SOROCABA • QUINTA-FEIRA • 17 DE JANEIRO DE 2013 C3 FÁBIO ROGÉRIO Armando Oliveira Lima: agora também artesão Ideia é doar produções em madeira - são caixinhas e porta-retratos - para entidades assistenciais da cidade Há cerca de dois anos, o professor e agitador cultural Armando Oliveira Lima dedica horas do seu dia para a criação de objetos de decoração. São inúmeras caixinhas de madeiras enfeitadas e porta-retratos onde ele cola imagens, miçangas, pinta e depois presenteia amigos, desconhecidos e entidades assistenciais. “As pessoas gostam muito, levo para os locais que frequento como a padaria e entrego para as pessoas do caixa, para os clientes...”, comemora. Mas ele quer mais: depois da experiência de doar as suas obras para entidades como a Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba (Amas), Creche Maria Claro e Crianças de Belém, Armando conta que quer expandir mais o número de associações atendidas. “As entidades que se interessarem, é só me pro- curar que mando as caixinhas e os gem, cola e pinta tudo - é onde pasporta-retratos para eles. E podem sa a maior parte do seu tempo. A atividade é uma usar como quisedas muitas que sorem, podem vender mam ao vasto currícupara arrecadar dilo de Armando, que é nheiro, doar...”, funcionário público disponibiliza o artista. As pessoas gostam aposentado e formado em Filosofia. O profesPara se ter uma muito, levo para sor também é poeta e ideia do envolvitem o nome ligado a mento de Armando os locais que muitos movimentos e com as suas criações, basta frequento como a instituições culturais educacionais da cianalisar o ateliê onpadaria e entrego edade, como a Acadede cria e guarda mia Sorocabana de Lesuas obras. O local para as pessoas tras, o Teatro dos - com paredes todo caixa, para Três, Gabinete de Leimadas de armários tura Sorocabano com as caixinhas e os clientes...” (GLS), Academia Sorocom os porta-retraArmando Oliveira Lima cabana de Música, Catos e um escrivanisa do Escritor da Renha onde corta as revistas, as madeiras, faz a monta- gião de Sorocaba (Ceres), Instituto “ Darcy Ribeiro, que até 2011 realizava o concurso de poesias, o “Depoesia”, que nasceu como uma parceria do instituto com o Depois Bar, entre outros. Armando também participou do Movimento Universitário Espírita e se enveredou para o lado da imprensa em publicações como a revista “A Fagulha” e escrevendo crônicas para o jornal Diário de Sorocaba. Estudioso de Monteiro Lobato, entre suas obras escritas destaque para o livro “Emília no mundo dos livros”, resultado da dedicação do professor. Em sua bibliografia, constam ainda: “Pés no chão”; “Ave, Cristo”; “Pesquisa escolar”; “Impróprios culturais” e “A luta pela independência”. As entidades podem entrar em contato com Armando Oliveira Lima pelo telefone (15) 3221-3398. O ateliê é lotado das últimas criações de Armando; é no local que o novo artesão passa a maior parte de seu tempo AMOR, AOS 86 ANOS Emmanuelle Riva: a mais velha atriz a ser indicada para o Oscar Contrariando a lógica e as apostas, a atriz Emmanuelle Riva não levou a Palma de Ouro em Cannes, em maio de 2012, por sua magnífica performance em “Amor”, de Michael Haneke. Perdeu para a dupla Cristina Flutur e Cosmina Stratan, do romeno “Além das Montanhas”. Mas surpreende o mundo agora ao se tornar a mais velha atriz a ser indicada para o Oscar (“Amor” concorre ainda nas categorias de direção, filme e filme estrangeiro). Novamente, não deve levar a estatueta, mas só o fato de comover a Academia, e o mundo, ao dar vida a uma idosa que sofre, e divide, a decadência da velhice com o marido (Jean-Louis Trintignant) é feito e tanto. “Para mim, foi uma grande honra filmar com Michael. Não importam os prêmios, importa que é impossível recusar um convite dele. E que fizemos tudo que era possível para contar esta história com dignidade e amor. Teria ficado muito triste se ele não tivesse confiado em mim. Ele, tanto quanto eu, sempre soube que eu era capaz fazer este papel”, disse a atriz em conversa com a reportagem em Cannes, logo após o longa receber a Palma de Ouro. O júri de Cannes não deu a Palma a Emmanuelle, mas não ignorou sua contribuição ao filme. “Determinante para a vitória de Amor foi a contribuição dos atores. São eles que dão vida a este drama tão duro e terno ao mesmo tempo”, declarou Nanni Moretti, presidente do júri ao anunciar o prêmio. A interpretação surge DIVULGAÇÃO quando o espectador se vê participando da rotina desse casal de idosos parisiense, em que o marido tem de passar a cuidar quase como de uma criança da mulher, após ela sofrer um AVC e ter parte dos movimentos paralisada. “Ela, que sempre foi uma pianista elegante e fleumática, apesar de carinhosa e mãe atenciosa, vê-se diante da decadência, do medo de sujar a reputação e a imagem do marido ao se revelar tão frágil e dependente. Há drama mais íntimo e, ao mesmo tempo, maior que este?”, comentou Emmanuelle. Estrela de clássicos como “Hiroshima mon Amour”, que Alain Resnais filmou em 1959, a atriz diz saber de cátedra que a juventude é efêmera. “Acho que devemos encarar a velhice, e a presença da morte que ela traz muitas vezes, com alegria e não com tristeza. Eu, que vivo meus 86 anos, me pergunto sobre como lidar com a perda da dignidade, a dependência de outro, as dores. E como viver o amor nessas condições?” Para Trintignant, este é um filme poético. “Mas é a poesia em seu estado mais simples. É também como um romance contado de uma forma nova. Não há considerações psicológicas muito complexas sobre os personagens, mas sim uma história contada com honestidade, como ela de fato foi”, afirmou. “Não é a idade dos personagens que importa, mas como vivem o drama. Envelhecer, e por vezes adoecer, faz parte da vida. Cabe a nós escolher como vamos encarar a experiência. Temos de tentar ser feliz. Nem que seja só para servir de exemplo.” (Agência Estado) A atriz comove com sua magnífica performance em ‘Amor’, de Michael Haneke