Tecnologia Social – Uma Proposta Inovadora para Fazer Ciência 1 Coordenação de Tecnologia Social INPA Missão • “Desenvolver Tecnologias Sociais relevantes para a sociedade amazônica promovendo inclusão social e desenvolvimento sustentável” 2 Visão de futuro “Ser modelo de excelência no desenvolvimento de tecnologias sociais fazendo convergir necessidades e demandas sociais com o conhecimento técnico científico produzido pelo INPA". 3 Valores • • • • • • • • Democracia Autonomia Cidadania Justiça Social Organização Social Solidariedade Diálogo ou Troca de Saberes Valorização do conhecimento tradicional 4 CONSTRUIR CONHECIMENTO ATRAVÉS DE INTERAÇÃO COM A COMUNIDADE “Compreende técnicas ou metodologias desenvolvidas na interação com a comunidade que possam ser reaplicadas em diferentes contextos para propiciar oportunidades de inclusão produtiva e social, bem como soluções tecnológicas convencionais que favoreçam o aperfeiçoamento ou a inovação de produtos, processos e serviços de empreendimentos individuais, microempresas e empresas de pequeno porte” (Ministério da Ciência e Tecnologia - Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, 2011, p.04). 5 Tecnologia Social Disseminação de soluções para problemas voltados a demandas e necessidades concretas , buscando: • alimentação, • saber popular, • educação, • organização social • energia, • conhecimento técnico-científico Solução • habitação, de problemas de: • renda, • recursos hídricos, • saúde, • meio ambiente. Articuladas com: Precisam ser efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social. 6 Tipos de tecnologia social Novos produtos, dispositivos ou equipamentos; Novos processos, procedimentos, técnicas ou metodologias; Novos serviços; Inovações sociais, organizacionais e de gestão. Várias dimensões... 7 1º Dimensão - Conhecimento, ciência, tecnologia tem como ponto de partida os problemas sociais é feita com organização e sistematização introduz ou gera inovação nas comunidades 8 2ª Dimensão - Participação, cidadania e democracia promove a democracia e cidadania vale –se de metodologias participativas busca a inclusão e a acessibilidade, para atingir o máximo de pessoas 9 3ª Dimensão: Educação realiza um processo que é pedagógico por inteiro desenvolve-se num diálogo entre conhecimentos populares e científicos é apropriada pelas comunidades, que ganham autonomia 10 4ª Dimensão - Relevância social é eficaz na solução de problemas sociais tem sustentabilidade ambiental provoca a transformação social 11 Origens... • Crise da Visão Tradicional das Políticas de C&T • A Tecnologia Apropriada • O Movimento CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade • Os Novos Movimentos Sociais • As Pesquisas Participativas • A Pedagogia de Paulo Freire 12 Crise da Visão Tradicional das Políticas de C&T: Concepção lineal, essencialista e triunfalista. + ciência + tecnologia + riqueza + bem-estar social 13 Por que da crise? Percepção de que a ciência e a tecnologia tendem a concentrar a riqueza e a acentuar a desigual distribuição de riqueza e de que já não atuam como agentes niveladores (antibióticos, radio). Percepção de que a ciência e tecnologia são muito eficazes; o problema está em se seus objetivos são socialmente valiosos. Percepção de que as inovações respondem mais a demandas de alto poder econômico, do que a resolução dos grandes problemas da humanidade. Percepção de que freqüentemente criam mais e novos problemas. 14 E mais... Sentimento de temor e “sociedade do risco” U. Beck • Bombas atômicas, efeito estufa, esquentamento global, diminuição da camada de gelo, chuva ácida, aumento do buraco da camada de ozônio, bombas de napalm nas guerras de Coréia e Vietnam, submarinos nucleares, que utilizam energia nuclear para propulsão afundados com toda a tripulação (Kurst, 2000), acidentes industriais como os de Bhopal (India, 1984) e Chernobil (Ucrania, 1986), etc. 15 Origens TS • Tecnologia apropriada: Processo de estabelecimento dos efeitos sociais e ambientais de uma tecnologia proposta antes que ela seja desenvolvida, e a tentativa de incorporar elementos benéficos, nas várias fases de seu desenvolvimento e utilização. (E. F. Schumacher, 1883-1946) Perguntas importantes para identificar uma tecnologia apropriada: 1)Contempla as necessidades das camadas mais carentes da população? 2)Preserva o meio ambiente? 3)É adequada em relação aos recursos naturais disponíveis? 