42 SEXTA-FEIRA, 13 DE MARÇO 2015 MERCADOS Católica debateu futuro da dívida soberana na Zona Euro Sonae Sierra com resultado líquido de 96 milhões A Católica Global School of Law promoveu, ontem (dia 12), a conferência “O futuro da dívida soberana na Zona Euro”. Participaram no evento Mitu Gulati (Duke University) e Lee Buchheit (Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP), que analisaram os casos da Grécia e Ucrânia e o futuro da dívida soberana dos países da União Europa. Gulati e Buchheit são considerados os “arquitetos” da reestruturação grega. A Sonae Sierra registou um resultado líquido de 96,3 milhões de euros, no ano passado, o que compara com apenas 3,6 milhões no exercício anterior. As vendas dos lojistas e as taxas de ocupação dos centros comerciais por si geridos tiveram desempenhos positivos. Destaque para dois novos projetos de investimento em Espanha e Marrocos, sendo que foram assinados 41 novos contratos de prestação de serviços, refere a empresa em comunicado. A NOSSA ANÁLISE Risco para chegar aos 4% de rendimento? GoBulling dá a solução Temos mais um produto financeiro complexo para analisar. O desenho é da corretora e gestoras online GoBulling, do grupo Carregosa. VÍTOR NORINHA [email protected] O Depósito Indexado “Carregosa Cabaz Ações Rendimento Mais” é um depósito indexado e que tem como características principais o prazo de 720 dias, ou seja, de dois anos, ser denominado euros, não ser mobilizável antecipadamente, ter garantia de capital no vencimento e remuneração variável, indexada à rendibilidade de um cabaz de quatro ações de empresas europeias. A remuneração, algo que atrai, ou não, o investidor é igual à rendibilidade do cabaz, com um máximo de 8% do montante depositado, o que significa uma TANB de 4% e um mínimo de 0,5% do depósito, ou seja uma taxa bruta de 0,25%. Primeiro aspeto a analisar: o cabaz. As quatro empresas europeias são a Imperial Tobacco Group plc, a Red Electrica Corporation, a Daimler AG e a Roche Holding. Este depósito vigora entre 1 de abril próximo e 21 de março de 2017, sendo que a subscrição termina a 27 deste mês. O montante mínimo de constituição é mil euros e o máximo é o valor disponível, ou seja, dois milhões de euros. Quem são as empresas? A Imperial Tobacco Group está na área dos bens de consumo e o core é constituído em torno de um portfólio de mercado de tabaco, sendo ainda o maior acionista do grupo Logista, tendo os dividendos crescido 11,9% nos últimos cinco anos. A Red Electrica Corporation é uma operadora do sistema elétrico espanhol, detendo 5% da Ren, e os dividendos cresceram 14,6% nos últimos cinco anos: enquanto a Daimler fabrica carros, sendo a Mercedes a marca mais conhecida. Os dividendos cresceram 30,6% nos últimos cinco anos. Por último, a Roche Holding está na área de produtos farmacêuticos e de diagnóstico, tendo os dividendos crescido 9,3% nos últimos cinco anos. Quais os riscos? Este tipo de produto complexo obriga a um conhecimento profundo do mercado de capitais e destinam-se a investidores que queiram trocar o risco por uma remuneração bastante superior à de um depósito convencional. Há o risco do investimento a dois anos resultar numa taxa bruta de 0,25%, caso não se cumpram as condições, nomeadamente a rendibilidade do cabaz. Se tudo correr bem a TANB chegará aos 4%. Não menos relevante é a impossibilidade de movimentar estes fundos durante dois anos, sendo que a garantia acima dos 100 mil euros é suportada pelo risco de crédito e da qualidade creditícia do Banco Carregosa. Existe ainda ao risco de alterações legislativas a nível fiscal que possam ser prejudiciais aos investidores.olding JOÃO CARLOS PINTO Trader da Golden Broker http://bgoldenbroker.blogspot.com/ www.goldenbroker.com Um meteorologista daria um bom investidor? Já alguma vez tentaram olhar pela janela e, baseados no que veem, fazer uma previsão sobre o estado do tempo no dia seguinte? Se hoje está sol, significa que amanhã estará sol? Ou, se hoje está enevoado, aumenta a probabilidade de chover amanhã? É este tipo de processo que muitos investidores nos mercados financeiros enfrentam diariamente. Os investidores podem aprender muito sobre a sua própria forma de investir considerando simplesmente o que faz um meteorologista a prever o estado do tempo. Se calhar, em vez de olhar apenas pela janela, um pouco mais de informação seria útil – alguns indicadores técnicos como a temperatura, pressão atmosférica e a direção do vento. Mesmo assim, é provável que a única coisa que estes indicadores adicionais façam é dar uma previsão vaga, baseada em probabilidades muito generalizadas. Por exemplo, em 60% das vezes em que a pressão atmosférica está a cair e o vento sopra de Nordeste, é