0 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Odontologia DOUGLAS BARUCHI AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS IMAGENS RADIOGRÁFICAS REALIZADAS POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO E ANÁLISE DE ERROS Bragança Paulista 2013 1 DOUGLAS BARUCHI - 001200900815 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS IMAGENS RADIOGRÁFICAS REALIZADAS POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO E ANÁLISE DE ERROS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Odontologia da Universidade São Francisco. Orientadora Temática: Prof.ª M.ª Silvia Cristina Mazetti Torres. Orientadora Metodológica: Prof.ª M.ª Valdinéia Maria Tognetti. Bragança Paulista 2013 2 Dedico este trabalho aos meus pais Geraldo e Marilene que sempre me apoiaram e me incentivaram para a realização deste sonho. 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado a vida e por ter me ajudado em todas as minhas dificuldades perante esta grande etapa da minha vida, onde muitas vezes fui fraco comparado com os diversos desafios que encontrei, mais através de sua divina graça e de sua Mãe Santíssima, a Virgem Maria encontrei forças e realizei este sonho planejado por Deus. A minha família, especialmente aos meus pais Geraldo e Marilene e meu irmão Jorge, onde através da educação, respeito, fé e carinho me ajudaram e lutaram bravamente ao meu lado, para que juntos realizássemos este projeto tão importante para minha vida. Aos meus amigos, especialmente ao Grupo RDR Dança de Rua, ao Núcleo de Dança e Teatro do Centro Cultural e o Grupo de Oração Jovem Renascendo para Cristo, que me incentivaram e que várias vezes compreenderam minha ausência para que eu pudesse realizar um trabalho de qualidade e digno de todo o meu esforço. A minha orientadora Prof.ª M.ª Silvia Cristina Mazetti Torres pela grande oportunidade, paciência e amizade através de suas orientações essenciais para a realização deste trabalho, onde muitas vezes mostrou-se presente e dedicada para que juntos realizássemos um trabalho de qualidade. Esta que se tornou um exemplo através de suas diversas qualidades pessoais e profissionais, onde através da admiração e respeito pretendo seguir os mesmos passos, buscando sempre o conhecimento e reconhecimento profissional. A todos os outros professores do curso de Odontologia da Universidade São Francisco pelos conhecimentos adquiridos durante o curso, especialmente a Prof.ª M.ª Valdinéia Maria Tognetti por ter me ajudado e orientado para a elaboração deste trabalho, com sua grande competência profissional, respeito, amizade e paciência. Em especial também, ao coordenador do curso de Odontologia, o Prof. Ms. Miguel Simão Haddad Filho pela amizade, respeito e admiração pessoal e profissional. A todos os funcionários da Clínica Odontológica da Universidade São Francisco, por toda a amizade, ajuda e competência profissional ao longo do curso. Aos meus colegas de classe, especialmente a Larissa que esteve comigo durante todos esses anos de curso, como parceira em todas as clínicas odontológicas, trabalhos de classe e principalmente como uma grande amiga em todos os meus desafios e conquistas pessoais. Também agradeço aos meus grandes amigos Estela, Tomas, Saulo, Kathy, 4 Muryel, Mariane, Renata, Auana, André, Sara, Teddy e todos os outros pela grande amizade, companheirismo e ajuda em todos os desafios, conquistas, estudos, trabalhos e pesquisas. Onde todos lutamos juntos para a realização deste sonho, sendo que cada um de modo especial esteve presente em minha vida pessoal e acadêmica. Em geral, agradeço a todos que até o presente momento, fizeram parte desta minha caminhada e que de certo modo contribuíram para o desenvolvimento do meu caráter e modo de pensar. 5 “Assim como a fotografia, vejo a Radiologia como um instrumento primordial na captura, aprisionamento e projeção da memória através da formação de imagens de vários ciclos e momentos da vida. E através da arte bidimensional é possível avaliar, planejar e elaborar tratamentos encontrando respostas neste „mundo visual' do ciclo da vida do Sistema Estomatognático”. Douglas Baruchi. 6 RESUMO O presente trabalho avaliou a qualidade das imagens radiográficas realizadas pelos alunos de graduação do curso de Odontologia da Universidade São Francisco mostrando também os erros em relação ao processamento químico e arquivamento dos documentos radiográficos, buscando um valor legal das imagens radiográficas e conscientizando alunos e profissionais sobre o valor clínico e legal desses documentos. Dentre os documentos solicitados para as identificações humanas, as radiografias odontológicas são comumente utilizadas pela confiabilidade através do exame odonto legal, mas normalmente esses documentos encontram-se insatisfatórios pela falta de conhecimento de profissionais e estudantes de Odontologia do valor legal desta documentação. Sendo assim, foram analisados 512 prontuários odontológicos aleatoriamente selecionados dos anos de 2010 a 2012, exclusivamente analisando as imagens radiográficas de pacientes atendidos na Clínica Odontológica da Universidade São Francisco comparando os erros X qualidade de imagem dessas radiografias realizadas pelos alunos de graduação e através do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia utilizado pela Universidade São Francisco foi feita uma comparação entre os alunos do 5º semestre da disciplina de Radiologia Odontológica e os alunos do 9º semestre da disciplina de Clínica Odontológica Integrada dos anos de 2010 a 2012, mostrando a melhora ou piora dos exames radiográficos realizados pelos alunos ao longo do curso de Odontologia. Verificou-se então, que dos 512 prontuários analisados apenas 259 prontuários apresentaram radiografias periapicais, totalizando 1.567 radiografias analisadas, onde 216 (14%) foram consideradas tecnicamente boas e 1.351 (86%) insatisfatórias. Das radiografias insatisfatórias (86%) foram detectados 2.861 erros, sendo 47% de técnica radiográfica e 53% de processamento radiográfico. As maiores freqüências de erros foram de radiografias manchadas (25%), radiografias riscadas (14%), erro de alongamento radiográfico (13%) e radiografias amareladas (11%). Constataram-se também os erros em relação ao arquivamento dos documentos radiográficos, onde 979 (63%) não possuíam identificação e 1.057 (67%) não possuíam datação radiográfica. Em relação ao Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia, foi verificado que os alunos do 5º semestre cometeram maiores erros radiográficos em comparação aos alunos do 9º semestre, mostrando a evolução da qualidade da técnica radiográfica ao longo do curso de graduação, entretanto o preenchimento correto da Tabela foi mais negligenciado pelos alunos do 9º semestre. Conclui-se que, os erros radiográficos cometidos pelos alunos de graduação comprometem o valor clínico e legal dos documentos radiográficos, onde mostra que a documentação radiográfica realizada por alunos não está indicada para a utilização desses documentos para uma posterior identificação odonto legal. PALAVRAS-CHAVE: imagens radiográficas. odontologia legal. alunos de graduação. 7 ABSTRACT This study evaluated the quality of radiographic images taken by undergraduate students of the course of Dentistry, University San Francisco also showing errors in relation to chemical processing and archiving of documents radiographic, seeking a legal value of radiographic images and aware students and professionals about the clinical value of these documents and cool. Among the documents requested for human identification, dental radiographs are commonly used for reliability by examining forensic dental, but usually these documents are unsatisfactory due to lack of knowledge of professionals and dental students the legal value of this documentation. Therefore, we analyzed 512 randomly selected dental records of the years 2010 to 2012, only analyzing the radiographic images of patients treated at the University Dental Clinic San Francisco comparing the errors x image quality of these radiographs performed by undergraduate students and through the Program Quality Control Radiographic Dentistry used by the University San Francisco a comparison was made between students of 5th semester of the discipline of Dental Radiology and students the 9th semester of discipline Dental Clinic Integrated years 2010 to 2012, showing improvement or worsening of radiographic examinations performed by students over the course of Dentistry. It was then that the 512 records analyzed medical records showed only 259 periapical radiographs, totaling 1,567 radiographs analyzed, where 216 (14%) were technically good and 1,351 (86%) unsatisfactory. Unsatisfactory radiographs (86%) were detected 2861 errors, 47% technique and 53% radiographic radiographic processing. The highest frequencies of errors were stained radiographs (25%), scratched radiographs (14%), error stretching radiographic (13%) and yellowish radiographs (11%). It also found errors in relation to the filing of documents radiographic, where 979 (63%) had no identification and 1,057 (67%) had no radiographic dating. Regarding Program Quality Control Radiographic Dentistry, it was found that the students of 5th semester committed more errors radiographic compared to students of 9th semester, showing the evolution of the quality of the radiographic technique throughout the undergraduate course, however the filling correct table was most neglected by students of the 9th semester. We conclude that the errors committed by radiographic undergraduate students undertake clinical value, legal documents radiographic, which shows that the radiographic documentation held by students is not indicated for the use of these documents for further forensic dental identification. Key words: radiographic images. forensic dentistry. undergraduate students. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - Radiografias A e B tecnicamente boas...................................................... 23 GRÁFICO 1 - Porcentagem de prontuários com presença e ausência de radiografias periapicais...................................................................................................................... 29 GRÁFICO 2 - Comparação quantitativa de radiografias tecnicamente boas e insatisfatórias................................................................................................................. 