BRUNO KENZO DE FREITAS HASSEGAWA GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO 14001: 2004 Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental. Orientador: Dr. José Francisco do Prado Filho OURO PRETO 2007 I Catalogação: [email protected] II III DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos, cujo apoio e amizade me dão a força necessária para superar os diversos obstáculos impostos pela vida. IV AGRADECIMENTOS Aos meus pais pelo incentivo e apoio constantes. Ao meu orientador Prof. José Francisco do Prado Filho pelo seu apoio, extensa paciência e por se dispor a me ouvir nos momentos em que precisava de alguém para me escutar. A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) pelo financiamento deste trabalho através da concessão de bolsa de estudos. A todos os professores do curso de pós-graduação em Engenharia Ambiental da UFOP pela boa convivência diária. Ao pessoal do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova MG. Incluindo Cristiano Caria que é o diretor da empresa, Gandy que é o gerente da ETA e a todos os operadores da ETA: Rodrigo, Ted, Paulinho, Filomeno, João, Alessandro e Pereira. Ao diretor Wagner Melillo do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito - MG, ao Laércio e Rogério, respectivamente, gerente da ETA e gerente de qualidade da ETA e também a todos os operadores. Aos colegas do curso de mestrado pela amizade e incontáveis horas de conversa fiada. A Liana que, com muita presteza, corrigiu o inglês do “abstract” deste trabalho. Ao Fred que através das nossas conversas sobre o tema de saneamento apresentou diversas informações que acabei utilizando na formulação do projeto deste trabalho. Ao Maurão, pelos altos papos em meio às inúmeras idas e vindas nos finais-de-semana de Ouro Preto à Ponte Nova e vice-versa. A todas as pessoas que cruzaram a minha vida neste período de mestrado e que contribuíram para o meu crescimento profissional e emocional. V RESUMO HASSEGAWA, Bruno Kenzo de Freitas. GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA ANÁLISE AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO 14001:2004. OURO PRETO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, 2007. NÚMERO DE PÁGINAS: 441. O funcionamento das estações de tratamento de água (ETA) pode ser comparado ao de verdadeiras indústrias, pois, como em qualquer processo de fabricação, também se utiliza de matéria-prima que é a água bruta e insumos visando transformá-la num produto final de qualidade que é a água tratada. Nesse processo são gerados resíduos que são o lodo de decantador e a água de lavagem de filtros, cujos estudos de caracterização sobre suas composições físico-químicas, realizados por diversos autores, apresentaram resultados com altas concentrações de metais como alumínio, cádmio, chumbo e cromo, dentre outros. Observando esses aspectos, o presente trabalho buscou desenvolver uma metodologia, com base na NBR ISO 14001:2004 e em referências bibliográficas sobre o tratamento de água, para identificar quais características das etapas do tratamento de água podem causar danos ao meio ambiente e verificar se os sistemas de gestão adotados em duas empresas de saneamento de Minas Gerais, com estações de tratamento de água (ETA) de médio porte, permitem o controle dessas características no processo buscando-se evitar impactos ambientais. O modelo de análise ambiental elaborado no presente estudo foi testado em duas ETAs de médio porte, em que se acompanharam as rotinas operacionais e gerenciais de cada uma delas. Em ambos os casos, o modelo de análise ambiental proposto demonstrou-se útil na coleta de informações e detecção de irregularidades operacionais que podem resultar em problemas ambientais importantes. Os resultados da pesquisa indicaram que os atuais sistemas de gestão das duas empresas avaliadas ainda não estão preparados para lidar com assuntos de cunho ambiental. Dentre as várias causas que podem explicar isso se destacam a falta de uma política ambiental estabelecendo o compromisso com o meio ambiente, ausência de funcionários devidamente treinados e conscientizados, falta de documentação de procedimentos relacionados à etapas do tratamento de água com características ambientais significativas e falta de investimentos na modernização e ampliação das ETAs. Palavras-Chave: ISO 14001; tratamento de água; sistema de gestão ambiental (SGA); impactos ambientais; estação de tratamento de água (ETA). VI ABSTRACT HASSEGAWA, Bruno Kenzo de Freitas. ENVIRONMENTAL MANAGEMENT IN WATER TREATMENT PLANTS OF MEDIUM SCALE: ELABORATION OF ENVIRONMENTAL AND OPERATIONAL ANALYSIS TOOL WITH BASED IN NBR ISO 14001:2004. OURO PRETO: FEDERAL UNIVERSITY OF OURO PRETO, 2007. NUMBER OF PAGES: 441. The water treatment systems operation can be compared to real industries because as well as in any a process production, it is also used of raw material that is the rude water and inputs seeking to transform it in a final product that is the treated water. In that process there are also produced residues which are decanter sludge and backwash water filters whose characterization studies on their physiochemical compositions, accomplished by several autors, presented results with high concentrations of metals as aluminium, cadmium, lead and chrome, among others. Observing those aspects, the present work looked for to develop a methodology, with based in NBR ISO14001:2004 and in bibliographical references on the water treatment, to identify the characteristics of the stages of water treatment that can cause damages to the environment and to verify if the administration systems adopted in two companies of sanitation of Minas Gerais, with water treatmente plants (WTP) of medium scale, allow the control of those characteristics of whole the process being looked for to avoids environmental impacts. The model of the environmental analysis elaborated in the present study was tested in two medium WTPs, in which operational and managerial routines were attended in each one of them. In both cases, the model of environmental evaluation proposed demonstrated to be useful in the collection of information and detection of operational irregularities that can result in important environmental problems. The results of the research indicate that the current management systems of the public companies of water supply are still not prepared to work with environmental subjects. Among the several causes that can explain that is the lack of environmental politics establishing its commitment with the environment, absence of employees properly trained, a reduced number of documentation of procedures related to the stages of the treatment with significant environmental characteristics and absence of investments in the modernization and enlargement of WTPs. Key-Words: ISO 14001, water treatment, environmental management system (EMS), environmental impacts; water treatment plants (WTP). VII LISTA DE TABELAS Tabela 1– Instrumentos de Gestão Ambiental. ............................................................. 8 Tabela 2– Grupo de normas da família ISO 14000. .................................................... 22 Tabela 3– Lista dos principais programas de rotulagem ambiental no mundo............. 25 Tabela 4- Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais. .......................................... 51 Tabela 5– Exemplo de associação entre atividade, aspecto e impacto ambiental......... 53 Tabela 6– Quadro sobre a distribuição da água no mundo. ......................................... 59 Tabela 7– Estimativa dos custos das alternativas para redução de mortalidade infantil em 2000. Nota- Mortalidade de 0-4 anos em 2000: 3521 casos. .................................. 70 Tabela 8- Número de municípios com serviços de abastecimento de água segundo as grandes regiões do Brasil. ........................................................................................... 73 Tabela 9– Total de domicílios e economias abastecidas e respectivas distribuições percentuais segundo estratos populacionais até o ano de 2000..................................... 74 Tabela 10– Entidade prestadora do serviço de abastecimento de água e existência de cobrança pelo serviço segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. Nota: Um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água. ........................................ 81 Tabela 11– Forma de captação e existência de tratamento da água distribuída, segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais........................................................ 95 Tabela 12– Limites recomendados para a concentração do íon fluoreto (mg/L) de acordo com a temperatura do ar. ............................................................................... 103 Tabela 13– Compostos utilizados na fluoretação das águas para consumo humano. . 103 Tabela 14– Composição química do LETA. Retirado de Santos et al (2000). ........... 107 Tabela 15- Comparação entre os valores máximos estabelecidos por lei e os encontrados em estudos de caracterização LETAs. *Segundo a resolução CONAMA n0 357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2o: “Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe VIII na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim o valor da concentração de alumínio utilizada é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no Brasil........................................................................................................................ 110 Tabela 16– Estudos de caracterização físico-química da água de lavagem de filtro. Menezes et al (2005) realizou sete amostragens nas datas que vão de 30/05/04 até 02/12/04. Scalize & Di Bernardo realizaram três amostragens. ND – não detectado na amostra analisada...................................................................................................... 114 Tabela 17- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para abastecimento. Classe 2.3- gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão espontânea, 5.1- substâncias oxidantes, 6.1- substâncias tóxicas, 8- substâncias corrosivas. *Soluções de hipoclorito com mais de 5% de cloro livre. ........................ 121 Tabela 18– Dimensões das câmaras dos floculadores hidráulicos. ............................ 160 Tabela 19– Características granulométricas do material filtrante dos filtros rápidos. *Atualmente não se utiliza mais o antracito no filtro. ................................................ 164 Tabela 20 - Plano de amostragem para análise de água do manancial. ...................... 171 Tabela 21 - Plano de amostragem da saída de água do tratamento no DMAES de Ponte Nova. Data: 14/06/07................................................................................................ 171 Tabela 22- Plano de amostragem da água na saída do sistema de distribuição. Data: 14/06/07. .................................................................................................................. 171 Tabela 23– Média Mensal da Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES. ................ 173 Tabela 24– Média Mensal do Parâmetro Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES.................................................................................................................... 174 Tabela 25– Média Mensal do pH da Água Bruta na ETA do DMAES...................... 175 Tabela 26– Média Mensal da Alcalinidade de Água Bruta na ETA do DMAES. ...... 176 Tabela 27– Média de Consumo Diário de Coagulante na ETA do DMAES.............. 177 Tabela 28– Média de Consumo Diário de Alcalinizante na ETA do DMAES........... 178 Tabela 29– Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES. ......... 179 IX Tabela 30– Média de Consumo Diário de Fluorsilicato na ETA do DMAES............ 181 Tabela 31- Plano de Amostragem da Água do SAAE de Itabirito. Data: 14/06/07. ... 193 X LISTA DE FIGURAS Figura 1– Gráfico sobre a motivação para investimentos ambientais em valores percentuais. Foram compilados os resultados de três diferentes pesquisas. .................. 15 Figura 2– Ciclo do PDCA, segundo a NBR ISO14001............................................... 29 Figura 3– Ranking dos países com maiores números de certificações ISO 14001 até dezembro de 2005....................................................................................................... 44 Figura 4– Mapa global e as áreas sob stress hídrico. O Indicador de Stress Hídrico varia de <0,3 (baixo stress, cor cinza) até >1 (alto stress, cor vermelha)............................... 60 Figura 5- Consumo de água em km3 em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). 64 Figura 6- Produção de cereais em milhões de toneladas em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). ...................................................................................... 64 Figura 7- Gráficos sobre a distribuição de pessoas por continente que não tem acessos a uma fonte de água melhorada (com qualidade adequada ao consumo humano) e ao saneamento básico até o ano de 2004. ......................................................................... 68 Figura 8– Água distribuída, em m3 per capita, segundo as grandes regiões do Brasil. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE.... 74 Figura 9– Percentual dos domicílios urbanos atendidos por rede geral de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000....................................................................................................................... 77 Figura 10– Formas de captação, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000. ................................................................................ 78 XI Figura 11– Entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000. ............ 82 Figura 12– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta em linha. ................... 91 Figura 13– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta. ................................. 91 Figura 14– Fluxograma típico da tecnologia de tratamento convencional. .................. 91 Figura 15– Tecnologia de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da filtração rápida............................................................................................................ 92 Figura 16– Proporção de água tratada distribuída por dia, por tipo de tratamento utilizado, segundo as grandes regiões. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE.............................................................................. 93 Figura 17– Proporção de volume diário de água tratada e distribuída, por tipo de tratamento, segundo os estratos populacionais dos municípios. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE....................................... 94 Figura 18– Tipo de tratamento de água, segundo municípios e bacia hidrográficas do estado de Minas Gerais. .............................................................................................. 96 Figura 19– Classificação de unidades filtrantes. ....................................................... 101 Figura 20- Seqüência de etapas do LAIA. A) Identificação de Etapas do Tratamento de água, de Procedimentos e seus Aspectos e Impactos Ambientais. B) Análise. C) Significância............................................................................................................. 134 Figura 21 – Exemplo de aplicação para a etapa A da metodologia de LAIA............. 135 Figura 22– Fluxograma geral de operação do tratamento convencional da água com identificação de entradas e saídas do sistema. Adaptado de Richter & Netto (1995). . 137 Figura 23– Fluxograma do processo de tratamento do DMAES. .............................. 158 Figura 24– Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES............................................. 173 Figura 25– Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES. ............................ 175 Figura 26– pH da Água Bruta na ETA do DMAES. ................................................. 176 Figura 27– Alcalinidade da Água Bruta na ETA do DMAES. .................................. 176 XII Figura 28– Consumo de Coagulante na Água Bruta na ETA do DMAES................. 178 Figura 29– Consumo de Alcalinizante na ETA do DMAES. .................................... 179 Figura 30– Consumo de Desinfectante na ETA do DMAES..................................... 180 Figura 31– Consumo de Fluorsilicato na ETA do DMAES. ..................................... 181 Figura 32- Fluxograma do processo de tratamento na ETA do SAAE. ..................... 185 Figura 33– Fluxograma do processo de tratamento de água do DMAES. As caixas com linhas pontilhadas representam os diversos procedimentos associados a cada etapa do tratamento................................................................................................................. 197 Figura 34– Entrada da água bruta (antigo aerador desativado). Data: 04/05/05......... 198 Figura 35– Escada de acesso a entrada de água bruta. Data: 04/05/05. ..................... 199 Figura 36– Caminhão tanque utilizado no transporte de sulfato de alumínio líquido. Data: 20/03/06. ......................................................................................................... 203 Figura 37– Reservatório de sulfato de alumínio líquido. Notar a ausência de estrutura para contenção de vazamentos. Data: 04/05/05. ........................................................ 203 Figura 38– Calha Parshall e dosador de orifício de nível constante para aplicação de coagulante. Data: 04/05/05........................................................................................ 204 Figura 39– Séries de floculadores Cox. As setas vermelhas indicam a falta de grades de proteção para a série de floculadores da esquerda da foto. Data: 04/05/05. ................ 206 Figura 40– Vazamentos detectados na parte inferior das câmaras dos floculadores. As setas vermelhas indicam os vazamentos. Data: 06/05/05. .......................................... 206 Figura 41– Descida do operador pela escada a fim de se executar limpeza manual do decantador. Data: 07/05/05. ...................................................................................... 208 Figura 42– Operador executando limpeza das paredes do decantador com o uso de mangueira. Data: 14/05/05. ....................................................................................... 209 Figura 43– Operador em meio ao lodo do decantador. Data: 07/05/05. .................... 209 Figura 44– Despejo de lodo nas águas do rio Piranga. Data: 07/05/05...................... 210 Figura 45- Vazamento de água por rachadura do decantador. Data: 05/05/05........... 211 XIII Figura 46– Lavagem de filtro. Data: 05/05/05.......................................................... 214 Figura 47– Armário onde são estocados os reagentes com prazo de validade vencidos. Data: 06/05/05. ......................................................................................................... 223 Figura 48– Fluxograma do processo de tratamento de água do SAAE. As caixas de bordas pontilhadas representam os procedimentos associados a cada etapa do tratamento................................................................................................................. 225 Figura 49– Operador descendo a escada para participar da limpeza do decantador. Data: 21/07/05. ......................................................................................................... 231 Figura 50– Operador executando a limpeza manual do lodo de decantador com a utilização de rodos de madeira. Data: 21/07/05. ........................................................ 231 Figura 51– Avaliação visual dos efeitos do lançamento do lodo de decantador sobre córrego da Carioca, em Itabirito (MG), próximo a ETA. Na foto A observa-se trecho a montante do ponto de lançamento, já na foto B observa-se o trecho a jusante do ponto de lançamento. Data: 21/07/05.................................................................................. 233 Figura 52– Descida de operador por meio da utilização das aberturas da cortina distribuidora do decantador. Data: 21/07/05. ............................................................. 234 Figura 53– Operador executando a lavagem da cortina distribuidora do decantador. Um dos pés está apoiado sobre mureta do canal de água floculada e sem nenhum anteparo de segurança para protegê-lo no caso de uma possível queda. Data: 21/07/05 ........... 235 Figura 54– Galeria dos filtros. Data: 21/07/05.......................................................... 237 Figura 55– Tanques de armazenamento de hipoclorito de sódio no pátio externo da ETA. Notar a falta de uma bacia de contenção de vazamentos. Data: 22/07/05. ........ 240 Figura 56- Gráfico sobre o Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e XIV medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração. ................................................................................................... 243 Figura 57- Gráfico de Qualidade Gerencial e Operacional no DMAES. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. ..................................... 253 Figura 58– Exemplo de exposição desnecessária ao risco onde se observa um dos funcionários sobre a calha de coleta de água decantada e logo abaixo dele, observa-se outro funcionário realizando o arraste do lodo químico sem vestimentas adequadas para a sua proteção. Data: 07/05/05. ................................................................................. 262 Figura 59– Aplicação de alcalinizante (cano do lado esquerdo) no mesmo ponto onde se aplica o desinfectante (cano do lado direito da foto). Data: 03/05/05..................... 264 Figura 60– Canal por onde escoa a água de vazamentos nas galerias e das rachaduras de floculadores e decantadores. Data: 06/05/05......................................................... 272 Figura 61– Despejo da água de lavagem de filtro pelo canal de esgoto..................... 272 Figura 62– Gráfico de colunas demonstrando o nível de atendimento à NBR ISO 14001:2004 pelo SAAE. . Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Nãoconformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração...................................................................... 274 XV Figura 63– Gráfico sobre Qualidade Gerencial e Operacional do SAAE. . Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. ..................................... 283 Figura 64– Vazamento de óleo da bomba utilizada para succionar água da câmara de floculador. As setas indicam a película de óleo formada sobre a água. Data: 14/03/06. ................................................................................................................................. 289 Figura 65– Funcionário lavando a parede do decantador sem equipamento de proteção para evitar queda. Data: 21/07/05.............................................................................. 291 Figura 66– Detalhe da bota utilizada na limpeza do decantador, onde se observa que o comprimento do cano é insuficiente para impedir o contato do operador com o lodo químico. Data: 21/07/05............................................................................................ 