muito provável que chova no dia seguinte. Embora 60% de probabilidade de chover poderá não ser uma informação muito confiável para quem quer fazer um piquenique ao ar livre, uma probabilidade de 60% para um investidor é muito boa. Na verdade, muitos investidores aprendem a sobreviver com probabilidades de 60% ou menos. Mas o que muitos investidores gostariam era de uma precisão de 80% ou 90% - tal como o meteorologista. O problema é que não importa quantos indicadores técnicos utilizemos nas nossas análises de mercados, a fiabilidade nunca se aproximará de níveis tão elevados de forma consistente. Nenhum indicador técnico estará certo 90% das vezes no longoprazo. A única razão por que um meteorologista é tão preciso e de forma tão consistente deve-se ao processo conhecido por Modelagem. Apenas quando milhões de dados em tempo real são recolhidos e comparados com milhões de dados históricos é que o meteorologista consegue fazer previsões tão acertadas e consistentes. Enquanto os dados em tempo real têm semelhanças com séries de circunstâncias históricas que existiram no passado, existe uma probabilidade muito elevada que as circunstâncias atuais se desenvolvem hoje tal como se desenvolveram no passado. Os dados históricos fornecem a base para o modelo. O modelo pode ser usado para prever o futuro com uma certeza razoavelmente elevada. Funciona para qualquer processo quando o futuro depende, de alguma forma, do presente. O estado do tempo amanhã depende do estado do tempo de hoje, tal como o preço de um ativo amanhã depende do preço de hoje. É muito plausível, assim, que os mercados financeiros possam ser modelados tão facilmente como o estado do tempo, talvez até mais facilmente. Nos modelos do estado do tempo é necessário capturar dados de fontes e locais muito díspares, como por exemplo balões meteorológicos e satélites que fazem órbita com o planeta Terra. Nos modelos usados nos mercados financeiros, apenas é necessário que os preços dos ativos que se encontram disponíveis para qualquer pessoa que tenha conexão à internet. O problema para um investidor individual que tenta criar um modelo não é a falta de informação mas sim a imensa quantidade dela. Existem muitos dados para uma pessoa analisar. A atmosfera fornece muito mais dados para um único meteorologista analisar. A única razão por que um meteorologista conquistou o seu posto é que o seu esforço é direcionado para um propósito único – modelar a atmosfera da Terra. Embora exista rivalidade em todas as profissões e áreas, prever o estado do tempo não tem as implicações financeiras como prever os mercados financeiros. No geral, os meteorologistas não lucram em reter os dados ou alimentar outras pessoas com dados incorretos; em vez disso, eles são bem-sucedidos na construção do sucesso dos seus pares. Na modelação dos mercados existe pouca razão para partilhar o sucesso com o público. Na verdade, existem muitas vezes razões para não partilhar. A menos que exista um benefício financeiro, a maioria dos investidores estão mais inclinados para guardar o sucesso para eles próprios. Na minha opinião, as melhores hipóteses de um investidor sobreviver não será através da modelação dos mercados financeiros para prever o futuro, mas sim através do domínio total e completo de alguns bons indicadores. O mercado mudou muito nos últimos 100 anos – a tecnologia tornou-se um fatorchave na modelação. Não há forma de um investidor individual competir com a previsão dos mercados feita por supercomputadores. Um investidor pode fazer previsões baseado em indicadores. Poderão ficar surpreendidos de vez em quando porque a previsão nem sempre é fiável. Mas na área de investimentos um grau de acerto de 60% é bom, em particular se combinado com uma boa gestão do risco (colocação de ordens stop e gerir os montante de alocação). Existem algumas coisas bastante confiáveis nos mercados financeiros – indicadores com elevada probabilidade de prever o curtoprazo sem necessidade de modelação dos mercados financeiros como um todo com um supercomputador. Os mercados em alta tendem a manter-se em alta, e os mercados em queda tendem a manter-se em queda. As tendências tendem a manter-se no mesmo sentido, e a volatilidade sofre fluxos e refluxos. Eventualmente muitos investidores aprendem a adotar um indicador que seja apropriado ao seu “apetite”. Alguns tornamse especialistas em detetar tendências, outros em determinar anomalias na tendência que originem reversões para a média. Outros ainda procuram os ciclos que ocorrem por exemplo de acordo com a volatilidade. Muito poucos investidores são especialistas em todas as classes de ativos e em todos os tipos de análises – e não precisam de o ser para serem bem-sucedidos.