaque. Seu privilégio consiste na total sintonia de sua prática com os processos de desenvolvimento vividos pelos alunos. Eles têm o papel de ajudar no desenvolvimento de uma criança para que seus aspectos cognitivo, psicológico e social se desenvolvam com qualidade. Através dos jogos a criança adquire conhecimento para toda uma vida e desenvolvem e conhecem suas habilidades. Segundo Snyders (apud ALMEIDA, 1998, p. 11), “é preciso organizar o jogo de tal forma que, sem destruir ou sem desvirtuar seu caráter lúdico, contribua para formar qualidades do trabalhador e do cidadão do futuro”. Hoje existem no mundo vários tipos de jogos como afirma Piaget (apud HORN et al., 2012, p. 35) “os jogos dividem-se em jogos de exercício, simbólico e de regras, além dos jogos de construção, presentes ao longo do desenvolvimento”. Assim, é possível entender que diante dos vários tipos de jogos citados acima, cabe ao professor perceber qual é o mais adequado para a realidade da sua turma assim como também pode criar jogos novos e confeccionar com as crianças mostrando o processo de construção e como jogar. No momento em que a criança tem contato com os jogos ela libera emoções, ações e reações, sendo possível notar se ela tem liderança ou gosta de ser liderada, se é calma ou agressiva, egoísta entre outros fatores que contribuem para a formação de sua personalidade. Bem como, permite que sejam trabalhadas as habilidades ainda não desenvolvidas na criança. [...] quando joga, a criança dá outras informações a serem consideradas, tais como: que tipo de postura adota, como se relaciona com os parceiros, quais reações apresenta e como lida com os materiais. Por exemplo, no que se refere a postura, é possível observar se é passiva, preferindo agir de acordo com o que o adulto espera (mesmo que isso a faça perder) ou, se reage, mostrando sua força, independente de quem seja seu adversário. (SISTO et al, 1996, p.164) O jogo é um fator didático importantíssimo, no qual o educador deve unir os jogos com suas práticas pedagógicas para ter um bom resultado, fazendo essa junção à criança brincará aprendendo e não irá brincar por brincar, terá foco, finalidade, 13 objetivo. De acordo com Lopes (2011, p. 33), “é importante que o educador, ao utilizar um jogo, tenha definidos objetivos a alcançar e saiba escolher o jogo adequado ao momento educativo. Enquanto a criança está simplesmente brincando, incorpora valores, conceitos e conteúdos”. Para Makarenko (apud ALMEIDA, 1998, p. 32), “o jogo é tão importante na vida da criança como é o trabalho para o adulto, daí o fato de a educação do futuro cidadão se desenvolver antes de tudo no jogo”. Observa-se a grande importância do jogo no desenvolvimento educacional da criança, contudo, este fato ainda é banalizado nas escolas e partindo desse denominador, entende-se e justifica-se que as atividades com jogos são mais que uma diversão, é um auxílio na aprendizagem. Sem perceber tal importância, os jogos às vezes são trabalhados sem intencionalidade, sem clareza de objetivos e sem um planejamento real. 1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA No decorrer do curso de pedagogia e no contato com a rotina escolar, durante o período de estágio das alunas integrantes desse trabalho, foi possível notar que alguns docentes pensam que a hora do parquinho ou o momento com os jogos é momento de descansar, deixando a criança “brincar por brincar”, “jogar por jogar”. Essa postura do docente infere certo esquecimento acerca de ser esse o momento em que a criança desenvolve com mais prazer e diversão o lado cognitivo, social e psicológico, pois, através dos jogos a criança desenvolve sua percepção, lateralidade, oralidade, imaginação, raciocínio lógico, atenção, coordenação motora dentre outras habilidades que irão ser apreciadas por eles e pelos docentes de acordo com o seu crescimento. Motivando crianças com jogos e com dinâmicas, além de ensiná-las tudo quanto consta do planejamento pedagógico e provocar a troca de ideias e a liberação da criatividade, também permite que desenvolvam sentimentos de solidariedade e cooperação, exercícios de concentração, consciência sobre regras e sua aplicação no cotidiano e compreensão sobre a significação do 14 perder e do ganhar. (ANTUNES, 2012, p. 31) Por este motivo a escolha do tema, que tanto chamou a atenção das pesquisadoras, ou seja, querer entender a importância dos jogos na vida da criança é algo mais que só provar que a criança precisa desse universo, é entrar um pouco no próprio mundo da criança e entender como estabelece–se o desenvolvimento infantil. Através dos jogos a criança aceita a existência do outro e passa a se socializar com crianças que já conhecem e que não conhece, mas o docente deve conhecer e entender a pedagogia do brincar, do jogar para que todo esse processo aconteça de forma significativa. O jogo é uma atividade com regras, mas sempre com espontaneidade e dosagens de intervenções sendo que cada criança tem um ritmo para aprender. De acordo com Ferreira (2008, p. 497), “jogo é a atividade física ou mental fundada em sistema de regras que definem a perda ou o ganho”. A criança podendo brincar com os jogos a sua percepção ganha grande desenvolvimento, ela vai tendo um aprendizado com mais prazer, e ainda desenvolve com muita qualidade sua atenção já que quando está jogando tem que se concentrar e participar para o jogo acontecer. Esses são alguns benefícios dos jogos para o aprendizado da criança sendo que o que foi desenvolvido nos jogos ela irá desempenhar em várias áreas de sua vida, seja na vida pessoal quanto na vida escolar. Considerando as afirmativas acima é que essa pesquisa justifica-se e adquire relevância. 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA Esse trabalho apresenta como delimitação do tema focar o estudo na análise da importância dos jogos na educação infantil com enfoque no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. Para tanto, foi realizado um estudo de caso com crianças de 05 (cinco) anos estudantes deum CEIM localizado no Bairro Cacique, na cidade de São Mateus (ES) no período de 18 de Setembro a16 outubro de 2013. 15 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Durante o curso de pedagogia em contato com a teoria e prática através do estágio, foi aguçada a vontade de mostrar a importância dos jogos na educação infantil, já que é nesta fase que a criança está se reconhecendo como ser humano, está se autodescobrindo. E Kishimoto (1996, p. 96) confirma isso quando diz: “O jogo nos propicia a experiência do êxito, pois é significativo, possibilitando a autodescoberta, a assimilação e a integração com o mundo por meio de relações e de vivências.” Percebe-se que as crianças têm dificuldades em aprender da forma tradicional, sendo os jogos o fator motivador para contribuir na aquisição de conhecimentos devendo ser utilizado como um recurso complementar ao processo de aprendizagem. É necessário também que nesta fase exista uma contribuição para o desenvolvimento social da criança, por exemplo, os jogos de regras possuem origem nas relações sociais e individuais que a criança recebe ou já recebeu. Eles permitem o desenvolvimento do pensamento abstrato na criança, fazendo com que ela adquira autonomia criando e recriando as regras do seu jogo. Sendo assim, a pesquisa a ser realizada teve por finalidade responder ao seguinte questionamento: Como devem ser inseridos os jogos na educação infantil para que caracterizem–se como uma estratégia que contribua para o desenvolvimento motor, cognitivo e social das crianças de 05(cinco) anos de um CEIM localizado no Bairro Cacique, no município de São Mateus (ES). 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 OBJETIVO GERAL Analisar de que modo os jogos contribuem para o desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança na educação infantil, beneficiando o processo de ensinoaprendizagem. 16 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar a importância dos jogos no processo de socialização e desenvolvimento cognitivo da criança utilizando como método a revisão bibliográfica; Verificar como a professora compreende o trabalho com jogos em sala de aula através de entrevista. Conhecer as influências dos jogos no processo ensino-aprendizagem na educação infantil através de pesquisa bibliográfica; Verificar através do projeto “Jogando e confeccionando” as contribuições que os jogos trazem para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. 1.5 HIPÓTESE Os jogos ao serem utilizados na educação infantil devem ter como finalidade desenvolver a coordenação motora, raciocínio lógico entre outras habilidades, mas de forma prazerosa e criativa proporcionando às crianças um desenvolvimento significativo para sua vida. Através dos jogos a criança constrói seu mundo e sua realidade. Os jogos contribuem de forma lúdica, no desenvolvimento cognitivo, social e psicológico da criança possibilitando um desenvolvimento de qualidade. Esse contato permite que a criança interaja, crie estratégias, crie possibilidades, reconheça situações, compare, desenvolva respostas e perguntas, antecipe certas ações e o que elas podem fazer. Os jogos permitem acontecer o brincar com aprendizado; o jogar para aprender e conhecer; o divertido com conhecimento; o prazeroso com conteúdo. Se a criança tiver contato com os jogos desde a educação infantil isso pode trazer pontos positivos para seu desenvolvimento, pois é nesta fase que ela vai crescendo como ser humano, sabendo usar seu corpo, seus sentidos e seus medos. A importância do jogar na educação infantil é uma pergunta que vários profissionais fazem a si mesmo, para responder a esse questionamento ele cria possibilidades de aprendizado à criança e alguns estudiosos acreditam que o jogo deve ser considerado como instrumento integrado ao processo de ensino aprendizagem. 17 Desse modo, esta pesquisa tem por hipótese a afirmativa de que os jogos contribuem na educação infantil para um bom desenvolvimento cognitivo, psicológico, motor e social da criança. 1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA Este projeto teve por objetivo mostrar a importância dos jogos na educação infantil a fim de fortalecer essa prática nessa fase na vida da criança, considerando ser neste momento que ela desenvolve com mais ênfase, prazer e diversão o lado cognitivo, social, motor e psicológico. Segundo Ferrão e Ferrão (2012, p. 97) “[...] A metodologia para a condução dos experimentos é definida através do objetivo e da hipótese proposta. Deve oferecer instrumentos ao pesquisador para a comprovação ou rejeição da hipótese formulada”. Então a metodologia foi um instrumento essencial para analisar os métodos indispensáveis na formulação da pesquisa, permitindo assim, uma explicação detalhada de toda ação empenhada no decorrer do projeto. 1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA De acordo com Gil (2007, p. 41) “[...] É possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas”. Foram utilizadas nesse projeto as pesquisas exploratórias e descritivas com a intenção de responder as questões aqui propostas sobre a importância dos jogos na educação infantil. Segundo Cervo e Bervian e Da Silva (2007, p. 61) pesquisas descritivas são: A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e 18 conexão com outros, sua natureza e suas características. Foi usada a pesquisa descritiva, poisatravés dela foi possível observar e descrever os dados coletados durante a aplicação do projeto “Jogando e Confeccionando” Segundo Cervo e Bervian e Da Silva (2007, p. 63): A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre seus elementos componentes. Esse tipo de pesquisa requer um planejamento bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um problema ou de uma situação. A pesquisa exploratória foi importante para o desenvolvimento do projeto, devido ao fato que o levantamento de informações se deu através de pesquisas bibliográficas e entrevistas com um professor de um CEIM localizado no bairro Cacique, município de São Mateus - ES, para entender melhor como tem sido trabalhado os jogos em sala de aula. 1.6.2 TÉCNICAS DE PESQUISA PARA COLETA DE DADOS Para a realização da pesquisa, tornou-se necessária a coleta de dados para a aquisição do conhecimento essencial. A partir deste raciocínio foi utilizado nesse projeto a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso para obter o resultado desejado. A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., [...]. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 185) A pesquisa bibliográfica foi de grande ajuda para a obtenção de dados e informações, sendo possível ter diferentes visões do assunto abordado. Para complementar o trabalho de pesquisa, foi realizado também um estudo de caso para obter-se informações mais precisas. Segundo Gil (2007, p. 54) o estudo de caso “[...] Consiste no estudo profundo e 19 exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.” Essa técnica foi utilizada nesse trabalho por meio da aplicação do projeto “Jogando e Confeccionando”, ou seja, desenvolveu-se uma atividade pontual, com um grupo específico a fim de conhecer de modo mais amplo os conceitos encontrados na bibliografia. 1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS Os dados coletados no projeto de pesquisa podem ser classificados em duas categorias: fontes primárias e fontes secundárias. Segundo Andrade (2001, p. 43): Fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, material ainda não trabalhado sobre determinado assunto. As fontes primárias, pela sua relevância, dão origem a outras obras, que vão formar uma literatura ampla sobre aquele determinado assunto. Neste projeto foram utilizadas fontes primárias, onde os dados foram coletados na fonte através da aplicação do projeto “Jogando e Confeccionando”, existindo assim registro da experiência, obtendo-se informações que ainda não foram levantadas, sendo estudadas para formular outros dados que darão origem a um estudo detalhado sobre a importância da utilização dos jogos no processo de ensino e aprendizagem. Segundo Andrade (2001, p. 43): “As fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes da pesquisa bibliográfica”. Foram utilizadas também as fontes secundárias, ou seja, a pesquisa bibliográfica, pois através dela foi possível chegar a conceitos de diferentes autores sobre o tema aqui abordado, a fim de ampliar os conhecimentos acerca do tema. 20 1.6.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Realizou-se uma pesquisa em um CEIM do Bairro Cacique, município de São Mateus (ES), no período de setembro a outubro do ano de 2013. A pesquisa ocorreu junto a um professor regente da turma de 05 (cinco) anos, com o qual foi realizada uma entrevista e uma população de 22 alunos, com os quais foi aplicado o projeto “Jogando e Confeccionando”. 1.6.5 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS O instrumento para coletas de dados podem ser: análise de documentos, entrevista, questionário, formulário ou observação. Desse modo, para a realização desse projeto foram utilizados os instrumentos de entrevista e observação. De acordo com Ferrão e Ferrão (2012, p. 104): Entrevista é o encontro de duas pessoas com o objetivo de obter informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversa natural ou programada de forma profissional. A conversa é efetuada frente a frente com entrevistado e entrevistador, de forma sistemática e metódica, possibilitando assim, obter informações necessárias ao entrevistado para realização do trabalho. Através da entrevista foi possível obter dados extras sobre o assunto a ser abordado permitindo um diálogo entre o entrevistado e o entrevistador, sendo a técnica adequada para coleta de dados. De acordo com Marconi e Lakatos (2011, p. 277): A observação é uma técnica de dados para conseguir informações utilizando os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar. Através da observação foi possível obter e registrar informações possibilitando um contato do investigador com o tema abordado. Ela ocorreu durante a aplicação do 21 projeto “Jogando e Confeccionando”. 1.6.6 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS Segundo Gil (2007, p. 125): “[...] a interpretação dos dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente”. Sendo assim, a pesquisa foi classificada como qualitativa porque foi realizada a análise do discurso, o relato dos fatos observados e o confronto dos dados observados com o discurso da professora, bem como com a teoria sobre o tema. De acordo com Marconi e Lakatos (2011, p. 274) estes destacam que: “A observação qualitativa é uma técnica de coleta de dados também chamada observação de campo, direta ou participante [...]”. 1.7 APRESENTAÇÃO DAS PARTES DO TRABALHO O trabalho foi elaborado e estruturado em cinco capítulos da seguinte forma: O primeiro capítulo nos traz a proposta do tema da pesquisa, que é composto pela introdução, à justificativa do tema a ser pesquisado, a delimitação do tema e formulação do problema observado, o objetivo geral e os específicos em que se pauta a pesquisa, em seguida vem apresentada a hipótese e a metodologia utilizada na execução do trabalho. O segundo capítulo, o referencial teórico, discorre sobre as teorias e embasamentos de vários autores como Kishimoto, Piaget, Ariès, Ponce e outros os quais proporcionaram embasamento para as pesquisas nos estudos desses pensadores fundamentando as ideias centrais deste trabalho. O referencial foi elaborado abordando os seguintes tópicos: Breve histórico da Educação Infantil; As diferentes formas de entender a criança ao longo dos séculos;Desenvolvimento da criança segundo Piaget; Os princípios e as definições da legislação acerca da Educação Infantil; Os jogos; Os tipos de jogos; Contribuições dos jogos; Dificuldades do 22 professor ao trabalhar com jogos. O terceiro capítulo é a apresentação e a análise dos dados apresentados. Nesse tópico descreve-se detalhadamente os dados do que foi feito e os resultados do projeto analisando as informações obtidas por meio do referencial teórico. No quarto capítulo são apresentadas a conclusão e as recomendações construídas a partir das aprendizagens que ocorreram na elaboração e construção deste trabalho. E finalizando, no quinto capítulo são apresentadas todas as fontes bibliográficas utilizadas e pesquisadas na fundamentação deste trabalho. 23 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Craidy e Kaercher (2001) nos trazem que durante muito tempo a educação da criança era de responsabilidade das famílias ou do grupo social que ela pertencia. Através do convívio com esses adultos e com outras crianças ela aprendia a se tornar membro desse grupo, a participar das tradições importantes e a dominar os conhecimentos necessários para sua sobrevivência. Durante muitos séculos não houve nenhuma instituição responsável por auxiliar os pais e a comunidade na educação da criança. Logo, pode-se dizer que a educação infantil que é conhecida hoje é um fato recente, sendo realizada de forma complementar a família, embora nem sempre tenha ocorrido desse modo. Sendo assim, será destacado o percurso da história da educação infantil que ajudou a modificar na sociedade as maneiras de se pensar o que é ser criança. Conforme descrito pelo Ministério da Educação – RCNEI (BRASIL, 1998, p. 21) “A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico”. A criança é o ponto central para o surgimento das escolas. A necessidade do surgimento dessas instituições de ensino é proveniente de mudanças no lar. As creches e pré-escolas surgiram depois das escolas, sendo que o aparecimento dessas está associado com o trabalho materno fora do lar, a partir da revolução industrial. (CRAIDY; KAERCHER, 2001) Sendo assim, o surgimento dessas instituições se deu através da necessidade das mães que não tinham onde deixar seus filhos para trabalharem procurando as creches e pré-escolas. Isso acontece até os dias atuais onde muitas mães precisam até que seus filhos fiquem na escola em períodos integrais. 24 O surgimento das instituições de educação infantil esteve relacionado ao renascimento da escola e do pensamento pedagógico moderno, que pode ser localizado entre os séculos XVI e XVII. A escola organizou-se devido a várias manifestações na sociedade como: descobertas de novas terras, surgimento de novos mercados e o desenvolvimento científico, a invenção da imprensa, que permitiu que muitos tivessem acesso a leitura (principalmente da Bíblia). (CRAIDY; KAERCHER, 2001) Ocorreu uma mudança na visão de escola onde as práticas pedagógicas exigiram uma outra postura que permitiu o acesso a leitura inicialmente no meio religioso. Com inovações na área da escola moderna, houve uma procura maior por creches e pré-escolas com o intuito de proteger a criança das influências negativas do seu meio e preserva-lhe a inocência, em outros casos era preciso afastar a criança da ameaça da exploração, em outros, ainda, a educação dada às crianças tinha por objetivo eliminar as suas inclinações para a preguiça, a vagabundagem, consideradas características das crianças pobres. (CRAIDY; KAERCHER, 2001) Percebe-se assim que a educação infantil de certa forma toma um caráter “corretivo”, traçando o destino social das crianças, transformando a criança (especialmente as pobres) em sujeitos úteis, em uma sociedade desejada e definida por poucos. O surgimento das creches e pré-escolas teve argumentos que focavam em uma visão mais otimista da infância e de suas possibilidades, com o objetivo de “endireitar” a criança vendo nela uma ameaça ao progresso e a ordem social. Todas essas ideias, e os conflitos existentes entre elas, influenciaram as instituições que surgiram, marcando assim a forma de atuação dos educadores de cada uma delas. O que se pode notar, do que foi dito até aqui, é que as creches e préescolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorrem na sociedade: pela incorporação das mulheres à força de trabalho assalariado, na organização das famílias, num novo papel da mulher, numa nova relação entre os sexos, para citar apenas as mais evidentes. Mas, 25 também, por razões que se identificam com um conjunto de ideias novas sobre o tema infância, sobre o papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse conjunto social. (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 15) Compreende-se então que, o surgimento das creches e pré-escolas deu-se a partir das modificações da sociedade tanto no âmbito cultural, social e político, auxiliando também na construção de uma nova visão sobre a criança. 2.2 DIFERENTES FORMAS DE ENTENDER A CRIANÇA AO LONGO DOS SÉCULOS De acordo com estudos feitos por diferentes autores como Ariès (2011), Oliveira (2011), Ponce (2007), é possível afirmar que existem diferentes maneiras de entender as crianças e seu desenvolvimento ao longo dos séculos, e que a criança assume variados papéis, de acordo com a época e a sociedade em que está inserida. Sendo assim, serão mencionados alguns desses estudos sobre os diferentes sentimentos de infância ao longo dos séculos. O objetivo desse trabalho em fazer referência a essa mudança dos sentimentos de infância está no fato de acreditar que o conceito/sentimento de infância de cada época irá modificar a maneira de lidar com a criança. É possível dizer que na antiguidade a criança não era vista de uma forma diferenciada e sim tratada como um adulto em miniatura. Atualmente, com estudos desenvolvidos na área infantil, existem linguagens apropriadas para as crianças de acordo com cada faixa etária. Entende–se que o adulto não deve utilizar a mesma linguagem de uma criança na idade de dois anos com uma na idade de seis anos. Considerando as mudanças que ocorreram no sentimento/conceito de infância ao longo dos séculos Ariès (2011 p.104) afirma que: “O primeirosentimento da infância – caracterizado pela “paparicação” - surgiu no meiofamiliar, na companhia das criancinhas pequenas”. 