30 GRÁFICO 3 - Porcentagem de radiografias tecnicamente boas e radiografias insatisfatórias................................................................................................................. 31 GRÁFICO 4 - Porcentagem de erros de processamento radiográfico e erros de técnica radiográfica........................................................................................................ 32 GRÁFICO 5 - Porcentagem de erros radiográficos encontrados.................................. 33 GRÁFICO 6 - Comparação quantitativa de radiografias identificadas e não identificadas................................................................................................................... 34 GRÁFICO 7 - Porcentagem de radiografias identificadas e não identificadas.............. 34 GRÁFICO 8 - Comparação quantitativa de radiografias datadas e não datadas.......... 35 GRÁFICO 9 - Porcentagem de radiografias datadas e não datadas............................ 35 GRÁFICO 10 - Distribuição comparativa do número de erros entre o 5º semestre e o 9º semestre.................................................................................................................... 38 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Distribuição das radiografias tecnicamente boas e radiografias insatisfatórias, dos anos de 2010, 2011 e 2012............................................................ 30 TABELA 2 - Distribuição dos erros de técnica radiográfica e erros de processamento radiográfico, dos anos de 2010, 2011 e 2012............................................................... 31 TABELA 3 - Amostra de erros radiográficos encontrados pelas técnicas radiográficas e processamentos radiográficos incorretos............................................. 33 TABELA 4 - Distribuição do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia dos alunos do 5º semestre (Radiologia Odontológica) dos anos de 2010, 2011 e 2012......................................................................................................... 36 TABELA 5 - Distribuição do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia dos alunos do 9º semestre (Clínica Odontológica Integrada) dos anos de 2010, 2011 e 2012.................................................................................................... 37 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IML - Instituto de Medicina Legal CFO - Conselho Federal de Odontologia Art - Artigo DNA - Ácido Desoxirribonucleico TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido SP - São Paulo AAOMR - American Academy of Oral and Maxillofacial Radiology ADA - American Dental Association RN - Rio Grande do Norte PR - Paraná MG - Minas Gerais PI - Piauí RA - Registro Acadêmico 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12 1 ODONTOLOGIA LEGAL.............................................................................................. 15 1.1 INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL E A ATUAÇÃO DO ODONTOLEGISTA.......... 16 1.2 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA............................................................. 16 1.3 EXAME ODONTO LEGAL E OS PRONTUÁRIOS ODONTOLÓGICOS................... 18 2 RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA................................................................................ 20 2.1 HISTÓRICO DA RADIOLOGIA FORENSE............................................................... 21 2.2 IMPORTÂNCIA DA RADIOLOGIA NAS IDENTIFICAÇÕES HUMANAS.................. 22 2.3 DESCONHECIMENTO DO VALOR LEGAL DAS IMAGENS RADIOGRÁFICAS..... 24 2.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE RADIOGRÁFICA E ANÁLISE DOS ERROS............ 25 3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................. 27 4 RESULTADOS............................................................................................................. 29 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 39 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 47 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 48 ANEXOS.......................................................................................................................... 51 APÊNDICES.................................................................................................................... 56 12 INTRODUÇÃO A Odontologia Legal é a especialidade que relaciona a Odontologia com o Direito, esclarecendo as resoluções nos casos judiciais, sendo eles as indenizações por erros odontológicos, lides trabalhistas e processos éticos e criminais através dos conhecimentos odontológicos (MONTENEGRO et al., 2012; SILVA et al., 2008). Nos Institutos de Medicina Legal (IML) o odontolegista realiza perícias odontológicas que atingem o complexo maxilo-mandibular por agressões e/ou acidentes de trânsito e também nas identificações humanas de corpos carbonizados, putrefeitos e esqueletizados (SILVA et al., 2008). Normalmente nos casos de identificação humana a identificação visual feita por parentes ou amigos e a técnica da datiloscopia (impressões digitais) são as mais utilizadas, porém nos casos de corpos carbonizados essa identificação torna-se difícil, mas é possível observar também a preservação da dentição muitas vezes intacta, fornecendo informações importantes para uma identificação humana através da técnica odonto legal (PONTIN, 2011). O exame odonto legal é um método comparativo de identificação, onde é realizada a comparação das características físicas do cadáver (avaliação post-mortem) com os registros de documentos obtidos realizados antes da morte (avaliação ante-mortem) (SILVA et al., 2006). Para a utilização dos prontuários odontológicos como método comparativo para realização do exame odonto legal, este normalmente deverá ser composto de ficha clínica, atestados, receitas, modelos de gesso e radiografias odontológicas (PARANHOS et al., 2009). As radiografias odontológicas são exames complementares utilizados para fins de diagnóstico, planejamento e execução dos tratamentos odontológicos preventivos, corretivos ou reabilitadores. A documentação radiográfica também possui grande valor legal para a Justiça, no que diz respeito às identificações odontolegais através do método comparativo, mas para isto deve apresentar-se tecnicamente de boa qualidade e arquivadas corretamente (SILVA et al., 2006). O principal erro cometido é a falta de conhecimento dos cirurgiões dentistas sobre o valor legal desta documentação. Muitas vezes prontuários odontológicos encontram-se insatisfatórios clínica e juridicamente, apresentando falhas e erros desde as fichas clínicas 13 até as imagens radiográficas. Muitas vezes, imagens radiográficas que se apresentam “satisfatórias clinicamente” à avaliação do cirurgião dentista, não possuem a mesma satisfação para as identificações humanas. Devido à importância da documentação radiográfica, vários estudos foram realizados em universidades brasileiras privadas e públicas para avaliação da documentação radiográfica realizada por alunos de graduação de cada universidade correspondente. Onde mostrou a grande porcentagem de erros cometidos em relação ao processamento químico, técnica radiográfica e arquivamento das imagens radiográficas (LIMA et al., 2010). Sendo assim, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a qualidade das imagens radiográficas realizadas pelos alunos de graduação do curso de Odontologia da Universidade São Francisco, mostrando também os principais erros cometidos pelos alunos no arquivamento e processamento químico dos documentos radiográficos. Para a realização desta pesquisa foi justificado que através de trabalhos e pesquisas científicas já realizadas é possível verificar a importância dos prontuários odontológicos para a realização das identificações odontolegais, sendo as imagens radiográficas documentos importantes para realização do exame Odonto legal através de métodos comparativos antemortem e post-mortem. Porém, o documento radiográfico deve apresentar-se com boa qualidade em relação a aplicação da técnica radiográfica, ao processamento químico e arquivamento, para que apresente um valor legal para a Justiça. Os prontuários odontológicos, assim como todo documento que se refere à saúde e tratamento dos pacientes, possuem o seu valor clínico para a evolução, melhora e acompanhamento dos tratamentos predestinados e realizados. Tendo estes também, um importante valor legal para posterior utilização em processos judiciais como prova documental para funda defesa profissional ou como documento legal para a realização de identificação humana. Porém, é possível observar a falta de conhecimento dos profissionais de saúde em relação ao valor legal dos prontuários, radiografias e documentos médico-legais, estando esses incompletos e não datados. Através desses aspectos, foi investigada a qualidade do documento radiográfico realizado dentro da Universidade, explorando o cuidado e a importância que os alunos de graduação dão as radiografias odontológicas clinica e legalmente. Tentando mostrar através da conscientização uma maneira correta de planejar, elaborar e arquivar os documentos radiográficos e prontuários odontológicos realizados pelos futuros cirurgiões dentistas. 14 Devido à importância das imagens radiográficas já citadas acima, a pesquisa teve como objetivo principal avaliar a qualidade das imagens radiográficas realizadas pelos alunos de graduação do curso de Odontologia da Universidade São Francisco, mostrando também os principais erros cometidos pelos alunos no arquivamento e processamento químico dos documentos radiográficos. Também foram avaliados os erros cometidos com relação ao processamento químico das imagens radiográficas e a técnica radiográfica empregada, a comparação dos erros cometidos entre os semestres de matrícula do aluno para verificar se há diminuição de acordo com a evolução do seu conhecimento acadêmico, avaliar o valor legal das imagens radiográficas realizadas pelos alunos de graduação de Odontologia para utilização posterior de uma identificação odonto legal e conscientizar alunos e profissionais da Odontologia sobre valor clínico, legal e judicial da documentação radiográfica. 