4)Depende de fontes renováveis de energia ou depende de combustíveis fósseis? 16 Elementos históricos As ideias de Gandhi foram aplicadas na República Popular da China e também influenciaram o economista alemão Schumacher. Pesquisadores de países avançados perceberam que a tecnologia desenvolvida e utilizada pelas empresas privadas não eram adequadas à realidade dos países periféricos. Nas décadas de 70 e 80 houve um aumento dos grupos de pesquisadores partidários da idéia da TA nos países avançados e significativa produção de artefatos tecnológicos baseados nessa perspectiva. O movimento de TA perde momentum na década de 80 devido à expansão do pensamento neoliberal. 17 A preocupação da TA não era apenas com a pobreza Fontes alternativas de energia Minimizar a pobreza nos países de 3º mundo Preocupação com Questões ambientais 18 Diversas nomenclaturas para TA TA Tecnologia Utópica Tecnologia Adequada Tecnologia socialmente apropriada Tecnologia ambientalmente apropriada Tecnologia correta Tecnologia Ecológica Tecnologia limpa Tecnologia não agressiva Tecnologia suave Tecnologia de vila 19 Características das TAs Baixo custo Meio ambiente Participação comunitária Relações sociais Saúde Características das TA Geração de Empregos Habitação Produção de Alimentos Geração de renda 20 Críticas às TAs Críticas ao movimento da TA Resultado de um “ sentimento de culpa” de pesquisadores e aposentados do Primeiro Mundo A maioria dos grupos de pesquisadores de TA está situada nos países o Primeiro Mundo, tendo sido escassa a incidência de seu trabalho nas populações de Terceiro Mundo O aumento do número de Alternativas tecnológicas à disposição dos países periféricos não pode alterar a natureza do processo Do mesmo modo que escassa a participação da comunidade de pesquisa desses países nesse movimento; Não consegue-se transformar as “ relações sociais de produção” através do “ desenvolvimento das forças produtivas” mas necessita de uma mudança política; 21 Abordagem sócio-técnica Observação empírica para entender a dinâmica da sociedade Pesquisadores, Engenheiros trabalhadores, usuários juntos Tecnologia Ligação íntima entre a sociologia e a técnica. Socialmente construída por grupos sociais relevantes Quatro visões sobre a tecnologia Tecnologia molda a sociedade mediante as exigências do progresso, ou seja, independe do homem. NEUTRA DETERMINISMO Tecnologia como ferramenta para satisfazer as necessidades humanas INSTRUMENTALISMO CONTROLADA PELO HOMEM AUTONÔMA SUBSTANTIVISMO TEORIA CRÍTICA Tecnologia tem um valor condicionado à busca da eficiência. CONDICIONADA POR VALORES Tecnologia é promessa de liberdade, apesar de reconhecer as consequências catastróficas do desenvolvimento tecnológico. A Adequação Sócio-Técnica (AST) como operacionalização da TS Compreendida como um processo que busca promover uma adequação do conhecimento científico e tecnológico ao contexto social Adequa a Tecnologia Convencional (TC) aplicando critérios suplementares aos técnico-econômicos usuais a processos de produção e circulação de bens e serviços em circuitos não formais Processo pelo qual artefatos tecnológicos vão tendo suas características definidas por meio de uma negociação entre “grupos sociais relevantes”. As modalidades de AST 1 – Uso O simples uso da tecnologia (máquinas, equipamentos, formas de organização do processo de trabalho etc.) antes empregada, com a condição de que se altere a forma como se reparte o excedente gerado. As modalidades de AST 2 – Apropriação Concebida como um processo que tem como condição a propriedade coletiva dos meios de produção (máquinas, equipamentos), implica uma ampliação do conhecimento, por parte do trabalhador, dos aspectos produtivos (fases de produção, cadeia produtiva etc.), gerenciais e de concepção dos produtos e processos, sem que exista qualquer modificação no uso concreto que deles se faz. As modalidades de AST 3 – Revitalização Significa não só o aumento da vida útil das máquinas e equipamentos, mas também ajustes, recondicionamento e revitalização do maquinário. Supõe ainda a fertilização das tecnologias “antigas” com componentes novos. As modalidades de AST 4 – Ajuste do processo de trabalho Implica a adaptação da organização do processo de trabalho à forma de propriedade coletiva dos meios de produção (preexistentes ou convencionais), o questionamento da divisão técnica do trabalho e a adoção progressiva do controle operário (autogestão). As