26 Logo, toda ou qualquer atenção ou gesto de carinho dispensado a uma criança pelos adultos era visto como um cuidado excessivo, bajulação, uma mera paparicação, não sendo compreendido como uma estimulação para o seu desenvolvimento, social, psicomotor, intelectual e cognitivo. Sendo assim, não existia uma estimulação das relações de vínculo por parte dos adultos e seus familiares para com as crianças (ARIÉS, 2011). Essa atitude por parte dos adultos permaneceu entre os séculos XV e XVI, sendo que as crianças não eram vistas como indivíduos com personalidade, individualidade, não havia um espaço apropriado para elas, e as habilidades eram direcionadas apenas para o serviço doméstico. Oliveira (2011, p. 58) deixa bem claro essa postura dos familiares quando menciona que: Durante muito tempo, a educação e o cuidar das crianças era de responsabilidades dos familiares em particular das mulheres, desde muito cedo, ainda de colo a criança era vista como um pequeno adulto, e ao criar uma independência ajudava os adultos nas atividades do dia a dia. Já para a elite as crianças eram tidas como objeto divino, no entanto seu processo de desenvolvimento para a fase adulta também se dava às tarefas domésticas. Cabia as familias a responsabilidade de cuidar das crianças em especial, por parte das mulheres já que as mesmas ficavam incubidas da realização dos afazeres domésticos, sendo que as crianças a ajudava nessas tarefas diárias. Confirmando a citação acima Ponce em seu livro Educação e lutas de classes pontua que: As mulheres estavam de pé de igualdade com os homens,e o mesmo acontecia com as crianças. Até os sete anos, idade a partir da qual já deviam começar a viver às suas próprias expensas, as crianças acompanhavam os adultos em todos os trabalhos, ajudavam-nos na medida das suas forças e, como recompensa recebiam a sua porção de alimentos como qualquer outro membro da comunidade. (PONCE, 2007, p.18) A criança já criava sua independência ao completar os sete anos de idade, sendo o mesmo tratado como um adulto e trabalhava para receber em troca a sua alimentação. 27 Ponce (2007) aponta que as crianças eram vistas como meros objetos. Esse modo de entender as crianças está presente desde os primórdios, sendo que as crianças tinham o papel de colaboradores dos adultos com afazeres, mas de maneira precoce, recebendo como troca alimentação. Na sociedade medieval, deveria a criança crescer de maneira rápida para que assim pudesse participar do trabalho dos adultos, onde todas as crianças eram colocadas em famílias estranhas independente de sua condição para poderem aprender os serviços domésticos. De acordo com Ariès (2006, p.156): “era através do serviço que o mestre transmitia a uma criança não a seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir”. Desse modo, a criança tinha seu aprendizado com a prática e a convivência com os adultos. A família não podia, portanto, nessa época, alimentar um sentimento existencial profundo entre pais e filhos. Isso não significa que os pais não amassem seus filhos: eles se ocupam de suas crianças menos por elas mesmas, pelo apego que lhes tinham, do que pela contribuição que essas crianças podiam trazer à obra comum, ao estabelecimento da família. A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental. No caso de famílias muito pobres, elas não correspOndiam a nada além da instalação material do casal o seio de um meio mais amplo, a aldeia, a fazenda, o pátio ou a “casa” dos amos e senhores, onde esses pobres passavam mais tempo do que em sua própria casa (as vezes nem ao menos tinha uma casa, eram vagabundos sem eira nem beira, verdadeiros mendigos). Nos meios mais ricos, a família se confundia com a prosperidade do patrimônio, a honra do nome. A família quase não existia sentimentalmente entre os pobres, e quando havia riqueza e ambição, o sentimento se inspirava no mesmo sentimento provocado pelas antigas relações de linhagem (ARIÈS, 2011, p.158 - 159). Os pais amavam seus filhos no entanto não demonstrava esse sentimento de uma maneira específica. As crianças eram vistas apenas como mais um integrante do meio familiar, com as famílias mais pobres era ainda mais difícil pois os mesmos passavam mais tempo nas casas dos amos e senhores que em suas próprias residencias. A família não demonstrava um sentimento de afeto ou carinho para com os filhos, não por falta de amor, dedicação para com eles, mas devido ao fato das crianças se ausentarem para longe de seus lares para terem um aprendizado com outras famílias. Os pais amavam seus filhos, no entanto, caso “alimentassem” esse 28 sentimento ficaria difícil deixá-los irem ao encontro de outras famílias. Muitas dessas crianças que eram educadas por outras famílias nem sempre retornavam para seus lares quando atingiam a idade adulta. As famílias que não tinham muito recursos mandavam seus filhos para fazendas, aldeias e muitas vezes para casa de seus senhores, amos e em alguns casos as famílias passavam mais tempo trabalhando do que em casa, quando tinham uma casa e nem viam as crianças. No caso do envio para as famílias ricas, as crianças “pobres” eram vistas como tendo uma chance de ganhar mais dinheiro e lucro, também à honra da família era devido ao nascimento das crianças (ARIÉS, 2011). Esse processo pela qual o modo de compreender a criança passou era visível também nas obras de artes como pinturas. Nos quadros as crianças eram pintadas como verdadeiros adultos, alguns pintores mostravam a nudez das crianças sem nenhum pudor, os corpos das crianças eram desenhados com a musculatura e traços definidos de adultos. Um bom exemplo a ser citado é a obra do livro de salmos de São Luís de Leyde que mostra logo após o nascimento de Ismael o seu corpo já estava com músculos abdominais e peitorais de um adulto. (ARIÈS, 2011). Em uma miniatura francesa do fim do século Xl, as crianças que São Nicolau ressuscita estão representadas numa escala mais reduzida que os adultos, sem nenhuma diferença de expressão ou traços. (ARIÈS, 2011, p.17). Como menciona acima ao ilustrar uma criança em suas pinturas, o artista distinguia as crianças dos adultos apenas pela estatura sendo os traços pintados da mesma maneira, considerava que a criança não tinha uma identidade pessoal que a identificasse como criança. Ela precisaria tornar-se adulta para ser considerada dotada de personalidade e importância. Ao longo dos séculos o modo de compreender a criança foi passando por vários processos, ou seja, foi sofrendo interferências do contexto no qual ela estava inserida. Foi atribuída á criança uma identidade pessoal. As crianças, atualmente, têm um espaço totalmente voltado para o seu universo. Há séculos atrás eram deixadas nas casas dos escravos para serem educados por eles, hoje são destinadas para centros educacionais para desenvolverem suas habilidades e o 29 seus conhecimentos. Apesar das semelhanças das ações, que visam uma “educação”, hoje busca-se desenvolver as relações de apego; os lugares de “ensino” tentam desenvolver atividades relacionadas a cada faixa etária; há uma política específica para a criança e para o adolescente. Quando é feito referência à esses locais que recebem crianças a fim de “cuidar” e “educar” é perceptível que alguns estudiosos como Oliveira (2010) consideravam as creches como um simples depósito para as crianças, sendo que esses lugares eram usados somente para as crianças passarem o tempo. De acordo com Oliveira (2010, p.92) este destaca que: “A ideia de “jardim de infância”, todavia gerou muitos debates entre os políticos da época. Muitos o criticavam por identificá-lo como salas de asilo francesas, entendidas como local de mera guarda das crianças”. Desde a época da escravidão quando os senhores feudais deixavam seus filhos para serem educados pelos seus escravos em suas casas, vem o pensamento que os locais a qual se encontravam as crianças, eram apenas depósitos e uma forma de passatempo para as crianças, sem nenhuma forma de aprendizagem. Acreditava-se que a criança somente brincaria e teria apenas cuidados básicos, como receber cuidados referentes à higiene pessoal e alimentação. Atualmente, o modo de compreender os centros infantis vem sendo modificado, pois além dos cuidados básicos oferecidos às crianças são trabalhadas atividades para serem desenvolvidas as habilidades e todo universo infantil. Esse novo movimento iniciou-se concomitante ao período do Renascimento entre os séculos XVI e XVII, no qual ocorreu uma ampliação das atividades artísticas e a expansão comercial. Esse novo contexto estimulou um olhar diferenciado para as crianças, ou seja, foi estabelecida a ideia de um universo infantil, visando também o lado comercial com a criação de produtos característicos e apropriados para as crianças, assim as mesmas deixaram de ser tratadas como adultos em miniaturas. Atualmente, há uma forma diferente de ver a criança, porém ainda existe essa visão comercial voltada para os produtos infantis. 30 Oliveira, (2010, p.59) deixa claro isso ao mencionar que: O desenvolvimento científico, a expansão comercial e as atividades artísticas ocorridas no período do Renascimento estimularam o surgimento de novas visões sobre a criança e sobre como ela deveria ser educada. Devido o reconhecimento da criança como individuo que possui personalidade, habilidades e competências, as instituições de ensino sentiram a necessidade de mudar a forma de desenvolver a educação com as crianças. A própria educação foi percebendo que a utilização de novas ferramentas trariam contribuições positivas para o processo de ensino aprendizagem da criança sendo, uma dessas ferramentas os jogos que tem uma grande importância na educação infantil.Isso ocorreu nos séculos XV e XVI. Segundo Oliveira (2010, p. 234) afirma que: “O jogo infantil tem sido definido na educação infantil como recurso para aprendizagem e desenvolvimento das crianças”. Na citação acima Oliveira deixa a entender que com o passar do tempo foi notandose a importância dos jogos como uma ferramenta necessária para o processo ensino-aprendizagem na educação infantil, recursos esses que são indispensáveis nos dias atuais. No entanto o professor não deve permitir que as crianças brinquem por brincar, porque os momentos dos jogos além de divertidos, envolventes e prazerosos são também um rico momento no qual a criança está desenvolvendo várias habilidades como coordenação motora, atenção, percepção, disciplina, conceito de regras o respeito ao próximo e a si mesmo, sendo este momento de aprendizagem necessitando assim da mediação por parte de um adulto (OLIVEIRA, 2010). Essa forma atual de entender a infância e as estratégias para lidar com ela no âmbito educacional baseia-se em um conceito também específico sobre o desenvolvimento infantil. 