291 Figura 67– (A) Sacas de cal armazenadas sobre estrado de madeira ao lado de arquivo morto. (B) Sacas de alumínio dispostas atrás da cal hidratada. Data: 22/07/05. ......... 297 Figura 68– Sacas de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira localizadas ao lado de arquivo “morto”. Data: 22/07/05. ......................................................................... 298 Figura 69- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento a NBR ISO 14001:2004. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração. ................................................................................................... 303 XVI Figura 70- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento aos requisitos da parte II do checklist. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises FísicoQuímicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. ............................................................................................................. 307 XVII LISTA DE SIGLAS ABCON – Associação Brasileira de Concessionários Privados dos Serviços de Águas e Esgotos ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ABIQUIM – Associação Brasileira de Indústrias Químicas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABS – American Bureau of Shipping ACV – Análise do Ciclo de Vida ADA – Avaliação do Desempenho Ambiental ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres BNH – Banco Nacional de Habitação BS - British Standard BVQI – Bureau Veritas Quality International CESB – Companhia Estadual de Saneamento Básico CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial COPAM – Conselho de Política Ambiental COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento DMAES – Departamento Municipal de Água e Esgoto DNV – Det Norske Veritas EMAS – Plano de Ecogestão e Auditoria XVIII EMBASA – Empresa Baiana de Águas de Abastecimento EPC – Equipamento de Proteção Coletiva EPI – Equipamento de Proteção Individual ETA – Estação de Tratamento de Água ETE – Estação de Tratamento de Esgoto FCAV – Fundação Carlos Alberto Vanzolini FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FISPQ – Ficha de Informação sobre Segurança de Produtos Químicos FJP – Fundação João Pinheiro FUNASA – Fundação Nacional de Saúde GAE – Gestão Ambiental Empresarial GAIA – Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GANA – Grupo de Apoio à Normalização Ambiental CEI – Centro de Estatísticas e Informações DDT – Dicloro-Difenil-Tricloroetano GEO – Global Environmental Outlook GIWA – Global International Waters Assessment IAAOETA – Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de Estações de Tratamento de Água IAF – International Acreditation Forum IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICC – Instrumento de Comando e Controle IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IE – Instrumento Econômico XIX IEC – International Electrotecnical Comission IEF – Instituto Estadual de Florestas IFPRI – International Food Policy Research Institute IGS – Inovação da Gestão em Saneamento INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial INSS – Instituto Nacional do Seguro Social IPEM – Instituto de Pesos e Medidas ISO – International Organization for Standartization LAIA – Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais LETA – Lodo de Estação de Tratamento de Água MS – Ministério da Saúde NBR – Norma Brasileira OCC – Organismo de Certificação Acreditado OIC – Organismo de Inspeção Acreditado ONG – Organização Não-Governamental ONU – Organização das Nações Unidas OTC – Organismo de Treinamento Credenciado OPP – Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência Credenciado PDCA – Plan, Do, Check and Act PMSS – Programa de Modernização do Setor de Saneamento PNCDA – Programa Nacional de Combate ao Desperdício da Água PNQS – Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente XX PPA – Política Pública Ambiental PVC – Policloreto de Vinila RDH – Relatório do Desenvolvimento Humano SAAE – Sistema Autônomo de Água e Esgoto SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SAGE – Strategic Advisory Group of the Environment SANED – Companhia de Saneamento de Diadema SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná SC – Subcomitê SG – Sistema de Gerenciamento SETAC – Society of Environmental Toxicology and Chemistry SGA – Sistema de Gestão Ambiental SGQ – Sistema de Gestão de Qualidade SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente SNS – Sistema Nacional de Saneamento SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação TAM - Trialometanos TC – Technical Committee UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância WG – Working Group WHO – World Health Organization WRI – World Resource Institute WWIUMA – Worldwatch Institute XXI SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................. VI ABSTRACT ............................................................................................................ VII LISTA DE TABELAS ........................................................................................... VIII LISTA DE FIGURAS............................................................................................... XI LISTA DE SIGLAS ............................................................................................ XVIII 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 6 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 7 3.1. Gestão Ambiental............................................................................................... 7 3.1.1. Conceitos e Instrumentos de Gestão Ambiental ........................................... 7 3.1.2. A ISO 14000 ............................................................................................. 18 3.1.3. O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) ................... 49 3.2. Saneamento da Água........................................................................................ 56 3.2.1. Distribuição e Qualidade da Água ............................................................. 56 3.2.2. Águas de Abastecimento e Saúde Pública.................................................. 67 3.2.3. Cobertura de Serviços de Água no Brasil................................................... 71 3.2.4. Cobertura de Serviços de Água em Minas Gerais ...................................... 76 3.4. Estação de Tratamento de Água (ETA) ............................................................ 89 3.4.1. Tipos de Tratamento de Água.................................................................... 89 3.4.2. Etapas do Tratamento de Água de Ciclo Completo .................................... 96 3.4.3. Problemas Ambientais em ETAs ............................................................. 106 3.4.4. Gerenciamento Ambiental em ETAs ....................................................... 125 4. METODOLOGIA............................................................................................... 130 4.1. Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de ETAs com Base na NBR ISO14001:2004..................................................................................................... 130 4.1.1. Pré-Questionário para Caracterização de ETAs........................................ 133 4.1.2. Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) ..................... 134 4.1.3. Lista para Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs ............................ 142 4.2. Aplicação do IAAOETA ................................................................................ 145 4.2.1. Entrevistas............................................................................................... 146 XXII 4.2.2. Vistorias.................................................................................................. 146 4.2.3. Consulta a documentos e registros ........................................................... 147 4.3. ETAs Selecionadas ........................................................................................ 148 4.3.1. ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova – MG ....................................................................................................... 149 4.3.2. ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito – MG 150 4.4. Período de Coleta de Dados ........................................................................... 151 4.5. Análise dos Resultados do IAAOETA............................................................ 151 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 153 5.1.Resultados Obtidos com a Aplicação do Pré-Questionário para Caracterização das ETAs .................................................................................................................... 154 5.1.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG).................................................... 154 5.1.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG)............................................................. 182 5.2. Resultados do Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais.................. 194 5.2.1. ETA do DMAES de Ponte Nova ............................................................. 195 5.2.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG)............................................................. 223 5.3.Resultados da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs ................ 242 5.3.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG).................................................... 242 5.3.2. ETA do SAAE de Itabirito ...................................................................... 273 5.3.3. Comparação dos resultados obtidos com a utilização do checklist no DMAES e no SAAE ......................................................................................... 301 5.4 . Análise Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA............................................... 310 5.4.1. Análise Geral .......................................................................................... 310 5.4.2. Análise do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs ...................... 311 5.4.3. Análise do LAIA ..................................................................................... 312 5.4.4. Análise da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs.............. 314 5.4.5. Conclusão Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA .................................... 315 6. CONCLUSÃO..................................................................................................... 316 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 319 APÊNDICE A - PRÉ-QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DE ETA ................................................................................................................................. 333 XXIII APÊNDICE B – PLANILHA PARA LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS................................................................................... 353 APÊNDICE C – LISTA PARA VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) AMBIENTAL DE ETAS ....................................................................................................................... 354 APÊNDICE D – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS (DMAES) ................................................................. 388 APÊNDICE E – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS (SAAE)..................................................................... 397 APENDICE F – RESULTADOS DO CHECKLIST (DMAES) ............................. 404 APENDICE G – RESULTADOS DO CHECKLIST (SAAE) ................................ 411 XXIV 1. INTRODUÇÃO A World Health Organization (WHO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promoveram em 2006 o estudo intitulado “Meeting the MDG Drinking Water and Sanitation Target: the Urban and Rural Challenge of the Decade” que avalia vários índices a respeito da cobertura populacional pelos serviços de saneamento. Até 2004, os dados da pesquisa indicavam que cerca de 1,1 bilhões de pessoas no mundo estavam sem acesso à quantidade mínima de água potável necessária para uma sobrevivência saudável e 2,6 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial, viviam sem condições adequadas de saneamento básico como, por exemplo, serviços de água tratada e esgoto. No estudo “Progress for Children” de 2006, patrocinado pela UNICEF, estima-se que fatores como a má qualidade da água, falta de água para uso na higiene pessoal (Ex: banho, descarga de sanitários...) e a falta de acesso a serviços de saneamento (Ex: tratamento de água e esgoto, coleta de lixo...) contribuem, juntos, com 88% das mortes de crianças, com menos de cinco anos de idade, relacionadas com doenças cujo principal sintoma é a diarréia, o que corresponde a 1,5 milhões de indivíduos. Ainda referindo-se aos dados do estudo “Progress for Children”, dos 120 milhões de crianças nascidas, em média, por ano no mundo inteiro, a metade vive em famílias sem acesso à serviços de saneamento básico e um quinto vive em locais sem acesso à fontes de água potável o que se constitui num grave risco à vida dessas crianças. Portanto, como se vê através dos números das pesquisas citadas anteriormente, a qualidade da água utilizada para consumo humano tem uma grande influência sobre a saúde das pessoas. Caso não possua características físicas, químicas e microbiológicas adequadas pode ocasionar em surtos de doenças e sérias epidemias. Os riscos a saúde que são associados à água, podem ser de curto prazo, quando resultam da poluição hídrica causada por elementos microbiológicos ou químicos, e de médio e longo prazo quando resultam do consumo regular, durante meses ou anos, de água contaminada com produtos químicos, como certos metais pesados ou pesticidas que se acumulam no organismo dos indivíduos resultando tardiamente na manifestação de sérias doenças. 1 Atualmente, devido à intensa utilização de mananciais de água para a dispersão e diluição de poluentes (Ex: despejo de esgoto, lançamento de efluentes industriais…), no transporte hidroviário e na geração de energia hidroelétrica, dentre vários outros usos, tornam a qualidade da água natural da maioria dos rios e lagos no mundo inadequada para consumo humano. Assim, o tratamento da água bruta para abastecimento público assume um papel importantíssimo para bilhões de pessoas em todo o mundo através da garantia de segurança no consumo de seu produto final que é a água potável. As tecnologias de tratamento da água são dependentes da qualidade da água bruta do manancial escolhido para a captação no sistema de abastecimento. Di Bernardo (2002) classifica as tecnologias de tratamento em cinco tipos: tratamento em ciclo completo, floto-filtração, filtração direta ascendente, filtração direta descendente e dupla filtração. O primeiro tipo, tratamento em ciclo completo ou convencional, como também é conhecido, é um dos mais utilizados e por ser também o mais indicado para águas brutas de baixa qualidade, que é o caso de grande parte dos mananciais situados próximos às grandes cidades. Cordeiro & Campos (1999) fazem uma interessante analogia entre os processos de tratamento de água e os industriais. Segundo os autores, os sistemas de tratamento de água podem ser chamados de “indústrias da água”, pois assim como numa atividade industrial, a potabilização da água transforma uma água bruta (matéria-prima) em um produto final que é a água tratada, utilizando para isso os produtos químicos e energia elétrica (insumos). Neste processo, geram-se ainda resíduos que são a água de lavagem de filtros e o lodo de decantadores. Cabe-se ressaltar um importante fato que diz respeito à disposição destes resíduos que, na grande maioria das Estações de Tratamento de Água (ETA), é feita através de seu lançamento in natura nos corpos d’água sem que seja feito qualquer tipo de tratamento prévio. Parsekian (1998) numa avaliação feita em 11 ETAs do estado de São Paulo, detectou que apenas uma tratava adequadamente o lodo químico utilizando um leito de secagem, as outras dez ETAs lançavam este resíduo em corpos d’água. Outros estudos sobre a caracterização físico-química dos lodos de decantadores (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; SOUZA, 2 2004) e das águas de lavagem de filtros (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) indicam que vários dos seus parâmetros químicos estão acima de valores limites pré-estabelecidos na atual legislação que regula o enquadramento de corpos d’água e o lançamento de efluentes nos mesmos. Segundo os estudos, o lodo químico excede os valores de diversos metais que podem ser tóxicos a biota aquática dos mananciais como o alumínio, chumbo e cádmio, dentre outros. Já a água de lavagem de filtro apresenta altos valores de alumínio cujos sintomas por intoxicação em humanos, manifestam-se principalmente no sistema nervoso. A partir dessas observações, define-se o seguinte problema: “O sistema de gerenciamento de uma ETA apresenta características administrativas e operacionais suficientemente adequadas para o atendimento de questões relacionadas ao meio ambiente?”. Para responder a esta pergunta, procurou-se desenvolver um método de avaliação que permitisse identificar, durante as rotinas gerenciais e operacionais, características do processo de tratamento de água que pudessem afetar negativamente o meio ambiente e, além disso, verificar quais as medidas de controle que a empresa pode dispor para corrigir ou mitigar possíveis impactos ambientais. Esta metodologia desenvolvida foi chamada de Instrumento de Análise Ambiental e Operacional para ETAs com base na NBR ISO 14001:2004 (IAAOETA) e foi dividida em três partes: o Elaboração de um Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, cujo objetivo é determinar o fluxo operacional dentro de uma ETA, identificando estrutura de responsabilidades no local, sistema de documentação e registros, procedimentos realizados e unidades do sistema de tratamento de água relacionados a ETA. o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) relacionado às ETAs, que é uma recomendação na norma NBR ISO 14001:2004 no sentido de identificar quais as características do processo que possuem interfaces positivas ou negativas com questões relacionadas ao meio ambiente. 3 o Elaboração de Lista para Verificação (Checklist) Ambiental, dividida em duas partes: Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e Desempenho Gerencial e Operacional. Na primeira parte, verifica-se qual o grau de atendimento das práticas gerenciais e operacionais aos requisitos da NBR ISO 14001:2004, uma norma internacionalmente reconhecida que contém várias diretrizes importantes para a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) capazes de controlar e tratar características ambientais negativas do processo de produção da empresa. Na segunda parte, elabora-se um sistema para avaliar o desempenho gerencial e operacional de ETAs de ciclo completo, objetivando verificar quais características do processo necessitam ser otimizadas ou corrigidas a fim de que se obtenham informações para melhorar o desempenho da ETA e assim evitar desperdícios, minimizar resíduos e controlar riscos ambientais e de saúde e segurança ocupacional. Para testar o instrumento proposto realizou-se a sua aplicação em duas ETAs de ciclo completo de médio porte localizadas no Estado de Minas Gerais:a ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova, na Bacia do Rio Doce e a ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito, na Bacia do Rio das Velhas. Considera-se que através dos resultados dos dois estudos de caso, foi possível traçar perfis detalhados sobre o comportamento das empresas avaliadas em relação ao meio ambiente. As informações obtidas com a aplicação do Instrumento para Análise Ambiental de ETAs apresentam descrições do fluxo operacional do tratamento de água, assim como as deficiências gerenciais e operacionais encontradas a partir dos critérios estabelecidos por este trabalho. Assim, concluiu-se que o instrumento elaborado demonstrou-se bastante eficaz em cumprir a finalidade a qual se propõe que é a análise do nível de atendimento das empresas de saneamento às questões ambientais relacionadas às suas atividades. A estrutura deste trabalho é composta de oito capítulos e sete apêndices. 4 No segundo capítulo são apresentados os objetivos geral e específicos deste trabalho. No terceiro capítulo é feita uma revisão bibliográfica sobre a atual situação ambiental no Brasil e no mundo, história de surgimento da NBR ISO 14001 e suas aplicações em casos reais, a cobertura dos serviços de saneamento, os sistemas de tratamento de água no Brasil, os resíduos deste tratamento e o impacto ambiental causado por eles. No quarto capítulo realiza-se a apresentação da metodologia do Instrumento de Análise Ambiental para ETAs e de seus três componentes: Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) e a Lista de Verificação (“checklist”) Ambiental e do Desempenho Gerencial e Operacional de ETAs. No quinto capítulo é realizada a apresentação e discussão dos resultados obtidos nos dois estudos de caso realizados. O sexto capítulo trata das principais conclusões encontradas neste trabalho. No sétimo capítulo são apresentadas as referências bibliográficas. No apêndice A encontra-se o Pré-Questionário para Caracterização de ETAs. No apêndice B, encontra-se o modelo de planilha para realização de Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais segundo o que recomenda a NBR ISO 14001:2004. No apêndice C, encontra-se a Lista de Verificação (Checklist) Ambiental e do Desempenho Gerencial e Operacional de ETAs. Nos apêndices D e E, listam-se respectivamente, os resultados do LAIA nos estudos de caso realizados no DMAES e SAAE. Finalmente, nos apêndices F e G, são listados, respectivamente, os resultados dos checklists dos dois estudos de caso realizados no DMAES e SAAE. 5 2. OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho foi a elaboração e aplicação de um instrumento que possibilite realizar uma análise ambiental e operacional dos sistemas de gerenciamento aplicados a estações de tratamento de água de ciclo completo de pequeno e médio portes. Tendo como base a NBR ISO14001:2004 e diversas fontes bibliográficas sobre o processo de tratamento convencional da água, buscou-se traçar como objetivos específicos os seguintes itens: • elaboração de pré-questionário para caracterização dos processos e atividades de ETAs de médio porte (segundo deliberação normativa COPAM 74/04) • aplicação de método, conforme recomendações da NBR ISO14001:2004, para levantamento de aspectos e impactos ambientais associados ao tratamento da água; • elaboração de uma lista de verificação (checklist) para a avaliação do desempenho operacional e ambiental das estações de tratamento de água; • realização de dois estudos de casos por meio da aplicação do instrumento de análise ambiental e operacional de ETAs visando analisar a aplicabilidade do instrumento elaborado; • analisar o desempenho gerencial ambiental e operacional das duas ETAs estudadas. 