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N° 31 - 02 de Agosto de 2010
PREÇO DO AÇÚCAR MANTÉM ALTA E PREÇOS DO ETANOL ANIDRO E
HIDRATADO CARBURANTE VOLTAM A CAIR
POSIÇÃO: Semana de 26 a 30/07/2010
1. Preços médios do açúcar e do etanol levantados pela ESALQ/CEPEA
SEMANA
VARIAÇÃO
26 a 30/07/10
19 a 23/07/10
R$
%
PRODUTO
ABMI – R$/saco
EAC – R$/m3
EHC – R$/m3
EHI – R$/m3
Dólar – R$
R$
R$/kg
ATR
R$
R$/kg
ATR
42,06
947,00
818,10
838,80
1,7642
0,3916
0,3332
0,3004
0,3080
41,08
951,60
820,10
837,40
1,7731
0,3825
0,3348
0,3011
0,3075
0,98
-4,60
-2,00
1,40
-0,0089
2,39
-0,48
-0,24
0,17
-0,50
2. Preço líquido do açúcar ao produtor
PRODUTO
ABMI
26 a 30/07/10
R$/t
R$/saco
690,78
34,54
19 a 23/07/10
R$/t
R$/saco
674,69
33,73
R$/t
16,09
VARIAÇÃO
R$/saco
0,80
%
2,39
O preço do açúcar apresentou no mês de JULHO uma alta de 7,3% (R$
47,95/t) e na safra apresenta uma queda de 37,4% (R$ 412,63/t ou R$
20,63/saco).
Figura 1. Comportamento dos preços do açúcar de mercado interno
(ABMI) e externo, (ABME e AVHP) expressos em R$/saco de açúcar de
mercado interno nos meses de abril a julho - SAFRA 2010/2011
80
TIPOS DE AÇÚCAR
75
70
R$ POR SACO DE AÇÚCAR
65
60
55
50
45
40
35
30
A
B
R
I
L
M
A
I
O
25
ABMI
J
U
N
H
O
J
U
L
H
O
A
B
R
I
L
M
A
I
O
AVHP
J
U
N
H
O
J
U
L
H
O
M
A
I
O
J
U
N
H
O
J
U
L
H
O
ABME
1
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3. Preços líquidos do etanol anidro carburante (EAC), do etanol hidratado
carburante (EHC) e industrial (EHI), ao produtor.
A Tabela apresentada abaixo mostra a variação dos preços líquidos
do etanol do mês de julho - safra 2010/2011.
VARIAÇÃO
No Mês
Na Safra
EAC
EHC
%
10,8
6,3
9,3
7,0
EHI
12,4
8,8
A Figura 2 mostra o comportamento dos preços líquidos do etanol, expressos
em R$/m3 de etanol anidro, nos primeiros meses da safra 2010/2011.
Figura 2. Comparação entre os preços do Açúcar de Mercado Interno
(ABMI) e os do Etanol de todos os tipos, expressos em R$/m3 de etanol
anidro nos meses de abril a julho - SAFRA 2010/2011
1950
1750
R$/m3 de anidro
1550
1350
1150
950
750
550
ABMI
EAC
EHC
EAI
EHI
EAE
EHE
4. Mercado Futuro
No mercado externo (mercado futuro), os preços da Bolsa de Nova York
(demerara) e os preços da Bolsa de Londres (refinado), fecharam a semana de 26
a 30/07/10, em alta. A cotação do dólar fechou a semana em queda, em relação
à semana anterior (19 a 23/07/10). O Indicador de Preço do Etanol Hidratado
Paulínia (SP) – ESALQ/BVMF fechou a semana novamente em alta. O açúcar de
mercado interno continua sem cotação.
2
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ATIVIDADES DA SEMANA



Dia 28 – O Grupo I da CANATEC se reunião na Sede da ORPLANA para dar
continuidade à discussão do Sistema de produção de cana crua e queimada,
tendo em vista a revisão do Sistema CONSECANA.