31 2.3 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET Segundo Rappaport, Fiori e Davis (2005, p. 63): Piaget conceitua o desenvolvimento como um processo de equilibração progressiva que tende para uma forma final, qual seja a conquista das operações formais. O equilíbrio se refere à forma pela qual o indivíduo lida com a realidade na tentativa de compreendê-la, como organiza seus conhecimentos (ou seus esquemas) em sistemas integrados de ações ou crenças, com a finalidade de adaptação. No processo de desenvolvimento da criança Piaget observou diferentes formas da mesma interagir com o meio em diferentes faixas etárias. O desenvolvimento é entendido por Piaget como um processo complexo e longo, que dura toda a vida do indivíduo, sendo dividido em estágios ou períodos. Em cada uma dessas fases a criança amadurece física, cognitivamente, socialmente e psicologicamente, sendo instigada pelo ambiente físico e social a construir sua inteligência. De acordo com cada faixa etária a criança reage de forma diferente com o meio a qual esta inserida, uma vez que aprende novas e diferentes habilidades (PIAGET apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). Palangana (2001, p. 23) nos mostra que: De acordo com a concepção Piagetiana, o desenvolvimento cognitivo compreende quatro estágios ou períodos: o sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); o pré-operacional (2 a 7 anos); o estágio das operações concretas (7 a 12 anos) e, por último, o estágio das operações formais, que corresponde ao período da adolescência (dos 12 anos em diante). O primeiro estágio denomina-se sensório-motor porque segundo Piaget e Inhleder (apud PALANGANA, 2001, p. 24) “[...] à falta de função simbólica, o bebê ainda não apresenta pensamento nem afetividade ligadas a representações, que permitem evocar pessoas ou objetos na ausência deles”. O recém-nascido não associa tudo o que vê, mas de acordo com que se desenvolve a partir da interação entre o sistema nervoso e o meio, os comportamentos vão sendo desenvolvidos, dentre esses comportamentos é possível citar: o ato de coordenar os movimentos das mãos e olhos; pegar objetos; reconhecer a mãe. Este 32 período recebe este nome por ser nele que a criança conhece seu mundo através da percepção tátil e dos movimentos. Piaget destaca que a principal conquista desse período é o desenvolvimento da noção de permanência de objeto. É nele também que a criança elabora o conjunto das subestruturas cognitivas que deverão orientar as construções perceptivas e intelectuais posteriores. (PALANGANA, 2001, p. 24) Desse modo, a criança durante esse período distingue o que é dela e o que é do mundo, adquirindo noção de espaço e tempo interagindo com o meio. Nesse período a criança adquire noção de objeto permanente onde um bom exemplo a ser citado é quando mostramos a ela um objeto e depois o escondemos. Ao perguntar a criança onde está o referido objeto e ela procurar pelo mesmo isso significa que ela já adquiriu essa noção, caso contrário ainda não a desenvolveu, ou seja, a criança adquire a noção de que há um mundo para além do seu campo de visão. Piaget define o segundo estágio como pré-operatório, como nos mostra Rappaport, Fiori e Davis (2005, p. 68): Ao se aproximar dos 24 meses a criança estará desenvolvendo ativamente a linguagem o que lhe dará possibilidades de, além de se utilizar da inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais-motores formados na fase anterior, iniciar a capacidade de representar uma coisa por outra, ou seja, formar esquemas simbólicos. Nesta fase a criança desenvolve a linguagem assim como também a capacidade simbólica, nela a criança distingue uma imagem ou símbolos de um objeto real. Com o aparecimento da função simbólica, é possível utilizar nessa fase o jogo simbólico que permite a criança viver o faz de conta; a usar sua imaginação como, por exemplo, ao brincar de escolinha onde ela é professora e as bonecas são seus alunos transferindo as situações vividas no dia a dia para o imaginário. [...] mesmo a criança dispondo de esquemas internalizados, nessa fase ela ainda não dispõe de um fator essencial ao desenvolvimento cognitivo, que é a reversibilidade no pensamento: não consegue, assim, desfazer o raciocínio, no sentido de retornar do resultado ao ponto inicial. (PALANGANA, 2001, p. 25) A citação acima se refere à incapacidade que a criança apresenta de simbolizar e abstrair as situações, ou seja, ela ainda não tem a capacidade de construir e desconstruir um pensamento sem a existência de algo concreto. Pode-se utilizar 33 como exemplo a seguinte situação: pede-se a criança que conte os numerais em ordem crescente ela o faz com facilidade por já ter memorizado, e quando é solicitada que conte em ordem decrescente ela já não tem isso memorizado e apresenta dificuldade em executar a ação. Uma das características desta fase também é a conduta egocêntrica na qual Rappaport, Fiori e Davis (2005, p. 68) mencionam que: O egocentrismo se caracteriza, basicamente, por uma visão da realidade que parte do próprio eu, isto é, a criança não concebe um mundo, uma situação da qual não faça parte, confunde-se com objetos e pessoas, no sentido de atribuir a eles seus próprios pensamentos, sentimentos, etc. A criança vê o mundo do seu ponto de vista e não imagina que haja outros pontos de vistas possíveis, que outras pessoas podem olhar a mesma coisa com entendimentos diferentes. O exemplo abaixo permite-nos entender melhor o pensamento egocêntrico. Pede-se a uma criança, colocada de um lado de uma mesa sobre a qual estão diversos objetos, que desenhe ou escreva como uma outra pessoa, sentada do lado oposto, veria os mesmos objetos. As crianças do estágio pré-operatório tem extrema dificuldade em realizar essa tarefa – tendem a desenhar o que elas mesmas veem – porque, justamente, isto exige que o sujeito se descentre, ou seja, se coloque do ponto de vista (espacial, no caso) de outrem. (TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992, p. 15). Para a criança a pessoa que está do outro lado está vendo o mesmo que ela vê, não imagina outra visão de uma situação a qual ela não faz parte. A fase seguinte é o estágio das operações concretas no qual Palangana (2001, p. 26) afirma que “É assim denominado porque a criança ainda não consegue trabalhar com proposições, ou seja, com enunciados verbais.” Assim, a criança organiza suas ações e exerce suas habilidades e capacidades a partir dos objetos reais, de coisas concretas. Palangana (2001, p.27) afirma que: Com o desenvolvimento da capacidade para pensar de maneira lógica – característica deste período -, a criança não apenas busca compreender o 34 conteúdo do pensamento alheio, mas também empenha-se em transmitir seu próprio pensamento de modo que sua argumentação seja aceita pelas outras pessoas. Desse modo, o egocentrismo do período anterior é superado e inicia-se a construção lógica onde a criança adquire a capacidade de entender que existem pontos de vistas diferentes podendo ser de pessoas diferentes ou mesmo de objetos que a própria criança vê a partir de diferentes pontos de vistas. Outra característica desta fase segundo Piaget (apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 104) é “o surgimento de uma nova capacidade mental da criança: as operações, isto é, ela consegue realizar uma ação física ou mental dirigida para um fim (objetivo) e revertê-la para o seu início”. Confirmando a citação acima, é possível dizer que a criança adquire o conceito de reversibilidade no pensamento na qual ideias podem ser retomadas. Um exemplo dessa capacidade é quando em um jogo de quebra cabeça a criança consegue na metade do jogo, descobrir que há um erro nas peças, desmanchar certa parte e recomeçar de onde corrigiu terminando a montagem do quebra cabeça. O último estágio de desenvolvimento mental na teoria de Piaget é o operatórioformal. Neste período, ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato, isto é, o adolescente realiza as operações no plano das idéias, sem necessitar de manipulação ou referências concretas, como no período anterior. (PIAGET apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 105) Aqui o adolescente não necessita de coisas reais ou concretas para organizar suas ações, ele passa a ter o pensamento abstrato no qual acredita em algo mesmo sem vê-lo. Tendo em vista as relações sociais do adolescente nesse período, ele passa pela fase da interiorização que se caracteriza com o afastamento da família não aceitando conselhos, mantendo, por vezes, comportamento antissocial, discute sempre a sociedade com a intenção de mudá-la. Passa também pela fase que 35 atinge o equilíbrio entre o que pensa e a realidade, entendendo a importância da sua reflexão sobre o mundo real (PIAGET apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). A criança ao passar por cada uma dessas fases vai adquirindo diferentes habilidades como coordenação motora, linguagem, expressões corporais, passagem do pensamento concreto para o abstrato entre outros, aprimorando assim, o que ela tem de melhor em cada uma delas. Ao chegar à última fase de desenvolvimento o indivíduo encontra situações de equilíbrio. Essa forma ampla e específica de compreender o desenvolvimento exige que sejam criadas políticas e legislações específicas para cada faixa etária. 2.4 OS PRINCÍPIOS E AS DEFINIÇÕES DA LEGISLAÇÃO ACERCA DA EDUCAÇÃO INFANTIL A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é consequência da Constituição Federal de 1998, assim como as outras leis a respeito da infância, definem uma nova doutrina em relação à criança como sujeito de direitos. De acordo com o artigo 227 da Constituição Federal (BRASIL, 1989, p. 144): É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criançae ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. Sendo assim, tanto os pais quanto a sociedade devem respeitar e garantir os direitos da criança, não podendo agir como bem entendem. Mesmo sendo seus responsáveis eles devem respeitar o que diz a Constituição que reconhece a criança como um cidadão em desenvolvimento. Outras duas definições importantes da constituição foram que os trabalhadores (homens e mulheres) têm direito à assistência gratuita de seus filhos e dependentes desde o nascimento até os seis anos de idade em creches e pré-escolas. (CRAIDY; KAERCHER, 2001) 36 Desse modo, as creches e pré-escolas devem ser instituições de caráter educacional ampliando seu carater assistencial, onde os pais deixam os filhos porque eles vão aprender algo de fato, pois nestes locais irão trabahar atividades para o melhor desenvolvimento das crianças. O artigo 29 da LDB (BRASIL, 1996, p. 46) diz que: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Dessa forma, as creches e pré-escolas devem ter a função de complementar o que é passado em casa pela família, e não de substituí-la como ocorre em alguns casos. A escola e a família devem unir-se para oferecer tudo o que a criança necessita para seu adequado desenvolvimento. O artigo 62 da LDB (BRASIL, 1996, p. 60) diz que: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Para atuar como docente na educação básica o indivíduo deve ter uma formação de licenciatura plena em educação, permitindo assim, este atuar nas quatro séries primárias do ensino fundamental e da educação infantil. A educação infantil é de responsabilidade do município, sendo do estado quando o município não tiver essa modalidade de ensino(CRAIDY; KAERCHER, 2001). Essa fase é o momento em que a criança esta em formação de conceitos e os jogos quando bem trabalhados na educação infantil é uma ótima ferramenta para uma aprendizagem significativa das crianças. 37 2.5 JOGOS EDUCATIVOS Segundo Ferreira (2008, p.497) o conceito de jogo “é uma atividade física ou mental fundamentada em sistema de regras que definem a perda ou ganho”. Desse modo, o jogo dentro deste contexto contribui para o desenvolvimento físico e intelectual do aluno, obedecendo as regras, desenvolvendo o sentimento de perder ou ganhar e que o acompanhará até a vida adulta. Já Huizinga (apud HORNet al, 2012, p. 15) descreve o jogo como: [...] uma atividade voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotada de um fim em si mesma, acompanhada de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana (caráter fictício). Compreende-se então que o jogo é uma atividade regulada, embora utilizado de forma espontânea e prazerosa. Segundo Horn (2012, p. 18), “o jogo transita livremente entre o mundo interno e o mundo real, o que lhe garante a evasão temporária da realidade e confirma a características antes citada de ser uma atividade que ocorre em espaço e tempo determinados”. Sendo assim, a criança no momento em que está jogando “viaja” em dois mundos: o real e o da fantasia, momento no qual ela pode usar sua imaginação e se sentir de fato no jogo, a criança se distancia do mundo imaginário lembrando até de situações que tenha vivenciado Kishimoto (1996, p. 20) diz: “assim como na poesia, os jogos infantis despertam em nós o imaginário, a memória do tempo passado”. Diante disso quando alguém lê uma poesia desperta o prazer a imaginação, assim também acontece com os jogos. 