6 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Gestão Ambiental 3.1.1. Conceitos e Instrumentos de Gestão Ambiental Diversas transformações significativas que têm ocorrido no meio ambiente natural ao longo das últimas décadas vêm pressionando governos e empresas a considerarem, com empenho e comprometimento cada vez maiores, o impacto causado à natureza pelas atividades antrópicas. Como exemplos dessas transformações podem-se citar a escassez de recursos naturais em algumas regiões do planeta, problemas de saúde humanos causados pelos altos índices de poluição, crescimento demográfico acelerado, altas taxas de desmatamento, alterações climáticas (Ex: efeito estufa, inversão térmica), grandes acidentes ambientais (Ex: derramamento de petróleo do Exxon Valdez, vazamento de gás na indústria química de Bhopal na Índia), salinização de solos, extinção de espécies animais e vegetais, dentre outras. Também ao longo desse período, tornou-se cada vez mais necessária a implantação de práticas governamentais e empresariais que diminuíssem ou controlassem estes impactos negativos sobre o meio ambiente. Desenvolvida a partir da década de 1970, a Gestão Ambiental visa atingir o objetivo de tornar sustentáveis as atividades de uma empresa ou governo a partir da adoção de um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos que cobrem desde a fase de concepção de projeto até a eliminação efetiva dos impactos ambientais gerados pelo empreendimento depois de implantado e durante todo o período do seu funcionamento. Além disso, a gestão ambiental deve contribuir também para a melhoria contínua das condições ambientais, de segurança e saúde ocupacional de todos os seus colaboradores e para um relacionamento sadio com os diversos segmentos da sociedade (VALLE, 2002). Gestão ambiental para Barbieri (2006) é um conjunto de diretrizes e de atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio 7 ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que elas surjam. A evolução da gestão ambiental é dividida, segundo Moreira (2001), em três fases: alienação, gestão ambiental passiva e gestão ambiental proativa. A primeira fase é referente ao período anterior a 1970, em que ocorreu intensa fase de crescimento industrial, mas com uma legislação ambiental ainda incipiente. A segunda fase é marcada pela conferência de Estocolmo, promovida pela ONU em 1972 e a crise do petróleo, e abrange as décadas de 1970 e 1980. Nesse período, houve grande desenvolvimento da legislação ambiental e iniciativas das empresas com métodos de controle da poluição no final de linha. A terceira e atual fase, iniciou-se a partir da década de 1990 e é marcada pela Conferência Rio-92, realização de vários acordos internacionais como a Carta de Roterdã e o Protocolo de Kyoto, realização de ações preventivas para evitar a poluição durante o processo de produção (Método middle-ofpipe) e criação das normas empresariais para combate à poluição (Ex: BS 7750, série ISO 14000, Responsible Care). Em relação a origem de cada um dos instrumentos de gestão ambiental atualmente utilizados, Barbieri (2006) os classifica em: Políticas Públicas Ambientais e Gestão Ambiental Empresarial. Tabela 1– Instrumentos de Gestão Ambiental. Instrumentos de Política Pública Ambiental Gênero Espécies o Padrão de Emissão. o Padrão de Qualidade Ambiental. o Padrão de Desempenho Ambiental. o Padrões Tecnológicos. Comando e Controle o Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e processos. o Licenciamento Ambiental. o Zoneamento Ambiental. o Estudo Prévio de Impacto Ambiental. 8 Tabela 1 (Continuação) – Instrumentos de Gestão Ambiental. o Tributação sobre Poluição. o Tributação sobre o Uso de Recursos Naturais. o Incentivos Fiscais para Reduzir Emissões e Conservar Recursos. o Financiamentos em Condições Especiais. Econômico o Criação e Sustentação de Mercados de Produtos Ambientalmente Saudáveis. o Permissões Negociáveis. o Sistema de Depósito-Retorno. o Poder de Compra do Estado. o Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. o Educação Ambiental. Outros o Criação de Unidades de Conservação. o Informações ao Público sobre Meio Ambiente. Instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial o Códigos de Conduta Empresarial. o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). o Sério ISO 14000. o Auditoria Ambiental. o Avaliação de Desempenho Ambiental de Produto ou Processo. o Análise de Ciclo de Vida de Produtos. Fonte: Modificado de Barbieri (2006) Como se observa no quadro acima, os instrumentos de Política Pública Ambiental, além de ter a origem de suas ações advindas da administração pública, têm um caráter obrigatório traduzido na forma de regulamentos legais impostos às empresas. Já, os instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial têm um caráter voluntário, uma vez que a adoção dos mesmos não é obrigatória. A seguir, cada um dos tipos de Instrumentos de Gestão Ambiental é discutido mais detalhadamente. 9 A) Instrumentos de Política Pública Ambiental A Política Pública Ambiental (PPA) é um conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação de que o Poder Público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente. Dentre os principais instrumentos de PPA estão os de Comando e Controle e os Econômicos (BARBIERI, 2006). Os Instrumentos de Comando e Controle (ICC) se caracterizam por uma regulação direta, objetivando alcançar as ações que degradam o meio ambiente através da limitação ou condicionamento do uso de bens, da realização de atividades e o exercício de liberdades individuais em benefício da sociedade como um todo. São exemplos característicos de ICC as normas legais que visam a estabelecer padrões ou níveis de concentrações máximos aceitáveis de poluentes. Os Instrumentos Econômicos (IE) realizam uma regulação indireta em que procuram influenciar o comportamento das pessoas e das organizações em relação ao meio ambiente, utilizando medidas que representem benefícios ou custos adicionais para elas. Os exemplos mais típicos de IEs são as taxas de coleta de esgoto que se baseiam no princípio do poluidor-pagador em que a cobrança do tributo visa internalizar os custos ambientais produzidos pelos particulares. Outro bom exemplo de IE é a cobrança pelo uso d’água que inclusive já foi implementada na Bacia do Paraíba do Sul. Dentre os dois tipos de instrumentos de PPA citados, os que predominam no Brasil são os ICCs que atualmente são representados por uma grande diversidade de leis desenvolvidas para o controle ambiental dos diversos setores produtivos do país. Duas dessas leis se tornaram importantes marcos regulatórios que foram utilizados para o desenvolvimento da gestão ambiental pública no país. O primeiro deles é a Política Nacional de Meio Ambiente instituída pela lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981 e o artigo no 225 da constituição federal de 1988 que estabelecem as diretrizes para a gestão do meio ambiente no país através da divulgação de conceitos, definição da estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), punições por danos causados ao meio ambiente, dentre outras coisas. Outros regulamentos importantes são: 10 o Resolução CONAMA no 001, de 23 de janeiro de 1986 que define os critérios para se identificar as situações onde há a necessidade da realização da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e como ela deve ser feita para a obtenção da licença ambiental de empreendimentos poluidores e degradadores do meio ambiente; o Resolução CONAMA no 020, de 18 de junho de 1986 que posteriormente foi substituída pela CONAMA no 357, de 17 de março de 2005 que dispõe sobre a classificação dos corpos d’água de acordo com os seus usos preponderantes e padrões para o lançamento de efluentes; o Lei no 9.433, de 08 de janeiro de 1997, também conhecida como a Lei das Águas, é responsável pelo estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos que define a estrutura de gerenciamento para este recurso e institui importantes princípios como a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, usos múltiplos da água, reconhecimento do valor econômico da água, gestão descentralizada e participativa, e por último, em caso de escassez de recursos hídricos, o seu uso preferencial será para o abastecimento humano e a dessedentação de animais; o Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, que dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; o Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Ainda que a legislação ambiental brasileira seja bastante desenvolvida e atualizada em relação às diversas questões ambientais locais, regionais e mundiais, a sua aplicação vem enfrentando problemas principalmente por duas razões principais que são a escassez de recursos financeiros e humanos nos órgãos públicos de fiscalização ambiental, e a fraca integração inter e intragovernamental dos diversos órgãos ambientais com órgãos de outros setores que não raramente rejeitam interferências 11 ambientais com a justificativa de que elas restringiriam o sucesso dos planos a serem implementados (MOTTA, 1996). Conseqüentemente a opção por IEs tem sido abordada como uma ferramenta complementar aos tradicionais ICCs anteriormente comentados ou mesmo como uma alternativa aos ICCs. Teoricamente, ao fornecerem incentivos ao controle da poluição ou de outros danos ambientais, os IEs permitem que o custo social de controle ambiental seja menor e podem ainda fornecer aos cofres do governo local a receita de que tanto necessitam. No entanto, os custos administrativos associados aos IEs podem ser mais elevados. As exigências de monitoramento e outras atividades de fiscalização continuam, como no caso do ICC, podendo haver a necessidade de esforços adicionais de administração face às mudanças institucionais e de projeto que surgem da aplicação dos IEs (MOTTA et al, 1996). Dentre os IEs mais conhecidos, Barbieri (2006) destaca: o Tributação sobre emissões (emission taxes and charges) encargos cobrados sobre a descarga dos poluentes, geralmente calculados com base nas características dos poluentes e nas quantidades emitidas. o Tributação sobre a utilização de serviços públicos de coleta e tratamento de efluentes (user taxes and charges). o Tributação que incide sobre preços de produtos que geram poluição ao serem utilizados em processos produtivos ou pelo consumidor final, como as taxas cobradas sobre derivados de petróleo, carvão, baterias, pneus, produtos que contém Cloro Flúor Carbonetos (CFCs). o Tributação baseada em alíquotas diferenciadas (taxes differentiation) sobre produtos, gravando os produtos de acordo com seu grau de impacto ambiental, com o objetivo de induzir a produção e o consumo dos produtos mais benéficos ao meio ambiente. Outros tipos de IEs, citados pelo autor, e que não são tributos, são os sistemas de depósito-retorno e permissões de emissões negociáveis. O primeiro IE citado funciona 12 através de um depósito na aquisição de determinados produtos, cujos resíduos (ex: embalagens de agrotóxicos, cascos de refrigerantes) ao serem devolvidos nos pontos de venda servem como desconto na compra de outra unidade do mesmo produto. Este desconto é na verdade o depósito que foi feito anteriormente pelo consumidor e que está retornando a ele por não ter lançado os resíduos no meio ambiente e sim levado a um local para onde o resíduo será reciclado ou corretamente destinado. O segundo tipo de IE é derivado de um mercado de permissões negociáveis que funciona através da compra e venda de certificados de emissões onde o detentor destes documentos tem o direito de poluir até a soma da quantidade de seus títulos e poderão vender seus títulos extras, nos casos em que poluir menos do que ele tem direito. Os títulos disponíveis são dependentes dos níveis totais de poluição fixados por cada governo. Um exemplo típico deste IE é o Protocolo de Kyoto que após o estabelecimento de um nível máximo de produção de gases estufa, permitiu a criação de permissões de emissão e a negociação entre as empresas envolvidas. Mendes & Motta (1997) citam como principais vantagens dos IEs a geração de receita fiscal e tarifária pela cobrança de taxas, tarifas ou certificados; o uso de tecnologias menos intensivas em bens e serviços ambientais que seriam estimuladas pela redução da despesa fiscal obtida em virtude da redução da carga poluente ou da taxa de extração; evitam os dispêndios, muito comuns nos ICCs, em pendências judiciais para aplicação de penalidades; sistema de taxação progressiva ou de alocação inicial de certificados pode ser efetivado segundo critérios distributivos em que a capacidade de pagamento de cada agente econômico seja considerada. B) Instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial A Gestão Ambiental Empresarial (GAE) consiste basicamente na inserção de variáveis ambientais nos processos administrativos das empresas, onde o objetivo principal é promover a melhoria do desempenho ambiental, tornando as atividades das empresas ambientalmente sustentáveis. 13 Dentre as possíveis abordagens para a GAE, Barbieri (2006) cita três possibilidades: controle da poluição, prevenção da poluição e estratégica. A primeira abordagem é caracterizada por uma postura reativa da empresa em relação aos assuntos de meio ambiente que implementa práticas internas a fim de cumprir o que é estabelecido pela legislação ambiental aplicável às atividades desenvolvidas pela organização. Já a prevenção da poluição, frequentemente envolve a remodelagem de processos de produção a fim de otimizar o uso de energia e de insumos, diminuindo a geração de resíduos na fonte e minimizando assim os gastos com tratamento destes resíduos. O último tipo de abordagem para a GAE é a estratégica que representa hoje o que há de mais moderno em gestão ambiental e visa através das ações ambientais de controle e prevenção da poluição a obtenção de uma posição vantajosa do seu atual negócio em relação aos dos concorrentes. No Brasil, como conseqüência do desenvolvimento da legislação de meio ambiente, a GAE se desenvolveu basicamente sob uma postura reativa, característica da abordagem de controle da poluição, onde as empresas desenvolveram práticas em suas linhas de produção voltadas para o atendimento de padrões legais. Apesar disso, com a globalização de mercados e o aumento da concorrência nos mais diversos setores comerciais, as empresas têm gradativamente alterado essa postura reativa para uma proativa embasada numa visão estratégica onde o meio ambiente deixa de ser apenas mais um encargo, para se tornar uma oportunidade de negócio através da melhoria da imagem das empresas e da otimização das linhas de produção ao diminuir custos com gastos em insumos e tratamento de resíduos. Oliveira (2005) realizou uma análise do comportamento do setor empresarial brasileiro identificando, através da compilação de vários estudos realizados, as principais motivações para o investimento em ações ambientais. Em todos os casos, o atendimento a requisitos legais foi o fator considerado de maior influência, segundo a opinião dos administradores das diversas empresas avaliadas, o que confirma a informação do parágrafo anterior. Já a partir do segundo lugar pode-se observar que as principais motivações das empresas em investir no setor de meio ambiente são de ordem 14 estratégica o que confirma um início de mudança de postura das empresas em relação às questões ambientais. Fonte: Oliveira (2005). Figura 1– Gráfico sobre a motivação para investimentos ambientais em valores percentuais. Foram compilados os resultados de três diferentes pesquisas. Outro trabalho que reflete a evolução da questão ambiental nas empresas do Brasil foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede o Investimento em Controle Ambiental das Indústrias no Brasil no período de 1997-2002 (IBGE, 2007). Segundo a pesquisa, a quantia de dinheiro investido no controle ambiental passou de R$2,2 bilhões, em 1997, para R$4,1 bilhões em 2002, representando um crescimento de 83,9%. Em 1997, apenas 3.823 empresas investiram em controle ambiental, número que subiu para 6.691 em 2002 – um aumento de 75,0%. Em 1997, havia uma alta concentração dos investimentos em controle ambiental nos setores de alimentos e bebidas; já em 2002 a maior concentração passou para as divisões de fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool. 15 Um outro dado interessante revelado pela pesquisa é que as 3.823 empresas que investiram em controle ambiental no período pesquisado, em 1997 representavam 34,1% do valor de transformação industrial no país. Em 2002, essa participação subiu para 48,1%, o que indiretamente revela que o investimento em controle ambiental é realizado principalmente pelas grandes organizações provavelmente devido ao maior capital disponível para investimentos deste tipo, além da maior dimensão de distribuição dos seus negócios que atingem frequentemente mercados europeus, cujos consumidores apresentam elevado nível de conscientização ambiental nas tomadas de decisão a respeito do produto a ser consumido. Dentre os instrumentos de GAE mais utilizados, Barbieri (2006) cita como principais os códigos de conduta (Ex: Responsible Care), normas da família ISO 14000, análise do ciclo de vida de produtos e serviços, avaliação do desempenho ambiental, auditorias ambientais e sistemas de gestão ambiental. Os Códigos de Conduta são medidas de auto-regulação representadas por iniciativas tomadas pelas empresas ou por setores da indústria para empreender e disseminar práticas ambientais que promovam uma maior responsabilidade das empresas quanto às questões ambientais, mediante a adoção de padrões, monitorações, metas de redução da poluição e assim por diante. Num sentido mais amplo, pode-se dizer que é uma das diversas maneiras de equilibrar as forças de mercado e distribuir de maneira mais justa, em termos monetários, os danos que a sociedade está suportando como efeito da modificação da qualidade do meio ambiente (SANCHES, 2000). As normas da família ISO 14000, tiveram sua formulação iniciada após a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Rio-92. São normas voltadas para uniformizar as diversas ações da GAE e atuam nas áreas de sistemas de gestão ambiental, rotulagem ambiental, análise do ciclo de vida, avaliação de desempenho ambiental de empresas e auditoria ambiental. Nos próximos capítulos desta revisão, as normas ISO 14000 serão abordadas de maneira mais detalhada. A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas 16 que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo até a disposição do produto final. Dentre as principais utilizações para a ACV estão a identificação de partes do processo que são passíveis de melhorias, seleção de diferentes materiais para compor um produto (Ex: garrafa de plástico ou de vidro), avaliação do custo ambiental na fabricação de determinados produtos (CHEHEBE, 1998). A Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) consiste na definição de indicadores ambientais para que seja efetuada a medição, análise e avaliação do cumprimento de metas e objetivos ambientais pré-estabelecidos em programas de gestão ambiental pelas empresas. Os indicadores de desempenho ambiental devem ser específicos para determinada área e podem incluir, por exemplo, quantidade de efluentes ou emissões atmosféricas por unidade de produto ou por peso da embalagem. Atualmente a ADA nas empresas é orientada pela norma ISO 14031 que estabelece os critérios para a elaboração de indicadores ambientais e formas de fazer a medição do desempenho ambiental (VALLE, 2002). A Auditoria Ambiental é um instrumento utilizado pelas empresas para auxiliá-las a controlar o atendimento a políticas, práticas, procedimentos e requisitos estabelecidos com o objetivo de evitar a degradação ambiental. Dentre os principais tipos de auditoria citam-se a de conformidade legal, de desempenho ambiental, de sistema de gestão ambiental, de certificação, de descomissionamento, de responsabilidade (due dilligence), de sítios e pontual (LA ROVERE, 2001). Dentre os tipos citados anteriormente, a realização periódica da auditoria de conformidade legal é estabelecida como obrigatória por leis em diversos estados e municípios: Rio de Janeiro – Lei no 1.898, de 26/11/91; Minas Gerais - Lei no 10.627, de 16/01/92; Espírito Santo - Lei no 4.802, de 02/08/93; Santos (SP) - Lei no 790, de 05/11/91; São Sebastião (SP) - Lei no 848, de 10/04/92; Vitória (ES) - Lei no 3.968, de 15/09/93. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), segundo Barbieri (2006), é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar problemas 17 ambientais atuais ou evitar o seu surgimento. A realização de ações pontuais, episódicas ou isoladas não configura um SGA que requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação de atividades e avaliação dos resultados. Um SGA pode ser elaborado pela própria empresa ou através da utilização de modelos genéricos propostos por entidades nacionais ou internacionais ou pela adoção de normas. Dentre os principais modelos estão o SGA proposto pela International Chamber of Commerce (ICC), o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (Emas), a norma BSI 7750 e, a mais famosa mundialmente, ISO 14001 que traça as diretrizes para implantação de um SGA e que é adotada por vários países. Nos próximos itens desta revisão bibliográfica, a ISO 14001 será discutida em maiores detalhes como o surgimento, processo de elaboração, princípios e requisitos contidos nesta norma, estatísticas sobre a adoção desta norma e os benefícios em implantá-la numa empresa. 3.1.2. A ISO 14000 A) Histórico e Estrutura da Série ISO 14000 A International Organization for Standartization (ISO) é uma organização não governamental mundial que congrega institutos de normalização de 157 países. Ela foi fundada em 1947 e possui sede em Genebra na Suíça. O seu principal objetivo é a proposição de normas que representem o consenso dos diferentes países para homogeneizar métodos, medidas, materiais e seu uso, em todos os domínios de atividades, exceto no campo eletro-eletrônico cuja responsabilidade é da International Electrotecnical Comission (IEC) (MOREIRA, 2001). O trabalho de desenvolvimento da série ISO 14000 teve início no ano de 1991 com a criação do Strategic Advisory Group on the Environment (SAGE), sendo que as primeiras normas (ISO14001, 14004, 14010, 14011 e 14012) foram publicadas somente a partir de 1996. Antes disso, muitas organizações já vinham implementando sistemas de gestão ambiental baseados em alguns documentos base como a BS 7750 criado pela 18 British Standard Institution (BSI) em 1992 e a regulamentação voluntária do Plano de Ecogestão e Auditoria (EMAS) da Comunidade Européia (HARRINGTON, 2001; BARBIERI, 2006). Em 1993, o SAGE recomendou a criação do Technical Committee 207 (TC 207) que foi subdividido em seis subcomitês internacionais, responsáveis pela elaboração das respectivas normas citadas: • SC 1 – coordenado pelo British Standards Institution do Reino Unido é responsável pela elaboração das normas relativas a Sistemas de Gestão Ambiental: ISO14001 e ISO14004. • SC 2 – coordenado pelo Nederlands Normalisatie- Instituut dos Países Baixos é responsável pelos grupos de trabalho que elaboram as normas de Auditoria Ambiental: ISO19011 e ISO14015. • SC 3 – coordenação realizada pelo Standards Australia International sediado na Austrália e é responsável pelas normas referentes à Rotulagem Ambiental: ISO14020, ISO14021, ISO14022, ISO14023, ISO14024 e ISO14025. • SC 4 – o American National Standards Institute, localizado nos EUA, é responsável pela elaboração das normas sobre Avaliação de Desempenho Ambiental: ISO14031 e ISO TR 14032. • SC 5 – este subcomitê técnico é coordenado pela Association Française de Normalisation localizada na França e é responsável pela elaboração das normas ambientais sobre Avaliação do Ciclo de Vida: ISO14040, ISO14041, ISO14042 e ISO14043. • SC 6 – é coordenado pelo Norges Standardiserings-forbund da Noruega e se responsabiliza pela elaboração das normas de apoio que apresentam os Termos e Definições necessários ao entendimento do restante das outras normas da série: ISO14050 e ISO GUIA 64. 