Dia 29 - A Assessoria Técnica recebeu a visita de Delegação da Tailândia,
composta por 18 representantes do Banco de Agricultura e Cooperativa dos
Produtores, oportunidade em que foram tratados vários assuntos, como:
atuação da ORPLANA e relacionamento com a indústria, perspectivas de
produção de cana-de-açúcar, Sistema de pagamento de cana no Brasil e na
Tailândia.
Dia 30 – A Assessoria Técnica participou de reunião da CANATEC/SP, realizada
na Sede da ORPLANA, em Piracicaba, para tratar dos seguintes assuntos: 1.
Aprovação da Ata da reunião anterior (30/06/2010); 2.
Safra 2010/2011 Produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol – Posição atualizada; Entrega de
cana de Fornecedores e Qualidade da cana-de-açúcar – Posição em 29/07;
Envio de Informações para o Sistema ATR – Procedimento nos casos de
aplicação do ATR relativo; 3. Projeto de Normas da ABNT e as Normas
Operacionais do CONSECANA – Encaminhamento; 4. Denúncia de
irregularidade – Associação de Monte Aprazível – Providências; 5. Solicitação de
Homologação de Sacarímetros Anton Paar; 6. INMETRO – Controle metrológico
do sacarímetro; 7. Revisão do Sistema CONSECANA; Andamento e pendências
dos trabalhos dos Grupos da CANATEC; Cronograma de trabalho dos Grupos III
e IV; 8. Outros Assuntos.
NOTICIAS DA SEMANA
O que houve de novo com o Brasil, por Katia Abreu
O Brasil orgulha-se hoje de ser uma economia estável e forte, que consegue crescer
de modo sustentável a taxas elevadas e ao mesmo tempo distribuir renda, incorporando
largos contingentes de população ao mercado de consumo e a padrões mais civilizados de
bem-estar material. Olhando para trás, para tantas décadas de instabilidade, de surtos
breves e logo frustrados de crescimento, temos de reconhecer que vivemos uma grande
transformação.
O que tornou possível essa transformação? Tivemos vários momentos de
crescimento, que não duravam muito. Após poucos anos, o crescimento provocava inflação,
pois a oferta interna, especialmente de alimentos, não era capaz de acompanhar o aumento
da demanda induzida pelo crescimento da renda. Mais grave era o outro problema, o
cambial.
Diante da inflação sem controle e do desequilíbrio cambial, a única política possível
era conter o processo de crescimento, para aliviar as pressões sobre os preços e sobre o
déficit externo. Assim, voltávamos à estagnação econômica, embora a população continuasse
crescendo e a imensa maioria vivesse na pobreza.
Previsão menor para safra de cana
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Por causa da forte estiagem que deixou algumas regiões do Centro-Sul sem chuva
por até 130 dias, a consultoria Datagro revisou sua estimativa de moagem de cana-deaçúcar da safra 2010/11 para 585 milhões de toneladas, ante as 604 milhões previstas
anteriormente. Se os números se confirmarem, a moagem ainda será 8,1% maior do que as
541 milhões de toneladas processadas no ciclo 2008/09.
A seca prolongada prejudicou o desenvolvimento da cana que será colhida no fim da
safra - entre outubro e dezembro - e, por isso, a produção de açúcar deve ser reduzida em
500 mil toneladas em relação à estimativa anterior, atingindo 32,9 milhões de toneladas no
Centro-Sul. Assim, explicou Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, o mix ficará mais
alcooleiro, pois a cana processada tende a ter menor qualidade de açúcar (ATR) por tonelada
na reta final da moagem. De 58,3%, o percentual médio da cana destinada à produção de
etanol deve subir para 58,5%.
A DATAGRO reduziu também sua previsão para exportação de álcool do país - de
3,75 bilhões de litros para 1,72 bilhão de litros. A retração deve-se principalmente à menor
exportação - direta e indireta - de etanol para os Estados Unidos. "No entanto, a demanda da
alcoolquímica continua firme", disse. O excedente que não for exportado deve ser absorvido
no mercado interno.