38 O jogo e a criança caminham juntos desde o momento de que se fixa a imagem da criança como um ser que brinca. Portadora de uma especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração. (KISHIMOTO, 1993, p.11) Compreende-se então, que os jogos vêm mudando e se inovando a cada geração, jogos que eram de um jeito, hoje apresentam novas características, mas contendo os mesmos objetivos. A criança é um ser brincante por natureza, e ela e os jogos caminham de mãos dadas no processo de aprendizagem. Lopes (2011, p. 39) traz a sua visão sobre o objetivo do jogo: “alguns jogos tem como objetivo o desenvolvimento da autonomia da criança: poder arriscar-se, ter de fazer a sua parte sozinha e ser responsável por suas escolhas e atos”. Entende-se que a criança deve arriscar, e pensar sozinha submetendo - se a escolha dos seus próprios atos, pois o desenvolvimento da autonomia da mesma tem como fator importante o amadurecimento dos aspectos emocional, do psíquico e do intelectual. Segundo Kishimoto (1996, p. 24), “no jogo nunca se sabe os rumos da ação do jogador, que dependerá sempre de fatores internos de motivações pessoais e de estímulos externos, como a conduta de outros parceiros”. Visto que, quando o jogo começa nunca se sabe o que pode acontecer, pois, pode afetar o humor, o psicológico, o físico, no qual pode fazer o jogo trilhar para outros caminhos. Dentro dessa importante estratégia de aprendizagem que são os jogos pode – se observar a existência de diferentes modalidades. Dentre elas: Os jogos de exercício, jogos simbólicos, de regras e de construção. 39 2.6 OS TIPOS DE JOGOS Piaget (apud HORN et al, 2012, p. 35) diz que “[...] os jogos dividem-se em jogos de exercício, simbólico e de regras, além dos jogos de construção, presentes ao longo do desenvolvimento.” Assim, nesse trabalho será abordado cada um e a contribuição dos mesmos para com a criança. Horn et al (2012, p.35) nos mostra que “ Os jogos simbólicos têm como função a compensação, a realização de desejos e a liquidação de conflitos e expressam-se no “faz de conta” e na ficção.” O jogo simbólico é caracterizado pelo brincar de faz de conta, ou seja, aquilo que não é. As representações expressas nele são de formas livres e pouco vinculada a realidade da criança. Pode-se dar como exemplo de jogo simbólico a confecção de dedoches ou fantoches para contação de história. Figura 1: Dedoches 1 Kishimoto (1996, p. 40) nos fala que “Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança”. 1 Dedoches. Disponível em:http://blogdebrinquedo.com.br/tag/fantoche/page/2/Acesso em: 31/10/2013 ás 22h e 31 min. 40 O autor deixa claro que quando o jogo é construído pela própria criança, contribui para o enriquecimento da criatividade na qual esta revela-se capaz de fazer coisas por si própria, sendo também possível perceber como ela se socializa com outras crianças. Podemos citar alguns exemplos de jogos de construção como a peteca, a milonga, o bilboquê entre outros. Figura 2: Bilboquê 2 Horn et al, (2012, p. 35) trazem que: Os jogos de regras são aqueles cuja regularidade é imposta pelo grupo, resultado da organização coletiva das atividades lúdicas. As regras podem ser transmitidas ou espontâneas e passam de uma condição inicial motora e individual, depois egocêntrica, de cooperação até a codificação. Os jogos de regras permitem que a criança adquira mais confiança em si e no outro, podendo ser de forma espontânea ou até mesmo repassada por outro. Contribuem para a aquisição de conceitos básicos, sendo que a criança precisaadequar -se as regras, aprendendo a respeitar e também ser respeitado. A criança necessita que lhe mostrem até onde ela pode ir, e isso cabe ao adulto fazer, pois nele ela deposita sua total confiança. Pode-se citar como exemplo de jogo de regras o jogo da memória, jogo da velha, xadrez, baralho entre outros. 2 Bilboquê. Disponível em:http://artesanato.culturamix.com/curiosidades/bilboque-de-garrafapetAcesso em: 31/10/2013 ás 22h e 44 min. 41 Figura 3: Jogo da Velha 3 Horn et al, (2012, p. 35) também afirmam que: A finalidade dos jogos de exercícios é o próprio prazer do funcionamento. Dividem-se em sensório-motores e de exercício de pensamento. Embora típicos dos primeiros 18 meses, reaparecem durante toda a infância e acham-se presentes em muitas atividades lúdicas praticadas por adultos. Ao trabalhar com os jogos de exercício o professor está trabalhando o movimento, a coordenação motora. É o momento que a criança expressa toda energia e também de interagir mais com os demais colegas. Como exemplo desse tipo de jogo, podese citar o vai e vem, atividades de sacudir objetos com pedrinhas dentro entre outros. Figura 4: Jogo vai e vem 4 3 Jogo da Velha. Disponível em:http://www.kitsforkids.com.br/index.php?page=jogos-interativosAcesso em: 31/10/2013 ás 22h e 57 min. 4 Vai e Vem. Disponível em:http://www.blogiveco.com.br/2012/10/12/brinquedos-feitos-compets/Acesso em: 31/10/2013 ás 22h e 52 min. 42 2.7 CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS Segundo Lopes (1998, p. 19) este destaca que: Criar, fazer e jogar também favorece a inclusão, pois, na diversidade das salas de aula, possibilita a interação e promove a união e a cooperação no projeto do jogo, no qual, em pequenos grupos, todos podem participar e opinar sobre os materiais a serem utilizados, as regras, o número de participante, as metas, os prazos, os conteúdos abordados. Através da confecção de jogos a criança tem a possibilidade de desenvolver a interação, já que está em contato com outras crianças, possibilitando também a união, a cooperação tanto na execução quanto na construção do jogo. O aluno se expressa e opina sobre várias etapas do jogo podendo também incluir o conteúdo desejado. Reiteramos que contribuição do jogo para a educação ultrapassa o ensino de conteúdos de forma lúdica, “sem que os alunos nem percebam que estão aprendendo”. Não se trata de ensinar como agir, como ser, pela limitação e ensaio pelo jogo, e sim, desenvolver a imaginação e o raciocínio, propiciando o exercício da função representativa, da cognição como um todo. (HORN, 2012, p. 30) Na educação o jogo não tem só a função de ensinar e nem de dizer o que a criança deve ou não fazer, mas tem por objetivo estimular a imaginação, raciocínio, o faz de conta, o cognitivo, social, desenvolvimento motor entre outras habilidades. Segundo Lopes, (1998, p.21) “Criar e fazer o jogo estimula e promove o desenvolvimento global da criança”. A criança ao ter contato direto com o jogo é estimulada de /modo positivo em todo seu desenvolvimento, pois assim trabalha mais as suas habilidades e também a inteligência. O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações de jogo pode ser uma estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola, além de poder estar promovendo o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas (KISHIMOTO, 1996, p.80). 43 O contato com os jogos leva a criança a se aproximar mais dos conteúdos abordados pelo educador de forma prazerosa e interessante desenvolvendo também novos conhecimentos. O educador pode utilizar os jogos como estratégias tanto para desenvolver os conteúdos, como para solucionar ou levantar hipóteses sobre determinada situação que está acontecendo em sala. É importante relembrar que todos os jogos de que as crianças participam, que inventam ou pelos quais se interessam nessa fase constituem verdadeiros estímulos que enriquecem os esquemas perceptivos (visuais, auditivos e sinestésicos), operatórios (memória, imaginação, lateralidade, representação, analise, síntese, causa, efeito), funções essas que, combinadas com as estimulações psicomotoras (coordenação fina), definem alguns aspectos básicos que dá condições para o domínio da “leitura e escrita”. (ALMEIDA, 1998, p.48) É notória a contribuição que um jogo pode trazer para a vida da criança no seu aprendizado, através deste elas desenvolvem várias habilidades que podem trazer aspectos positivos que lhe ajudarão no momento da leitura, escrita, raciocínio lógico, imaginação e cooperação entre outras. O jogo faz parte do universo infantil, no qual a criança identifica - se e relaciona-se de forma verdadeira e profunda e desse modo, as faz compreender que através da interação social existem regras para cada espaço e local, aprendendo a conviver com outro e a crescer com as diversas situações do cotidiano. (ALMEIDA, 1998) Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição) a manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. (KISHIMOTO, 1996, p. 36) Através dos jogos a criança desenvolve quatro pontos importantes para o seu aprendizado, tanto no âmbito escolar quanto social. O cognitivo, a afetividade, o físico e o social são fatores importantes para o crescimento da criança e o desenvolvimento de suas novas habilidades. [...] motivando crianças com jogos e com dinâmicas, além de ensiná-las tudo quanto consta do planejamento pedagógico e provocar a troca de ideias e a liberação da criatividade, também permite que desenvolvam sentimentos de solidariedade e cooperação, exercícios de concentração, 44 consciência sobre regras e sua aplicação no cotidiano e compreensão sobre a significação do perder e do ganhar. (ANTUNES, 2012, p. 31) A partir do momento em que o professor trabalha com jogos em sala de aula, além de ensinar todo o conteúdo programático também permite que as crianças desenvolvam habilidades que antes não possuíam. [...] Os jogos são situações em que a criança revela uma maneira própria de ver e pensar o mundo aprende a se relacionar com os companheiros, a trocar pontos de vista com outras perspectivas possíveis, a raciocinar sobre o dia-a-dia, aprimorar as coordenações de movimentos, enfim, compreendidos a sua importância, eles podem tornar-se uma atividade pedagógica indispensável à formação de conceitos. (IURK; NASCIMENTO, 2008, p. 15) A criança ao ter contato com os jogos adquire uma série de habilidades indispensáveis para a formação humana, como o desenvolvimento da parte cognitiva, psicológica, motora e social da criança. Para Vygotsky (1988), O jogo tem um papel fundamental no desenvolvimento do pensamento da criança. É por meio do jogo que ela procura incorporar o significado das coisas e dá um passo importante em direção ao pensamento conceitual baseado no significado e não no objeto. O jogo é uma ferramenta que se bem utilizada leva a criança a uma aprendizagem significativa, e na educação infantil é a fase em que ela está em formação de conceitos. 