19 Cada um dos subcomitês é subdividido em Grupos de Trabalho (Working Groups – WG). A cada um é dado um tema específico para que seja trabalhado e o seu resultado componha as normas de cada área. A seguir, estabelecem-se as relações entre os grupos de trabalho e seus subcomitês. o SC 1 – Sistemas de Gestão Ambiental o WG 1 (Reino Unido) – Especificações. o WG 2 (Canadá) - Guia o SC 2 – Auditoria Ambiental e Investigações relacionadas o WG 1 (Canadá) – Princípios Gerais o WG 2 (Estados Unidos) – Processamento de Auditoria o WG 3 (Reino Unido) – Critérios de Qualificação. o WG 4 (Canadá) – Avaliação de Lugares. o SC 3 – Rotulagem Ambiental o WG 1 (Suécia) – Rótulos Baseados em Múltiplos Critérios. o WG 2 (Canadá) – Autodeclaração. o WG 3 (Estados Unidos) – Princípios e Diretrizes o SC 4 – Avaliação do Desempenho Ambiental o WG 1 (Estados Unidos) – Avaliação do Desempenho de SGA o WG 2 (Noruega) – Avaliação de Sistemas Operacionais o SC 5 – Avaliação do Ciclo de Vida o WG 1 (Estados Unidos) – Princípios Gerais e Procedimentos 20 o WG 2 (Alemanha) – Análise de Inventário Geral o WG 3 (Japão) – Análise de Inventário Específico o WG 4 (Suécia) – Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida o WG 5 (França) – Interpretação o SC 6 – Termos e Definições (O SC 6 já é o próprio grupo de trabalho) Elaborados o TC 207, os seus subcomitês e seus respectivos grupos de trabalho, o processo de emissão das normas segue um conjunto padrão de etapas até chegar à versão final que é a própria norma (MOREIRA, 2001). o Preliminary Work Item (WI) – Estágio preliminar onde se realiza a análise do tema. o New Work Item Proposal (NP) – O tema é proposto e votado quanto à sua aceitação para ser objeto de uma norma internacional. o Working Draft (WD) – Primeira minuta de trabalho a ser submetida à votação do comitê responsável pelo tema. o Committee Draft (CD) – Minuta que obteve a aprovação do comitê responsável. o Draft of International Standard (DIS) – Minuta que já pode ser considerada um projeto de norma internacional com possibilidade de ser aplicada experimentalmente e ser objeto inclusive de certificação. o Final Draft of International Standard (FDIS) – Minuta final, aprovada pelo comitê responsável e sujeita a pequenas alterações. o International Standard (IS) – Versão final, aprovada e publicada pela ISO. Em 1994, ao notar o potencial de impacto das questões ambientais sobre o comércio externo do país, setores expressivos da economia brasileira se uniram à ABNT para 21 participar do processo de elaboração das normas da série ISO 14000. Para realização desse objetivo, cria-se o GANA – Grupo de Apoio à Normalização Ambiental. A partir de 1996, as primeiras normas da série ISO 14000 começam a ser publicadas em âmbito mundial. As duas primeiras normas ISO 14001 e 14004 foram posteriormente revisadas e republicadas em 2004. As outras três normas publicadas em 1996 (ISO 14010, 14011 e 14012) foram substituídas pela ISO 19011 no ano de 2002, cujos requisitos se aplicam tanto a gestão ambiental quanto a de qualidade, com o objetivo de integrar ambas as áreas. Na tabela 2, é feita uma coletânea das normas da série ISO 14000 que estão em uso atualmente. Elas são separadas em grupos de acordo com a área temática de cada uma. Tabela 2– Grupo de normas da família ISO 14000. NÚMERO DA GRUPO DE NORMAS NORMA TÍTULO DA NORMA Sistema de Gestão Ambiental – Especificação ISO 14001:2004 Sistemas de Gestão Ambiental (SC1) e Diretrizes para Uso Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes ISO 14004:2005 Gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio Gestão Ambiental: Comunicação Ambiental – ISO 14063:2006 Diretrizes e Exemplos Gestão Ambiental – Avaliação Ambiental de ISO 14015:2001 Auditoria Locais e Organizações Ambiental (SC2) Diretrizes para Auditorias de Sistemas de ISO 19011:2002 Gestão da Qualidade e/ou Ambiental (substitui as normas ISO 14010, 14011 e 14012) Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios ISO 14020:2000 Gerais Rótulos ISO 14021:1999 Rotulagem e Declarações Ambientais – Reivindicações de Autodeclarações Ambientais Ambiental – Rotulagem Ambiental do Tipo II (SC3) Rótulos ISO 14024:1999 e Declarações Ambientais – Rotulagem Ambiental do Tipo I Princípios e Procedimentos Rótulos ISO 14025:2000 e Declarações Ambientais Declarações Ambientais do Tipo III. 22 – Tabela 2 (Continuação)– Grupo de normas da família ISO 14000. Avaliação do Desempenho Gestão Ambiental – Diretrizes para Avaliação ISO 14031:1999 do Desempenho Ambiental Ambiental (SC4) Gestão Ambiental – Exemplos de Avaliação do ISO/TR 14032:1999 Desempenho Ambiental – Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de ISO 14040:2006 Vida - Princípios e Estrutura Gestão Ambiental: Avaliação do Ciclo de Vida ISO 14041:1998 – Objetivos e Escopo, Definições e Análise de Inventários Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida ISO 14042:2000 – Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida Avaliação do Ciclo de Vida (SC5) Gestão Ambiental: Avaliação do Ciclo de Vida ISO 14043:2000 – Interpretação Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida ISO 14044:2006 – Requisitos e Diretrizes Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida ISO/TR 14047:2003 – Exemplos de Aplicação da Norma ISO14042. Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida ISO/TR 14049:2000 Termos e Definições (SC6) Aspectos Ambientais em Normas de Produtos – Exemplos de Aplicação da Norma ISO14041 ISO 14050:2002 Gestão Ambiental: Vocabulário Guia para Inclusão de Aspectos e Impactos Guia ISO 64 Ambientais em Normas de Produtos Integração ISO/TR 14062:2002 de Aspectos Ambientais no Desenvolvimento de Produtos Fonte: Valle (2002), Barbieri (2006) As normas ISO 14000 são de uso voluntário e não prevêem a imposição de limites próprios para a medição da poluição, padronização de produtos, níveis de desempenho, etc. São concebidas como um sistema orientado para aprimorar o desempenho das organizações por intermédio da melhoria contínua de sua gestão ambiental, sem a pretensão de impor índices e valores mínimos (VALLE, 2002). 23 Cada grupo de normas foi elaborado por determinado comitê. As normas desenvolvidas podem ser divididas entre as que são próprias para empresas (SC1, SC2 e SC4) e as que são para voltadas para produtos e processos (SC3, SC5 e Aspectos Ambientais em Normas de Produtos). No caso das normas relacionadas a Aspectos Ambientais em Normas e Produtos, estava previsto que estas seriam elaboradas por um SC7, entretanto, este subcomitê foi desativado devido a uma falta de consenso sobre o assunto e pelas inúmeras interfaces que ele deveria manter com os demais subcomitês técnicos. Um grupo de trabalho (WG), vinculado diretamente ao presidente do TC 207, está incumbido dos aspectos ambientais em normas e produtos (BARBIERI, 2006). O primeiro subcomitê (SC1) trata sobre SGA e possui duas normas publicadas. A ISO 14001 é a única norma da série ISO 14000 que apresenta um processo de certificação já estabelecido. Esta norma apresenta diretrizes que exigem basicamente: a implantação de um SGA que atenda aos requisitos da ISO 14001, cumprimento da legislação ambiental aplicável a organização e o compromisso com a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. É interessante observar que essa primeira norma não estabelece níveis de desempenho ambiental (Ex: limites de emissão de poluentes atmosféricos, concentração de efluentes...), em outras palavras, pode-se dizer que a ISO 14001 define os elementoschave que constroem um SGA sem definir com precisão o modo como devem ser organizados ou implementados, permitindo assim que cada organização estabeleça seu SGA de acordo com as próprias necessidades. Já a ISO 14004 tem um caráter informativo que complementa a ISO 14001 ao esclarecer termos desta norma e se utilizar de exemplos para implementação de cada requisito da 14001 na empresa (HARRINGTON, 2001). As normas sobre auditoria ambiental (SC2) e avaliação do desempenho ambiental (SC4) são dois tipos de instrumentos de gestão ambiental que permitem avaliar o status da atuação ambiental da organização e identificar as áreas ou funções que necessitam de melhorias. A Auditoria Ambiental é uma avaliação periódica para verificar o funcionamento do SGA baseado na ISO 14001 e assegura a base da credibilidade a todo o processo de certificação ambiental. Já a Avaliação do Desempenho Ambiental, propõe critérios para a criação de indicadores ambientais, medição, análise e determinação do 24 desempenho ambiental da empresa o que permite confrontar os resultados com o que foi estabelecido previamente nos objetivos e metas do SGA estabelecido (BARBIERI, 2006; VALLE, 2002). A Rotulagem Ambiental já é um processo praticado em vários países, entretanto, apresentam diversas formas de abordagem e de objetivos. Atualmente no mundo existem mais de vinte programas de selos (BVQI, 2004), sendo os principais apresentados abaixo: Tabela 3– Lista dos principais programas de rotulagem ambiental no mundo. DATA DE PAÍS NOME DO PROGRAMA Alemanha Blue Angel 1977 Canadá Environmental Choice 1988 Japão Eco Mark 1989 Países Nórdicos White Swan 1989 Suécia Good Environmental Choice 1990 Nova Zelândia Environmental Choice 1991 Áustria Austrian Eco-Label 1991 Austrália Environmental Choice 1991 França NF – Environment 1992 União Européia European Flower (EcoLabel) CRIAÇÃO 1992 Fonte: BVQI (2004). A fim de harmonizar esses programas nacionais, foram incluídas normas de rotulagem ambiental (SC3) na série ISO 14000 que têm validade internacional. Os selos ou rótulos ambientais visam informar os consumidores ou usuários sobre as características benéficas ao meio ambiente presentes em produto ou serviço específico, como por 25 exemplo, biodegradabilidade, retornabilidade, uso de material reciclado, eficiência energética, entre outras características. Segundo Barbieri (2006), os rótulos ambientais podem ser divididos em: o Tipo I: criados por entidades independentes ou de terceira parte. São aplicáveis aos produtos que apresentem certos padrões ambientais desejáveis na sua categoria. A norma que trata deste tipo de rótulo é a ISO 14024 que estabelece critérios para a criação de programas voluntários de terceira parte que indicam a preferência por determinado produto devido suas características menos poluentes. Ex: Anjo Azul. o Tipo II: este tipo de rótulo é conhecido como auto-declaração que é feita sem uma certificação independente o que costuma ser bastante contestado tendo em vista que quem faz essa declaração é a própria empresa que fabrica o produto. A norma que regula esse tipo de rótulo é a ISO 14021 que estabelece que as autodeclarações devem ser verificáveis, referir-se a aspectos relevantes do produto, específicas e claras em relação às qualidades ambientais do produto. Ex: produtos fabricados com madeira reflorestada, biodegradáveis. o Tipo III: regulado pela ISO 14025, esse tipo de rótulo traz informações sobre dados ambientais de produtos, quantificados de acordo com um conjunto de parâmetros previamente selecionados e baseados na avaliação do ciclo de vida. Os atributos ambientais medidos no produto devem permitir compará-lo a outros produtos semelhantes facilitando a escolha do consumidor. Ex: selo do Procel que mede o consumo de energia de eletrodomésticos. A Análise do Ciclo de Vida de Produtos (ACV) é uma técnica para a avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo à disposição final do produto (CHEHEBE, 1998). Esta ferramenta foi desenvolvida na década de 60 incentivada pela crise do petróleo que gerou um grande aumento no preço do barril desse combustível e acabou fazendo com que as empresas re-avaliassem a eficiência energética dos seus 26 processos através de estudos baseados na ACV. Entretanto, os diversos estudos que surgiram a partir dessa época não apresentavam critérios padronizados o que impedia a confiabilidade nos resultados obtidos, assim iniciou-se a busca pela padronização da ACV. A primeira entidade a tentar normalizar os estudos de ACV foi a Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC), cujas publicações e seminários serviram de base para a ISO elaborar as próprias normas sobre ACV. As normas da série ISO 14040 são voltadas para definir como devem ser realizadas cada uma das etapas da ACV (definição do objetivo e escopo, realização e análise de inventário, avaliação do impacto ambiental e interpretação dos resultados), a documentação dos resultados dos estudos e a sua forma de divulgação. Com a elaboração desse balanço material e energético é possível determinar quantitativamente os efeitos da fabricação do produto sobre o ar, a água e o solo. Entre os benefícios alcançados com a aplicação dessas normas estão a redução de poluentes, melhor controle de riscos ambientais e o desenvolvimento de produtos menos nocivos ao meio ambiente (VALLE, 2002). Por último temos as normas ISO 14050, que é a responsável pelos termos e definições utilizados nas normas da série ISO 14000 e a ISO/TR 14062, e a Guia ISO 64 que se destina a alertar sobre aspectos relacionados ao meio ambiente (Ex: economia de energia e matérias-primas, cuidados com transporte e distribuição e a destinação de embalagens, dentre outras coisas) que devem ser considerados quando se especifica e projeta um produto. B) A ISO 14001 e o PDCA De todas as normas citadas anteriormente, a ISO 14001 é a mais difundida, pois estabelece diretrizes gerais para implementação de Sistemas de Gestão Ambiental em empresas e é auditável, o que consequentemente permite a emissão de certificados de conformidade por uma terceira parte independente que são os organismos certificadores (Ex: BVQI, ABS, DNV...) credenciados no Brasil pelo INMETRO. 27 Um SGA baseado na ISO 14001 desenvolve-se em relação aos aspectos ambientais significativos que são elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente apresentando um impacto ambiental significativo. Realiza-se então um planejamento adequado para controlar, corrigir ou minimizar esses impactos ambientais. A partir deste ponto, são implantadas modificações nas práticas operacionais administrativas a fim de se melhorar o desempenho ambiental e todos os resultados destas mudanças são registrados para que sejam, posteriormente, verificados e analisados quanto à eficiência do que foi implementado, podendo ou não se modificar o que foi planejado de forma a se atender os objetivos estabelecidos. Segundo Ferreira (2005), os pilares de um SGA baseado na ISO 14001 são: o Prevenção no lugar da correção; o Planejamento de todas as atividades, produtos e processos; o Estabelecimento de critérios; o Coordenação e integração entre as partes (subsistemas); o Monitoração contínua; o Melhoria contínua. Essa norma possui como estrutura básica, o ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act) que envolve as fases de Planejamento, Implementação, Verificação e Correção e proporciona à empresa a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. A metodologia de PDCA foi criada na década de 1930 para uso na área de qualidade. Ela permite a elaboração de planos de trabalho para qualquer área problema de modo contínuo, tornando-se assim um método básico para alcançar permanentemente novos padrões de desempenho (BARBIERI, 2006). A figura 2 representa o ciclo do PDCA e as cinco etapas necessárias para a implantação e manutenção de um SGA eficaz: (i) elaboração de uma política ambiental e 28 estruturação da equipe de meio ambiente da empresa, (ii) desenvolvimento de um plano para a implementação do SGA, (iii) implementação e operação do SGA, (iv) monitoramento e ações corretivas e (v) análise crítica pela alta administração da empresa. MELHORIA CONTÍNUA Política de Meio Ambiente Planejamento Implementação Verificação e e Operação Ação Corretiva Figura 2– Ciclo do PDCA, segundo a NBR ISO14001. Moreira (2001) resume as partes do PDCA da seguinte maneira: o Planejamento, que inclui o estabelecimento de metas e a definição de como alcançá-las; o Execução ou Implementação, que inclui o treinamento necessário, a execução do processo e a coleta de dados; o Verificação, que pressupõe a comparação dos resultados obtidos com as metas estabelecidas; o Ação Corretiva, que visa a eliminar a causa dos problemas identificados. O processo de melhoria contínua, segundo Caffin (apud MESQUITA & ALLIPRANDINI, 2003, p.21-22), apresenta diversos níveis de desenvolvimento: 29 o Nível 1 (melhoria contínua natural): a organização não tem nenhuma das habilidades essenciais e nenhum dos comportamentos-chave está presente. Mas pode ter alguma atividade de melhoria, como a solução de um problema que ocorre ao acaso. o Nível 2 (melhoria contínua formal): há mecanismos capacitadores alocados e evidência de que alguns aspectos dos comportamentos-chave estão começando a ser desempenhados conscientemente. Características comuns deste nível são: solução sistemática do problema, treinamento no uso de ferramentas simples de melhoria contínua e introdução de veículos apropriados para estimular o envolvimento. o Nível 3 (melhoria contínua dirigida para a meta): a organização está segura de suas habilidades e os comportamentos que as suportam se tornam norma. A solução de problema é direcionada para ajudar a empresa a atingir suas metas e objetivos, havendo monitoramento e sistemas de medição eficientes. o Nível 4 (melhoria contínua autônoma): a melhoria contínua é amplamente autodirigida, com indivíduos e grupos fomentando atividades a qualquer momento que uma oportunidade aparece. o Nível 5 (capacidade estratégica em melhoria contínua): a organização tem todo o conjunto de habilidades e todos os comportamentos que as reforçam tornam-se rotinas engrenadas. No caso específico da NBR ISO 14001:2004, o conjunto de requisitos exigidos para a implementação de um SGA conduz as empresas aos níveis 3 à 5 de melhoria contínua, pois a norma exige da administração uma visão estratégica sobre o meio ambiente, em que o conjunto de ações para resolver os problemas ambientais deve possuir um caráter sistemático, ou seja, ser realizadas a partir de um planejamento, com a definição de uma estrutura para a sua execução (Ex: recursos, treinamento...), verificação da conformidade com o que foi planejado (Ex: auditoria) e análise da efetividade das ações e identificação de falhas que ocorreram no planejamento ou na execução. Além disso, a postura exigida da empresa é que ela seja proativa no sentido de não somente esperar as 30 oportunidades de melhoria aparecerem, mas indo atrás delas através de mecanismos de identificação de aspectos e impactos, além do estímulo na participação de todos os funcionários do SGA na resolução de problemas o que é gerado a partir dos treinamentos e conscientizações a respeito da importância da ISO 14001 não só para a empresa, mas também para todos os funcionários. C) Requisitos Normativos da NBR ISO 14001:2004 Com a finalidade de se demonstrar o conteúdo da NBR ISO 14001:2004, esta parte faz uma listagem de todos os requisitos desta norma ambiental e discute resumidamente o conteúdo de cada um. Assim, procura-se facilitar a compreensão de duas partes da metodologia desenvolvidas por este trabalho que são o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) e o Checklist Ambiental. Seguem os requisitos da norma, cuja numeração foi mantida como no documento original NBR ISO 14001:2004 da ABNT: Item 4.1 - Requisitos Gerais A norma ISO14001 neste requisito determina que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) deve ser implantado segundo a filosofia do PDCA ( “Plan, Do, Check, Act”) visando sua melhoria contínua. Além disso, exige que o escopo (abrangência do sistema, seus limites e atores envolvidos) do SGA seja definido e documentado. Item 4.2 - Política Ambiental A Política Ambiental de uma empresa irá definir os compromissos ambientais da mesma e oferece uma base sobre a qual a organização irá planejar seus objetivos e suas metas. A norma exige que a política: • seja apropriada à natureza da atividade, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Em termos práticos, isto significa que ao ler a 31 política qualquer pessoa seja capaz de identificar qual o tipo de empreendimento e quais os impactos ambientais são gerados por ele; • inclua explicitamente em seu texto o comprometimento com a melhoria contínua e a prevenção da poluição; • inclua comprometimento em atender requisitos legais e outras normas pertinentes relacionados aos aspectos ambientais da atividade; • forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais. Nas empresas geralmente isto é feito através das reuniões de análise crítica; • seja documentada, implementada e mantida; • seja divulgada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome (ex: serviços terceirizados); • esteja disponível para o público em geral (ex: internet, divulgação em jornais, rádio e televisão). Item 4.3 - Planejamento Consiste na primeira etapa para a implantação do SGA. Nesta fase é realizado um diagnóstico do estado do atual sistema de gestão vigente e identificadas as necessidades do mesmo para atingir um patamar compatível ao preconizado pela NBR ISO 14001: 2004. Geralmente é feita simultaneamente com a elaboração da política ambiental. Sub-Item 4.3.1 - Aspectos Ambientais Dentro do escopo definido para o SGA da organização, deve existir procedimento documentado para a identificação de aspectos e impactos ambientais derivados das atividades, produtos e serviços da mesma. Além disso, deve ser elaborado um filtro de significância para separar os aspectos ambientais em significativos (aqueles que devem ser controlados ou corrigidos pelo plano de SGA) e não significativos (os que podem ser desprezados). 