15 1 ODONTOLOGIA LEGAL Foi utilizado para o este trabalho artigos e livros para a elaboração do desenvolvimento, onde as referências citadas abaixo contribuem para a compreensão e elaboração da revisão literária. Montenegro et al. (2012) relataram que a Odontologia Legal ou Forense é a especialidade que relaciona a Odontologia com o Direito, fornecendo esclarecimentos ou resoluções de questões judiciais utilizando os conhecimentos odontológicos. Para Vanrell e Borborema (2011), a Odontologia Legal é uma especialidade dentro da Medicina Legal com a qual colabora, fazendo ou complementando os exames específicos das arcadas dentárias, mostrando os tratamentos executados, as peças dentárias e/ou protéticas e vestígios da ação lesiva provocada pelos dentes durante a vida, tais como a linha Alba. Segundo Santos (2011), a Odontologia Legal ou Forense é uma das especialidades importantes para a identificação pessoal, sendo essencial nas autópsias forenses através da análise das arcadas dentárias. O Conselho Federal de Odontologia através da Resolução CFO-63/2005, de 08 de Abril de 2005, estabelece no seu capítulo VIII o Anúncio do Exercício das Especialidades Odontológicas, onde a Odontologia Legal está descrita na Seção VIII, artigo 63, informando os seguintes termos: Art. 63. Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis. Parágrafo único. A atuação da Odontologia Legal restringe-se à análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a área de competência do cirurgião-dentista, podendo, se as circunstâncias o exigirem, estender-se a outras áreas, se disso depender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da administração. Como foi citado anteriormente, a Odontologia Legal é uma especialidade dentro da Odontologia, sendo que o cirurgião dentista que se especializa nesta área, é denominado como odontolegista, que nada mais é do que o perito criminal que irá realizar as análises coletadas e/ou enviadas para os Institutos de Medicina Legal (IML) (MONTENEGRO et al., 2012). 16 1.1 INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL E A ATUAÇÃO DO ODONTOLEGISTA Segundo Vanrell e Borborema (2011), nos IML a atuação do odontolegista é a mesma do médico legista, porém é mais focado para as regiões de cabeça e pescoço, onde abrangem as perícias no vivo, no morto, nas ossadas e para a coleta de fragmentos ou trabalhos encontrados nas peças dentárias isoladas e/ou vestígios lesionais. Já Silva et al. (2008), relataram que nos IML os odontolegistas realizam perícias relacionadas com as lesões traumáticas do complexo maxilo-mandibular causadas por agressões e/ou acidentes de trânsito, como também na identificação de cadáveres esqueletizados, putrefeitos e/ou carbonizados. Leite et al. (2011) enfatizaram que a atuação do odontolegista vai desde perícias administrativas, criminais e civis até as identificações humanas. Para os autores, o odontolegista é o profissional mais capacitado tecnicamente para analisar e interpretar os órgãos dentais e seus vestígios odontológicos, tais como as restaurações, próteses e coroas metálicas em casos de desastres em massa, onde os corpos se encontram carbonizados. Para Pereira (2003), o odontolegista é de extrema importância para a análise das vítimas tanto dentro dos IML como nos próprios locais do acidente, onde o profissional deve acompanhar a polícia e os patologistas para uma rápida análise bucal do cadáver para a verificação, procura e recolhimento de fragmentos faltantes, sendo estes coroas, próteses parciais e/ou totais, dentes avulsionados, etc. Todos os fragmentos devem ser recolhidos, guardados e identificados cuidadosamente para que a análise/identificação seja feita corretamente nos IML. Para o autor, o odontolegista deve examinar durante uma identificação humana, a boca, língua, esôfago, traquéia e pulmões dos cadáveres. 1.2 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA Para Vanrell e Borborema (2011), a identificação é um processo realizado através dos métodos científicos que utilizam várias técnicas internacionalmente reconhecidas, sendo realizadas através das disponibilidades dos recursos, da eficiência e do treinamento da equipe de peritos das diferentes áreas e modalidades. Segundo os autores, as técnicas 17 reconhecidas e mais utilizadas para a realização das identificações humanas são a dactiloscopia, as comparações morfológicas, dentárias, radiográficas, superposições de imagens, análise de pêlos corporais, identificação pelos ossos, reconstrução facial, análise documental (médica e/ou odontológica) e a análise de DNA (Ácido Desoxirribonucleico). Nenhuma técnica deve ser desprezada e uma completa a outra, sendo o melhor método de escolha a economia, que deve resultar na precisão dos resultados. Nos casos de desastre de massa, as técnicas mais utilizadas devido à qualidade e precisão dos resultados são as análises e comparações dos registros dentários e radiográficos, principalmente quando a técnica da dactiloscopia é dificultada nessas situações, estando a análise de DNA como última escolha. Através das análises e técnicas utilizadas é possível determinar o sexo, a idade, as características raciais, patologias e até a definição da causa médica e jurídica da morte de um cadáver desconhecido (VANRELL E BORBOREMA, 2011). Segundo Leite et al. (2011), nos desastres de massa e acidentes naturais (terremotos, enchentes, maremotos) uma equipe multifatorial é selecionada para realizar as identificações dos corpos que muitas vezes encontram-se destruídos pela ação do tempo e fenômenos naturais como também dos agentes químicos, físicos e mecânicos. Onde é necessária a utilização das técnicas de identificação, tais como a dactiloscopia, análise de DNA e os métodos de comparação odontológica. Ainda segundo Leite et al. (2011), o odontolegista é de extrema importância nesses desastres, já que os dentes e materiais odontológicos apresentam considerável resistência à ação de fatores ambientais (calor, fogo e umidade) contribuindo nas perícias de identificação. Gruber e Kameyama (2001) relataram que a identificação pessoal é extremamente importante na Medicina Forense tanto por razões legais como humanitárias, sendo na maioria das vezes realizada antes da determinação da morte, sendo a identificação um passo essencial nas autópsias forenses. Segundo Pontin (2011), os métodos de identificação incluem o reconhecimento visual de vestes e objetos pessoais realizado por parentes e amigos, dactiloscopia (impressões digitais), análise de DNA, investigações médicas, esqueléticas e sorológicas de cabelos e dentes, impressões labiais e morfológicas da dentição. Porém nos casos de corpos carbonizados, esqueletizados e mutilados a identificação visual e a dactiloscopia torna-se difícil e literalmente impossível nos casos de desastres de massa, mas é possível observar também a preservação da dentição muitas vezes intacta, fornecendo informações importantes para uma identificação humana através da técnica odonto legal. 18 A técnica de identificação odonto legal nada mais é, do que o método comparativo das características físicas e morfológicas encontradas no cadáver, tais como, dentes, restaurações, próteses dentárias com os registros de documentos médicos e/ou odontológicos obtidos e entregues ao IML de supostas vítimas, onde será realizada a comparação dos achados para posterior identificação (PONTIN, 2011). 1.3 EXAME ODONTO LEGAL E OS PRONTUÁRIOS ODONTOLÓGICOS Silva et al. (2006) relataram que o exame odonto legal é um método comparativo de identificação, onde é realizada a comparação das características físicas do cadáver (avaliação post-mortem) com os registros de documentos obtidos realizados antes da morte (avaliação ante-mortem). Daruge Junior (1993) dividiu o processo de identificação em três etapas. Na primeira é feito o exame das arcadas dentárias do cadáver, analisando os procedimentos odontológicos realizados, tais como restaurações, dentes ausentes, anomalias e próteses. Na segunda etapa é solicitada toda a documentação odontológica da suposta vítima, contendo todos os componentes do prontuário odontológico, como as fichas clínicas, modelos de gesso, radiografias, fotografias e outros exames. E na terceira etapa é feita a comparação dos achados post-mortem com os documentos entregues realizados antemortem (PONTIN, 2011; SILVA et al., 2004). Segundo Brito (2005), os elementos que devem estar presentes no prontuário odontológico são as fichas clínicas odontológicas que devem conter a identificação do paciente, todo o histórico médico e odontológico, odontogramas, plano de tratamento e evolução de tratamento; radiografias periapicais, interproximais, oclusais e panorâmicas; fotografias intra e extra bucais; exames histopatológicos e outros exames complementares que se referem à saúde sistêmica do paciente; traçados ortodônticos de início e termino de tratamento; modelos de gesso arquivados através de fotocópia do mesmo; contrato de prestação de serviços podendo ser tácito ou escrito; Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); atestados; prescrição de medicamentos (receitas); recomendações pós operatórias e orientações de higiene bucal e pareceres e encaminhamentos para especialistas odontológicos. 19 Para Benedicto et al. (2010), mesmo que o prontuário odontológico não contenha todos os exames e documentos citados anteriormente, já que cada exame complementar/procedimento deve ser realizado conforme o tratamento planejado e executado pelo cirurgião dentista, todos de ser confeccionados e preenchidos corretamente, pois além de demonstrar a eficiência técnica do profissional clinicamente, os mesmos documentos podem ser utilizados como provas em casos de processos civis, penais e éticos, como também um instrumento de consulta nos casos de identificação humana. Segundo Pontin (2011), para a utilização e a confiabilidade do exame odonto legal a qualidade e o tipo de material apresentado para a comparação/confronto odonto legal estão diretamente relacionados, ou seja, deve haver uma comparação positiva entre os achados físicos e clínicos odontológicos no cadáver com os conteúdos presentes na documentação clínica odontológica. Quanto maior a quantidade e a qualidade dos pontos convergentes obtidos na comparação, maior o grau de certeza de identificação do cadáver. Cevallos et al. (2009) mostraram que a identificação humana com a utilização de prontuários odontológicos, com odontogramas preenchidos corretamente e radiografias bem processadas e arquivadas possibilitam a identificação de corpos carbonizados de forma precisa e econômica. Dentre os documentos solicitados os prontuários odontológicos são comumente utilizados, nos casos descritos a seguir mostram e afirmam um sucesso na identificação através da utilização de prontuários odontológicos. Silva et al. (2008) confirmaram a identidade de uma vítima carbonizada em acidente automobilístico com a utilização dos prontuários odontológicos da vítima, onde foi alcançado um total de 11 pontos relevantes de coincidência no processo de comparação. No ano seguinte Silva et al. (2009), relataram a identificação de uma vítima de trânsito com base nos registros entregues da ficha clínica odontológica e as radiografias periapicais, no caso onde a técnica da dactiloscopia não pode ser utilizada, mostrando assim, o valor legal dos documentos odontológicos e os exames complementares para a identificação positiva. Paranhos et al. (2009) verificaram a efetividade dos prontuários odontológicos nos casos de perícias de identificação humana, onde a pesquisa realizada no IML de Santo André/SP no período de 2000 à 2007, observaram uma amostra de 32 laudos periciais, onde 37,5% das amostras foram identificadas, sendo que os prontuários odontológicos ocuparam 66,67% do material utilizado para as identificações. 