2.8 ALGUNS CUIDADOS QUE O PROFESSOR DEVE TER AO TRABALHAR COM JOGOS O professor deve saber selecionar os jogos, pois não é qualquer um que leva ao conteúdo ou habilidade que deseja se ensinar. Ao trabalhar com os mesmos o professor deve ensinar conceitos, estimular valores e também despertar a alegria. Muitas vezes, iludida pela maneira alegre e envolvente com que a criança participa de qualquer jogo ou brincadeira, muitos professores pensam que estão desenvolvendo uma atividade educativa. É um erro. A verdadeira atividade educativa, a partir de jogos e brincadeiras, requer que estas não apenas alegrem, como também ensinem. Não somente ensinem como 45 ensinem significativamente, estruturando a personalidade infantil e refletindo conceitos e valores que correspondem ao planejamento organizado. (ANTUNES, 2012, p.27) Nem sempre quando um educador trabalha com uma atividade lúdica ele está fazendo a criança desenvolver habilidades e competências, muitos profissionais nos dias atuais caem nesta ilusão de acreditar que só porque o momento está divertido a criança esta tendo um aprendizado, esquecendo que é durante o contato com o jogo que a criança está desenvolvendo sua personalidade, buscando sua autonomia dentro do espaço infantil. De acordo com Lopes (2011, p. 21) “[...] Ao planejar suas atividades, o(a) educador(a) deve analisar as necessidades da turma e escolher a sequência de jogos que possa supri-las.” O professor deve escolher o jogo que trabalhe com as dificuldades apresentadas pelos alunos em sala de aula, mas antes deve ser feito um diagnóstico com as especificidades de cada aluno e com a faixa etária. Horn et al ( 2012, p. 27) fala que: Reconciliando-os com a criança que existe dentro de si (sugestão de Freud aos professores, para que viabilizem o educar), não para ser, novamente, criança, mas para compreendê-la e, a partir disso, interagir em uma perspectiva criativa e produtiva com seus alunos. O professor precisa se reconciliar com a criança que existe dentro de si, para que possa ter uma melhor compreensão do universo da mesma, onde pode ter mais interação tanto na criatividade da criança, como também no seu desenvolvimento. O professor deve saber o momento exato de fazer intervenções durante o jogo, para que assim não venha prejudicar o desenvolvimento da criança. Assim nos fala Antunes (2012, p. 32) “Atenção para o momento exato da intervenção, o instante preciso para fazer da brincadeira um exemplo e parcela de uma lição, mas também a intenção de buscar na recreação exemplos das lições que deseja fixar”. 46 O professor ao trabalhar com jogos em sala de aula deve ter bem claro o objetivo que quer alcançar, como também deve já ter uma experiência com o material que utilizará, para que quando surgirem dúvidas dos alunos a respeito do jogo ou da forma de jogar ele esteja preparado para eventuais perguntas. Ao educador cabe o conhecimento dos objetivos propostos em cada jogo, a preparação prévia do material a ser utilizado e a experimentação antecipada para maior domínio da situação, que possibilite a antecipação de eventuais perguntas ou questionamentos por parte dos educandos. (LOPES, 2011, p. 30) Após as informações obtidas durante processo de pesquisas bibliográficas houve a necessidade de se elaborar um projeto que confirmasse a real necessidade de desenvolver atividades com jogos na educação infantil, projeto este que se deu o nome de “Jogando e Confeccionando”. 47 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS/ESTUDO DE CASO 3.1 MUNICÍPIO/EMPRESA OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA O CEIM no qual foi realizado o projeto é uma escola pública da rede Municipal que fica situada na Rua Peroba, nº 67, Bairro Cacique, na cidade de São Mateus no estado do Espírito Santo. O CEIM foi fundado em fevereiro de 1983 por Luigia Bordonie e sempre funcionou no mesmo local. É pequeno e sendo assim comporta uma pequena quantidade de crianças, pois segundo informações das professoras mais antigas, ele foi projetado para ser um posto de saúde, porém, devido a reivindicações dos moradores foi transformado em uma creche por isso o motivo de que para ter acesso a algumas salas é necessário passar pela sala de outro professor. O CEIM atualmente recebe crianças de dois a cinco anos com um total de oitenta e três crianças, sendo vinte e dois na turma de quatro e cinco anos, quinze na turma de três anos e doze em cada turma de dois anos. Conta com cinco professoras regentes sendo duas no turno matutino, três no vespertino e três em área específica duas no turno da manhã e uma à tarde (que lecionam aulas de artes e filosofia), uma diretora e duas coordenadoras pedagógicas que trabalham de forma itinerante. Além de atender as crianças do bairro, ele recebe também algumas de bairros vizinhos comoPosto Esso, Novo Horizonte, Airton Sena e Santo Antônio. As crianças recebidas apresentam situação econômica bem diversificada. A escola é mantida pela administração municipal recebendo verba trimestralmente e para suprir algumas necessidades como consertos gerais, falta de algum material o CEIM faz rifas com o apoio dos funcionários e pais. Não há ainda Plano Diretor Pedagógico e o projeto político pedagógico encontra-se em construção. Os currículos são elaborados com os professores junto à equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de São Mateus, os planejamentos são 48 organizados semanalmente com 5 horas/aula por professor sendo dois deste junto com a coordenadora pedagógica e um mensal coletivo. A escola tem como missão “formar cidadãos autônomos e conscientes, sujeitos ativos na sociedade”. De acordo com a gestora alguns dos problemas encontrados na área administrativa são: a falta de pessoa para compor o quadro financeiro e a estrutura física do prédio. Já na parte pedagógica a dificuldade mais encontrada é a falta de ajudante para as turmas com crianças de dois anos. 3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS Os jogos foram aplicados no período de 07 a 11 de Outubro do decorrente ano, em um CEIM localizado no bairro Cacique município de São Mateus, na turma de 05 (cinco) anos. A turma conta com 22 alunos sendo 10 meninas e 12 meninos. No primeiro dia 07 de outubro, foi aplicado junto às crianças o jogo da velha que é um jogo de regra. A aplicação teve duração de 40 min. sendo das 8h às 8h e 40min. Primeiro foi apresentado o jogo às crianças e explicadas às regras do mesmo. Em seguida cada criança confeccionou seu próprio jogo, recortando os símbolos que constituem o jogo o "X" e o "O" feitos de EVA. Os símbolos foram confeccionados em EVA e utilizou-se papel cartão e durex colorido, para fazer o tabuleiro. Após a confecção jogaram em duplas. Sempre que necessário eram feitas intervenções pelas pesquisadoras. Foi percebido uma dificuldade por parte da maioria das crianças em recortar as peças, percebendo uma falha no que diz respeito a coordenação motora. No entanto, o desenvolvimento do jogo foi bem satisfatório. No início as crianças queriam ganhar a qualquer custo, ou seja, sem respeitar as regras estabelecidas previamente, para eles o importante era finalizar a jogada. No decorrer das partidas as crianças passaram a obedecer às regras e jogar conforme haviam sido orientadas, visando agora ganhar a partida, mas respeitando as regras. 49 Figura 5: Aluna confeccionando peça do jogo da velha Figura 6: Alunos jogando o jogo da velha 50 Figura 7: Jogo confeccionado pelos alunos No segundo dia foi trabalhado o jogo da milonga yoyo. A duração dessa oficina foi de 1h e 20min, com início às 8h00min. Foram entregues às crianças um kit contendo o pó de serra na sacola com a borda amarrada, duas bexigas cortadas e o elastex. Solicitou-se que as crianças amarrassem um pedaço de elastex no tamanho de 40 cm na ponta da sacola de pó de serra, e em seguida cada criança revestiu a sacola com pó de serra com uma bexiga colorida de maneira que tampasse a parte que estava amarrada e uma outra por cima tanto para enfeitar como para tampar o buraco deixada pela outra bexiga. Esse jogo é considerado um jogo de construção já que as próprias crianças confeccionaram passo a passo o jogo, contribuindo para o enriquecimento da criatividade das mesmas possibilitando também a percepção de sua socialização com as demais crianças. Os alunos acharam o jogo interessante porque nunca tinham ouvido falar deste, brincaram bastante com o jogo pedindo até para levarem o brinquedo para casa. 51 Figura 8: Confecção da Milonga yoyo pelos alunos Figura 9: Milonga yoyo confeccionada pelos alunos No terceiro dia o jogo proposto foi o "vai e vem" que é considerado um jogo de exercício. O período dessa oficina também teve duração de 40min, os materiais utilizados para a confecção do mesmo foram: garrafas pet, corda de varal e argolas plásticas. As garrafas foram levadas cortadas e os alunos enfeitaram as mesmas com folha de papel contact colorido já cortadas em formas geométricas. Foi explicada a forma que seria passada as cordas por entre as garrafas que se encontravam encaixadas umas nas outras e a maneira de colocar as argolas. As crianças disseram nunca terem escutado falar neste jogo. Houve uma sensação de surpresa por parte das pesquisadoras visto que consideravam este jogo comum na 52 realidade de hoje. No momento que as crianças foram levadas para o pátio da escola a fim de brincarem como vai e vem elas não queriam parar com a atividade, pediram que as deixassem brincando mesmo no momento que as pesquisadoras fossem embora. Figura 10: Os alunos confeccionando o jogo vai-e-vem Figura 11: Crianças brincando com o jogo vai-e-vem 53 Figura 12: Vai e vem confeccionado pelas crianças Já no quarto dia o jogo confeccionado foi o dedoche utilizou-se uma luva de tecido, recortes dos personagens feitos de EVA, e cola quente para colar os personagens nas luvas. Antes da montagem dos dedoches foi contada para as crianças a história infantil “Os três porquinhos.” Após a contação da história cada criança recebeu um kit contendo uma luva, dois rostos de porquinhos e um do lobo mal. O outro porquinho as crianças cortaram no momento da oficina, visto que ele já estava desenhado no EVA. Após a confecção cada criança que se sentiu a vontade para contar a história, a recontou de sua maneira. Foi utilizado o tempo de 1h para elaboração e conclusão desse jogo.Neste momento as crianças demonstraram–se encantadas com a novidade e a forma diferente de ouvir uma história e a todo o momento pediam, e em algumas vezes até em forma de coro, para levarem o jogo para casa. Todos participaram anciosos, porque demonstravam que queriam ver o dedoche pronto para contarem a história. 54 Figura 13: Aluna confeccionando o personagem do dedoche Figura 14: Aluna contando a história com o dedoche para os demais colegas 55 Figura 15: Luva de dedoche confeccionada pelos alunos No quinto dia, em 11 de outubro de 2013, os trabalhos foram expostos para os demais alunos da escola e os respectivos professores no pátio da instituição. As pesquisadoras apresentaram aos visitantes como havia ocorrido o projeto e os objetivos do mesmo. Em seguida, cada criança a sua maneira e de forma espontânea escolheu o jogo que mais gostou e explicou para os demais a forma de confecção e como se jogava. Ao final as outras crianças fizeram uso dos jogos como também as professoras. Cada um brincou com o jogo que mais chamou a atenção. As professoras e as próprias crianças das outras salas pediram para que o projeto fosse aplicado também nas demais turmas. 56 Figura 16: Culminância do projeto com as demais turmas da escola Figura 17: Culminância do projeto com a professora Regente A regente é bem comprometida com seu trabalho, muito atenciosa e domina bem a turma. É formada em pedagogia e pós-graduada em gestão em educação, exerce o magistério há 22 anos. Para ela o planejamento é uma ferramenta para explicitarmos os objetivos e as metas em relação ao eixo temático, ao qual se quer alcançar no final da proposta. 57 Segundo ela, a metodologia é importante para o direcionamento proposto em sala de aula, conduzir tanto o docente como o discente, no processo ensino aprendizagem. Em entrevista com a mesma indagou-se qual era sua visão sobre a importância da utilização dos jogos na educação infantil. Em resposta à pergunta a professora coloca que “considero que os jogos são muito importantes, porque com o lúdico a criança aprende brincando, com descontração” (professora). Em seguida foi perguntado quais são os jogos mais utilizados ou os que as crianças gostam mais no espaço escolar. A docente respondeu que “eles gostam muito de jogos de encaixe, quebra cabeças, jogo da memória, bola, dominó de palavras, dentre outros”. Indagou-se também sobre qual seria a sua definição a respeito dos jogos. Ela respondeu que “para mim o jogo desenvolve a concentração, respeito aos participantes e conhecimento de regras”. Na pergunta seguinte foi indagado à educadora qual o objetivo de propor os jogos, para a faixa etária a qual seus alunos encontram-se. Ela respondeu que “acho que os jogos complementam o meu trabalho pedagógico nas duas faixas etárias que atuo (02 e 05 anos), tornando–os mais maduros e concretizando a aprendizagem”. 