32 Sub-Item 4.3.2 - Requisitos legais e outros Este item estabelece que deva existir procedimento para a identificação de requisitos legais aplicáveis aos seus aspectos ambientais. Também deve ser determinado como esses requisitos legais se aplicam aos seus aspectos ambientais. Sub-Item 4.3.3 - Objetivos, metas e programa(s) Os objetivos e metas ambientais devem ser estabelecidos pela alta administração da organização. A sua formulação deve ser baseada nos aspectos ambientais significativos, nos requisitos legais pertinentes e na sua mensurabilidade (cada meta deve possuir indicadores de desempenho para verificar o seu cumprimento). Além disso, a organização deverá considerar suas opções tecnológicas, requisitos financeiros, operacionais, comerciais e a visão das partes interessadas. Isto significa dizer que a organização deve considerar antes de estabelecer seus objetivos e metas ambientais se ela tem a capacidade de alcançá-los. A norma recomenda que seja criado dentro da empresa programa específico para atingir os objetivos e metas ambientais. No seu conteúdo devem constar obrigatoriamente: • distribuição de responsabilidades para cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos em cada função e nível pertinente da organização; • os meios (recursos financeiros, tecnologias a serem adquiridas, mudanças de procedimentos, contratação de consultores...) e o prazo (tempo) no qual estes devem ser atingidos. Item 4.4 - Implementação e operação Concluída a etapa de planejamento passa-se à implementação do SGA na empresa. Nesta fase procede-se à destinação de recursos e atribuição de responsabilidades para funcionamento do SGA, treinamento de recursos humanos, procedimentos de 33 comunicação interna e externa, documentação do sistema, elaboração de procedimentos de controle operacional e preparação para resposta a emergências ambientais. Sub-Item 4.4.1 - Recursos, funções, responsabilidades e autoridades Este requisito exige que a empresa assegure recursos financeiros e humanos, além de infra-estrutura organizacional para a manutenção e a evolução do SGA. As funções, responsabilidades e autoridades deverão ser definidas, documentadas e divulgadas a todos os setores da empresa com a finalidade de estabelecer uma gestão ambiental eficaz. A elaboração e divulgação de um organograma de estrutura e responsabilidade satisfazem este item. A alta administração deve indicar representante(s) da administração o(s) qual(is) deverá(ão) ter a função, responsabilidade e autoridade para assegurar(em), junto ao quadro de funcionários, que os requisitos da norma estão sendo atendidos e também para comunicar à própria alta administração sobre o desempenho do SGA. Sub-Item 4.4.2 - Competência, treinamento e conscientização A organização deve se assegurar que qualquer pessoa que realiza, para ela (ex: prestadores de serviço) ou em seu nome (ex: terceirizados), tarefas com potencial impacto ambiental significativo, seja competente com base em formação apropriada, treinamento ou experiência, devendo reter os registros comprobatórios. As necessidades de treinamento, associadas a atividades cujos aspectos ambientais sejam significativos, deverão ser identificadas e providências para atendimento dessas necessidades deverão ser tomadas (ex: prover treinamento especializado). Os registros de treinamento deverão ser retidos. Devem existir procedimentos para que pessoas que trabalhem para a empresa ou em seu nome estejam conscientes: • da importância de estar em conformidade com a política ambiental e com os requisitos do SGA; 34 • dos aspectos e impactos ambientais significativos associados ao seu trabalho e dos benefícios decorrentes da melhoria do seu desempenho pessoal; • de suas funções e responsabilidades dentro do SGA; • das potenciais conseqüências da inobservância de procedimentos especificados. Sub-Item 4.4.3 - Comunicação Com relação aos seus aspectos ambientais e ao SGA a empresa deve estabelecer procedimentos para: • a comunicação interna entre vários níveis e funções da empresa; • recebimento, documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas de partes interessadas externas. Também deve ser decidido se haverá comunicação externa sobre seus aspectos ambientais significativos, devendo essa decisão ser documentada. Sub-Item 4.4.4 - Documentação A documentação do SGA deverá incluir: • política, objetivos e metas ambientais; • descrição do escopo do SGA; • descrição dos principais elementos do SGA e sua interação e referência aos documentos associados; • documentos, incluindo registros, que sejam requeridos pela norma; • documentos, incluindo registros, determinados pela organização como sendo necessários para o funcionamento do PDCA e controle eficaz dos processos associados aos seus aspectos ambientais significativos. 35 Sub-Item 4.4.5 - Controle de documentos Em relação ao controle de documentos, a organização deverá estabelecer procedimentos para: • aprovar documentos quanto à sua adequação antes do uso; • analisar e atualizar os documentos; • assegurar que as alterações e a atual situação da revisão esteja devidamente identificada; • assegurar que as versões relevantes dos documentos aplicáveis estejam disponíveis em seu ponto de uso; • assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis; • assegurar que documentos de origem externa (ex: outorgas, licenciamentos...) determinados como necessários para planejamento e operação do SGA estejam identificados e sua distribuição seja controlada; • prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e utilizar identificação adequada nestes, caso sejam retidos. Sub-Item 4.4.6 - Controle operacional Todas as operações que estejam associadas com os aspectos ambientais significativos (identificados na etapa de planejamento) deverão ser realizadas sob condições especificadas através de: • estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos documentados para controlar situações onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à política, objetivos e metas ambientais; • determinação de critérios operacionais nos procedimentos; 36 • estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos associados aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e serviços utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço. Sub-Item 4.4.7 - Preparação e resposta à emergências A organização deve estabelecer um plano de atendimento à emergências decorrentes de acidentes que possam causar impacto(s) ambiental(is). Devem ser criados procedimentos para identificação de riscos potenciais, resposta à emergências e prevenção ou mitigação dos impactos ambientais. A empresa deverá testar periodicamente esses procedimentos (ex: através de simulações) e analisar e revisar os mesmos com base nos resultados das simulações. Item 4.5 - Verificação Devem ser elaboradas formas de avaliar e monitorar se o planejamento e a implementação do SGA estão funcionando de acordo com o desejado pela norma. Para isto, a produção e controle adequado dos registros de processos e atividades torna-se um item essencial para o sucesso da etapa de verificação. Sub-Item 4.5.1 - Monitoramento e medição Devem ser estabelecidos, implementados e mantidos procedimentos para monitoramento e medição das características principais de operações que possam ter um impacto ambiental significativo. Os procedimentos incluem a documentação de informações para monitorar o desempenho, controles operacionais pertinentes e a conformidade com objetivos e metas ambientais propostos. Equipamentos de monitoramento e medição calibrados ou verificados devem ser utilizados e mantidos, e os registros associados aos mesmos devem ser retidos em local de fácil acesso. 37 Sub Item 4.5.2 - Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 4.5.2.1 - Coerentemente com seu compromisso a atendimento aos requisitos legais (feito na política ambiental) devem ser elaborados procedimentos para verificar o atendimento aos mesmos. Os registros dos resultados deverão ser retidos. 4.5.2.2 - O atendimento a outros requisitos subscritos pela organização também deverá ser avaliado assim como exigido no item 4.5.2.1. Os registros dos resultados também deverão ser retidos. Sub-Item 4.5.3 - Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva Devem ser elaborados procedimentos para tratar as não-conformidades reais e potenciais, e para executar ações corretivas ou preventivas. Assim. Devem ser definidos requisitos para: • identificar e corrigir não-conformidades e executar ações para mitigar os impactos ambientais; • investigar não-conformidades, investigar suas causas e executar ações para evitar a sua repetição; • avaliar a necessidade de ação para prevenir não-conformidade e implementar ações para evitar sua ocorrência; • registrar os resultados das ações corretivas e preventivas executadas; • analisar a eficácia das ações corretivas e preventivas executadas. Recomenda-se que as ações sejam adequadas à magnitude dos problemas e aos impactos ambientais encontrados. Deve-se assegurar que sejam feitas as mudanças necessárias (decorrentes das correções ou ações preventivas) na documentação do SGA. 38 Sub-Item 4.5.4 - Controle de registros A organização deverá manter os registros necessários para avaliar a conformidade com os requisitos do seu SGA e da NBR ISO 14001:2004. Devem ser estabelecidos, implementados e mantidos procedimentos para a identificação, armazenamento, proteção e recuperação, retenção e descarte de registros. Os registros devem permanecer legíveis, identificáveis e rastreáveis. Sub-Item 4.5.5 - Auditoria interna As auditorias internas devem ser periodicamente realizadas para: • determinar se o SGA está funcionando conforme o planejado e se sua implementação foi adequada e está sendo mantida; • fornecer informações à alta administração. Deverá ser estabelecido, implementado e mantido um programa de auditoria interna levando-se em conta importância ambiental das operações e resultados de auditorias anteriores. Nos procedimentos de auditoria deverão ser tratadas as responsabilidades para planejamento e condução de auditorias, relato dos resultados e do registro das informações obtidas. Além disso, devem ser determinados critérios, freqüência, escopo e métodos utilizados. As auditorias e os auditores devem assegurar a objetividade e imparcialidade do processo. Item 4.6 - Análise pela administração Baseada nos resultados das etapas da verificação (ex: resultados das auditorias internas) a alta administração deverá analisar periodicamente o SGA implantado. Oportunidades 39 de melhoria e alterações no SGA devem ser consideradas e as decisões tomadas registradas e mantidas. A norma exige que as entradas para análises pela administração incluam: • resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento aos requisitos legais e outros subscritos pela organização; • comunicação(ões) proveniente(s) de partes interessadas externas, incluindo reclamações; • o desempenho ambiental da organização; • extensão na qual foram atendidos objetivos e metas; • situação das ações corretiva e preventivas; • ações de acompanhamento das análises anteriores; • mudanças de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em requisitos legais e outros relacionados aos aspectos ambientais; • recomendações para melhoria. As saídas pela análise da administração devem incluir quaisquer decisões e ações relacionadas à possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos e metas e em outros elementos do SGA, consistentes com a melhoria contínua. D) Estrutura para Certificação de Empresas na ISO 14001:2004 A certificação pode ser definida como um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da relação comercial com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. Estes requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou internacionais (ABNT, 2007). 40 As atividades de certificação podem envolver: análise de documentação, auditorias/inspeções na organização, coleta e ensaios de produtos, no mercado e/ou na fábrica, com o objetivo de avaliar a conformidade e sua manutenção. No Brasil, o processo de certificação faz parte do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) que é constituído por entidades públicas e privadas que exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização, qualidade industrial e certificação de conformidade (INMETRO, 2007a). O SINMETRO foi instituído pela lei no 5966 de 11 de dezembro de 1973 para criar uma infra-estrutura de serviços tecnológicos capaz de avaliar e certificar a qualidade de produtos, processos e serviços por meio de organismos de certificação, rede de laboratórios de ensaio e de calibração, organismos de treinamento, organismos de ensaios de proficiência e organismos de inspeção, todos acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). Dentre as organizações que compõem o SINMETRO, as seguintes podem ser relacionadas como principais: o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) e seus Comitês Técnicos o INMETRO. o Organismos de Certificação Acreditados, (Sistemas da Qualidade, Sistemas de Gestão Ambiental, Produtos e Pessoal) – OCC. o Organismos de Inspeção Credenciados – OIC. o Organismos de Treinamento Credenciados – OTC. o Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência Credenciado – OPP. o Laboratórios Credenciados – Calibrações e Ensaios – RBC/RBLE. o Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. 41 o Institutos Estaduais de Pesos e Medidas – IPEM. o Redes Metrológicas Estaduais. No caso específico da certificação em ISO 14001 no Brasil, três organismos, já citados acima, fazem parte deste processo: o ABNT: é o órgão que representa a ISO no Brasil. Participa de vários comitês responsáveis por elaborar as diversas normas ISO. o INMETRO: possui acordo com o International Acreditation Forum (IAF) para acreditação de OCCs no Brasil. A acreditação é um processo que avalia aspectos legais, financeiros e técnicos da empresa solicitante (OCC) e realiza auditorias nesta empresa e auditorias-avaliação-testemunha nas empresas clientes do solicitante. o OCC: são supervisionados pelo INMETRO e responsáveis por certificar as empresas que implantam SGA baseados na ISO 14001. No Brasil, existem atualmente 21 OCCs: Bureau Veritas Quality Evaluation (BVQI), Det Norske Veritas (DNV), American Bureau of Shipping (ABS), Fundação Carlos Alberto Vanzolini (FCAV), dentre outros (INMETRO, 2007b). O processo de certificação de uma empresa na ISO 14001 inicia-se com a escolha de um OCC, seguido da prestação de informações pela empresa para que a OCC faça um orçamento do serviço e seja assinado um contrato entre as partes. Feito isto, a empresa solicitante envia o manual do seu SGA e qualquer outra documentação necessária ao OCC para que sua equipe de técnicos planeje a auditoria que irá indicar se o SGA implantado pela empresa está em conformidade ou não com a ISO 14001. Concluída a etapa de avaliação com a aprovação da empresa na auditoria, os auditores a recomendam para certificação. O OCC analisa a recomendação que, sendo aprovada, resulta na emissão do certificado ISO 14001 que é válido por três anos e pode ser renovado após um processo de re-certificação (MOREIRA, 2001). 42 E) Motivação e Benefícios Advindos da Implantação da ISO 14001 Para dar uma estimativa do sucesso da ISO 14001, a ISO publica anualmente o relatório “ISO Survey” o qual é elaborado a partir do fornecimento de dados provenientes de organismos de acreditação e certificação espalhados por todo o mundo. O objetivo desta publicação é traçar um panorama sobre quais países são certificados nas diversas normas produzidas pela ISO, qual o número de empresas certificadas em cada um e qual o crescimento de um ano para o outro no número de certificações. Em sua última e até então mais recente edição do ano de 2005, o relatório revela os seguintes números em relação a ISO 14.001: o Existiam até o final de 2005, 111.162 empresas certificadas em todo o mundo. o Essas empresas estão espalhadas por 138 diferentes países. o O Japão possui o maior número de certificações: 23.466. o O Brasil possui 2.061 empresas certificadas e é líder absoluto nesta área na América Latina (possui 70% do total de certificações).. O ranking dos dez países com maior número de certificações em ISO 14001 é descrito pelo gráfico a seguir. 43 Japão 23466 China 12683 Espanha 8620 Itália 7080 Reino Unido 6055 EUA 5061 República da Coréia 4955 Alemanha 4940 Suécia 3682 0 5000 10000 15000 20000 25000 Fonte: “Iso Survey 2005”. Figura 3– Ranking dos países com maiores números de certificações ISO 14001 até dezembro de 2005. Segundo Nakamura et al (2001) o Japão é líder mundial no número de certificações ISO 14001 devido à um histórico de acidentes ambientais com grandes reflexos sobre a saúde da sua população como foi o caso do envenenamento por mercúrio na Baía de Minamata e altos índices de asma devido ao alto grau de poluição atmosférica de cidades como Kawasaki e Yokkaichi. Além disso, outro fator que segundo os autores influencia a adoção desta norma ambiental pelas empresas japonesas é a baixa riqueza de recursos naturais do país o que gera um custo mais alto na aquisição de matériasprimas e, portanto, torna-se necessário que a produção industrial seja a mais otimizada o possível com o mínimo de desperdício a fim de se manter competitiva no mercado, um dos principais benefícios adquiridos por empresas que tem SGA baseado na ISO 14001. A China ainda que bem distante do líder Japão, apresenta-se com grande crescimento anual no número de certificações o que a levou a ocupar a segunda posição neste ranking. Zeng et al (2005) afirma que o país tem experimentado grande crescimento econômico desde a reforma e abertura política em 1978, entretanto, o rápido desenvolvimento causou intensa degradação ambiental tornando a China um dos países com maiores índices de poluição do mundo inteiro. O mesmo autor realizou um 44 trabalho com o objetivo de identificar as razões que levaram as empresas chinesas a adotarem a ISO 14001. Dentre todas, as cinco principais foram: decisão da alta administração das empresas, conscientização de gerentes das empresas, benefícios da ISO 14001, requisitos legais, coerção legal. É importante notar que os três primeiros apresentam um caráter voluntário e os dois últimos fazem já fazem parte do esforço do governo chinês em estruturar um sistema de leis ambientais capazes de servir como base para diminuição dos problemas ambientais no país. Delmas (2002) faz uma análise da distribuição das certificações ISO 14001 em todo o mundo. Até dezembro de 1999, 52% das certificações se localizavam na Europa Ocidental e 36% em países da Ásia. Naquela época as companhias americanas contabilizavam apenas 4,5% do total de certificações o que, comparado a representatividade dos Estados Unidos no comércio mundial, é muito pouco. Segundo o próprio autor, essa disparidade de resultados se devia a falta de incentivo nas políticas governamentais dos Estados Unidos, enquanto que na Europa Ocidental havia um grande encorajamento para que as empresas de lá adotassem o conjunto de normas voluntárias para o meio ambiente. Dentre as principais medidas de incentivo na Europa encontram-se o fornecimento de suporte técnico para implantação de SGA nas empresas e divulgação da boa imagem das empresas certificadas em ISO 14001 fazendo com que empresas não certificadas também buscassem a certificação. Além do incentivo governamental e da redução de desperdícios nos processos, vários outros fatores podem explicar a popularidade e a aceitação das normas ISO 14000 em todo o mundo. Harrington (2001) apresenta as seguintes vantagens obtidas pelas empresas através da certificação ambiental: o Acesso ao Mercado. Normas de Gestão Ambiental como a ISO 14001 são para empresas de muitos países, pré-condições para a realização de negócios. Vários são os casos de processos por acidentes ambientais em todo o mundo. Uma empresa certificada pela ISO 14001 é vista pelas suas contrapartes nos negócios como uma parceira confiável e que apresenta um baixo risco de envolvimento em acidentes ambientais e conseqüentes gastos com reparação de danos. 45 o Gestão da Conformidade. Um dos requisitos da ISO 14001 é que a empresa certificada cumpra todos os regulamentos legais pertinentes as suas atividades. Assim, o SGA garante o cumprimento de forma sistemática de toda a legislação ambiental aplicável. o Incentivos Reguladores. Muitos órgãos públicos de fiscalização ambiental buscam oferecer incentivos para que as empresas se certifiquem em ISO 14001. Esses incentivos podem ser na forma de inspeções menos freqüentes, atenuação de multas, menos rigor na exigência de relatórios. o Redução da Responsabilidade e do Risco. Incidentes custam caro. Um SGA eficaz garante uma forma de identificar sistematicamente o risco e a responsabilidade ambiental. o Melhor Acesso ao Seguro. As seguradoras reconhecem que a implementação de um SGA eficaz é um sinal do devido empenho e comprometimento para o bom desempenho ambiental.Isso pode facilitar a aquisição do seguro e também de diminuir seu custo. o Melhor Acesso ao Capital de Baixo Custo. Investidores e Credores reconhecem a implantação de SGA como uma característica relevante para a liberação de acesso ao capital para as empresas. Muitos investidores realizam a investigação do desempenho ambiental da empresas antes de investir nelas e vários bancos exigem pré-requisitos ambientais para liberarem pedidos de empréstimo. o Melhoria na Eficiência do Processo. O comprometimento com a prevenção a poluição é requisito obrigatório da Política Ambiental de um SGA certificado. Assim, de forma a se cumprir objetivos e metas estabelecidos, torna-se necessária a reavaliação de processos e tecnologias a fim de se reduzir desperdícios e minimizar resíduos. o Melhoria no Desempenho Ambiental. A reavaliação dos objetivos e metas e o princípio da melhoria contínua promovem dentre várias conseqüências a melhoria do desempenho ambiental da empresa. 