Com a produção menor de açúcar e álcool e a demanda dos dois produtos em
crescimento, a tendência é de valorização de preços e menor volatilidade no mercado este
ano. Apesar dos fundamentos positivos, Nastari não acredita que haja ambiente para
retomada de investimentos de grande porte no setor. "O momento ainda é de redução da
alavancagem".
A estimativa da DATAGRO é de que há um ano o setor sucroalcooleiro tinha um
endividamento na casa dos R$ 44 bilhões, valor que hoje deve estar entre R$ 37 bilhões e R$
38 bilhões.
Ainda que os investimentos em novas usinas comecem a ser retomados em 2011,
estes serão feitos com mais disciplina, após a última crise. Segundo levantamento da
DATAGRO, que em três meses deve abrir um escritório em Londres, o custo industrial para
implantação de uma usina com capacidade para moer 2,5 milhões de toneladas é de US$ 110
por tonelada, ante os US$ 40 necessários em 2000. A taxa de retorno do investimento está
entre nove e dez anos, segundo a DATAGRO (Valor, 26/7/10).
Para crescer sem interrupções seria necessário superar o limite de nossa capacidade
para importar. Financiar indefinidamente o déficit cambial com financiamento externo não
seria sustentável. Por termos tentado este caminho, incorremos em várias crises de
endividamento e chegamos à moratória. Era preciso encontrar um meio realista de elevar a
receita cambial.
Como sabemos hoje, no Brasil só a agricultura e a PECUÁRIA podiam realizar essa
tarefa. Mas ninguém pensava nisso seriamente. Afinal, a produção rural brasileira crescia
pouco e não éramos, de fato, até 1970, sequer capazes de atender ao abastecimento
interno. Além do mais, a sabedoria convencional de então ditava que o desenvolvimento
econômico significava o aumento da produção industrial e o encolhimento relativo da
produção rural.
Apesar disso, a partir dos anos 70, teve início uma silenciosa revolução no campo
brasileiro. Novas gerações de produtores rurais começaram a emergir, muitos deles abrindo
novas fronteiras agrícolas ou transformando os modos de produzir nas fronteiras já
estabelecidas. Esses novos agricultores romperam com as formas tradicionais de produção,
apropriaram-se do conhecimento acumulado nas universidades rurais e na nova Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e trouxeram para a produção rural a
disposição de assumir riscos e a compulsão do crescimento.
A ação destes novos empreendedores transformou em pouco tempo a produção rural
brasileira, tornando-a em poucas décadas a segunda maior do mundo em escala e
diversidade de produção e a primeira e única grande agricultura em área tropical.
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Os números dessa revolução são impressionantes. Em 1965, antes do início desse
processo, a produção brasileira de grãos era de 20 milhões de toneladas, para uma
população de 80 milhões de habitantes, portanto, uma produção de 250 kg de grãos por
habitante. Em 2008 a produção de grãos chegou a 144 milhões de toneladas, para uma
população de 190 milhões de habitantes, o que representa uma produção per capita de 758
kg. A produção total cresceu 7 vezes, mas a área de plantio, que era de 21 milhões de
hectares em 1965, passou para apenas 48 milhões de hectares em 2008, apenas 2,5 vezes
mais. A produção de carnes, em 1965, era de 2,1 milhões de toneladas, o equivalente a 25
kg por habitante por ano. Em 2006 a produção alcançou 20 milhões de toneladas, o
equivalente a algo como 100 kg por habitante/ano. A produção total aumentou dez vezes,
mas as áreas de pastagens cresceram apenas 15%.