3.3 ANÁLISE DOS DADOS Nesta seção, foram analisados os dados coletados na pesquisa de campo, através das atividades propostas e entrevista com a docente, verificando como a mesma compreende a utilização dos jogos no processo educativo da criança. É notório que os jogos assim como as brincadeiras devem fazer parte do planejamento das escolas, pois as crianças precisam do lúdico como estratégia do processo de ensino e aprendizagem. Em entrevista com a professora regente da sala de aula, ela deixou claro que 58 conhece os teóricos Piaget e Vygotsky e o que os mesmos dizem a respeito da utilização dos jogos, bem como a importância da utilização dos mesmos no processo de aprendizagem das crianças. No entanto, notou-se durante a aplicação do projeto e a partir das respostas da professora, o pouco uso desses instrumentos na rotina das crianças. Ao indagar a professora quais os jogos ela mais utiliza em sala, ela relatou que as crianças apreciam variados jogos, mas vale mencionar que deve haver um planejamento para tais atividades, pois há essa necessidade dos jogos para as crianças. Nos jogos citados por ela apresentam-se jogos de regras como o jogo da memória e dominó de palavras, jogos de construção como o jogo de encaixe e o quebra cabeça. Estes jogos devem ser orientados de acordo com a faixa etária da criança, no caso da pesquisa com crianças de 05 (cinco) anos, esta é a fase em que a criança está desenvolvendo a linguagem e a parte simbólica. A faixa etária de 5 anos está compreendida no período pré-operatório (02 – 07 anos) descrito por Piaget , iniciando o processo de transição para a fase operatória concreta. Os jogos indicados pela professora contribuem para o estabelecimento das características dessa fase, e o dominó de palavras contribui para o aprimoramento da linguagem, habilidade adquirida na fase pré-operatória. A partir do surgimento da linguagem, inicia-se um novo período, que incorpora o anterior e acrescenta às atividades da criança os símbolos, a representação mental. É a chamada primeira infância, ou o período préoperatório, intuitivo ou simbólico. A questão daí pra frente não será somente o fazer, mas também o compreender. (FREIRE, 1992, p. 34) Ao perguntar sobre a sua definição a respeito dos jogos como resposta observa-se a consciência da professora em relação às atividades como os jogos, no que diz respeito às regras e os benefícios no desenvolvimento da concentração e o respeito aos colegas. É possível dizer também que os jogos contribuem para o desenvolvimento das seguintes habilidades: social, motora, cognitiva, afetiva e psicológica. As regras, de modo geral, são aprendidas de forma concreta e direta em interação com os jogos com os companheiros do grupo, da mesma condição psicossocial. O jogo é um juramento feito primeiro a si mesmo, depois aos outros, de respeitar certas instruções, certas regras. (ALMEIDA, 1998, p. 53) 59 Ao abordadá-la sobre o objetivo de propor os jogos na faixa etária em que seus alunos se encontram, observou-se a preocupação da professora tendo os jogos como complemento de seu trabalho, sendo utilizado como um suporte pedagógico para a melhoria das suas aulas, como também para um melhor aprendizado de seus alunos. O professor deve fazer uma união do jogo com a sua proposta pedagógica para obter bons resultados. Assim, o jogo leva a estimular a imaginação, raciocínio, o faz de conta dentre outras habilidades. De um modo geral, os professores de Educação infantil reconhecem a importância do brincar e jogar para o desenvolvimento infantil, percebendo seu papel na construção da personalidade da criança e nas suas relações interpessoais. (HORN et al, 2012, p. 32) Após analisar as respostas da professora, foi feito uma análise dos resultados dos jogos. No primeiro dia foi aplicado o jogo da velha caracterizado como um jogo de regras, o objetivo do jogo era fazer com que a criança adquirisse mais confiança em si própria e no seu parceiro de jogo de forma natural, fazendo com que a criança se adequasse as regras estabelecidas pelo jogo, aprendendo a respeitar o parceiro de jogo e também a ser respeitado. Com isso foi alcançado o objetivo proposto, as crianças de início não queriam aceitar muito bem as regras, mas no decorrer do projeto elas foram aceitando. Foi possível observar que as crianças não tinham a coordenação motora desenvolvida, pois, mostraram dificuldade durante o corte das peças do jogo, em conversa informal a professora relatou que não desenvolvia atividades de corte porque as crianças cortavam os cabelos umas das outras, então como solução ela decidiu deixar estas atividades para casa onde acreditava que não eram cortadas por elas. Essa decisão apesar de proteger as crianças dificulta o desenvolvimento das habilidades motoras finas. Durante as partidas do jogo as crianças iam aprendendo a respeitarem regras já que no começo queriam ganhar a qualquer custo sem respeitar regras e os colegas. O que demonstra que esse aspecto não tem sido explorado de modo amplo no espaço escolar. 60 Para esse tipo de dificuldade, os jogos competitivos e com regras levam a criança a aprender conceitos básicos da vida, sendo obrigadas a se enquadrar em determinadas regras para realizar algo, aprendendo a respeitar para ser respeitado, e a situação lúdica é transposta para as outras situações da vida. (LOPES, 2001, p. 38) No segundo dia foi aplicado o jogo milonga yoyo caracterizado como jogo de construção com objetivo de enriquecer a experiência sensorial da criança e incentivar a criatividade e outras habilidades da mesma. Foi notória a curiosidade das crianças ao ver o pó de serra na sacola querendo saber que conteúdo era aquele, a dificuldade em cobrir a sacola contendo o pó de serra com as bexigas esteve presente em todos os alunos que a todo o momento pediam para que as pesquisadoras fizessem para eles. No momento de dar o nó na bexiga a dificuldade também era tamanha porque nenhuma criança conseguia amarrar o elastex na sacola. Essa dificuldade está presente porque a criança ainda não teve seu desenvolvimento completo, não desenvolveu o aspecto físico motor que se refere à capacidade de manipulação de objetos. Ainda há falta de maturação orgânica para executar algumas ações. No terceiro dia foi aplicado o jogo vai e vem que é considerado jogo de exercício. Esse jogo tem o objetivo de despertar o prazer do movimento como também a coordenação motora. Esse é o momento da criança por externalizar sua energia e de socializar com os demais colegas e também adquirir noção de espaço. Foi possível perceber que algumas crianças tinham dificuldade em manter o mesmo ritmo que o colega que estava jogando junto e também dificuldade em dar um espaço da outra dupla que estava brincando ao lado. Nesse jogo é exigido do indivíduo as habilidades de percepção espacial, atenção e concentração. As brincadeiras com o corpo em movimento em idade pré-escolar auxiliam as crianças a compreender conceitos como: perto, longe, fora, mais perto, bem longe, em frente, atrás, alto, mais alto, em cima, embaixo, direita, esquerda. Para a autora, é por meio do corpo que a criança aprende e toma consciência do mundo, e o jogo é atividade própria da criança e está centrado no prazer que proporciona à mesma (PETRY, 1998, p. 44). Ao ser aplicado o jogo no momento de darem o nó, as crianças mostraram dificuldade e chamavam as pesquisadoras para amarrem para eles, mostrando 61 também uma euforia para brincarem, sendo o jogo que elas mais gostaram, pois relatavam isso o tempo todo. Acredita-se que foi o jogo que eles mais gostaram pelo fato de terem ido ao pátio da escola para brincarem com o mesmo, e assim percebese uma escassa exploraçãodo espaço externo da escola. No quarto dia foi aplicado o dedoche que é considerado jogo simbólico tendo como objetivo estimular o faz de conta, o imaginário. Durante a confecção do jogo no momento de cortarem o porquinho que já estava traçado, eles encontraram dificuldade, onde alguns até chegaram a cortar as orelhinhas da personagem. Através disso foi possível observar que as crianças não tinham a coordenação motora desenvolvida e como já relatado antes, a professora não costuma trabalhar com atividades de recorte em sala de aula mandando sempre esse tipo de atividade para casa. Pode-se observar uma dificuldade por parte das crianças no que diz respeito a coordenação motora, no qual foi proposta nos jogos. Já que é nessa fase denominada de pré-operatória que vai de 2 a 7 anos de idade que eles adquirem essas habilidades. Foi perceptível que é necessário desenvolver mais atividades que favoreçam a coordenação motora, pois, percebeu-se que é pouco estimulada no cotidiano escolar. Mesmo com as dificuldades encontradas durante a confecção, foi atingido o objetivo proposto no momento em que as crianças recontaram a história momento no qual foi despertada a habilidade da imaginação pelo faz de conta que aparece no jogo simbólico Esse é o momento da criança ser o que quiser e estar onde sempre quis, ou seja, é o momento em que ela cria novas realidades. Segundo Fortuna (apud HORN et al 2012, p. 162) a autora afirma que: Os jogos e brincadeiras desenvolvem também, a criatividade, a imaginação, a fantasia, a curiosidade das crianças, colaborando assim para a formação de sujeitos ativos e críticos. Todavia, o brincar e jogar por si só não é progressista, há a possibilidade da tradição ou da inovação, tudo dependerá do espaço de ação e de autonomia reservado ao jogador que o jogo e a brincadeira possibilitam. 62 No último dia ao expor o material confeccionado pelas crianças foi possível observar a curiosidade das demais crianças, o interesse em brincarem e a vontade de participarem do projeto. Como as crianças de 05 (cinco) anos já desenvolveram a habilidade de falar, a explanação dos objetivos e de como foi realizado o projeto contribui para o aprimoramento e ampliação dessa habilidade já que foram eles que explicaram os jogos para os demais colegas. Já no que diz respeito às regras existentes nos jogos que foram aplicados notou-se que eles têm noção de regra, porém, no auge do jogo não se atentavam para as tais, pois queriam ganhar a qualquer custo, mas ao mostrar a necessidades das regras deixaram de jogar de formas desordenadas. A aplicação do projeto se deu de forma positiva tanto no que diz respeito à aplicação dos conhecimentos das pesquisadoras como para aquisição de conhecimentos das crianças. 63 4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 4.1 CONCLUSÃO Com a realização da pesquisa pôde-se concluir que os jogos são de suma importância para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social das crianças. Em entrevista com a docente regente da turma pesquisada, foi possível observar que os jogos devem realmente fazer parte da vida da criança, desempenhando um importante papel tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem das crianças. Através das pesquisas bibliográficas e do estudo de caso foi possível constatar que as crianças ao jogarem, sendo jogos de construção, de regras, simbólico ou exercício tiveram momentos ricos no que diz respeito ao desenvolvimento físico e mental, possibilitando a criança relacionar suas experiências vivenciadas com as representadas através dos jogos, além da interação entre as crianças e a compreensão das regras. De acordo com estudos feitos por Piaget, ele menciona que os jogos tornam-se mais significativos de acordo com o desenvolvimento das crianças, tornando evidente a influência do jogar sobre o aprender. Os resultados observados evidenciam a importância que a escola tem em desenvolver os jogos como parte integradada aprendizagem, devido a sua contribuição no processo de ensino aprendizagem, uma vez que desenvolve a coordenação motora, atenção, concentração, integração, disciplina, percepção dentre outros, habilidades consideradas importantes para o desenvolvimento da criança como cidadão. E que a não estimulação dessas habilidades pode comprometer o desenvolvimento global dos indivíduos. Por fim pode -se mencionar ainda que o professor não deve apenas ser um mero observador na questão dos jogos e sim um mediador, intervindo de forma que a criança faça daquele momento além de prazeroso um momento de aprendizagem. 