46 o Redução de Custos / Aumento da Receita. O comprometimento com a prevenção à poluição geralmente resultam na diminuição de gastos com energia e água, além da redução na geração de resíduos o que gera menor gasto com seu tratamento e/ou disposição. Com essa economia gerada, as empresas se tornam mais competitivas. o Melhoria na Relação com Fornecedores. Existe um grande benefício advindo do cumprimento de certas metas de política ambiental pelos fornecedores. Várias empresas impõem restrições ambientais nos termos e condições de seus contratos para reduzir o próprio risco e responsabilidade. o Melhoria nas Relações com Outros Detentores de Interesses. A ISO 14001 preconiza em um de seus requisitos a comunicação externa de seu SGA, tanto no recebimento quanto na resposta de reclamações ou exigências ambientais. Nos dias atuais é muito importante a manutenção de uma boa relação com as comunidades no entorno em que as empresas operam, assim como com grupos ambientalistas, acadêmicos e de pesquisas. Esses grupos podem exercer forte influência sobre a preferência do consumidor final do produto fabricado pela empresa. o Melhoria na Imagem Pública. Esse item é sem dúvida alguma, um dos maiores benefícios proporcionados pela certificação ISO 14001. A imagem positiva é um benefício adquirido que representa um grande diferencial em mercados consumidores de países de primeiro mundo onde existe uma maior conscientização sobre a importância de produtos ”ambientalmente corretos”. Segundo levantamento feito por Raines (2002), em 131 empresas certificadas pela ISO 14001 espalhadas por 15 países diferentes, os principais benefícios advindos do processo de implementação do SGA nas empresas são a economia no consumo de água, energia-elétrica e matéria-prima, além do aumento do grau de conscientização dos funcionários em relação ao desempenho ambiental das empresas. Dentre os três principais motivos que levaram as empresas a optarem pela implementação da ISO 14001 estão o desejo de demonstrar uma liderança ambiental e manter boas relações de 47 vizinhança com a comunidade no entorno da empresa, a economia gerada pela redução dos desperdícios e a melhora de imagem da empresa no mercado consumidor. Em uma pesquisa feita na região industrial de Chubu (Japão), onde se concentram cerca de 20% do total de certificações ISO 14001 japonesas, Mohammed (2000) realizou um levantamento em 61 empresas sobre as causas da motivação e os benefícios advindos da implementação da ISO 14001 nas empresas. Dentre as principais motivações, em ordem de importância segundo a pesquisa, estão o desenvolvimento e inserção de variáveis ambientais dentro do processo produtivo da empresa (Ex: práticas de produção mais limpas), aumentar a conscientização dos funcionários sobre a questão ambiental, melhorar a imagem da empresa frente aos consumidores e implantação de um SGA dentro da empresa. Dentre os principais benefícios destacam-se as diminuições no consumo de papel nos escritórios, uso de materiais quimicamente tóxicos, consumo de energia e de combustíveis. Gavronski (2003), numa pesquisa realizada em 63 indústrias no Brasil procurou identificar as principais motivações e vantagens da certificação ISO 14001. Dentre as principais motivações, encontram-se a garantia do cumprimento de toda a legislação ambiental pertinente às atividades da empresa e o incentivo realizados pela alta administração das próprias empresas que tinham interesses comerciais futuros voltados para a exportação de seus produtos. Os benefícios identificados na maioria das empresas foram a redução de desperdícios (Ex: água, energia, matéria-prima...), redução na geração de resíduos e também de acidentes ambientais. Segundo Silva & Medeiros (2004), em pesquisa realizada com empresas brasileiras, um dos principais obstáculos para a implantação de um SGA baseado na ISO 14001 e sua certificação é o alto custo envolvido neste processo. Esta resistência ao investimento em SGAs corrobora uma visão que ainda é muito arraigada no empresariado brasileiro que é a argumentação de que o investimento em SGA aumenta os custos de produção da empresa, consequentemente, diminuindo a sua competitividade. O grande problema envolvido nessa perspectiva é a confusão entre custos para atendimento a requisitos legais e os investimentos em programas ambientais cujo 48 retorno financeiro muitas vezes é bem maior do que o seu custo de investimento. Medidas voltadas para reduções da poluição na fonte, do consumo de água e energia e controle do riscos de acidentes ambientais, oferecem grandes economias para as empresas. Mais do que simplesmente benefícios financeiros, o SGA baseado na ISO 14001 proporciona uma mudança da cultura organizacional da empresa o que influi em todas as suas áreas. A sistematização de procedimentos facilita o controle e o supervisionamento da rotina operacional, assim como permite análise de falhas decorrentes do planejamento feito. A conscientização de funcionários, mais que somente informá-los sobre a importância de preservar a natureza demonstra aos mesmos como o desempenho deles pode afetar negativamente as questões ambientais o que cria nessas pessoas um maior senso de responsabilidade em relação às suas tarefas. A identificação de aspectos e impactos ambientais demonstra quais as características do processo produtivo das empresas podem interagir negativamente com o meio ambiente e com isso, a administração pode tomar medidas para controlar estes riscos e evitar acidentes cujos custos envolvidos na reparação dos seus danos, geralmente, envolvem grandes quantias de dinheiro. Portanto, como pode se observar, a preocupação das empresas com a questão ambiental é essencial na sua sobrevivência em um mercado econômico sujeito às constantes mudanças. Ganhos advindos da economia com insumos e ações de caráter preventivo podem garantir às empresas uma boa relação com as suas comunidades vizinhas e órgãos públicos de fiscalização ambiental, assim como estabelecer um grande diferencial em relação à concorrência frente a um mercado consumidor cada vez mais exigente. 3.1.3. O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) A NBR ISO 14004:2005 recomenda que antes da implantação de um SGA, seja realizada uma análise ambiental inicial que compreenda quatro áreas-chave: 49 o identificação de aspectos e impactos ambientais; o identificação de requisitos legais aplicáveis; o exame das práticas e procedimentos ambientais existentes; o avaliação de situações emergenciais e acidentes anteriores. Os resultados desta análise podem ser utilizados para auxiliar a empresa no estabelecimento do escopo do seu SGA, no desenvolvimento ou melhoria da sua política ambiental, no estabelecimento de seus objetivos e metas ambientais e na determinação da eficácia de sua abordagem, para manutenção da conformidade com os requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização. A análise ambiental tem o papel de informar e conscientizar a empresa em relação à sua influência sobre o meio ambiente, possibilitando um melhor entendimento sobre esta interface o que é essencial no planejamento e na execução de medidas que visem a controlar, reduzir ou corrigir impactos ambientais negativos advindos da atividade desenvolvida. Nesse contexto, a identificação ou levantamento de aspectos e impactos ambientais é um item obrigatório para qualquer empresa que queira um SGA baseado na ISO 14001, pois os resultados desta análise irão servir de base para o estabelecimento dos objetivos e metas ambientais que por sua vez, irão ditar quais as modificações deverão ser feitas no atual sistema de gestão a fim de que ele atinja a conformidade ambiental de acordo com o que preconiza a norma. A NBR ISO 14001:2004 recomenda que a organização identifique os aspectos e impactos ambientais dentro do escopo de seu SGA, levando em consideração as entradas (Ex: energia, matérias-primas, água...) e saídas (Ex: produto, efluentes líquidos, emissões atmosféricas...) associadas às suas atividades, produtos e serviços relevantes presentes, passados, planejados ou de novos desenvolvimentos, ou associadas a atividades, produtos e serviços novos ou modificados. A norma ainda recomenda que esse processo considere condições normais e anormais, condições de parada e partida, assim como situações de emergência razoavelmente previsíveis. 50 Na discussão do processo de LAIA, é importante que sejam esclarecidos dois conceitos estabelecidos pela norma NBR ISO 14001:2004 sobre aspecto e impacto ambiental. Segundo a própria norma, aspecto ambiental é o “elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente” e o impacto ambiental é “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização”. Moreira (2001) na tentativa de elucidar os conceitos estabelecidos pela NBR ISO 14001:2004 afirma que os aspectos são fatores que causam desequilíbrio ambiental e os impactos são o próprio desequilíbrio, portanto, a relação entre os dois termos seria de causa-efeito. O aspecto ambiental é algo inerente à atividade, produto ou serviço como, por exemplo: poeiras, resíduos, emissões gasosas, efluentes líquidos, consumo de energia e recursos naturais, etc. Já o impacto ambiental é uma alteração no meio ambiente (Ex: solo, ar, água, biota...) causada pela interação deste com o aspecto ambiental. Como exemplos citam-se: alterações na qualidade do ar, da água, disponibilidade de recursos naturais e etc. Tabela 4- Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais. Aspectos Ambientais (Causas) Impactos Ambientais (Efeitos) Contaminação do solo Geração e disposição de resíduos Alteração da paisagem Alteração da qualidade do ar Emissões de poluentes atmosféricos Danos à saúde da comunidade Lançamento de efluentes líquidos Alteração da qualidade da água Consumo de água/energia Comprometimento da disponibilidade do recurso Fonte: Moreira (2001). Elucidados esses conceitos de aspecto e impacto ambiental, pode-se então discutir o processo de LAIA que segundo a NBR 14004:2005 é composta por quatro etapas: (a) seleção de uma atividade, um produto ou serviço; (b) identificação do maior número de aspectos ambientais associados a atividade, ao produto ou serviço selecionado; (c) identificação do maior número de impactos ambientais associados a cada aspecto 51 identificado; e (d) a avaliação da importância ou significância de cada impacto identificado. A etapa (a) depende da experiência profissional do avaliador na atividade analisada e consiste na determinação do fluxo de produção de uma determinada fábrica ou empresa prestadora de serviços, além da identificação das entradas e saídas do sistema que não necessariamente precisam ser quantificadas. Já as etapas (b) e (c), além da experiência profissional do avaliador, exigem conhecimentos em ecologia e meio ambiente em geral, para que se possam determinar os elementos que constituem a interface entre a empresa e o meio ambiente. Como forma de auxílio, a NBR 14004:2005 cita alguns tipos de aspectos ambientais que podem ser incluídos no LAIA: emissões para o ar; lançamento na água; lançamento no solo; uso de matérias-primas e recursos naturais; questões ambientais locais; uso de energia; resíduos, dentre outros. Já para os impactos ambientais, a norma não cita exemplos, mas indica que a partir dos aspectos ambientais identificados devam ser reconhecidos os impactos positivos e negativos; potenciais e reais; e as partes do meio ambiente que podem ser afetadas o que, como já dito anteriormente, depende da capacidade de percepção do avaliador que, por sua vez, é intimamente ligada à sua experiência no ramo. A etapa (d) é a última etapa do processo de LAIA que consiste na determinação do grau de significância dos aspectos ambientais identificados. É importante observar que esta é uma parte crucial no planejamento de um SGA, pois é a partir dos seus resultados que irão ser determinados os objetivos e metas ambientais. A NBR ISO 14001:2004 em seu sub-item 4.3.1 na letra b determina que a organização deve elaborar procedimento para “determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente”. Segundo a própria NBR 14004:2005, a significância é um conceito relativo que não pode ser definido em termos absolutos. A avaliação da significância envolve a aplicação de análise técnica e do julgamento através de critérios específicos elaborados pela própria organização. A mesma norma sugere que no estabelecimento destes critérios, a 52 organização considere: fatores ambientais (Ex: escala, severidade, duração do impacto, freqüência...); requisitos legais aplicáveis e preocupações das partes interessadas (Ex: comunidades no entorno do empreendimento, ONGs). Barbieri (2006) cita ainda que devam ser considerados critérios comerciais como: dificuldade de alteração do impacto; custo para alteração e efeitos na imagem pública da empresa. Tabela 5– Exemplo de associação entre atividade, aspecto e impacto ambiental. Serviço: Transporte e Distribuição de Bens e Produtos Atividade Aspectos Impactos Reais e Potenciais Consumo de combustível Operação da Frota Esgotamento de combustíveis fósseis não-renováveis Emissão de óxidos de Poluição do ar/Aquecimento nitrogênio (NOX) Global e Mudança Climática Geração de ruído Desconforto e inconvenientes para os residentes da área Manutenção Emissão de óxidos de Poluição do ar/Aquecimento Rotineira da Frota nitrogênio (NOX) Global e Mudança Climática (incluindo trocas de Geração de resíduos de óleo) óleo Poluição do solo Fonte: NBR ISO 14004:2005. Moreira (2001) em sua proposta de um modelo geral para implantação de SGAs cita os diversos enfoques que devem ser realizados na identificação de aspectos e impactos ambientais: o Análise da situação operacional - este parâmetro indica se o aspecto ambiental é derivado de uma situação que faz parte da rotina operacional (normal); de uma situação fora do funcionamento normal, porém, que pode ser prevista, como paradas para manutenção preventiva e partida e parada de um equipamento (anormal); e situações indesejáveis, mas que podem acontecer, como um derramamento de óleo, vazamento de gás e etc (risco). 53 o Responsabilidade pela geração do aspecto - indica se o aspecto é gerado pela própria empresa (direto) ou por serviços contratados de terceiros (indiretos). o Natureza do impacto - distingue os aspectos que causam impactos benéficos ao meio ambiente (benéfico) e os que causam danos ao meio ambiente (adverso). o Relevância - é uma característica do aspecto ambiental que pode ser medido por uma conjuntura de fatores como o grau de abrangência ou extensão do dano; o grau de gravidade em relação a capacidade do meio ambiente em suportar ou reverter os efeitos do dano; a freqüência em que ocorre o dano; e a probabilidade de ocorrer os danos. o Filtros de significância - são fatores que caracterizam um aspecto ambiental como significativo dentro de um SGA. Como exemplos citam-se as situações em que as características do aspecto estiverem associados a requisitos legais e normas técnicas e onde também existirem partes interessadas envolvidas como ONGs, comunidades locais afetadas pela poluição da empresa ou órgãos ambientais, dentre outros. Carvalho (apud HENKELS; 2002, p. 43-48) cita outros critérios: o Escala - refere-se ao tamanho da área atingida pelo impacto. Outros termos similares são a abrangência, extensão e alcance. O critério de escala pode ser dividido em três categorias: isolada (mudança restrita aos limites da própria organização), limitada (a mudança expande-se para fora dos limites da organização, porém limita-se a uma região vizinha) e ampla (a mudança alastrase para áreas desconhecidas como, por exemplo, rios, mares, lençóis subterrâneos...). o Severidade – refere-se ao tamanho do dano que o impacto causa ao meio ambiente, não considerando apenas a área atingida, mas sim a gravidade do dano. Pode ser dividida em: baixa (quando não compromete a vida, embora cause danos físicos reversíveis; ou não interage com a legislação ou preocupações ambientais globais), média (causa destruição reversível da biota 54 ou causa danos irreversíveis ao meio físico sem afetar o ser humano; não interage com a legislação mas pode interagir com preocupações ambientais globais) ou alta (mudança ambiental causa alteração irreversível na biota ou causa danos ao ser humano; interage com legislação). o Probabilidade ou freqüência – refere-se à quantidade de vezes que o impacto ocorre ao longo de um período considerado. É dividido em: baixa (bastante improvável ou esporádica), média (improvável ou ocasional; registros de ocorrência ocasional) ou alta (provável ou freqüente; registro de ocorrência constante). Portanto, como se observa, existem diversos critérios ambientais que podem ser utilizados pela empresa na determinação da significância de cada aspecto ambiental, porém, a determinação de quais e quantos destes critérios irão ser utilizados no LAIA é algo que fica sob responsabilidade da própria empresa. A norma ISO 14004:2005 somente recomenda diretrizes para a realização deste procedimento, não determinando exatamente como isto deve ser feito, pois se assim o fizesse, não respeitaria as particularidades de cada empresa e assim, a ISO 14001:2004 apresentaria problemas para se adaptar a qualquer organização que é uma das suas principais propostas. Além da própria identificação dos aspectos e impactos ambientais, observa-se que o LAIA possui um outro papel que é a sensibilização dos funcionários envolvidos em processos que apresentaram aspectos ambientais significativos. Isto é extremamente importante na implantação de um SGA, cuja norma ISO 14001:2004 considera que os trabalhadores devam estar conscientes de suas funções e responsabilidades no controle de aspectos ambientais derivados da empresa. Henkels (2002) em trabalho sobre desenvolvimento de método para identificação de aspectos e impactos ambientais, também percebeu que os resultados desta ferramenta influem na sensibilização dos gestores das companhias estudadas. Além disso, auxiliam no planejamento e tomada de decisões do campo ambiental da empresa, pois, demonstram os pontos que são prioritários e que precisam ser solucionados. 55 Leripio (2001), em sua tese de doutorado, também corrobora com o que foi dito. Através da criação de uma metodologia denominada de Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais (GAIA) ele verificou que existe uma grande importância da percepção dos funcionários sobre o desempenho ambiental das empresas. As empresas que possuíam um sistema de identificação de aspectos e impactos ambientais apresentavam melhores desempenhos no atendimento ao GAIA, enquanto que as que não possuíam sistema elaborado para esse fim, apresentaram baixo nível de atendimento ao GAIA onde o autor percebe que não há uma sistemática determinada para a resolução de conflitos ambientais. Harrington (2001) alega que antes da competência do funcionário em realizar adequadamente tarefas cujos efeitos podem ser danosos ao meio ambiente, deve existir nessas pessoas a conscientização a respeito da interface entre empresa e meio ambiente. Um funcionário só apresentará um desempenho ambiental satisfatório a partir do momento em que compreender o seu próprio papel dentro do SGA e a contribuição que deve ser dada para que se alcancem os objetivos e metas ambientais estabelecidos. Portanto, os resultados do LAIA são referências essenciais para a implantação de um SGA baseado na ISO 14001:2004, pois além de servir como base para o estabelecimento dos objetivos e metas, informam e conscientizam os funcionários sobre como as atividades desenvolvidas por eles influenciam nas questões ambientais locais, regionais e globais o que pode ser um facilitador no envolvimento destas pessoas no funcionamento do SGA. 3.2. Saneamento da Água 3.2.1. Distribuição e Qualidade da Água A água ocupa aproximadamente 75% da superfície da Terra e é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva, integrando aproximadamente dois terços do corpo humano e atingindo até 98% em certos animais aquáticos, legumes, frutas e verduras. Constitui-se também no solvente universal da maioria das substâncias 56 modificando-as e se modificando em função destas. Diversas características das águas naturais advêm dessa capacidade de dissolução, diferenciando-as pelas características do solo da bacia hidrográfica que, por sua vez, imprimirão muitas das suas características. Aliada à capacidade de dissolução, a água atua como meio de transporte – em escoamento superficial e subterrâneo – permitindo que as características de um mesmo curso d’água alterem-se no temporal e espacialmente. Por fim, as características das águas naturais influenciam o metabolismo dos organismos aquáticos e são também influenciadas por ele, conferindo estreita interação entre esses seres vivos e o meio ambiente (LIBÂNIO, 2005). Diferentemente de outros seres vivos, a relação do ser humano com a água vai muito além da simples dependência fisiológica, ultrapassando esse conceito e se constituindo num importante elemento da base de sustentação sobre a qual a sociedade humana cresceu, prosperou e se desenvolveu. A água possui um importante papel como fator de consumo nas atividades humanas. No Brasil, consome-se em média, 246 m3/habitante/ano, considerando todos os usos da água, inclusive para a agricultura e indústria. Como fator de produção de bens, a larga utilização na indústria e notadamente na agricultura mostra a importância desse recurso natural (BASSOI & GUAZELLI, 2004). Em todo o mundo, a agricultura consome cerca de 69% da água captada, sendo 23% utilizados na indústria e os 8% restantes destinados ao consumo doméstico. Em termos globais pode se considerar a água como abundante, no entanto, quase sempre ela é má distribuída na superfície da Terra. Mesmo no Brasil, que é o país com a maior disponibilidade hídrica do planeta, com cerca de 13,8% do deflúvio mundial (5.744 km3/ano), essa situação não é diferente, visto que 68,5% dos recursos hídricos estão localizados na região Norte, na qual habitam cerca de 7% da população brasileira; 6% estão na região Sudeste, com quase 43% da população e pouco mais de 3% estão na região Nordeste, na qual habitam 29% da população. Agravando o problema da distribuição geográfica da água soma-se a questão da distribuição da água nos seus estados físicos (sólido, líquido e gasoso). O volume total 57 de água na Terra é de aproximadamente 1,4 bilhões de km3, dos quais apenas 2,5%, ou cerca de 35 milhões de km3, correspondem a água doce. A maior parte da água doce se apresenta em forma de gelo ou neve permanente, armazenada na Antártida e na Groenlândia, ou em aqüíferos de águas subterrâneas profundas. As principais fontes de água para uso humano são lagos, rios, a umidade do solo e bacias de águas subterrâneas relativamente pouco profundas. A parte aproveitável dessas fontes é de apenas 200 mil km3 de água – menos de 1% de toda a água doce e somente 0,01% de toda a água da Terra. Grande parte dessa água disponível está localizada longe de populações humanas, dificultando ainda mais sua utilização (PNUMA, 2002). A reposição da água depende da evaporação da superfície dos oceanos. Aproximadamente 505 mil km3, ou uma camada de 1,4 metro de espessura, evaporam dos oceanos a cada ano. Outros 72 mil km3 evaporam da terra. Cerca de 80% do total de precipitações, o equivalente a 458 mil km3/ano, cai sobre os oceanos, e os 119 mil km3/ano restantes, sobre a terra. A diferença entre a precipitação sobre as superfícies de terra e a evaporação dessas superfícies (119 mil km3 menos 72 mil km3 por ano) corresponde a escoamentos e reposição de águas subterrâneas – aproximadamente 47 mil km3 por ano. 58 Tabela 6– Quadro sobre a distribuição da água no mundo. Fonte: “Global Environmental Outlook 3” realizado pelo PNUMA. Segundo estimativas, por volta de 2025, mais de 3 bilhões de pessoas poderão viver em países sujeitos a pressão sobre os recursos hídricos — e 14 países vão passar de uma situação de pressão sobre os recursos hídricos para uma de escassez efetiva. Países densamente povoados, como a China e a Índia, integrarão o clube mundial dos ameaçados por falta de água. Essas estimativas sobre o futuro trazem a tona grandes preocupações relacionadas a qualidade de vida, saúde e segurança das pessoas que vivem em vários países, pois se atualmente não se consegue atender as demandas básicas da maioria da população, o que se dirá daqui há alguns anos quando a população, segundo projeções demográficas, for ainda maior (PNUD, 2006). Em seu estudo intitulado “Watersheds of the World” (Bacias Hidrográficas do Mundo) o World Resource Institute (WRI) faz uma análise de diversos parâmetros (Ex: uso da terra, biodiversidade local, densidade populacional, cobertura florestal e etc.) em 154 59 bacias hidrográficas espalhadas pelo mundo. Dentre as várias informações relevantes geradas pelo estudo, um dos resultados mais interessantes é o mapa global sobre escassez hídrica nas diversas regiões do globo terrestre. No mapa abaixo, várias regiões são classificadas segundo a sua disponibilidade hídrica, sendo que para isso foi criado o indicador de stress hídrico cuja função é medir a proporção entre a demanda de água em relação à quantidade disponível para uso humano. A água disponível para o uso humano é a quantidade da produção da bacia hidrográfica menos o uso estimado da demanda do meio ambiente local (a água necessária para que os ecossistemas permaneçam íntegros). Bacias hidrográficas com indicador de stress hídrico acima de 0,4 são consideradas, da perspectiva ambiental, como áreas sobre stress ambiental. Bacias com indicadores de stress hídrico maiores que 0,8 (áreas laranjas ou vermelhas no mapa) são consideradas como altamente estressadas. Fonte: Estudo estudo “Watersheds of the World”, WRI (2006). Figura 4– Mapa global e as áreas sob stress hídrico. O Indicador de Stress Hídrico varia de <0,3 (baixo stress, cor cinza) até >1 (alto stress, cor vermelha). 