modalidades de AST 5 – Alternativas tecnológicas Implica a percepção de que as modalidades anteriores, inclusive a do ajuste do processo de trabalho, não são suficientes para dar conta das demandas por AST dos empreendimentos autogestionários, sendo necessário o emprego de tecnologias alternativas à convencional. A atividade decorrente desta modalidade é a busca e a seleção de tecnologias existentes. As modalidades de AST 6 – Incorporação de conhecimento científicotecnológico existente Resulta do esgotamento do processo sistemático de busca de tecnologias alternativas e na percepção de que é necessária a incorporação à produção de conhecimento científico-tecnológico existente (intangível, não embutido nos meios de produção), ou o desenvolvimento, a partir dele, de novos processos produtivos ou meios de produção, para satisfazer as demandas por AST. Atividades associadas a esta modalidade são processos de inovação de tipo incremental, isolados ou em conjunto com centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou universidades. As modalidades de AST 7 – Incorporação de conhecimento científicotecnológico novo Resulta do esgotamento do processo de inovação incremental em função da inexistência de conhecimento suscetível de ser incorporado a processos ou meios de produção para atender às demandas por AST. Atividades associadas a esta modalidade são processos de inovação de tipo radical que tendem a demandar o concurso de centros de P&D ou universidades e que implicam a exploração da fronteira do conhecimento. As modalidades de AST – exemplo Texto de edital da FINEP de TS “A metodologia de desenvolvimento de Tecnologia Social deve incorporar o conceito de adequação sociotécnica, em pelo menos uma das seguintes modalidades: (i) incorporação de conhecimento científico e tecnológico existente e (ii) geração de conhecimento científico e tecnológico novo. Em ambos os casos devem ter aplicação em produtos e processos produtivos dos empreendimentos. Movimento da Ciência, Tecnologia e Sociedade CTS Orientações: • Rejeição da imagem da C&T como atividade pura • Crítica da concepção da tecnologia como ciência aplicada e neutra; • Condena a racionalidade da Tecnocracia Convencional. • Uma proposta de Política de C&T: CTS+I • Um campo educativo 33 A TS dentro do movimento CTS • Insere-se no Movimento CTS • Orientação geral: CT+I para a inclusão social, para o bem-estar da população • Prioriza necessidades que não chegam a se constituir em demandas para o mercado de CT&I • Pauta-se por princípios democráticos 34 Exemplos de TS • Soro Caseiro • Café com Floresta (Ipê) • Cisternas (ASA) • Banco Palmas • Projeto Abelhas Nativas • Criação de peixes em canal de igarapé 35 Temas em TS • Segurança alimentar, geração de trabalho e renda, economia solidária, microcrédito produtivo, energia, meio ambiente, tecnologia assistiva, agricultura familiar, agroecologia; sementes crioulas, raças animais crioulas, reforma agrária saneamento básico, educação, desenvolvimento local participativo, saúde pública, direitos da criança e adolescente, moradia popular promoção da igualdade em relação à raça, gênero e de pessoas com deficiência. 36 Atores envolvidos em TS • • • • • • • • • As associações civis; As populações tradicionais e/ou comunidades locais de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, caiçaras, extrativistas, pescadores, agricultores familiares e catadores. Os assentados e reassentados nos Programas de Reforma Agrária As instituições de ensino superior e tecnológico; Os poderes públicos; As empresas, preferencialmente através da responsabilidade social; Os sindicatos e centrais sindicais; As cooperativas. Os movimentos populares 37 4 Dimensões e 12 Características 38 Dinâmica de sua Gênese 39 Material consultado 1. Prof. Carlos de Oliveria Galvão 2. Jesus Carlos Delgado Garcia. ITS – Instituto de Tecnologia Social: A dimensão Inovadora da Tecnologia Social 3. Renato Peixoto Dagnino: Tecnologia Social: uma estratégia para o desenvolvimento. 4. Arminda Eugenia Marques Campos; Luís Henrique Abegão; Maurício César Delamaro. O Planejamento de Projetos Sociais: dicas, técnicas e metodologias. 