64 A realidade vivenciada na escola vai de encontro com a bibliografia encontrada sobre o tema que afirma que os jogos podem ser tornar uma ferramenta que facilita o processo de ensino-aprendizagem. 4.2 RECOMENDAÇÕES Recomenda-se que todas as instituições de ensino da Educação Infantil utilizem como atividades lúdicas os jogos, devido à influência que os mesmos exercem junto aos alunos, pois quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação torna-se mais fácil e dinâmico o processo de ensino e aprendizagem no decorrer de sua vida escolar. Sugere-se aconfecções de jogos, pois através do ato de criar, a criança desenvolve a autoestima, além de muitas outras habilidades como a criatividade e a socialização com outras crianças. Visto que com o jogo produzido através da interação alunoprofessor, viabiliza-se a troca de relação afetiva da criança e consequentemente no seu processo de aprendizagem. O professor deve estimular a criança a produzir, criar, buscar, questionar, desenvolver, interagir, formando assim crianças críticas, criativas, interativas, reflexivas, racionais, ativas e que possam também, colocarem-se no lugar do outro, desenvolvendo a noção de altruísmo. Desse modo, recomenda-se que todas as atividades realizadas na escola através dos jogos devem contribuir para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e emocional no processo ensino-aprendizagem do aluno. 65 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.ALMEIDA, Paulo Nunes. EducaçãoLúdica: Técnicas e Jogos Pedagógicos, 9º edição, São Paulo, Editora Loyola, 1998. 2. ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 3. ANTUNES, Celso. Interações, Brincadeiras e Valores na Educação Infantil, 1º edição, Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 2012. 4. ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ª Edição, Rio de Janeiro: Editora LCT, 2011. 5. BILBOQUÊ. Disponível em: <http://artesanato.culturamix.com/curiosidades/bilboque-de-garrafa-pet> Acesso em: 31/10/2013 6. BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia. 13ª ed. Reformada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2002. 7. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas emendas Constitucionais n°s 1/92 a 53/2006 e pelas emendas constitucionais de revisão n°s 1 a 6/94. Brasília: Senado federal, Subsecretaria de Edições técnicas, 2007. 8. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB: Lei 9.394/1996. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Lamparina, 2010. 9. 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As mulheres idosas, por não terem mais condições de bordar em razão da fraqueza da visão, jogavam este jogo simples, que passou a ser conhecido como o da "velha". Porém, sua origem teria sido ainda mais antiga. Fala-se em tabuleiros escavados na rocha de templos do antigo Egito, que teriam sido feitos por escravos há 3.500 anos. Muito popular por sua disponibilidade, pode ser jogado sobre um tabuleiro ou mesmo sendo riscado sobre um pedaço de papel ou mesa. O tabuleiro é uma matriz de três linhas por três colunas. Dois jogadores escolhem uma marcação cada um, geralmente um círculo (O) e um xis (X). Os jogadores jogam alternadamente, uma marcação por vez, numa lacuna que esteja vazia. O objetivo é conseguir três círculos ou três xis em linha, quer horizontal, vertical ou diagonal, e ao mesmo tempo, quando possível, impedir o adversário de ganhar na próxima jogada. Quando um jogador conquista o objetivo, costumam-se riscar os três símbolos. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28141 Acesso em: 01/11/2013 as 00h e 03 min. VAI E VEM Em 1976, durante o verão, surgiu na Itália o brinquedo Vai-e-vem. O brinquedo é formado por uma bola de plástico oval com abertura no centro, por onde passavam duas cordas de nylon. Nas extremidades de cada corda ficam as alças que cada jogador segura e usa para movimentar a bola. Muito popular nas praias, a brincadeira é: cada participante ficará de um lado do vai e vem segurando as duas alças. Com um movimento de abrir as mãos, a criança “empurra” o vai e vem para o amigo que deverá fazer o mesmo gesto para “devolver”. Nessa brincadeira não existem ganhadores ou perdedores. Disponível em: https://sites.google.com/site/antigasbrincadeirasinfantis/brincadeiras-antigas/vai-e- 71 vemAcesso em: 01/11/2013 ás 00h e 10 min. DEDOCHES Os dedoches estimulam a imaginação das crianças, e são utilizados para contar histórias inventadas ou conhecidas. Basta escolher uma história, fazer os personagens como preferir e se divertir junto com as crianças. MILONGA YOYO É um jogo antigo conhecido como “prima” do yoyo, em que a criança possui uma bola feita com o material que desejar, amarrada a um elastex e joga esta bola ao ar e de volta a sua mão. 72 APÊNDICES 73 APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM A PROFESSORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 74 Segue o roteiro para entrevista como parte da pesquisa para o Trabalho de conclusão do Curso de Pedagogia da Faculdade Norte Capixaba- MULTIVIX. Os dados desse roteiro foram para uso do trabalho, sem a menção de nomes. 1 - Qual sua formação profissional e, tempo de atuação na educação infantil? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2- Qual sua visão sobre a importância dos jogos na educação infantil? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3 - Quando as crianças estão brincando, quais são os jogos que utilizam mais ou os que elas gostam mais? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4 - Qual seria a sua definição a respeito dos jogos? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5 - Em sua opinião, qual o objetivo de propor os jogos para a faixa etária a qual seus alunos encontram-se? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 75 APÊNDICE B – PROJETO APLICADO NA TURMA DE 05 (CINCO) ANOS 76 PROJETO JOGANDO E CONFECCIONANDO Introdução O presente projeto refere - se ao Trabalho de Conclusão de Curso voltado às atividades de confecções dos jogos feitos por crianças da turma de cinco anos de um CEIM localizado no bairro Cacique do município de São Mateus – ES, no período de 07 a 11 de Outubro de 2013 no horário das 08h00min às 09h00min. Os jogos serão desenvolvidos na própria sala de aula dos educandos na turma de 05 (cinco) anos junto à professora regente. Em cada encontro será confeccionados um jogo. Os materiais utilizados durante as oficinas serão disponibilizados pelos integrantes do projeto de pesquisa. Justificativa: Projeto Jogando e Confeccionando Para dar ênfase ao Projeto Final de TCC do Curso de Pedagogia fez - se necessáriaà criação deste projeto devido ao tema escolhido que é “A importância dos jogos na educação infantil”.No projeto “Jogando e Confeccionando” as crianças terão contato com o jogo tanto confeccionando-os quanto jogando – os. Ao final da confecção dos jogos, haverá uma exposição dos mesmos pelas crianças a fim de dar culminância ao projeto. As etapas de confecção e exposição do material serão realizadas em cinco dias. Cada dia um jogo diferente e no último dia será feita uma exposição dos jogos confeccionados pelos educandos, para que os demais alunos da instituição que não participaram do processo possam ter contato através dos relatos das próprias crianças e os jogos expostos. Buscou-se através de vários autores fazer uma ligação entre a teoria e a prática desenvolvida em sala de aula, onde na teoria diz que os jogos desenvolvem várias habilidades na criança como social, cognitiva, psicológica e afetiva e durante a prática será possível identifica-las. Objetivo Geral: 77 Analisar de que modo os jogos contribuem para o desenvolvimento da criança na educação infantil, beneficiando o processo de ensino aprendizagem. Objetivo específico: - Observar a relação das crianças com os jogos no momento da confecção e execução; - Observar e estimular a interação das crianças mediante os jogos propostos; - Compreender o jogo como uma estratégia que viabiliza o processo de aprendizagem; - Reconhecer a importância do jogo no trabalho pedagógico. Metodologia: O projeto acontecerá em cinco dias. Em cada dia será trabalhado um jogo diferente. No 1º Dia – Confecção do jogo de regras que será o Jogo da Velha; No 2º Dia – Confecção do jogo de construção que será a Milonga Yoyo; No 3º Dia – Confecção do jogo de Exercício que será o Vai-Vem; No 4º Dia – Confecção do jogo simbólico que será o Dedoche da história “Os Três Porquinhos” No 5º Dia-Exposição dos jogos confeccionados pelas crianças no pátio da escola. O evento acontecerá do dia 07/10 a 11/10/2013 com duração de uma hora cada oficina. Foi acordado com a escola que as oficinas acontecerão no período da manha no horário de 8h00min as 9h00min. Estratégias de Desenvolvimento do Projeto: 78 No 1º dia a turma será divida em duplas, e cada dupla confeccionará o seu jogo de regra que será o jogo da velha, utilizaremos papel cartão e durex colorido para o tabuleiro e EVA para as peças. Logo após a confecção do jogo as crianças irão jogar, cada dupla com seu jogo. As duplas serão escolhidas aleatoriamente. No 2º dia a turma será distribuída em circulo onde cada criança irá receber um kit para montar a milonga. Este kit conterá: duas bolas de soprar, um saquinho com pó de serra e um pedaço de látex. Logo após a confecção cada criança irá jogar a sua milonga yoyo. No 3º dia a turma será divida em duplas onde cada dupla confeccionará seu VaiVem, cada dupla receberá duas garrafas pet´s cortadas ao meio, duas cordas de varal e papel contact para enfeitar o seu vai-vem. Logo após cada dupla irá jogar o vai-vem.As duplas serão escolhidas aleatoriamente. No 4º dia a turma será disposta em círculo, e antes de iniciar a confecção será contada a história “Os três porquinhos” e em seguida cada criança receberá uma luva para colarem os porquinhos. Será entregue a eles um rostinho desenhado do porquinho para que recortem e colem na luva. Ao final cada um contará a história da sua maneira e com o seu dedoche. No 5º dia será colocada uma mesa no pátio da escola para expor os jogos confeccionados pelas crianças da turma de cinco anos. Nesse dia, as crianças que participaram da confecção dos brinquedos explicarão para as demais crianças do CEIM como brincar com cada brinquedo. Recursos Didáticos - Jogo da Velha: Papel cartão, tesoura sem ponta, durex colorido e EVA. - Milonga Yoyo: Elastex, saquinho com pó de serra e duas bolas de soprar. - Vai-Vem: Duas garrafas pet´s cortadas ao meio, duas cordas de varal e contact colorido. - Dedoche: Quatros dedos de uma já cortada, EVA e canetinhas para decorar seu dedoche. 79 - Exposição dos jogos: Uma mesa para colocar os jogos. Culminância: Como resultado final do Projeto Jogando e Confeccionando, será feita uma exposição dos jogos confeccionados pelas crianças da turma de cinco anos no pátio da escola, onde as demais turmas poderão tanto ver, saber como foram confeccionados quanto poderão jogar cada jogo exposto.