60 Neste estudo são identificados três exemplos reais onde as grandes explorações das bacias hidrográficas geram sérios problemas não só ao ecossistema local, mas também para as pessoas que vivem ali e dependem dos serviços ambientais providos pelas bacias. A primeira delas é a Bacia de Murray-Darling na Austrália, a segunda é a Bacia de Huang He na China e a terceira é a Bacia do Rio Laranja no Sudeste do continente Africano. Tanto a Bacia Murray-Darling quanto a Huang He tem indicador de stress hídrico maior que 1, enquanto que a Bacia do Rio Laranja tem indicador de stress entre 0,8 e 0,9. A Bacia do Rio Huang He é considerada um caso extremo de escassez de água para atendimento ao uso humano e do ecossistema. Esse rio esteve próximo de alcançar o nível completo de exploração dos seus recursos hídricos, sendo que a duração dos períodos de baixa vazão aumentaram de quarenta dias no começo de 1990 para duzentos dias em 1997. Isto causa sérios problemas aos mais de 100 milhões de habitantes daquela bacia, pois o cultivo de plantações é prejudicado e espécies aquáticas com suas perda de habitat têm suas populações diminuídas. No estudo “Challenges to International Waters – Regional Assesment in a Global Perspective” (Desafios para as Águas Internacionais – Avaliações Regionais em uma Perspectiva Global) da associação Global International Water Assesment (GIWA) faz uma avaliação sobre o estado das águas em várias regiões do mundo. Os numerosos problemas detectados em relação à questão da água são agrupados em quatro grandes grupos: o Escassez de água doce: a causa desse problema é atribuída principalmente ao setor agrícola, devido ao uso de águas subterrâneas para a irrigação de culturas, desmatamento, drenagem de terras úmidas para implantação de lavouras e práticas inadequadas de uso da terra para cultivo. Agravando esse problema, a salinização das águas tem se tornado bastante freqüente nas regiões com escassez de águas, devido à diminuição do fluxo dos rios e as práticas inapropriadas de irrigação que deterioram a qualidade da água e a torna de baixa qualidade. 61 o Poluição d’água: no estudo são considerados vários impactos sobre as águas. (i) Sólidos suspensos, (ii) Eutrofização, (iii) Poluição química, (iv) Resíduos sólidos, (v) Derrames de óleos, (vi) Radionuclídeos e (vii) Poluição térmica. o Pesca excessiva e outras ameaças à sobrevivência de recursos aquáticos: esse problema é considerado mais grave nas regiões asiáticas onde o consumo do pescado é mais tradicional. Como práticas mais inadequadas da pesca predatória citam-se o uso de explosivos, biocidas e pesca com uso de arraste de rede. o Modificação de habitats: causa a redução da biodiversidade e alteração na estrutura das comunidades aquáticas. Ela é causada principalmente pelas modificações geradas pela mudança no uso do solo (desmatamento de florestas para uso agrícola), práticas agrícolas inadequadas, construção de barragens para geração de energia elétrica, uso da água para irrigação e outras práticas que alterem o fluxo e/ou a quantidade de água em rios, lagos ou aqüíferos. Outra grande causa para o problema citado neste item é a introdução de espécies exóticas o que em muitos casos muda a estrutura das comunidades nativas da região. Em uma segunda parte desse estudo, a GIWA enumera as principais causas desses problemas. A primeira delas é o crescimento demográfico que gera um aumento no consumo de água para abastecimento público e de pescado. Para atender a demanda de uma população maior, consequentemente ocorre uma pressão sobre o setor agrícola, como segundo problema, que gera mais desmatamento para implantação de culturas e uso de água na irrigação. Como terceiro problema cita-se as falhas de mercado, devido ao fato das empresas se eximirem de práticas ambientais corretas afim de não aumentar o preço do produto tornando-o competitivo. Outro problema citado como falha de mercado é a falta de cobrança pelo uso da água que acaba sendo usada indiscriminadamente e desperdiçada. A quarta causa citada é a falta de conscientização pública a respeito dos problemas relacionados ao uso e gestão das águas. Por último, alega-se problemas relacionados à formulação de políticas públicas que lidem adequadamente com a prevenção e solução dos impasses relacionados a administração dos recursos hídricos. 62 Outra publicação que faz uma avaliação global dos problemas relacionados a água é a Environmental Global Outlook 3 (GEO3) do PNUMA. Assim como o parecer da GIWA, considera-se as atividades de irrigação para agricultura como a grande responsável pelo consumo dos recursos hídricos. A estimativa aproximada é de que 70% da água potável consumida no mundo seja utilizada na produção agrícola. O International Food Policy Research Institute (IFPRI) em seu estudo World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity, avalia através de modelos econométricos a capacidade da humanidade em atender a crescente demanda por alimentos. Isto é feito através do relacionamento entre a produção agrícola e a disponibilidade de água, permitindo que se façam várias projeções até o ano de 2025. O modelo utilizado no estudo foi denominado IMPACT-WATER e faz correlação entre variáveis ambientais, hídricas e de produção de alimento. Utilizam-se dados sobre a produção agrícola, preços dos produtos, crescimento populacional, taxas de impostos e realiza-se uma correlação com dados relacionados à disponibilidade de água na bacia hidrográfica, demanda de água pela irrigação, dentre outros. Feito isso, procura-se predizer o efeito de políticas agrícolas, investimentos em pesquisa para aumento da produtividade de culturas, taxas de impostos e crescimento populacional sobre a demanda de alimentos e segurança alimentar. Para avaliar o cenário mundial da relação disponibilidade de água versus a produção de alimentos, são simuladas três situações diferentes: uma primeira em que se mantém as atuais políticas de incentivo agrícola e conservação de bacias hidrográficas (“Business as Usual”), uma segunda em que ocorreria a diminuição dos incentivos para produção agrícola e produção de água nas bacias hidrográficas (“Water Crisis”) e uma terceira e última situação onde ocorreria um aumento na política de incentivos a produtividade agrícola e conservação de água (“Sustainable Water Scenario”). 63 Fonte: “World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity” (IFPRI). Figura 5- Consumo de água em km3 em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). Fonte: “World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity” (IFPRI). Figura 6- Produção de cereais em milhões de toneladas em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). 64 Dentre os três cenários apresentados, o uso sustentável da água (Sustainable Water Scenario) apresenta grandes vantagens em relação aos demais como se pode observar em ambos os gráficos. A produção agrícola mundial é bem semelhante tanto na projeção do cenário atual (Business as Usual) quanto na projeção de uso sustentável da água, porém, o consumo de água é consideravelmente menor, em torno de 20% menos. Essa economia pode resultar em grandes benefícios, especialmente em países em desenvolvimento que tem a atividade agrícola como base de sua economia. Investimentos do governo em pesquisa agrícola, mudanças tecnológicas, reformas na gestão de recursos hídricos (ex: aumento do preço cobrado no uso da água), desenvolvimento de políticas de investimento em infra-estrutura rural (ex: transporte, portos, armazéns...) são alguns dos fatores que podem levar o cenário real progredir em direção ao cenário de uso sustentável da água (Sustainable Water Scenario). Além deste problema da demanda de água para a produção de alimentos, este precioso recurso natural tem sido alvo de diversos conflitos e tensões entre países de todo o mundo através de sucessivos anos. Para se ter idéia do potencial gerador de conflito que tem a escassez da água, 145 países situam-se em bacias hidrográficas partilhadas, englobando mais de 90% da população mundial. WWIUMA (2005) afirma que as disputas por recursos hídricos datam desde a revolução Neolítica, entre 8.000 e 6.000 A.C. quando a humanidade começou a cultivar alimentos. Ainda segundo o autor, a nossa própria língua reflete essas raízes antigas, aonde a palavra “rivalidade” vem do Latim rivallis que significa “aquele que usa o mesmo rio que outrem”. O alto número de rios compartilhados combinados com os problemas de escassez hídrica de populações cada vez maiores têm sido responsáveis pela ocorrência de diversos conflitos ao longo da história e tem potencial para se tornar o principal incentivador destes problemas. Um bom exemplo disso foram os conflitos entre Israel e Síria em 1951-1953 e 1964-1966 cujo estopim foi o projeto sírio que previa o desvio do Rio Jordão e que acabou culminando na guerra de 1967 entre os dois países. 65 Outros tipos de conflitos hídricos são os que ocorrem internamente dentro de um mesmo país e acabam levando a confrontos entre usuários a montante e a jusante de um rio. Um bom exemplo é a disputa em 1991 do Rio Cauvery, na Índia, surgindo da alocação de água entre o estado a jusante de Tamil Nadu, que vinha utilizando a água para irrigação, e o estado a montante de Karnataka, que desejava incrementar a agricultura irrigada. As partes não aceitaram adjudicação judicial da disputa, levando à violência e mortes ao longo do rio. Outro exemplo ocorreu na província chinesa de Shandong, onde milhares de agricultores entraram em choque com a polícia em julho de 2000, devido ao projeto do governo de desviar a água de irrigação da agricultura para as cidades e indústrias (WWIUMA; 2005). Um terceiro tipo de conflito pode ser causado pela má prestação de serviços públicos de abastecimento de água. O exemplo mais típico é o caso das manifestações em Cochabamba, terceira maior cidade da Bolívia, no ano de 2000 que há muito tempo vinha sofrendo escassez de água e um fornecimento insuficiente e irregular. Na expectativa de melhoria dos serviços e ampliação das ligações domiciliares, o Governo da Bolívia assinou, em setembro de 1999, um contrato de concessão de 40 anos com um consórcio internacional privado. Em janeiro de 2000, a tarifa sofreu um aumento drástico; alguns domicílios tiveram que pagar uma parcela significativa de renda familiar mensal para seu abastecimento. Os consumidores, sentindo que estavam simplesmente pagando mais para o mesmo serviço ruim, reagiram com greves, bloqueio de ruas e outras formas de manifestação que paralisaram a cidade durante quatro dias, sendo que a ordem só foi restabelecida depois que o governo cancelou a concessão e devolveu a gestão do abastecimento de água para a prefeitura municipal. Hendrix & Glaser (2005) realizaram uma pesquisa correlacionando variáveis climáticas (Ex: médias anuais de precipitação, umidade e temperatura) e ambientais (ex: desertificação e degradação de solos) com a ocorrência de conflitos civis na África SubSaariana. O resultado das análises estatísticas demonstraram forte correlação entre os conflitos civis e as más condições climáticas e ambientais. Climas mais temperados nesta região, favorecem a cultura agrícola local que é extremamente dependente do regime anual de chuvas e diminuem a probabilidade da ocorrência de conflitos. Nos 66 anos em que se observou uma baixa média de precipitação anual, foi verificado, no ano posterior, um aumento na probabilidade de conflitos na região. Portanto, como se pôde observar, a água apresenta um papel chave para o futuro da humanidade cuja população cresce em ritmo acelerado. Muitas medidas têm sido tomadas para resolver os problemas ligados à escassez e qualidade dos recursos hídricos, entretanto, a resolução destas questões tem ocorrido em um ritmo lento que não é suficiente para atender a demanda social. 3.2.2. Águas de Abastecimento e Saúde Pública Segundo dados do “Relatório do Desenvolvimento Humano 2006” (RDH2006) elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) cerca de 2,6 bilhões de pessoas, metade da população do mundo em desenvolvimento, não têm acesso a serviços de saneamento básico. Dessa quantidade, cerca de 1,1 bilhões de pessoas não têm disponível o limite mínimo de água diário que é de 20 litros por pessoa, utilizando em média cerca de 5 litros por pessoa diariamente. Enquanto um habitante de Moçambique usa, em média, menos de 10 litros de água por dia, um europeu consome entre 200 e 300, e um norte-americano, 575 (em Phoenix, no Arizona, o volume ultrapassa 1 mil). No Reino Unido, um cidadão médio usa mais de 50 litros de água por dia dando a descarga — mais de dez vezes o volume disponível para as pessoas que não têm acesso a uma fonte de água potável na maior parte da zona rural da África Subsaariana. Um norte-americano usa mais água em um banho de cinco minutos do que um morador de favela de país em desenvolvimento usa num dia inteiro”, compara o relatório RDH2006. 67 Fonte: “Relatório do Desenvolvimento Humano 2006” do PNUD. Figura 7- Gráficos sobre a distribuição de pessoas por continente que não tem acessos a uma fonte de água melhorada (com qualidade adequada ao consumo humano) e ao saneamento básico até o ano de 2004. Os efeitos destes problemas, conseqüentemente, recaem mais sobre os que têm menor renda. Sobretudo por falta de água potável e saneamento, são registrados anualmente 5 bilhões de casos de diarréia nos países em desenvolvimento. Anualmente, essa doença tira a vida de cerca de 1,8 milhões de crianças menores de 5 anos ou 4.900 por dia o que corresponde a uma criança morta a cada 19 segundos. É a segunda principal causa de morte na infância, só atrás de infecções respiratórias. Ainda que possa ser evitada com medidas simples, a diarréia mata mais do que tuberculose e malária, seis vezes mais que os conflitos armados e, entre as crianças, cinco vezes mais que a Aids. A falta de água e esgoto tem impacto em uma área vital do desenvolvimento humano, a educação — um dos pilares do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Infecções parasitárias transmitidas pela água ou pelas más condições de saneamento atrasam a aprendizagem de 150 milhões de crianças, um contingente superior à população do Japão. Uma saúde débil reduz o potencial cognitivo e acaba por, indiretamente, prejudicar a conjuntura educacional, acarretando a falta de atenção e abandono escolar prematuro. Em razão dessas doenças, são registradas 443 milhões de faltas escolares por ano, informa o PNUD. 68 Portanto, como se observa, a existência ou não de água potável e de saneamento básico pode promover ou, pelo contrário, impedir o desenvolvimento humano. São fatores determinantes do que as pessoas podem ou não fazer, ou daquilo em que podem vir a se tornar, em suma, para as suas capacidades de realização. O acesso à água não constitui somente um direito humano fundamental e um importante indicador do progresso dos povos. Também constitui a base para outros direitos humanos e é condição necessária para que se atinjam metas de desenvolvimento humano mais exigentes. Ludwig et al (1999) num estudo sobre a ocorrência de parasitoses na população de Assis, São Paulo, estabeleceu a correlação entre as condições de saneamento básico, expressas pelo número de ligações de água e esgoto e a freqüência de parasitoses. Como resultado os autores observaram que houve uma queda na freqüência de parasitoses coincidindo com o aumento do número de ligações de água e esgoto. Martins et al (2002) também fizeram correlações entre saneamento e saúde pública. No estudo, suas estimativas de valores per capita indicaram que gastos da ordem de U$2,26 em saneamento básico corresponderam à redução de investimentos de U$2,63 per capita na prevenção de Doenças Infecciosas Intestinais e Helmintíases. Subtraindo-se do valor economizado na prevenção de doenças o valor investido no saneamento, chega-se à um saldo positivo de U$0,37 por habitante. Numa população de 100.000 habitantes, esse saldo economizado por ano teria o valor de U$ 37.000,00. Mendonça & Motta (2005) desenvolveram modelo econométrico para estimar o gasto necessário para a diminuição da mortalidade infantil. Dentre as variáveis avaliadas analisou-se as relacionadas aos serviços de saneamento (água tratada e coleta de esgoto) e educação (analfabetismo da população feminina) que têm em comum o caráter preventivo, e também analisaram-se medidas corretivas ligadas a gastos com saúde e leitos hospitalares para as internações. Com o modelo estimado foi possível então calcular a contribuição de cada um desses serviços na redução da mortalidade infantil em número de mortes evitadas ante um cenário de aumento de acesso a esses serviços. Também foi estimado o custo econômico desse aumento de acesso que, dividido pelo número de mortes evitadas, 69 resultou numa dimensão do custo médio de morte evitada para cada serviço. Dessa forma, analisou-se o custo-efetividade dos serviços de saneamento ante outros serviços analisados no modelo. Tabela 7– Estimativa dos custos das alternativas para redução de mortalidade infantil em 2000. NotaMortalidade de 0-4 anos em 2000: 3521 casos. Fonte: Mendonça & Motta (2005) Uma variação marginal equivalente a estender os serviços de esgotamento sanitário a mais 1% da população reduziria em 216 o número de mortes pelas doenças analisadas pelo modelo. Já o mesmo incremento marginal nos serviços de água reduziria em 108 os casos de morte. Da mesma forma, a redução de 1% no analfabetismo em mulheres maiores de 15 anos diminuiria em 162 o total de óbitos. Quando se trata de acesso a serviços de saúde, o aumento de 1% nos gastos com saúde evitaria 415 mortes, enquanto o aumento de 1% do número de leitos salvaria outras 27 vidas. Dentre os custos médios por morte evitada, o valor mais baixo é de R$ 63 mil e seria obtido com a redução do analfabetismo das mães com mais de 15 anos. Próximo a esse resultado estariam os gastos hospitalares de oferta de mais leitos, que somaram R$ 72,4 mil. Os valores mais altos seriam os R$ 282 mil em gastos totais em saúde. Em seguida estariam os serviços de saneamento, com R$ 241 mil na coleta de esgoto e R$ 168 mil em tratamento de água. 70 Os resultados indicam que, somando os custos de melhoria por vida salva dos dois serviços de saneamento, haveria um montante de R$ 409 mil e somando esses mesmos custos para os serviços de saúde o valor seria de R$ 354 mil. Pode-se admitir, então, que a ação conjunta de cada par de serviço, saneamento e saúde, respectivamente, seria suficiente para salvar duas vidas. Se assim for, para a mesma redução de mortalidade, encontra-se apenas uma diferença de 15% maior para o saneamento. Considerando que o acesso aos serviços de saneamento são medidas preventivas que, além das externalidades positivas ao meio ambiente aqui não contabilizadas, evitam os riscos e desconfortos das doenças, os resultados sugerem que as ações preventivas de saneamento, em particular no tratamento da água, seriam mais justificáveis economicamente para a contínua redução da mortalidade infantil do que os gastos corretivos nos serviços de saúde. 3.2.3. Cobertura de Serviços de Água no Brasil No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (2005) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 152.013.993 moradores nas áreas urbanas cerca de 91,94% eram atendidos com rede de água tratada, 54,27% com rede de esgoto e 22,95% com fossa séptica. Já nas áreas rurais, dos 31.592.479 moradores, 26,75% eram atendidos com rede de água, 61,69% tinham acesso a uma fonte de água segura para consumo, 4,08% tinham rede de esgoto e 14,35% utilizavam fossa séptica. No meio urbano, observa-se uma boa taxa de cobertura com rede de água (91,94%) o que não necessariamente implica na boa qualidade da água fornecida, já no meio rural esse tipo de serviço possui um nível de atendimento menor até mesmo devido ao custo de se implantar uma rede de distribuição em locais com pequena densidade populacional o que geraria um pequeno custo benefício. O grande problema observado tanto no meio urbano quanto no meio rural é relativo a cobertura por esgoto que ainda apresenta níveis muito baixos em torno de 77,23% (rede de esgoto + fossa séptica) no meio urbano e 18,43% (rede de esgoto + fossa séptica) no 71 meio rural. Essa questão ainda é preocupante no país e a falta de coleta pela rede ou de fossa séptica, piora as condições de higiene dos locais próximos aos domicílios gerando focos de animais e insetos transmissores de parasitoses ou ainda contaminando a água utilizada para consumo o que causa diversas doenças de veiculação hídrica que atingem principalmente crianças com idade inferior aos 5 anos. Outro fator considerado determinante na cobertura por serviços de saneamento é a renda mensal familiar onde se observa uma relação diretamente proporcional entre renda e acesso aos serviços de saneamento, ou seja, quanto maior a renda, maior o acesso. Para se ter uma idéia dessa diferença, nos domicílios onde a renda é de até 1 salário mínimo, a cobertura de água atendia a 85,16% das pessoas dessa classe, enquanto que nos domicílios cuja renda era superior a 20 salário mínimos a cobertura chegava a 96,43% das pessoas dessa categoria. Entretanto, é na cobertura por serviços de esgoto (coleta de rede + fossa séptica) que essa diferença entre pobres e ricos aumenta significativamente. Nos domicílios com renda até 1 salário mínimo a cobertura é de 54,53%, já nos domicílios com renda superior a 20 salários mínimos a cobertura é de 96,23%. Em outro trabalho do IBGE, a “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” (PNSB), observa-se uma boa cobertura dos municípios com serviços de água tratada. Em 1989, existiam no Brasil 4.425 municípios sendo que 95,9% recebiam água tratada, já no ano de 2000, o número de municípios aumentou para 5.507 e ainda assim, a porcentagem de cobertura também aumentou para 97,9%. Neste levantamento, foi avaliada apenas a presença ou ausência do serviço de água tratada, mas nenhum parâmetro sobre a qualidade. 72 Tabela 8- Número de municípios com serviços de abastecimento de água segundo as grandes regiões do Brasil. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002). A abrangência do abastecimento de água também varia com o tamanho populacional dos municípios. Os menores municípios apresentam maior deficiência nos serviços, e apenas 46% dos domicílios situados em municípios com até 20 000 habitantes contam com abastecimento de água por rede geral. Em contrapartida, nos municípios com mais de 300 000 habitantes é superada a marca de 75% de economias residenciais abastecidas. Em todas as regiões, o mesmo comportamento em relação ao porte populacional pode ser verificado: as proporções de domicílios abastecidos aumentam quanto mais populosos forem os municípios. Os municípios de maior porte populacional são aqueles situados nas regiões com maior desenvolvimento socioeconômico onde as demandas da população são mais freqüentes e, conseqüentemente, com maiores investimentos público e privado no setor. 