Esses gigantescos aumentos de produção e de produtividade mudaram a história da
economia brasileira. Essa agricultura altamente produtiva e de grande escala conquistou os
mercados externos e passou a gerar grandes superávits no balanço de pagamentos, dada a
sua pequena dependência de importações. Entre 1994 e 2009, o agronegócio acumulou um
saldo comercial com o exterior de US$ 453 bilhões. No mesmo período, o saldo comercial
total do Brasil foi de US$ 255 bilhões. Significa que, sem a contribuição das exportações do
agronegócio, o Brasil teria incorrido num déficit comercial de US$ 198 bilhões, praticamente
o valor das reservas cambiais do País no final do ano passado. Não fora a contribuição do
agronegócio, o País estaria vivendo gravíssima crise cambial e a história do nosso
crescimento recente teria sido muito diferente.
Outro efeito dessa revolução no campo foi a persistente queda no custo da
alimentação no mercado interno. Os professores José Roberto Mendonça de Barros e Juarez
Rizzieri mostraram, em pesquisa, que o custo no varejo de uma ampla cesta de alimentos na
cidade de São Paulo caiu pouco mais de 5% ao ano, em termos reais, entre 1975 e 2005.
Uma queda dessa dimensão só foi possível pelos aumentos impressionantes da produção e
da produtividade no campo. E, em decorrência, as classes de renda média e baixa não
apenas puderam consumir mais e melhores alimentos, como elevaram seu poder de compra
de produtos industriais. Assim, o efeito da queda dos preços agrícolas é mais importante que
as transferências de renda para explicar a melhoria do padrão de vida das populações mais
pobres.
O Brasil que se desenvolve hoje e se projeta no mundo como uma economia
dinâmica e moderna é um País construído a partir da agricultura e da PECUÁRIA. E
continuará sendo, no futuro, sem estar por isso condenado ao atraso e à pobreza, como
vaticinavam no passado. Mas para isso é necessário que o Brasil valorize o agricultor e o
pecuarista, que foram os agentes dessas transformações, dando-lhes o realce merecido e
poupando-os dos preconceitos que sobrevivem às evidências da realidade.
* KÁTIA ABREU é Senadora da República pelo DEM-TO e presidente da CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil). Artigo publicado no Jornal O Estado de São Paulo de
26/07/2010.
Brasil vai incentivar produção de carro elétrico. Anúncio de um
programa de subvenções de R$ 500 milhões será feito hoje pelo
Presidente Lula.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, anunciou ontem que o governo
incentivará empresas a produzir componentes para veículos elétricos. Segundo ele, o Brasil
precisa entrar nesse mercado. "Hoje, o etanol nos dá vantagem competitiva. Mas o motor a
explosão é muito ineficiente."
Com a pressão mundial por veículos mais limpos, muitos países têm investido em
carros elétricos e híbridos (que funcionam tanto a gasolina quanto com eletricidade). Porém,
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no Brasil, o foco se voltou para os carros flex - que utilizam etanol ou gasolina -, tecnologia
incomum no exterior.
O incentivo será feito por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e
integra um conjunto de subvenções que totalizam R$ 500 milhões. O ministro não quis dar
detalhes do programa porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falará sobre o assunto
hoje. Não ficou claro, por exemplo, se as montadoras vão receber os recursos.
"Esse anúncio vai ser feito pelo presidente da República amanhã (hoje). Terei de
voltar correndo a Brasília porque vou ter uma reunião para discutir a questão do carro
elétrico." Segundo ele, além da subvenção, "serão anunciadas medidas de incentivos fiscais e
financeiros e organização do sistema para que o Brasil entre de maneira mais decidida nessa
corrida."
Há um ano e meio, o MCT começou a reunir fabricantes de baterias, pesquisadores e
fabricantes de motor elétrico para debater o assunto.
O anúncio do incentivo estava previsto para o início de junho, mas foi adiado depois
do Ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge ponderar que o plano deveria incluir incentivos
aos carros flex.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) pressiona
pela redução definitiva do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros FLEX
(O Estado de S. Paulo, 27/7/10).