20 2 RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA O Conselho Federal de Odontologia através da Resolução CFO-63/2005, de 08 de Abril de 2005, estabelece no seu capítulo VIII o Anúncio do Exercício das Especialidades Odontológicas, onde a Radiologia Odontológica e Imaginologia estão descritas na Seção VI, artigo 59, informando os seguintes termos: Radiologia Odontológica e Imaginologia é a especialidade que tem como objetivo a aplicação dos métodos exploratórios por imagem com a finalidade de diagnóstico, acompanhamento e documentação do complexo buco-maxilo-facial e estruturas anexas. A AMERICAN ACADEMY OF ORAL AND MAXILLOFACIAL RADIOLOGY (AAOMR) descreveu a especialidade de Radiologia Oral e Maxilofacial como: O Radiologista Oral e Maxilofacial é o dentista especializado na aquisição e interpretação de estudos radiográficos realizados para o diagnóstico de orientação de tratamento para doenças que afetam a região maxilofacial. A AMERICAN DENTAL ASSOCIATION (ADA) também descreveu através do reconhecimento da Radiologia Oral e Maxilofacial como sua 9ª especialidade em Abril de 2001, as seguintes descrições: A Radiologia Oral e Maxilofacial é a especialidade da Odontologia e disciplina da radiologia relacionada com a produção e interpretação de imagens e dados produzidos por todas as formas de energia ionizantes que são usados para diagnóstico e tratamento de doenças, desordens e condições nas regiões oral e maxilofacial. Como relataram Kreich, Queiroz e Sloniak (2002) com a descoberta dos raios X por Wilhelm Conrad Roentgen em 1895, as radiografias passaram a auxiliar, complementar e solucionar dúvidas de diagnóstico nos diversos exames clínicos, trazendo aos profissionais um planejamento mais seguro dos tratamentos. Silva et al. (2006) citaram que as radiografias odontológicas, são exames complementares que possuem grande importância clínica para o auxílio do diagnóstico, planejamento, execução e acompanhamento de diversos tratamentos odontológicos, sejam estes preventivos, corretivos, ou reabilitadores. Segundo Iannucci e Howerton (2010), a radiografia odontológica é um exame complementar essencial ao diagnóstico, permitindo ao profissional ver muitas condições que não aparecem clinicamente, um exame bucal sem radiografias dentárias limita o profissional a realizar um diagnóstico apenas clínico. 21 Juntamente com a finalidade clínica, a documentação radiográfica pode contribuir como uma fonte de prova em questões periciais, particularmente nas identificações humanas (SILVA et al., 2006). Para Brito (2005), o exame radiográfico é um dos exames complementares mais utilizados pelos cirurgiões-dentistas, sendo as radiografias frequentemente solicitadas por peritos ou assistentes técnicos dos Institutos de Medicina Legal, para contribuírem como material de prova em processos de responsabilidade profissional e também para as identificações humanas do complexo maxilomandibular. As imagens radiográficas apresentam uma grande quantidade e qualidade de informações em relação às estruturas anatômicas presentes, contribuindo para o diagnóstico clínico da prática odontológica. Os documentos radiográficos são constantemente solicitados por peritos odontolegistas para a utilização nas identificações humanas, e serão utilizados na técnica odonto legal como um método comparativo de identificação ante-mortem e post-mortem (BRITO, 2005; PONTIN, 2011). 2.1 HISTÓRICO DA RADIOLOGIA FORENSE Eckert e Garland (1984) relataram que um ano após a descoberta dos Raios X por Roentgen a radiologia foi introduzida nas Ciências Forenses, onde em 1896 foi demonstrada a presença de uma bala de chumbo na cabeça de uma vítima. Shüller (1921) relatou a possibilidade de identificação através da utilização de imagens radiológicas dos seis faciais. Mas somente Culbert e Law (1927) relataram a primeira identificação radiológica completa. Desde então, vários estudos foram realizados utilizando a radiologia nas identificações humanas. Sendo que, Singleton (1951) relatou a utilização da radiologia completa para as identificações humanas em um desastre de massa (CARVALHO et al., 2009; GRUBER; KAMEYAMA, 2001; PONTIN, 2011; SORIANO et al., 2008). Petersen (1975) reportou o incêndio do Hotel Hafnia em Copenhague na Dinamarca em 1973 totalizando 35 mortes. No caso foram solicitados 8 cirurgiões dentistas para atuarem juntamente com a equipe de identificação, os mesmos realizaram exames visuais, fotográficos e exames radiográficos das vítimas para a utilização do método comparativo post-mortem e ante-mortem, onde segundo os resultados 74% das vítimas foram identificadas. Kessler e Pemble (1993) demonstraram a atuação da Odontologia Legal e a Radiologia Forense na identificação das vítimas americanas da Operação Tempestade no 22 Deserto em 1991, onde 251 exames de reconhecimento dentário foram realizados, sendo que 244 exames possibilitaram identificação positiva. Segundo os autores a maior quantidade de exames solicitados e realizados foram as radiografias panorâmicas das vítimas e para os casos não identificados, os resultados mostraram que os mesmos não apresentavam registros dentários prévios e adequados (CARVALHO et al., 2009; PONTIN, 2011). 2.2 IMPORTÂNCIA DA RADIOLOGIA NAS IDENTIFICAÇÕES HUMANAS Para Silva et al. (2005) dentre todos os exames complementares contidos na documentação odontológica, as radiografias destacam-se pela grande quantidade de informações que auxiliam nas questões jurídico legais e principalmente nas identificações humanas. Musse et al. (2011) explicaram que a técnica de identificação consiste na comparação entre as radiografias tiradas durante a vida da vítima desaparecida com as obtidas após a morte da mesma e/ou do cadáver examinado no IML. Para os autores apesar das vantagens desta técnica, a mesma apresenta limitações, já que muitas vezes é um exame subjetivo, pois a imagem radiográfica pode variar em relação à incidência do feixe de raios X dependendo da experiência e técnica do perito responsável. Para Oliveira et al. (1999) a obtenção de radiografias intra orais de boa qualidade de pacientes vivos, não apresenta grandes dificuldades. Entretanto, nos cadáveres a técnica radiográfica apresenta algumas complexidades, pois os tecidos moles perderam sua elasticidade e tornaram-se rígidos, onde a inserção do filme, a retenção no posicionamento correto entre a língua e a superfície lingual e/ou palatina dos dentes torna-se difícil (ALMEIDA, 2012; PEREIRA, 2003). Goldstein, Sweet e Wood (1998), afirmaram que nos casos onde os corpos necessitam de identificação através do método comparativo, as radiografias odontológicas estão sempre presentes. Fichas e os documentos radiográficos são de importância inestimável nas identificações em casos de desastres de massa, pois as radiografias odontológicas são de alto valor, capazes de reproduzirem a anatomia precisa dos dentes e tecido ósseo maxilomandibular. 23 Como afirmara Gruber e Kameyama (2001) as características anatômicas, como o tamanho e formas das coroas, anatomia pulpar, posição e forma da crista alveolar e os tratamentos odontológicos dos dentes resultam em características únicas e individuais, que muitas vezes são visíveis nas radiografias odontológicas de qualidade. Kogon e Maclean (1996) estudaram a validação de radiografias odontológicas em função do tempo decorrido entre exposições ante-mortem e post-mortem. Foram 30 anos de análises, onde dentro deste período houve intervenção odontológica, como substituição de restaurações e extrações dentárias. Foi concluído que, após 20 anos a qualidade visual das radiografias era reduzida significativamente (GRUBER; KAMEYAMA, 2001; PEREIRA, 2003). Mostrando a influência das radiografias nas identificações humanas, Kirk, Wood e Goldstein (2002) descreveram um estudo de caso, demonstrando identificações forenses por meio da comparação das radiografias dos seios frontais. Três casos não foram identificados pela falta de qualidade das radiografias ante e post-mortem. Como relataram Silva et al. (2009) dependendo da qualidade dos documentos radiográficos e quantidade dos pontos convergentes obtidos na comparação, maior ou menor será o grau de certeza na comparação ante-mortem e post-mortem. Segundo Fischman (1985) para que as radiografias possam contribuir para as identificações humanas, as mesmas devem apresentar-se tecnicamente de boa qualidade radiográfica, ou seja, que apresentem o máximo de detalhes, um grau médio de densidade e contraste e o mínimo de distorção, conforme a figura 1. Por tanto, todo cuidado deve ser tomado durante os procedimentos da tomada radiográfica como também do processamento radiográfico (IANNUCCI; HOWERTON, 2010; PONTIN, 2011; WHITE; PHAROAH, 2007). A B Fonte: Material particular doado pela Prof.ª Ms. Silvia Cristina Mazetti Torres. FIGURA 1 - Radiografias A e B tecnicamente boas. 24 Mailart et al. (1991) afirmaram que o processamento químico radiográfico quando realizado inadequadamente seja por negligência profissional ou por dificuldades de espaço e equipamentos adequados, tornam as radiografias insatisfatórias em pouco tempo, devido ao excesso de sulfureto de Prata acarretando numa imagem radiográfica amarelada com perda de qualidade de imagem. Onde a mesma perde sua finalidade clínica, jurídica e legal para uma intervenção futura de diagnóstico e/ou acompanhamento, como fonte de provas em processos judiciais à defesa do profissional e como material odonto legal nas identificações humanas (PEREIRA, 2003; PONTIN, 2011). 