48 Obrigada! Contatos: Dra. Denise Machado Duran Gutierrez [email protected] [email protected] 9.9984 7127 (cel) 3643 3360 (Inpa) 49 Alguns Exemplos em Contexto Amazônico 50 Tecnologia Social “...técnicas, procedimentos, metodologias e processos, produtos, dispositivos, equipamentos, serviços e inovações sociais, organizacionais e de gestão, desenvolvidas ou aplicadas em interação com a população e que promovem inclusão social e melhoria das condições de vida da população” (Programas Estruturantes: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social SECIS/MCTI/2013). 51 CRIAÇÃO DE PEIXES EM CANAIS DE IGARAPÉS Igarapés - produção de matrinxã ( mais recentemente Ciclídeos) Acesso a proteína animal de qualidade Baixo custo, Alta produtividade Sem dano ambiental Agricultura familiar 52 APROVEITAMENTO DE MADEIRAS CAÍDAS PARA CONFECÇÃO DE PEQUENOS OBJETOS Utilização de madeira caída Produção de pequenos objetos e instrumentos musicais (marchetaria e outras técnicas) Conservação ambiental Redução de emissões de gases de efeito estufa Valorização dos serviços ambientais - populações tradicionais (tribo Deni) Capacitação – Residentes em reservas ambientais 53 PRODUTOS VERDES PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL Tijolos, chapas para forros e divisórias – resíduos florestais não madeireiros Aproveitamento e valorização da biodiversidade vegetal da região Diminuição da pressão sobre os estoques de espécies arbóreas economicamente desejáveis Baixo custo de produção Fácil acesso aos insumos Geração de renda 54 Desinfecção solar da água Acesso à água potável Testado com sucesso em aldeias remotas na região Amazônica, (índios da etnia Deni) Equipamento compacto Simples montagem Capacidade: até 400 litros por hora (bateria de 12v) Uso comunitário Baixo custo 55 MORADIAS ECOLÓGICAS SUSTENTÁVEIS Alternativa de construção sustentável Moradias multifamiliares Área de 42,92 m2/unidade Captação e utilização de águas pluviais Estação de tratamento ecológico de esgoto Bambu de origem amazônica componente de painéis de paredes (revestidos com barrobambu) Baixo custo Boa durabilidade 56 ESCOLA VERDE – EDUCAÇÃO COM OS PÉS NA TERRA Ensino de práticas agroecológicas Cuidado com o meio ambiente e com os valores culturais da Amazônia Cultivo de hortaliças, fruteiras e plantas medicinais Desenvolvendo tecnologias de baixo custo adaptadas para o ambiente escolar Captação de água da chuva Adubo alternativo Aproveitamento integral de alimentos Disseminação entre as famílias 57 SOLUÇÃO DE CRAVO-DA-INDIA NO CONTROLE DO MOSQUITO DA DENGUE Cravo-da-índia - solução aquosa Efeito larvicida e adulticida Combate ao mosquito da dengue nos vasos domésticos Preparo simples Materiais de baixo custo Fácil acesso Alta efetividade e durabilidade 58 CAL E CLORO NO CONTROLE DO MOSQUITO DA DENGUE Controle do mosquito da dengue Poças de água - lajes Procedimento simples Baixo custo Fácil utilização Mistura: cal + cloro orgânico 59 PLANTIOS AGROFLORESTAIS Amazônicos Problemática Amazônica: Arranjos especiais Elaboração - método de Diagnóstico e Delineamento Agroflorestal Estabelecimento agrícola familiar Baseado - interesses e possibilidades da família do pequeno produtor Uso do solo agregando resultados de pesquisa de modo interativo 60 ADOÇANDO A VIDA Implantação e instrumentalização tecnica da Meliponicultura Agricultura Familiar em comunidades rurais da Amazônia Contribui para a qualidade do processo de produção/diversificação de atividades econômicas Disponibiliza complemento alimentar e enriquecimento nutricional da dieta dos comunitários 61 PAPEIS ALTERNATIVOS Disponibilidade e diversidade materiais e fibras vegetais Produção diversos tipos de papel a partir de resíduos celulóicos Diminui - desperdício de materiais e uso abusivo de espécies economicamente hegemônicas Papel - fibras de cauaçu = ótimos resultados para impressão e produção de pequenas embalagens 62 GERAÇÃO ECOLÓGICA DE ENERGIA - BRIQUETES Os briquetes -resíduos tucumã e açaí Fonte alternativa de energia - empreendimentos, que utilizam carvão vegetal para queima Fáceis de transportar Prevenção de desmatamento Usam resíduos agro florestais descartáveis Ótimo poder calorífico Economia – volume inferior ao do carvão convencional 63 SISTEMAS DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS, MELHORAMENTO GENÉTICO E CONSERVAÇÃO in situ DE PLANTAS Reconhecer, preservar e usar economicamente a agrobiodiversidade da região amazônica Técnicas que mesclam saber tradicional e técnico - científico Melhorar a qualidade de vida - uso econômico da biodiversidade + conservação do patrimônio genético vegetal 64 Obrigada! • Contatos: Denise M.D. Gutierrez 9.9984 7127; 3643 3360 [email protected] 65