Investimentos mundiais em energias renováveis não estão sendo
feitos nos volumes que deveriam
O presidente da NOVOZYMES, empresa dinamarquesa de desenvolvimento de
biotecnologia, Steen Riisgaard esteve no Brasil na última semana para promover o uso de
fontes renováveis e projetos de bioenergia no país. Em entrevista ao Correio, ele elogiou o
desenvolvimento da indústria nacional de biodisel e defendeu novas formas para se
aproveitar a biomassa produzida no país. Segundo estudos conduzidos pela companhia, a
conversão de biomassa em combustíveis, energia e produtos químicos, tem o potencial de
contribuir com mais de US$ 230 bilhões para a economia mundial até 2020. “O Brasil conta
com oportunidades enormes que vêm da agricultura. Por isso acredito que o país será
extremamente beneficiado pelas mudanças que estão por vir”, declarou. O executivo
também defendeu o uso inteligente da cana-de-açúcar para promover uma nova mudança na
sociedade brasileira que pode atingir muito mais do que a indústria de carros movidos a
biocombustível.
O etanol é um bom negócio
A dependência mundial do petróleo, como principal fonte de energia, está em queda?
É inevitável que essa dependência seja cada vez menor. Não tenho dúvida disso. É algo que
já está acontecendo. Agora é só uma questão de tempo para que o mundo todo reconheça e
passe a adotar fontes de energias alternativas para mover suas indústrias e toda a
sociedade. Acredito que o bioetanol, por exemplo, tem um potencial enorme a ser explorado.
A crise econômica está sendo entendida como um estímulo ou um freio para os
investimentos em energias alternativas?
Ao redor do mundo, os governos e as empresas ainda estão muitos cautelosos por conta da
crise, o que faz com que os investimentos não sejam tão volumosos quanto deveriam. Ainda
aqui no Brasil, que possui uma tecnologia enorme neste assunto, vemos que as apostas são
lentas. Os investimentos devem ser mantidos para que haja cada vez mais fábricas e
projetos envolvidos na produção de energias que não dependam do petróleo.
Investir em energias alternativas já é um bom negócio?
O Brasil tem mostrado com o etanol que pode ser um bom negócio, sim, uma vez que esse é
um setor que não recebe nenhum subsídio para o seu desenvolvimento e, mesmo assim, tem
crescido tanto por aqui. É claro que alternativas como a energia eólica e a solar são
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fantásticas, mas elas são para países ricos. Não estou dizendo que o Brasil não seja rico,
mas, uma vez que vocês têm o etanol, deve-se explorar muito mais essa possibilidade do
que as outras alternativas, já que existe toda uma tecnologia desenvolvida e amadurecida na
produção desse tipo de energia.
Quando a biomassa começará a ser uma realidade no setor de energia mundial?
Acho que é um processo que já começou. No Brasil, é claro, se utiliza muito mais a biomassa
para produzir energia do que em outros países como os Estados Unidos e a China. Penso que
em 10 anos iremos sentir o impacto mais forte dessa alternativa ao redor do mundo.
Qual é a importância do Brasil nesse processo?
O Brasil é uma forte liderança no processo de uso de fontes renováveis de energia no
mundo. As oportunidades que vêm da agricultura são enormes. Então acredito que o país
talvez seja o principal beneficiado com as mudanças que estão por vir com este novo
cenário. Com o desenvolvimento do etanol de segunda geração, isso será ainda mais
vantajoso para o Brasil, uma vez que é possível dobrar sua produção utilizando a mesma
quantidade de cana-de-açúcar. Segundo pesquisas, aproximadamente 35% do combustível
utilizado hoje em dia poderiam ser substituídos por alternativas renováveis, especialmente o
etanol. Esse é o futuro e acredito que a energia vinda de fontes renováveis será utilizada por
praticamente todos os processos da indústria.
A biomassa é aproveitada em todo o seu potencial?