2.3 DESCONHECIMENTO DO VALOR LEGAL DAS IMAGENS RADIOGRÁFICAS Segundo Oliveira et al. (2012), muitos cirurgiões dentistas desconhecem o valor legal das imagens radiográficas e não seguem as normas e práticas relacionadas à indicação de exames radiográficos. Segundo os autores, a avaliação do conhecimento dos profissionais sobre o valor clínico e legal das imagens radiográficas, é fundamental para a identificação de possíveis erros, buscando a recomendação da atualização e educação adequada sobre a realização dos documentos radiográficos corretos como também da importância e valor legal desses documentos. Segundo Brito (2005), as radiografias são exames complementares frequentemente solicitados por peritos para servirem como matéria de prova em processos de responsabilidade profissional e para a identificação humana, porém os cirurgiões dentistas desconhecem o valor legal desses documentos. O autor comprovou através de sua pesquisa a importância de possuir um prontuário odontológico completo e adequado, e verificou o conhecimento dos cirurgiões dentistas de Natal/RN, numa amostra de 181 profissionais. Através dos resultados mostrou que 52,3% dos profissionais dão maior importância clínica aos prontuários, 35,4% reconhecem o valor jurídico da documentação e apenas 7,7% dos profissionais reconhecem a importância odonto legal dos prontuários odontológicos. Na mesma pesquisa, as radiografias odontológicas aparecem em primeiro plano entre os exames complementares mais utilizados pelos cirurgiões dentistas (96,7%). Mas apesar de serem bastante utilizadas pelos profissionais analisados, 13,3% destes não 25 arquivam as radiografias no prontuário do paciente, prejudicando assim no valor legal deste documento (BRITO, 2005). Borrman et al. (1995) realizou um estudo sobre prontuários odontológicos no Departamento de Medicina Forense em Gotemburgo entre os anos de 1983 a 1992. Constatou que as características presentes nas fichas clínicas estavam completos em 68% dos casos, incompletos em 27% e 5% estavam ausentes. Em relação ao documento radiográfico, apenas 16 tomadas radiográficas estavam presentes de 40 casos. 2.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE RADIOGRÁFICA E ANÁLISE DOS ERROS Kreich, Queiroz e Sloniak (2002), analisaram radiografias intrabucais periapicais realizados por alunos do 2º ao 5º ano de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR nos anos de 1996 e 1997 avaliando a técnica radiográfica, o processamento radiográfico e a densidade radiográfica. Segundo as autoras, os resultados obtidos mostraram que 93,1% das radiografias examinadas apresentavam erros, sendo os erros mais freqüentes o posicionamento incorreto do filme (57,0%), radiografias claras (55,8%), encurtamento da imagem (24,9%), alongamento da imagem (20,1%) e angulação horizontal incorreta (18,4%). Dias et al. (2009) realizaram um estudo para detectar e quantificar os erros radiográficos cometidos pelos alunos do Programa de Treinamento Profissional em Radiologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG, foram analisadas 855 radiografias por quatro examinadores, foram avaliadas em relação aos erros de técnica e processamento radiográfico. Segundo os autores, os resultados obtidos foram que as regiões com a maior quantidade de erros radiográficos foram dos molares superiores (20,46%) e inferiores (19,06%). O erro mais freqüente foi a presença de riscos nas radiografias (18,66%), seguido de erro de corte na região apical dos dentes (11,98%) e também de radiografias manchadas (11,39%). Lima et al. (2010), avaliaram a qualidade e o arquivamento das radiografias periapicais finais de tratamentos endodônticos realizados na Clínica de Endodontia II da Faculdade Novafapi em Teresina/PI dos anos de 2007 e 2008. A amostra da pesquisa foi de 72 prontuários e 37 radiografias finais, demonstrando através dos resultados que apenas 51% dos prontuários continham radiografia final relacionado com o tratamento endodôntico. 26 E em relação das 37 radiografias, cerca de 26 estavam insatisfatórias (70%) totalizando 39 erros, sendo 10 erros de técnica e 29 de processamento radiográfico. A maior freqüência de erros foram as radiografias amareladas (40,5%), posicionamento incorreto do picote (27%) e radiografias manchadas (21,6%). Nos resultados quanto ao arquivamento, 45,9% das radiografias não estavam datadas, 35,1% sem identificação e 18,9% não cartonadas corretamente, totalizando 71% de erros em relação ao arquivamento correto das radiografias. Queiroga et al. (2010), também avaliaram e compararam os erros radiográficos das técnicas periapicais e interproximais de radiografias realizadas pelos próprios alunos de graduação do curso de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais/MG do 4º e 8º período. Foram 915 radiografias analisadas (709 periapicais e 206 interproximais) contidas em 275 prontuários. O resultado obtido através da pesquisa mostrou que houve 82,51% de erros radiográficos em relação à técnica radiográfica. Concluindo que o número diminui nas clínicas em períodos mais avançados. Carvalho et al. (2009) avaliaram os erros técnicos de radiografias intrabucais periapicais realizadas por alunos de graduação. O tamanho da amostra foi de 219 prontuários odontológicos, totalizando 2.821 radiografias periapicais, sendo investigados os erros de técnica e processamento radiográfico. Os resultados encontrados foram que 1.425 radiografias (50,51%) estavam tecnicamente de boa qualidade e 1.396 (49,49%) das radiografias apresentavam-se inadequadas. Dentre as radiografias inadequadas (1.396), 1.155 (82,74%) apresentaram erros de técnica radiográfica (reveja o artigo) e 241 (17,26%) possuíam erros de processamento radiográfico. Os autores mostraram que a maior freqüência de erros foi do ângulo horizontal (32,88%), seguido de exposição insuficiente (25,43%), corte do dente (9,31%), radiografias manchadas (4,51%), corte cilíndrico (3,15%) e 1,86% de outros erros de técnica radiográfica e 1,43% de outros erros de processamento radiográfico. Segundo Iannucci e Howerton (2010), para produzir radiografias de alta qualidade para interpretação e diagnóstico, o filme radiográfico deve ser exposto e processado adequadamente, o processamento radiográfico afeta diretamente na qualidade da imagem radiográfica. Segundo os autores devem-se seguir as etapas do processamento químico de Revelação; lavagem intermediária; fixação; lavagem final; secagem e arquivamento adequado. 27 3 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi autorizada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco em 18 de Fevereiro de 2013, segundo o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 12145613.0.0000.5514 (Anexo A). Foi realizada uma pesquisa documental, retrospectiva, através de 512 prontuários odontológicos aleatoriamente selecionados, de pacientes atendidos na clínica de Odontologia da Universidade São Francisco, referente aos anos de 2010 a 2012, tendo como objetivo a avaliação das imagens radiográficas realizadas pelos próprios alunos de graduação. A pesquisa foi autorizada pelo guardião dos dados constantes nos prontuários, Prof. Ms. Miguel Simão Haddad Filho, coordenador do curso de Odontologia (Anexo B). As radiografias foram analisadas uma a uma, em negatoscópio de luz uniforme, na sala de Interpretação Radiográfica da própria universidade sob ambiente com baixa luminosidade. Foi feita uma comparação estatística dos erros X qualidade de imagem das radiografias odontológicas, seguindo o critério de avaliação: Radiografias tecnicamente boas foram aquelas que apresentaram um grau máximo de nitidez, o mínimo de distorção e um grau médio de densidade e contraste; Radiografias insatisfatórias foram aquelas que não apresentaram os critérios citados anteriormente e foram divididas em erros de técnica e de processamento radiográfico. Em relação aos erros de técnica foram consideradas as radiografias que apresentaram os seguintes aspectos: Erros de enquadramento foram as radiografias que apresentavam cortes da região radiografada e aparecimento da imagem do diafragma (meia lua ou corte cilíndrico); Erros de Angulagem que apresentaram alongamento e encurtamento radiográfico; Em relação ao tempo de exposição foram avaliadas as radiografias claras onde houve exposição insuficiente e as radiografias escuras com excesso de exposição; Em relação ao erro de posicionamento com a presença do picote radiográfico invertido. Também foram avaliados os erros de processamento radiográfico que apresentavam radiografias manchadas, radiografias amareladas, desaparecimento de imagem e radiografias riscadas. Em relação ao arquivamento dos documentos radiográficos realizados pelos alunos, foram considerados os aspectos da presença das radiografias nos prontuários odontológicos, identificação das radiografias e datação correta. 28 Foi elaborada uma tabela para a realização da coleta dos dados, contendo todos os critérios citados acima (Apêndice A). Dentro da Universidade São Francisco é também adotado uma tabela denominada Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia, onde a mesma está disposta em todas as clínicas odontológicas para o preenchimento correto após a realização do exame radiográfico realizado pelos alunos. Os dados presentes na tabela são: Nome Clínica/Disciplina; Nome do docente responsável; Data; Nome do paciente; Número do prontuário; Dente/região radiografada; Finalidade; Tipo de Radiografia; Tipo de Filme Radiográfico; Tempo de Exposição; Tempo de Revelação; Tempo de Fixação; Refeita Sim ou Não e o motivo; Quantidade de Radiografias; Registro Acadêmico do aluno (R.A.); Rubrica do Docente Responsável. A tabela estará disponível nos anexos (Anexo C) para melhor visualização e entendimento. Foi realizada a comparação das tabelas preenchidas no 5º Semestre de Odontologia especificadamente da disciplina de Radiologia Odontológica e as tabelas preenchidas no 9º Semestre de Odontologia especificadamente da disciplina de Clínica Odontológica Integrada referente aos anos de 2010 a 2012, com o objetivo de avaliar a melhora ou não da qualidade do exame radiográfico e a comparação da quantidade de erros realizados pelos alunos do 9º semestre mostrando se esses cometem mais ou menos erros com os exames radiográficos em comparação com os alunos do 5º Semestre. Foram elaboradas duas tabelas para a coleta dos dados em relação ao Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia, sendo que, o Apêndice B corresponde aos dados coletados do 5º semestre e o Apêndice C corresponde aos dados coletados do 9º semestre. 