e-JBCT
V ERAN I ER & R E B E I S EB
RELATO
JORNAL BRASILEIRO DE CIRURGIA TORÁCICA
DE
CASO
Leiomioma de esôfago: relato de caso
Leiomyoma of the esophagus: case report
Eduardo Roque Verani1, Eduardo Baldassari Rebeis2
RESUMO
Introdução: O leiomioma de esôfago é um tumor raro que tem a ressecção cirúrgica
ou endoscópica como forma de tratamento definitivo. Relato do caso: Paciente de
33 anos, do sexo masculino, apresentando de azia e desconforto à deglutição de
alimentos sólidos. Exames de imagem demonstraram lesão de parede esofágica
situada em terço médio do órgão, tendo sido realizadas biopsias transmurais com
orientação ultrassonográfica, que foram inconclusivas. Foi realizada toracotomia
posterior direita, levando-se em conta os achados dos exames, com enucleação da
lesão esofágica que circundava o órgão, da esquerda para a direita. O estudo
anatomopatológico revelou se tratar de leiomioma de esôfago. Conclusões: Na
ressecção videoassistida de leiomioma de esôfago, pode-se utilizar como via de
acesso a toracotomia posterior, de modo seguro e eficiente.
Descritores: Esôfago/cirurgia. Leiomioma. Neoplasias de tecido conjuntivo e de tecidos moles.
ABSTRACT
Introduction: Leiomyoma of the esophagus is a rare tumor and its definitive treatment
is the surgical or endoscopic resection. Presented as the main clinical symptom of
dysphagia. Case report: Patient 33 years-old, male, with heartburn and discomfort
when swallowing solid foods. Imaging studies demonstrated esophageal wall lesion
located in the middle third of the organ, transmural biopsies were performed with
ultrasound guidance, which were inconclusive. Right posterior thoracotomy was
performed, taking into account the findings of the tests, with enucleation of esophageal
injury surrounding the body, from left to right. Pathological examination revealed an
esophageal leiomyoma. Conclusions: In video-assisted resection of leiomyoma of the
esophagus, the posterior thoracotomy can be used safely and efficiently.
Key words: Esophagus/surgery. Leiomyoma. Neoplasms, connective and soft tissue.
O
1
2
Trabalho realizado na Santa Casa de Piracicaba, Piracicaba, SP, Brasil.
Cirurgião do Aparelho Digestório da Santa Casa de Piracicaba, Piracicaba, SP, Brasil.
Cirurgião Torácico da Santa Casa de Piracicaba, Piracicaba, SP, Brasil.
Endereço para correspondência: Eduardo Baldassari Rebeis
Rua Alfredo Guedes, 1949 – Sala 505 – Santa Casa de Piracicaba –
Bairro Alto – Piracicaba, SP, Brasil
E-mail: [email protected]
Artigo recebido: 3/2/2011 • Artigo aceito: 18/4/2011
leiomioma de esôfago é um tumor raro com
ocorrência na literatura de 1% a 4%. Dentre
os tumores benignos de esôfago é o mais
comum1,2. Dentre os sintomas mais comuns, destacam-se disfagia, refluxo gastroesofágico e dor retroesternal 3,4.
A ultrassonografia via endoscópica é o método
diagnóstico padrão-ouro para identificar a lesão
tumoral e diferenciá-la de cistos5. Do ponto de vista
histológico, esse tumor é composto de feixes celulae-JCT |
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res de músculo liso, podendo ocorrer ou não calcificações6. A difícil diferenciação entre o leiomioma do
leiomioblastoma e o leiomiossarcoma torna consensual a indicação cirúrgica desses tumores do esôfago1.
A enucleação dessa lesão pode ocorrer pelas
seguintes vias de acesso: a) endoscópica, quando o
tumor é pediculado intraluminal; b) toracotomia ou
toracoscopia videoassistida, no caso das formações
intramurais.
A toracoscopia videoassistida tem sido a via de
acesso mais utilizada nos diversos serviços para as
lesões da parede esofágica2,6.
O objetivo desse estudo é demonstrar que, em
situações em que haja dificuldade de ressecção videoassistida de leiomioma de esôfago, pode-se utilizar como via de acesso a toracotomia posterior.
Figura 1. Corte tomográfico demonstrando lesão esofágica.
RELATO DO CASO
Paciente PCS, 33 anos, sexo masculino, procurou gastroenterologista com queixas de azia há um
ano e recente desconforto à deglutição de alimentos
sólidos.
O paciente negava emagrecimento, náuseas, vômitos ou qualquer outra alteração digestiva.
Realizada endoscopia digestiva alta, que revelou
esofagite com erosões na transição esofagogástrica,
sem hérnia hiatal e, no terço médio do esôfago,
lesão de submucosa, sem ulcerações.
Diante desses achados, foram realizados os seguintes exames complementares: tomografia computadorizada de tórax (Figura 1), radiografia contrastada de esôfago (Figura 2) e ultrassonografia endoscópica de esôfago.
Figura 2. Esofagograma demonstrando estreitamento do esôfago médio.
Esses exames de imagem demonstraram lesão
de parede esofágica situada em terço médio do órgão,
tendo sido realizadas biopsias transmurais com orientação ultrassonográfica, que foram inconclusivas.
Optou-se pela realização de toracotomia posterior direita, levando-se em conta os achados dos
exames, com enucleação da lesão esofágica que circundava o órgão, da esquerda para a direita. Não houve perfuração da mucosa.
A peça cirúrgica (Figura 3) foi submetida a estudo anatomopatológico, que revelou se tratar de
leiomioma de esôfago.
O paciente não apresentou intercorrências nas
evoluções imediata e tardia.
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Figura 3. Peça cirúrgica cuja porção côncava envolvia o esôfago.
DISCUSSÃO
diagnóstico via radiografia convencional pode gerar
dúvidas, principalmente na diferenciação deste tumor com os cistos esofágicos e mediastinais de outra
origem 5.
O leiomioma de esôfago é um tumor benigno
sólido, com indicação de ressecção excisional1. O
A ultrassonografia endoscópica é de importante
valor diagnóstico no caso de lesões intramurais 7,
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uma vez que a biopsia em muitas situações é difícil,
pois deve ser profunda, podendo ocorrer perfuração
e/ou sangramento do esôfago 6.
lesão circundava o esôfago e a via aberta foi escolhida para maior segurança do paciente.
Embora a via de acesso videoassistida seja de
eleição entre os cirurgiões, uma vez que diminui o
trauma cirúrgico, minimizando o desconforto pós-operatório e o tempo de permanência hospitalar3,
no caso relatado não foi utilizada, uma vez que a
CONCLUSÕES
Na ressecção videoassistida de leiomioma de
esôfago, pode-se utilizar como via de acesso a toracotomia posterior, de modo seguro e eficiente.
REFERÊNCIAS
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