Acho que o próximo estágio é usar a biomassa de um modo mais inteligente,
aproveitando o material como um todo. Isso porque a biomassa pode ser usada para gerar
celulose e, uma vez fermentada, produzir álcool. Mas devemos prestar atenção, pois nesse
processo sobra lignina (um dos principais componentes da fibra vegetal), que pode ser
aproveitada no processo de conversão da bioenergia. A questão é que não devemos olhar a
biomassa apenas como forma de geração de energia. Essa é uma maneira muito primitiva
para se enxergar todo o potencial que ela nos oferece. Antes de queimar todo o bagaço da
biomassa, devemos olhar para ela e perguntar o que mais poderia ser tirado dali. Podemos
fazer etanol, produzir energia, celulose, ração... O olhar tem que ser diferente. Você não
pode ver a cana-de-açúcar e só pensar em açúcar e álcool. Ela é muito mais do que isso.
Até que ponto o Brasil pode lucrar com a tecnologia do álcool combustível?
É claro que o Brasil pode ter vantagens significativas exportando esse tipo de combustível
para outras nações, mas acredito que, primeiramente, o país deva olhar para o seu mercado
interno, que tem um grande potencial e uma demanda crescente. Então eu pergunto: por
que não transformar a sociedade brasileira numa sociedade baseada em cana-de-açúcar,
utilizada para produzir polietileno e, em alguns anos, o polipropileno, onde se tem a
produção do plástico verde? Assim seria possível olhar para o açúcar e ter toda uma
sociedade capaz de absorver vários tipos de produtos oriundos da cana, diminuindo a
participação do óleo nas indústrias. Vocês teriam uma sociedade totalmente fundamentada
biotecnologicamente. Essa é uma grande oportunidade para o Brasil.
ALTERNATIVA ECONÔMICA QUE VEM DOS RESÍDUOS
A energia produzida a partir de dejetos pode surgir como uma alternativa econômica
para dar sustentabilidade a uma das atividades que gera um agressivo impacto ao meio
ambiente: a pecuária.
Segundo um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação (FAO), em parceria com a Itaipu Binacional, o gás emitido pelos resíduos
oriundos da criação extensiva de animais no Brasil, pode gerar uma energia equivalente à
produzida na usina hidrelétrica de Jirau (3.300 megawatts), o que seria suficiente para
atender a uma cidade com 4,5 milhões de habitantes.
Segundo o levantamento, caso a energia produzida a partir desse tipo de material
orgânico fosse vendida no país, o faturamento anual poderia alcançar R$ 1,5 bilhão —
considerando os valores praticados pelo preço do leilão da Companhia Energética Paranaense
(Copel). Além disso, os próprios criadores de gado seriam beneficiados, uma vez que a
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economia decorrente do consumo dessa energia poderia chegar a R$ 200 milhões mensais —
algo em torno de R$ 2,7 bilhões por ano.
A FAO e a Itaipu Binacional, defendem a adoção dessa alternativa como medida para
balancear outras fontes de energia utilizadas no Brasil. “A usina hidrelétrica de Jirau, no rio
Madeira, em Rondônia, vai gerar uma quantidade média de energia elétrica equivalente a
que poderia ser criada a partir de resíduos, mas provocando impactos no meio ambiente e
exigindo um investimento acima de R$ 13 bilhões”, aponta o relatório.
BIODIGESTOR
Para converter os dejetos, as propriedades rurais devem ter instalado um
biodigestor, responsável por transformar, por meio de um processo de fermentação, a
matéria orgânica recolhida em gás combustível e adubo. Esse processo é realizado por
bactérias, que, na ausência de oxigênio, realizam o metabolismo produzindo gás metano.
Dessa forma, as propriedades rurais reduzem as emissões de gases poluentes contidos nos
dejetos e ainda se beneficiam da eletricidade gerada por essa alternativa. De acordo com o
estudo da FAO e da Itaipu Binacional, estima-se que 71,3 milhões de toneladas de gás
carbônico deixariam de ser emitidas para a atmosfera a partir do biogás convertido da
biomassa residual que poderia ser produzida no país.