29 4 RESULTADOS Conforme foi realizada a coleta dos dados, o número da amostra foi alcançado e superado em 12 prontuários a mais dentro do prazo de Abril de 2013. Sendo que, dentre os 512 prontuários analisados, 259 prontuários possuíam radiografias periapicais (51%) e 253 prontuários não possuíam radiografias periapicais (49%), segundo o gráfico 1. No total de 259 prontuários com presença de radiografias, foram encontradas e analisadas 1.567 radiografias periapicais, sendo que apenas 216 (14%) dessas radiografias estavam tecnicamente de boa qualidade, onde 1.351 (86%) radiografias encontraram-se insatisfatórias por apresentarem erros de técnica radiográfica e/ou de processamento radiográfico. Na tabela 1 é possível analisar os dados de radiografias tecnicamente boas e radiografias insatisfatórias mostrando a distribuição dos anos de 2010 a 2012. 30 TABELA 1 - Distribuição das radiografias tecnicamente boas e radiografias insatisfatórias, dos anos de 2010, 2011 e 2012. ANO Radiografias % tecnicamente Radiografias % Total % Insatisfatórias boas 2010 57 12% 401 87,6% 458 100% 2011 79 13,1% 524 86,9% 603 100% 2012 80 15,8% 426 84,2% 506 100% TOTAL 216 14% 1.351 86% 1.567 100% Nos gráficos 2 e 3 é possível analisar a quantidade e a porcentagem de radiografias tecnicamente boas (14%) e radiografias insatisfatórias (86%) analisadas e encontradas. 31 Segundo a tabela 1, a quantidade de radiografias insatisfatórias foi de 1.351 (86%), onde através da análise e coleta dos dados foi possível analisar a quantidade e a porcentagem de erros radiográficos em relação aos erros de técnica radiográfica e os erros de processamento radiográfico, onde foram verificados 2.861 erros radiográficos, sendo que uma radiografia poderia conter apenas um erro ou vários erros em relação à técnica radiográfica abordada como também do processamento radiográfico realizado, onde os dados estão descritos detalhadamente na tabela 2 mostrando a distribuição dos erros dos anos de 2010 a 2012. TABELA 2 - Distribuição dos erros de técnica radiográfica e erros de processamento radiográfico, dos anos de 2010, 2011 e 2012. ANO Erros de % Erros de Técnica Processamento Radiográfica Radiográfico % Total % 2010 396 54% 343 46% 739 100% 2011 522 45% 647 55% 1.169 100% 2012 438 46% 515 54% 953 100% TOTAL 1.356 47% 1.505 53% 2.861 100% 32 No gráfico 4 é possível analisar a diferença dos erros de técnica radiográfica (47%) e os erros de processamento radiográfico (53%) nas porcentagens de forma didática. Como foi citado anteriormente, uma única radiografia poderia conter apenas um ou vários erros em relação à técnica radiográfica como também do processamento radiográfico, sendo assim na tabela 3 é possível analisar a quantidade e a porcentagem de erros radiográficos detalhadamente, mostrando os erros encontrados através da coleta de dados. TABELA 3 - Amostra de erros radiográficos encontrados pelas técnicas radiográficas e processamentos radiográficos incorretos. Erros Encontrados Quantidade % Enquadramento 91 3% Alongamento 385 13% Encurtamento 128 4% Radiografias Claras 297 10% Radiografias Escuras 284 10% Picote Invertido 171 6% Continua 33 TABELA 3 - Amostra de erros radiográficos encontrados pelas técnicas radiográficas e processamentos radiográficos incorretos. Continuação Erros Encontrados Quantidade % Radiografias Manchadas 708 25% Radiografias Amareladas 325 11% Desaparecimento de 69 2% Radiografias Riscadas 403 14% SOMATÓRIA DOS 2.861 100% Imagem ERROS No gráfico 5 é possível analisar os erros encontrados descritos na tabela 3, para melhor entendimento didático da porcentagem de erros. A pesquisa também abordou a presença de radiografias identificadas corretamente dentro dos prontuários odontológicos analisados, estas foram analisadas uma a uma e foram consideradas radiografias identificadas àquelas que apresentaram o nome ou iniciais 34 do paciente e/ou a presença do número do prontuário odontológico na cartela de identificação. Das 1.567 radiografias analisadas apenas 576 (37%) estavam identificadas corretamente, estando 979 (63%) das radiografias sem a presença da identificação do paciente. Nos gráficos 6 e 7 é possível analisar didaticamente esta quantidade e porcentagem de radiografias identificadas (37%) e radiografias não identificadas (63%). 35 A pesquisa abordou também a presença de radiografias datadas corretamente dentro dos prontuários odontológicos analisados, as radiografias foram analisadas uma a uma também e foram consideradas radiografias datadas àquelas que apresentaram a datação nas cartelas plásticas radiográficas. Das 1.567 radiografias analisadas apenas 513 (33%) estavam datadas corretamente, estando 1.057 (67%) das radiografias sem a presença da data de realização. Nos gráficos 8 e 9 é possível analisar didaticamente esta quantidade e porcentagem de radiografias datadas (33%) e radiografias não datadas (67%). 36 Devido aos erros radiográficos encontrados na coleta de dados dos 512 prontuários, também foram analisadas as Tabelas do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia do 5º semestre, especificadamente da Clínica de Radiologia Odontológica dos anos de 2010 a 2012, verificando e coletando a quantidade de radiografias refeitas ou não; o número de erros cometidos; a explicação do motivo dos erros, onde os alunos descrevem os erros realizados, por exemplo, alongamento, encurtamento e a quantidade de radiografias realizadas nos devidos anos correspondentes. Na tabela 4 é possível analisar a distribuição dos dados das Tabelas do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia dos alunos do 5º semestre da clínica de Radiologia Odontológica, dos anos de 2010 à 2012. TABELA 4 - Distribuição do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia dos alunos do 5º semestre (Radiologia Odontológica) dos anos de 2010, 2011 e 2012. 5º Semestre (Radiologia Odontológica) ANO Refeita Número Explicação do Quantidade de de Erros Motivo dos Erros Radiografias Sim Não 2010 14 33 27 Sim (10) Não (4) 624 2011 26 42 88 Sim (23) Não (3) 716 2012 24 25 65 Sim (10) Não (14) 688 Realizadas Em busca do método comparativo para a avaliação da melhora ou não da qualidade radiográfica na realização das radiografias realizadas pelos alunos, onde foi buscado o desenvolvimento do senso crítico de realização de radiografias odontológicas de qualidade, também foram analisadas as Tabelas do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia do 9º semestre, especificadamente da Clínica Odontológica Integrada também dos anos de 2010 a 2012, verificando e coletando a quantidade de radiografias refeitas ou não; o número de erros cometidos; a explicação do motivo dos erros, onde os 37 alunos descrevem os erros realizados, por exemplo, radiografias claras, enquadramento e a quantidade de radiografias realizadas nos devidos anos correspondentes. Porém, no caso dos alunos do 9º semestre e as Tabelas do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia, os mesmos não realizam a preenchimento do número de erros. Como a quantidade de radiografias é menor em relação aos documentos radiográficos realizados pelos alunos do 5º semestre, a proporção do número de erros foi levantada segundo a quantidade de radiografias refeitas devidamente preenchidas. Na tabela 5 é possível analisar de forma didática e explicativa a distribuição dos dados das Tabelas do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia dos alunos do 9º semestre da Clínica Odontológica Integrada, dos anos de 2010 à 2012. TABELA 5 - Distribuição do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia dos alunos do 9º semestre (Clínica Odontológica Integrada) dos anos de 2010, 2011 e 2012. 9º Semestre (Clínica Odontológica Integrada) ANO Refeita Número Explicação do Quantidade de de Erros Motivo dos Erros Radiografias Sim Não 2010 8 68 8 Sim (0) Não (8) 164 2011 24 74 24 Sim (1) Não (23) 228 2012 15 98 15 Sim (8) Não (7) 231 Realizadas No gráfico 10 é possível analisar a distribuição comparativa do número de erros entre os alunos do 5º semestre e do 9º semestre nos anos de 2010, 2011 e 2012 de forma didática e explicativa. 38 39 DISCUSSÃO Na Universidade São Francisco, os alunos de graduação iniciam suas atividades clínicas no terceiro ano da graduação especificadamente no 5º semestre. No 5º semestre dentre as diversas disciplinas clínicas, teóricas e laboratoriais, a clínica de Radiologia Odontológica está presente, onde a partir desta etapa os alunos aprendem, realizam e são supervisionados na realização dos documentos radiográficos. Ao longo do curso de graduação e suas atividades clínicas, os alunos realizam as radiografias odontológicas para o diagnóstico, interpretação, análise e exploração, reabilitação, prevenção e acompanhamento clínico radiográfico, segundo suas finalidades clínicas específicas. No 9º semestre da graduação os alunos estão finalizando suas atividades acadêmicas, onde os mesmos são treinados e ensinados a utilizar seus conhecimentos adquiridos ao longo de todo o curso, como forma de preparação para o mercado de trabalho odontológico. No 9º semestre especificadamente, é administrada a disciplina de Clínica Odontológica Integrada, onde os alunos realizam os atendimentos odontológicos aos pacientes, onde os conhecimentos e técnicas clínicas e teóricas são utilizadas para a realização de tratamentos odontológicos integrados. Ao longo das atividades clínicas, os alunos têm acesso aos prontuários odontológicos dos pacientes atendidos nas diversas clínicas odontológicas da Universidade São Francisco, para a realização dos atendimentos odontológicos, onde é possível analisar o descuido e falta do conhecimento legal dos documentos radiográficos, que muitas vezes encontram-se negligenciados dentro dos prontuários odontológicos. Como foi possível observar, através de trabalhos de diversos autores o grande valor clínico, judicial e pericial dos prontuários odontológicos corretamente preenchidos e arquivados, como também dos exames complementares neles compostos, para uma a utilização nas identificações humanas através da técnica odonto legal (BENEDICTO et al., 2010; BRITO, 2005; CEVALLOS et al., 2009, dentre outros). Devido à importância da documentação radiográfica nos processos de identificação humana e os casos de negligência profissional, onde os próprios cirurgiões dentistas desconhecem o valor legal desta documentação, vários estudos foram realizados em universidades brasileiras privadas e públicas para avaliação da documentação radiográfica 40 realizada por alunos de graduação (CARVALHO et al., 2009; DIAS et al., 2009; KREICH; QUEIROZ; SLONIAK, 2002, dentre outros). Nos resultados obtidos das 1.567 radiografias analisadas apenas 216 (14%) estavam tecnicamente corretas e de qualidade radiográfica, mostrando 1.351 (86%) de radiografias insatisfatórias. Dados estes que são comparados com o estudo de Kreich, Queiroz e Sloniak (2002), onde das 800 radiografias analisadas 93,1% apresentaram-se insatisfatórias, mostrando apenas 6,9% de radiografias tecnicamente de boa qualidade. Entretanto, Lima et al. (2010) constataram apenas 70% de radiografias insatisfatórias numa pesquisa de 37 radiografias analisadas, encontrando assim 30% de radiografias tecnicamente corretas. No estudo realizado por Queiroga et al. (2010), onde os autores realizaram a análise de 915 radiografias, apenas 160 radiografias (17,49%) apresentaram-se tecnicamente de boa qualidade, estando 755 radiografias (82,51%) insatisfatórias, dados próximos da pesquisa encontrada na Universidade São Francisco. Entretanto, o estudo realizado por Carvalho et al. (2009), foi o mais favorável em comparação aos demais, pois das 2.821 radiografias analisadas, 1.425 (50,51%) estavam tecnicamente de boa qualidade radiográfica, encontrando 1.396 (49,49%) de radiografias insatisfatórias. Segundo os resultados, o ano de 2011 foi aquele que apresentou mais radiografias insatisfatórias (cerca de 524 das 603 radiografias analisadas no ano), porém é possível observar que o ano de 2012 foi aquele que apresentou mais radiografias tecnicamente de boa qualidade em comparação aos demais anos, onde das 506 radiografias analisadas no ano, 80 apresentaram-se satisfatórias. Segundo os resultados obtidos, 1.351 (86%) radiografias encontraram-se insatisfatórias, na somatória dos erros foram encontrados 2.861 erros radiográficos, sendo 1.356 (47%) de erros de técnica radiográfica e 1.505 (53%) de erros de processamento radiográfico. No estudo realizado por Dias et al. (2009), onde foram analisadas 855 radiografias cerca de 2.036 erros radiográficos foram encontrados, sendo 57,42% erros de técnica radiográfica e 42,58% erros de processamento radiográfico. Em comparação ao estudo de Dias et al. (2009), a pesquisa realizada dentro da Universidade São Francisco apresentou menores erros de técnica radiográfica em comparação à pesquisa dos autores, porém os alunos da Universidade São Francisco cometem maiores erros de processamento radiográfico. Entretanto, no estudo realizado por Kreich, Queiroz e Sloniak (2002), foram encontrados 1.847 erros radiográficos, sendo 1.160 erros de técnica radiográfica, 213 erros de processamento radiográfico e 474 erros de densidade radiográfica (radiografias claras e escuras). Porém, Lima et al. (2010) encontraram apenas 39 erros radiográficos, sendo 10 41 erros de técnica radiográfica e 29 erros de processamento radiográfico. Já Queiroga et al. (2010) encontraram 1.242 erros radiográficos, porém os autores não especificaram a quantidade de erros de técnica radiográfica e processamento radiográfico em sua pesquisa. Segundo Carvalho et al. (2009), das 1.396 radiografias insatisfatórias, 1.155 (82,74%) apresentavam erros de técnica radiográfica e apenas 241 (17,26%) apresentavam erros de processamento radiográfico. É possível analisar nos estudos anteriores, uma grande demanda de erros radiográficos cometidos pelos alunos de graduação segundo os autores. Em comparação ao estudo realizado dentro da Universidade São Francisco, as pesquisas realizadas pelos autores apresentaram menores erros radiográficos, entretanto os alunos da Universidade São Francisco cometem menores erros de técnica radiográfica e maiores erros de processamento radiográfico. Segundo Carvalho et al. (2009), os motivos dos erros de técnica estão relacionados ao desperdício do aprendizado da técnica radiográfica pelos alunos ou as condições desfavoráveis na realização das radiografias, tais como, a situação e devidos problemas nos aparelhos de raios X, das cadeiras odontológicas utilizadas ou a falta de supervisão por um docente. Os autores citaram a importância de haver um professor especialista em Radiologia nas disciplinas clínicas evitando e reduzindo desperdícios de filmes e exposições desnecessárias aos pacientes. Segundo Silva et al. (2009), além dos cuidados de confecção em relação à técnica radiográfica como também do processamento radiográfico, as radiografias odontológicas devem ser acondicionadas em cartelas e envelopes apropriados, com o intuito de facilitar o manuseio e o arquivamento, juntamente com o prontuário de cada paciente. Segundo Pontin (2011), deve-se haver uma importância do completo preenchimento das documentações odontológicas, assim como, os corretos processamentos e arquivamentos dos documentos radiográficos. Segundo os resultados, o ano de 2010 foi aquele que apresentou a menor quantidade de erros radiográficos tanto de técnica radiográfica como também de processamento radiográfico, porém no ano de 2011 houve um aumento da quantidade de erros de técnica radiográfico como também de processamento radiográfico, mostrando assim, um descuido por parte dos alunos na realização de documentos radiográficos de boa qualidade. De acordo com os resultados obtidos, a maior quantidade/porcentagem de erro radiográfico encontrado foi de radiografias manchadas, cerca de 708 radiografias (25%). Este percentual foi maior do que detectado por Dias et al. (2009) em sua pesquisa onde encontrou apenas 11,39% de radiografias manchadas, assim como Lima et al. (2010) onde 42 o percentagem de radiografias manchadas foi de 21,6%, dado próximo à pesquisa realizada na Universidade São Francisco. Porém, já Carvalho et al. (2009) em seu estudo, foi encontrado apenas 4,51% de radiografias manchadas, sendo a pesquisa mais favorável em relação aos demais casos. Segundo Carvalho et al. (2009), o manchamento radiográfico está relacionado com os respingos das soluções na câmara escura e a presença de resíduos das soluções nas colgaduras. Segundo os autores, deve-se limpar os respingos das soluções de líquidos da superfície de trabalho da câmara escura e manter sempre limpas as colgaduras já utilizadas. Iannucci e Howerton (2010), também relataram que o manchamento radiográfico é causado pela contaminação química dos filmes radiográficos ainda não processados com as substâncias reveladoras e fixadoras. Os autores também salientaram que o espaço interno da câmara escura deve ser um ambiente limpo, seco e livre dos químicos de processamento, água, sujeira e poeira, pois se o filme aberto entrar em contato com uma dessas substâncias antes de ser processado, a qualidade radiográfica será comprometida. White e Pharoah (2007) citaram que o manchamento radiográfico também pode ser causado quando há o contato do filme com outro durante a revelação e/ou fixação e também de dobras excessivas dos filmes radiográficos. Em seguida predominaram os erros de radiografias riscadas, cerca de 403 radiografias (14%). Este percentual sendo pouco maior do que a pesquisa realizada por Lima et al. (2010), onde apresentou apenas 13,5% de radiografias riscadas. Porém o percentual encontrado na pesquisa em relação às radiografias riscadas foi menor do que detectado por Queiroga et al. (2010), onde as radiografias riscadas foram encontradas em 35,10% da pesquisa, assim como Dias et al. (2009), onde 18,66% apresentavam radiografias riscadas. Iannucci e Howerton (2010) relacionaram que a presença de radiografias riscadas é pela condição desfavorável do manuseio incorreto do filme, onde há a falta de cuidado no manuseio do filme no processo de revelação, havendo a remoção da emulsão mole por um objeto agudo seja pela própria colgadura ou por outras radiografias. Segundo os autores, deve-se tomar cuidado com a colocação das colgaduras nas soluções de processamento, evitando contato com outras colgaduras e/ou filmes radiográficos. O terceiro erro detectado na pesquisa foi de radiografias com alongamento, cerca de 385 radiografias (13%). Este percentual foi menor do que detectado por Kreich, Queiroz e Sloniak (2002), onde cerca de 20,1% das radiografias apresentavam alongamento. Nos demais estudos, os autores não detectaram como maior erro encontrado o alongamento radiográfico. 43 Segundo Carvalho et al. (2009), o alongamento radiográfico está relacionado com o posicionamento incorreto do paciente na cadeira, onde os alunos não utilizam a tabela de ângulos verticais na técnica da Bissetriz durante a realização das tomadas radiográficas, essas tabelas que servem como guia na prevenção de possíveis erros técnicos radiográficos. Segundo os autores, deve-se haver uma cobrança por parte dos docentes para evitar erros de ângulos verticais, principalmente nos tratamentos endodônticos, restauradores, protéticos e periodontais, onde a precisão das medidas e formas é fundamental. Iannucci e Howerton (2010), também relacionaram o alongamento radiográfico com a angulação vertical insuficiente, onde a imagem é mais longa do que a região radiografada, sendo comum na técnica da Bissetriz. Segundo os autores, deve-se seguir a tabela de ângulos verticais e realizar a angulação vertical adequada. O outro erro detectado na pesquisa foi de radiografias amareladas, cerca de 325 radiografias (11%). Este percentual foi menor do que detectado por Lima et al. (2010), onde foi detectado 40,5% de radiografias amareladas, assim como por Carvalho et al. (2009), onde 11,32% das radiografias apresentaram-se amareladas, segundo o autor esse problema está relacionado com banho final insuficiente ou inadequado das radiografias, sendo que, provavelmente, os alunos não respeitam os tempos recomendados para o banho final. Iannucci e Howerton (2010), também declararam que a causa de radiografias amareladas é devido à contaminação química, onde as substâncias de processamento excederam a validade de caso, encontrando-se exaustos, como também pelo tempo de fixação insuficiente e lavagem final inadequada e insuficiente. Segundo os autores, deve-se fazer a troca das substâncias químicas, respeitando também o tempo adequado de fixação e lavagem final de 10 minutos cada, evitando assim o devido erro. Nos erros radiográficos encontrados e citados anteriormente, a maioria foram encontrados nas imagens radiográficas de tratamento endodônticos realizados, onde pela grande demanda de radiografias realizadas durante o tratamento, é possível justificar o motivo de serem mais negligenciadas, sendo que pela complexidade do tratamento maiores radiografias são realizadas e maiores erros são cometidos. A pesquisa também abordou a presença de radiografias identificadas corretamente dentro dos prontuários odontológicos analisados, estas foram analisadas uma a uma também e foram consideradas radiografias identificadas àquelas que apresentaram o nome ou iniciais do paciente e/ou a presença do número do prontuário odontológico na cartela de identificação. 