Com a intenção de reduzir os custos com energia, empresários brasileiros começam a
apostar na solução. Os sócios da Fazenda Iguaçu, produtora de leite, fizeram um
investimento de R$ 400 mil reais para instalar um biodigestor na propriedade rural. “É um
investimento que se paga em pelo menos seis anos, mas temos tido uma excelente
resposta”, garante Tiago Sossella, filho de um dos sócios do negócio localizado no município
de Céu Azul, no Paraná. A conversão em energia das 150 toneladas de dejetos recolhidas
todos os meses no local ajudam a gerar eletricidade para alimentar grande parte da fazenda.
“Tivemos uma economia de 25%. Além disso, o excedente da energia produzida é vendido
para a Copel. A ideia deu tão certo que já temos um projeto para trocar o biodigestor atual,
capaz de produzir 33kw/h, por um outro mais potente”, comemora (Correio Braziliense,
27/7/10).
NOVOZYMES corre para baratear etanol de celulose
A NOVOZYMES, especializada em enzimas industriais, que recentemente acertou um
projeto em conjunto com a brasileira Dedini, informou que em um ano e meio,
aproximadamente, poderá reduzir os custos de produção do etanol celulósico no Brasil. A
empresa desenvolveu, em fevereiro de 2010, uma família de enzimas intitulada Cellic,
considerada a mais competitiva entre as enzimas e com custo de produção próximo ao do
álcool de primeira geração dos Estados Unidos.
Segundo William Yassume Yassumoto, gerente de Novos Negócios da NOVOZYMES
no Brasil, com o acordo com a Dedini - líder no mercado sucroalcooleiro -, o próximo passo
será habilitar uma nova tecnologia capaz de traçar a rota enzimática e lançar famílias de
enzimas. "A família Cellic é a mais competitiva. Foi lançada nos Estados Unidos e por lá está
em operação", afirmou. O executivo comentou que a recente aliança é um "ganha-ganha".
"Eles desenvolvem indústrias de base. Vamos habilitar a tecnologia e torná-la
eficiente. Não adianta ter tecnologia cara sem rentabilidade no mercado". E completou:
"Fala-se de etanol de celulose há cerca de 10 anos. A meta é tentar mudar o paradigma do
alto custo da produção". Em termos globais, a NOVOZYMES é líder no campo de enzimas
industriais e microrganismos, com participação de 47% do mercado mundial.
De acordo com Miguel Biegai, especialista da Safras & Mercado, deve-se levar em
consideração o quanto do custo será reduzido, já que as pesquisas envolvem conhecimento
sobre genética. "Tem de esperar para ver o quanto eles [NOVOZYMES] pretendem diminuir.
Isso depende da capacidade de manipular os microrganismos", disse.
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Neste mês, representantes da empresa dinamarquesa visitaram o Laboratório
Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), localizado em Campinas, e, segundo
Yassumoto, a relação foi "de amizade". "Houve uma amostra de enzimas para eles. O CTBE é
a referência nacional e, se surgir a oportunidade no futuro, a NOVOZYMES pode participar.
Isso depende da necessidade do laboratório", disse.
A Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP) do CTBE será um espaço
destinado ao desenvolvimento de tecnologias e para resolver gargalos da produção do etanol
celulósico. O projeto custou cerca de R$ 24 milhões, conforme divulgou anteriormente o DCI
e recebeu verba do governo federal.
Yassumoto disse que a empresa apresenta interesse em entrar nos demais setores
agrícolas brasileiros.
A atual sede da Divisão Agrícola da NOVOZYMES está localizada no Canadá. "Por
enquanto, dentro da América do Sul, atuamos somente na Argentina, com vendas de
inoculantes, biofertilizantes, entre outros, para as culturas de soja, milho e feijão".