44 Segundo os resultados das 1.567 radiografias analisadas apenas 576 (37%) estavam identificadas corretamente, estando 979 (63%) das radiografias sem a presença da identificação do paciente. Este percentual foi menor do que detectado por Lima et al. (2010), onde das 37 radiografias analisadas, cerca de 24 radiografias (64,9%) não apresentavam identificação do paciente. Segundo Silva et al., (2006), ao serem observadas corretamente as etapas de confecção, processamento e arquivamento das radiografias, os profissionais terão documentos importantes para o controle dos tratamentos odontológicos efetuados e, em acréscimo, terão a oportunidade de oferecer provas de qualidade que subsidiarão eventuais esclarecimentos à Justiça. A pesquisa abordou também a presença de radiografias datadas corretamente dentro dos prontuários odontológicos analisados, as radiografias foram analisadas uma a uma também e foram consideradas radiografias datadas àquelas que apresentaram a datação nas cartelas plásticas radiográficas. Das 1.567 radiografias analisadas apenas 513 (33%) estavam datadas corretamente, estando 1.057 (67%) das radiografias sem a presença da data de realização. Este percentual foi maior do que detectado por Lima et al. (2010), onde das 37 radiografias analisadas, cerca de 20 radiografias (54,1%) não apresentavam a data correta da realização da radiografia final dos tratamentos endodônticos. Devido aos erros radiográficos encontrados na coleta de dados dos 512 prontuários, também foram analisadas as Tabelas de Controle de Qualidade Radiográfica onde a mesma está disponível em todas as clínicas odontológicas, para o preenchimento dos dados compostos na mesma, onde através do controle são realizadas as somatórias de radiografias realizadas nas diversas clínicas odontológicas. A Tabela de Controle de Qualidade Radiográfica é uma norma seguida pela Universidade São Francisco segundo a Vigilância Sanitária de Bragança Paulista/SP. Sendo assim, foi analisada a Tabela de Controle de Qualidade Radiográfica do 5º semestre, especificadamente da Clínica de Radiologia Odontológica onde os alunos iniciam suas atividades clínicas e radiológicas dos anos de 2010 a 2012, verificando e coletando a quantidade de radiografias refeitas ou não; o número de erros cometidos; a explicação do motivo dos erros, onde os alunos descrevem os erros realizados, por exemplo, alongamento, encurtamento e a quantidade de radiografias realizadas nos devidos anos correspondentes. Segundo os resultados obtidos, o ano de 2010 foi aquele onde os alunos realizaram a menor quantidade de erros radiográficos, porém no ano seguinte de 2011 foi detectado um aumento do número de erros, onde a negligência foi maior. No caso do 5º semestre, os 45 alunos são de turmas diferentes devido à realização da disciplina de Radiologia Odontológica no primeiro semestre de cada ano, sendo então, que a turma de alunos do ano de 2011 cometeram maiores erros em comparação aos demais. Todo erro realizado nas clínicas odontológicas, sejam de técnica radiográfica ou de processamento radiográfico devem ser anotados devidamente nas Tabelas de Controle de Qualidade Radiográfica, onde os alunos informam o número de erros como também explicam o motivo do erro, por exemplo, alongamento, enquadramento, radiografia clara, entre outros. Segundo os resultados, os alunos do 5º semestre realizaram o preenchimento inadequado da explicação do motivo dos erros, onde a explicação não esteve presente em todos os erros realizados, negligenciando assim os dados contidos na Tabela. Em busca do método comparativo para a avaliação da melhora ou não da qualidade radiográfica na realização das radiografias realizadas pelos alunos, onde foi buscado o desenvolvimento do senso crítico de realização de radiografias odontológicas de qualidade, tentando buscar e mostrar se o aluno de graduação melhora ou piora sua qualificação em relação às técnicas radiográficas ensinadas e orientadas, também foram analisadas as Tabelas de Controle de Qualidade Radiográfica do 9º semestre, especificadamente da Clínica Odontológica Integrada também dos anos de 2010 a 2012, verificando e coletando a quantidade de radiografias refeitas ou não; o número de erros cometidos; a explicação do motivo dos erros, onde os alunos descrevem os erros realizados, por exemplo, radiografias claras, enquadramento e a quantidade de radiografias realizadas nos devidos anos correspondentes. Segundo os resultados obtidos, os alunos do 9º semestre não realizam a preenchimento correto do número de erros. Como a quantidade de radiografias é menor em relação aos documentos radiográficos realizados pelos alunos do 5º semestre, a proporção do número de erros foi levantada segundo a quantidade de radiografias refeitas devidamente preenchidas. Mostrando que no ano de 2011 foi aquele onde o número de erros radiográficos foi maior entre os demais. No caso do 9º semestre também, os alunos são de turmas diferentes devido à realização da disciplina de Clínica Odontológica Integrada, sendo então, que a turma de alunos do ano de 2011 cometeram maiores erros em comparação aos demais. Foi possível analisar que os alunos do 9º semestre não realizam o preenchimento correto da Tabela de Controle de Qualidade Radiográfica, onde a explicação do motivo dos erros é negligenciada pelos alunos também, porém em quantidades maiores em relação ao 5º semestre. Em comparação aos dois semestres, o 5º semestre realizou uma maior quantidade de erros radiográficos em relação ao 9º semestre, porém a negligência da não explicação do 46 motivo dos erros é maior no 9º semestre. No caso do 5º semestre foi possível analisar a maior quantidade de erros, pelo começo do desenvolvimento crítico radiográfico e a falta de destreza em realizar exames radiográficos adequados, onde pela supervisão e orientação dos professores os erros são corrigidos e a Tabela de Controle de Qualidade Radiográfica é preenchida adequadamente, explicando assim os motivos da realização do erro. Porém no caso dos alunos do 9º semestre, esses realizaram menos radiografias em comparação ao 5º semestre, onde cada radiografia realizada é específica para cada caso clínico, sendo assim a quantidade de erros radiográficos também é menor, pois além da quantidade menor de radiografias realizadas, o senso crítico radiográfico, prático e a destreza manual para a realização das técnicas radiográficas é maior, acarretando assim na diminuição dos erros. Entretanto, devido a ser uma disciplina de Clínica Odontológica Integrada, onde os alunos realizam diversos tratamentos odontológicos e oferecem atendimentos a mais de um paciente, a explicação do motivo do erro como também da quantidade de erros é negligenciada, onde o preenchimento incorreto da Tabela de Controle de Qualidade Radiográfica encontra-se presente. Nos devidos casos, os alunos melhoram sim a qualidade radiográfica em relação às técnicas e processamentos radiográficos com o decorrer do curso de graduação, porém devido a cobrança e a correria para a realização dos atendimentos odontológicos a negligência encontrou-se presente, onde os alunos perdem o foco da importância legal das Tabelas de Controle de Qualidade Radiográfica, onde as mesmas encontraram-se incorretas em relação ao seu preenchimento adequado. 47 CONCLUSÃO A partir da presente pesquisa pode-se concluir que: Os alunos de graduação cometem uma grande demanda de erros radiográficos, pelo desconhecimento legal e clínico da documentação radiográfica. Estes erros foram mais comuns durante o processamento que durante a técnica radiográfica. Percebeu-se que os alunos do 5º semestre erraram mais que do 9º semestre, o que mostra que o desenvolver do curso aprimora seus conhecimentos teóricos e técnicos. Os erros durante o arquivamento, identificação, datação e preenchimento correto da Tabela do Programa de Controle de Qualidade Radiográfica em Odontologia também foram frequentemente encontrados. A conscientização do valor legal dos documentos radiográficos deve iniciar-se na graduação, minimizando os danos biológicos causados pela radiação X, trazendo vantagens tanto ao paciente como para os cirurgiões dentistas. 48 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. S. C. Estudo da identificação humana por meio da imaginologia dos seios frontais. 2012. 95 f. Dissertação (Mestrado em Diagnóstico Bucal) – Programa de Pós graduação em Odontologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB. 2012. AMERICAN ACADEMY OF ORAL AND MAXILLOFACIAL RADIOLOGY. Disponível em: http://www.aaomr.org/. Acessado em 11 abr., 2013. AMERICAN DENTAL ASSOCIATION. Disponível em: http://www.ada.org/495.aspx. Acessado em 11 abr., 2013. BENEDICTO, E. N., et al. A importância da correta elaboração do prontuário odontológico. 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MIGUEL SIMÃO HADDAD FILHO 55 ANEXO C – TABELA DO PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE RADIOGRÁFICA EM ODONTOLOGIA 56 APÊNDICES 57 APÊNDICE A – TABELA UTILIZADA PARA COLETA DOS DADOS DOS PRONTUÁRIOS ODONTOLÓGICOS 58 APÊNDICE B – TABELA UTILIZADA PARA COLETA DOS DADOS DO 5º SEMESTRE DE RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA ANO _______ Meses Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Total no Semestre Correspondente Refeita Sim Não Número de Erros Explicação do Motivo dos erros Quantidade de radiografias realizadas 59 APÊNDICE C – TABELA UTILIZADA PARA COLETA DOS DADOS DO 9º SEMESTRE DE CLÍNICA ODONTOLÓGICA INTEGRADA ANO _______ Meses Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Total no Semestre Correspondente Refeita Sim Não Número de Erros Explicação do Motivo dos erros Quantidade de radiografias realizadas