Com fábricas na Dinamarca, Estados Unidos, China e Brasil, em 2009, a NOVOZYMES
obteve um volume de vendas de US$ 1,5 bilhão. A sede da empresa no Brasil, assim como
os laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e as instalações industriais, estão no Distrito
Industrial de Araucária, no Paraná. A empresa fornece enzimas para indústrias do setor
têxtil, alimentício, cervejeiro e para o mercado de combustível.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o
reaproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar e parte das palhas e das pontas da cana, a
produção de etanol pode aumentar entre 30% e 40% em cima da atual. José Manuel Cabral,
chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroenergia, afirmou que, recentemente, um
grupo de pesquisadores da Embrapa estiveram no Canadá para visitar uma usina. "Eles estão
operando com resíduos agrícolas, embora a produção ainda seja baixa", falou.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado de São Paulo
apresenta a maior área plantada de cana-de-açúcar, com 4,4 milhões de hectares; enquanto
Minas Gerais tem 648 mil hectares; Paraná, 608 mil hectares; Goiás, 601 mil hectares e
Alagoas, 464 mil hectares. Ainda de acordo com a Conab, a produção de cana estimada para
a safra 2010/2011 é de 664 milhões de toneladas, em 8,1 milhões de hectares (DCI,
27/7/10).
MWh de biomassa vale R$ 167 em leilão
O megawatt-hora a ser vendido no leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) terá teto máximo de R$ 167. O valor foi definido nesta quinta-feira (22) pela
diretoria da Agência, ao aprovar os editais de licitação para compra e venda de energia
proveniente de fontes alternativas. O leilão está marcado para os dias 26 de agosto.
O leilão marcado envolverá projetos de centrais eólicas, termelétrica à biomassa
(bagaço de cana-de-açúcar, resíduos de madeira e capim elefante) e pequenas centrais
hidrelétricas (PCHs). O início do fornecimento para atender o Sistema Interligado Nacional
(SIN) está previsto para 2013, três anos após a licitação - por isso, é chamado pelo setor de
leilão A-3.
Na modalidade “por disponibilidade”, os projetos eólicos e de biomassa tiveram o
preço máximo da energia fixado em R$ 167 mega por megawatt/hora (MWh).
O segundo edital aprovado pela ANEEL se refere ao leilão a ser realizado para a
contratação de energia de reserva, previstos para os dias 25 e 26 do próximo mês. O preço
teto ficou definido em R$ 155 MWh para centrais elétricas, R$ 156 por MWh para as usinas
de biomassa e R$ 155 por MWh para as PCHs.
O suprimento de energia contratada no leilão deverá começar a operarão em datas
distintas, entre 2011 e 2013. AGROIND - Delcy Mac Cruz.
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Preços do açúcar atingem máxima dos últimos quatro meses
Os preços do açúcar encerraram o dia com o maior valor dos últimos quatro meses.
Na Bolsa de Nova York, ICE Futures US o contrato mais negociado, para outubro, fechou a
19,50 cents/lb, uma alta de 3,34%. Analistas afirmam que a desvalorização do dólar, a forte
demanda e o ritmo lento de fornecimento no Brasil influenciaram o mercado.
A fila de navios à espera para carregar açúcar nos portos brasileiros subiu de 103
para 120 nessa semana. O dado considera embarcações já ancoradas, à espera no mar e
com previsão de atracar até o dia 4 de setembro. Exportadores enfrentam dificuldades de
logística, especialmente nos portos de Santos e Paranaguá, e as condições climáticas
desfavoráveis agravam o atraso nos embarques de diversos produtos. A empresa de serviços
climáticos Somar afirmou hoje que as chuvas devem continuar na semana que vem na região
dos portos.
A maior quantidade será embarcada no porto de Santos, de onde sairão 2.747.610
toneladas, acima das 2.621.472 toneladas registradas na semana anterior. As entregas das
usinas da região Centro-Sul, que responde por 90% da produção total de cana-de-açúcar do
País, continuam. Elas começaram a colher oficialmente em 1º de abril. Na quarta-feira,
Santos tinha 84 navios aguardando para embarcar açúcar. Já o porto de Paranaguá deve
carregar 789.706 toneladas (Notícias Agrícolas, 29/7/10)
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