73 Tabela 9– Total de domicílios e economias abastecidas e respectivas distribuições percentuais segundo estratos populacionais até o ano de 2000. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002). Uma das formas de se avaliar a eficiência do atendimento à população é examinar o volume diário per capita da água distribuída por rede geral. No ano de 2000 foram distribuídos diariamente, no conjunto do País, 0,26 m3 (ou 260 litros) por pessoa, média que variou bastante entre as regiões. Na Região Sudeste o volume distribuído alcançou os 0,36 m3 per capita, enquanto no Nordeste ele não chegou à metade desta marca, apresentando uma média de 0,17 m3 per capita (IBGE; 2002). Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002). Figura 8– Água distribuída, em m3 per capita, segundo as grandes regiões do Brasil. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE. 74 O “Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto 2005” elaborado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) constata que no período de 2002 a 2005 houve um crescimento significativo dos números relativos aos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Três informações, segundo o estudo, comprovam este crescimento: a quantidade de ligações ativas, a extensão da rede e o volume de água produzido. No período 2002-2005, a quantidade de ligações ativas de água aumentou em 12,1% e a extensão de rede de água em 12,8%. Considerando a evolução, ano a ano, verificaramse os seguintes resultados: o Quantidade de ligações ativas de água: em 2002 - 28,9 milhões; em 2003 – 30,0 milhões (crescimento de 3,8%); em 2004 – 31,1 milhões (crescimento de 3,6%); e em 2005 – 32,4 milhões (crescimento de 4,2%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 3,9% para o período 2002-2005; o Extensão da rede de água: em 2002 – 362,8 mil quilômetros; em 2003 – 375,1 mil quilômetros (crescimento de 3,4%); em 2004 – 394,2 mil quilômetros (crescimento de 5,1%); e em 2005 – 409,2 mil quilômetros (crescimento de 3,8%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 4,1% para o período 2002-2005; Uma análise similar, agora para o volume de água produzido, mostrou que nos últimos quatro anos a produção de água dos prestadores na amostra SNIS apresentou incremento de 8,9%. Esse incremento foi inferior ao da quantidade de ligações de água. Ainda assim, o consumo médio per capita de água para a amostra SNIS, em 2005, foi de 145,7 l/hab.dia, maior que o mesmo consumo em 2002, igual a 142,6 l/hab.dia. Um dos fatores que pode explicar esta situação, segundo os autores, é a queda no índice médio de perdas de água que reduziu de 40,6% em 2002 para 39,0% em 2005. Em relação ao volume de água produzido observam-se os seguintes resultados: em 2002 - 12,3 bilhões de m3 de água; em 2003 - 12,6 bilhões de m3 de água (acréscimo de 2,4%); em 2004 - 12,8 bilhões de m3 de água (acréscimo de 1,6%) e em 2005 - 13,4 75 bilhões de m3 de água (acréscimo de 4,7%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 2,9% para o período 2002-2005. 3.2.4. Cobertura de Serviços de Água em Minas Gerais O Centro de Estatísticas e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP) realizou um trabalho de detalhamento de informações sobre a situação do saneamento básico nos 853 municípios de Minas Gerais no ano 2000 baseando-se na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo IBGE e que se constitui em uma das mais completas pesquisas sobre saneamento nas cidades mineiras. No tema relacionado ao abastecimento de água foram avaliados os seguintes itens: o nível de cobertura urbana, a entidade prestadora do serviço, a existência ou não de cobrança de tarifa, forma de captação, existência de tratamento, controle de qualidade na captação, controle de qualidade do tratamento, controle de qualidade na distribuição, existência de racionamento com sua freqüência e motivos, existência de micro e macromedição e existência de investimentos em melhorias ou ampliação. A cobertura urbana dos serviços de abastecimento de água, através do número de ligações à rede geral, alcançou 96,6% dos domicílios permanentes localizados em cidades e vilas mineiras, sendo que 92,8% possuíam canalização interna no domicílio. Os percentuais de atendimento são também elevados na maioria dos municípios mineiros. Os números apontam que em 821 dos 853 municípios, 80% ou mais dos domicílios urbanos estavam ligados à rede geral de abastecimento de água. Percentuais iguais ou superiores a 95% ocorreram em 621 cidades, enquanto em apenas oito municípios os indicadores eram inferiores a 50%. Entre os que apresentavam os mais baixos percentuais de domicílios abastecidos de água proveniente de rede geral a maior parte está localizada na região de planejamento Rio Doce. 76 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007)’ Figura 9– Percentual dos domicílios urbanos atendidos por rede geral de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000. Em relação à captação da água, no estado de Minas Gerais, predominam as fontes de águas superficiais e os poços profundos, sendo comum em um município haver mais de uma forma de captação. De fato, 346 cidades informaram esse tipo de situação, enquanto que 341 têm abastecimento exclusivo por águas superficiais e 155 por poços profundos. Esses últimos sobressaem na bacia do Rio São Francisco, onde em muitos municípios é a única forma de captação, havendo grande número deles também nas bacias do Rio Doce e Rio Pardo. A captação de água através das águas superficiais é essencial em grande parte da bacia dos rios Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e parte da Bacia do Rio Doce, de onde provém a totalidade das águas distribuídas na maioria dos municípios nelas localizados. 77 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007). Figura 10– Formas de captação, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000. Quanto ao controle de qualidade na captação das águas, ele é inexistente em 115 cidades que captam água superficial e em 121 com água de poço profundo e/ou raso. No grupo de cidades que controlam a qualidade das águas captadas superficialmente, as análises tendem a ser feitas com periodicidade diária ou semanal, enquanto no grupo abastecido por águas de poço predomina um controle mais esporádico, sendo freqüentes análises semestrais ou mesmo anuais. Em termos do tratamento da água são poucos os distritos-sede que declararam não distribuir água tratada, apenas 152 cidades. A grande maioria tem tratamento de tipo convencional, o que significa que a água bruta passa por tratamento completo em estação de tratamento de água (ETA): 649 cidades. Entre as sedes que declararam ter água tratada 26 utilizam mais de um tipo de tratamento. Existe, ainda, um rigoroso controle de qualidade desse processo, com os municípios declarando a existência de análises feitas quase que diariamente (405 cidades) ou semanalmente (169 cidades). Duzentos e nove (209) municípios declararam realizar controle de qualidade em todas 78 as freqüências estabelecidas na pesquisa (diária, semanal, quinzenal, mensal, semestral e anual). São poucos os municípios que reportaram problemas de racionamento de água, ligados quase que exclusivamente à seca e estiagem. Foram notificados casos esporádicos em todas as bacias hidrográficas do Estado, com maior concentração nas bacias do Rio Pardo, Rio Jequitinhonha, e nos municípios da bacia do Rio São Francisco localizados mais ao norte do Estado. São as áreas que historicamente apresentam sérios problemas de seca, integrantes das regiões de planejamento Norte de Minas e Jequitinhonha/Mucuri. Em relação aos instrumentos de medição, é elevado no Estado o percentual de ligações hidrometradas. Em 516 cidades esses percentuais são iguais ou superiores a 90%. Em outras, no entanto, eles são bem menos expressivos: em 219 não chegam a 20%, sendo que deste número, 210 municípios não apresentam qualquer tipo de hidrometração. Observa-se que os mais baixos percentuais estão em grande número de cidades das regiões de planejamento Norte de Minas e Mata, e em áreas localizadas das regiões Sul de Minas e Central. É interessante notar que a presença da COPASA condiciona os elevados percentuais de ligações hidrometradas em cidades das regiões Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce, além das regiões Centro-Oeste de Minas, Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2007). 3.3. Companhias de Abastecimento de Água 3.3.1. Modelos de Gestão Segundo Parsekian (1998), as companhias de abastecimento público de água podem ter diversas constituições jurídicas, como segue abaixo. o O Departamento é uma instituição que depende da prefeitura, pois não tem autonomia financeira. As receitas entram para o caixa único do tesouro municipal e os servidores são regidos pelo regime jurídico único sendo contratados por concurso público. Não é permitida a apropriação de custos do 79 sistema e nem a avaliação se o serviço é auto-sustentável pelas tarifas. O departamento não é ágil administrativamente. o A Autarquia possui maior autonomia administrativa e financeira em relação aos Departamentos. Os servidores são regidos pelo regime jurídico único. Este tipo de instituição garante maior controle externo sobre o balanço financeiro. o A Empresa de Economia Mista exige resultado financeiro positivo como empresa privada e permite efetivo controle sobre o desempenho econômicofinanceiro. Seus servidores são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas são admitidos por concurso público, sendo que os encargos sociais são maiores do que sobre as autarquias. Dos tipos de constituições jurídicas citadas, duas são mais comuns em se tratando de companhias de abastecimento de água que são a autarquia e a empresa de economia mista, sendo que esta última pode ser constituída também, desde que em porção minoritária, por capital privado diferentemente da autarquia que deve ser composta exclusivamente por capital público. Um outro modelo de gestão de companhias de abastecimento de água é o das empresas privadas, cuja participação no setor de saneamento ainda é pouco efetiva, porém percebe-se que sua participação tende a aumentar gradualmente devido a Parceria Público-Privada que tem sido estimulada pelo atual governo e regulamentada pela lei no 11.709 de 30 de dezembro de 2004 (MELLO, 2005). Em relação aos números sobre a participação das entidades prestadoras de serviço segundo a sua constituição jurídica, a principal e mais completa fonte de dados a respeito é a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada em 2000 pelo IBGE. No Brasil, dos 8.656 distritos avaliados na PNSB do IBGE a respeito da constituição jurídica das entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, 3.166 estão sob administração direta do poder público; 923 sob autarquias; 4.717 sob empresas com participação majoritária do poder público também conhecidas como economias mistas; 80 496 sob empresas privadas; e 1.070 sobre outro tipo de administração. Uma observação a ser feita a respeito das informações citadas anteriormente é que um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água, daí o porquê da soma dos valores ser maior que o total de 8.656 distritos avaliados. No estado de Minas Gerais (MG), a distribuição das companhias de abastecimento de água segundo a sua constituição jurídica se assemelha à do Brasil, onde se observa um predomínio das economias mistas, seguidas pelas administrações diretas do poder público, autarquias e empresas privadas. Na quadro abaixo, é apresentada a distribuição encontrada em MG. Tabela 10– Entidade prestadora do serviço de abastecimento de água e existência de cobrança pelo serviço segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. Nota: Um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água. DISTRITOSEDE Total de distritos ENTIDADE PRESTADORA DO SERVIÇO PREFEITURA COPAPARTIAutar- Adm. SA CULAR quia direta 503 87 350 9 COBRANÇA PELO SERVIÇO Sim Não 706 132 Sem declaração 15 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007). O grande responsável pela distribuição da água é o governo estadual através da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), que esteve presente em 503 cidades. As prefeituras, através de administração direta ou de autarquias, atuavam em 437, muitas delas atendidas também pela COPASA. São ao todo 95 os municípios que apresentam atendimento misto, por vezes com a presença simultânea da COPASA, de entidade municipal e de empresa particular. A atuação da COPASA é disseminada por todo o território mineiro, marcando presença em todas as regiões de planejamento, em algumas de forma mais acentuada. Pode-se destacar a região Jequitinhonha/Mucuri, uma vez que na maioria dos municípios é a única responsável pela distribuição de água. Em vários municípios divide essa responsabilidade com as prefeituras, como acontece nas regiões Norte de Minas e Noroeste de Minas. A administração direta municipal é a 81 única prestadora dos serviços de distribuição de água em grande número de cidades das regiões de planejamento Mata, Central e Sul de Minas. Além dos distritos-sede, onde estão localizadas as cidades, há em Minas Gerais outros 715 distritos, dos quais 669 declararam contar com a prestação de serviços de abastecimento de água. A COPASA atuava em 105 destes distritos, sendo que desta quantia 23 estão localizados na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). No mapa abaixo é apresentada a distribuição das entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água em MG. A distribuição é diferente da apresentada no quadro de distritos citada anteriormente, pois é relativa aos municípios onde cada um pode conter mais de um distrito. Dos 853 municípios mineiros, 342 têm serviços de abastecimento de água administrados pela prefeitura (40%) através da administração direta ou pela autarquia, 413 têm serviços realizados pela COPASA (48,5%), 3 têm serviços realizados por empresa privada (0,3%) e 95 são servidos por mais de uma empresa (11,2%). Fonte: Fundação João Pinheiro (2007) Figura 11– Entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de 2000. 82 O predomínio da COPASA em relação às prefeituras na prestação de serviços de água, é um reflexo do favorecimento desta companhia pelo Plano Nacional de Saneamento (Planasa) instituído na década de 70 e que tinha a finalidade de aumentar a cobertura dos serviços de saneamento em todo o país. O Planasa utilizava recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que por sua vez, era administrado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH). Juntos estes três órgão formavam o Sistema Nacional de Saneamento (SNS) que foi responsável por grande crescimento do setor de saneamento. Com o Planasa, foram criadas as Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESBs), dentre as quais encontra-se a COPASA, em cada um dos estados da federação. Até 1985, apenas estas empresas públicas podiam obter financiamentos junto ao BNH para instalação de sistemas de água e esgoto em regime de monopólio, sendo responsáveis pela construção, operação e manutenção das operações. Somando-se à este benefício exclusivo, as CESBs se valeram do comportamento favorável da economia, da abrangência do sistema montado, do volume de recursos destinados ao setor, da prática de subsídios cruzados no interior das companhias estaduais e dos empréstimos a taxas de juros subsidiadas o que permitiu sua efetiva expansão por todo o país (ARRETCHE, 2007). Nem todos os municípios aderiram ao Planasa. Alguns se mantiveram efetivamente autônomos, operando com empresas municipais, isto é, com o controle acionário do município e a administração municipal responsabilizando-se integralmente pelo serviço através de um órgão da administração direta ou de uma entidade autônoma que durante a vigência do Planasa, foram discriminados através da falta de acesso aos recursos financeiros do FGTS. Outros municípios mantiveram uma autonomia parcial, mantendo-se conveniados a um órgão do Ministério da Saúde, a atual Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Operam de acordo com o modelo de saneamento implantado pelo Serviço Especial de Saúde Pública, criado há mais de 40 anos. Os serviços são operados por uma autarquia municipal, com autonomia administrativa técnica e financeira, porém administrados com marcante influência da FUNASA, cujas funções abrangem desde administração até a assistência técnica. 83 As primeiras concessões dos serviços de água e esgoto a operadores privados surgiram antes da promulgação da Lei de Concessões no 8.987 de 13 de fevereiro de 1995. Em São Carlos (SP), o primeiro contrato de concessão de água a uma companhia privada foi firmado em 1994 (MARINHO, 2006). Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Concessionários Privados dos Serviços de Águas e Esgotos (ABCON), o Brasil possui 65 concessões privadas de serviços de água e esgoto em operação, que atendem a 7.000.000 de habitantes nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná, Pará e Amazonas (ABCON, 2007). Dentre as leis que regulam a concessão para prestação de serviços em abastecimento de água estão o artigo no 175 da Constituição Federal de 1988 e a lei no 8987 de 13 de fevereiro de 1995. Na constituição federal brasileira é instituído que cabe ao Poder Público a prestação de serviços públicos por meio da sua administração direta ou pelo regime de concessão. Já a lei no 8987 regulamenta o regime de concessão onde é determinado que: o o processo deverá ocorrer por licitação que será vencido pela empresa que apresentar a menor tarifa de prestação de serviço, maior oferta pela outorga da concessão e melhor proposta técnica; o o serviço prestado deverá ser adequado às necessidades dos usuários; o haverá fiscalização por parte do Poder Público sobre a qualidade do serviço prestado; o o contrato de concessão deve estabelecer o período das concessões, os encargos, as condições para intervenção do poder público na prestação do serviço e as que invalidam o contrato. Recentemente, foi aprovada a Lei Nacional de Saneamento no 11.445 de 05 de fevereiro de 2007 que se constitui em um importante marco regulatório para o setor através do estabelecimento de diretrizes para o seu desenvolvimento. Dentre os principais destaques está a regulamentação de diretrizes para prestação de serviços de saneamento, 84 regulação da prestação regionalizada, normas para elaboração de planos de prestação de serviços de saneamento básico, instruções para cobranças dos serviços prestados através das tarifas, a alocação de recursos federais no setor, dentre outras coisas. Outros regulamentos legais relativos à prestação de serviço público no abastecimento de água são listados a seguir: o Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990 - Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em seu art. 9o, § 2o define que os recursos do FGTS deverão ser aplicados em habitação, saneamento básico e infra-estrutura urbana. o Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993 - Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. o Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997 – Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em seu art. 12, inciso I, estabelece que estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos de usos de recursos hídricos com derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo. o Portaria no 518, de 25 de março de 2004 – Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. o Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005 – Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. São estabelecidas regras para elaboração de contratos que visem a concessão de serviços públicos, dentre eles o abastecimento de água, à empresas públicas ou de direito privado. Uma última questão a ser discutida nesta parte, refere-se à comparação do nível de desempenho dos diferentes modelos organizacionais utilizados em empresas de saneamento. Heller et al (2006), em um trabalho inédito, faz a comparação entre os três 85 modelos de gestão: autarquias, economias mistas (representada pela COPASA) e departamentos das prefeituras. Foram avaliados 600 dos 853 municípios do estado de Minas Gerais, avaliando-se os seguintes itens: cobertura por água, cobertura por esgoto, volume dos reservatórios por ligação domiciliar, número de funcionários na operação e manutenção por ligação de água, número de funcionários na administração por ligação de água, despesa de energia elétrica por economia de água, volume de água micromedido por volume tratado. Constatou-se que as autarquias oferecem o maior nível de atendimento de água tratada para a população. Sendo que a economia mista (COPASA) apresentou níveis semelhantes ao das autarquias. Já as prefeituras, apresentaram o menor nível de atendimento dos três tipos. Os municípios atendidos pela COPASA, caracterizaram-se pela maior hidrometração, menor alocação de pessoal nas atividades operacionais e maior alocação nas atividades administrativas. Por contraste, as famílias que vivem nos municípios sob administração da COPASA têm maior parte da sua renda comprometida, devido às tarifas cobradas pelos serviços. No item consumo de energia a COPASA foi mais eficiente que os demais modelos de gestão avaliados. Em linhas gerais o trabalho conclui que as autarquias e a COPASA prestam um serviço mais universalizado caracterizado pelo amplo nível de atendimento no abastecimento de água tratada para a população. A COPASA, em consonância com o seu caráter de empresa parcialmente privada, apresenta os melhores níveis de eficiência no uso da energia elétrica, menor quantidade de pessoal contratado para execução dos serviços e maiores tarifas. Os departamentos de prefeitura apresentam os piores níveis de desempenho dos três modelos avaliados. 3.3.2. Sistemas de Qualidade em Companhias de Abastecimento de Água Em face aos atuais problemas de degradação dos recursos hídricos e maiores exigências relativas à qualidade da água tratada e ao aumento do nível de cobertura dos serviços, 86 muitas das empresas de saneamento têm optado por adequar seus atuais sistemas aos diversos modelos desenvolvidos em empresas privadas com o objetivo de aumentar a sua eficiência operacional, diminuir custos e aumentar a receita a fim de reformar, ampliar e modernizar os sistemas de tratamento. A qualidade se tornou, nos últimos anos, o grande diferencial das organizações que buscam manter-se competitivas. Para avaliar seu sistema de gestão e alavancar a excelência em seus produtos e serviços, empresas de saneamento estão, cada vez mais, aplicando critérios que visam à organização como um todo. O setor de saneamento brasileiro vem passando por substanciais modificações em suas estruturas funcionais e operacionais. A evolução tecnológica, a globalização e principalmente a privatização levaram o setor a repensar sua forma de condução gerencial (FERREIRA, 2002). Reflexos dessa mudança de paradigma no gerenciamento de companhias de abastecimento de água podem ser exemplificados pela iniciativa da Associação Brasileira em Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) na promoção do Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) e por diversos casos de companhias que estão optando pela implantação de sistemas de gestão de qualidade (SGQ) baseados na ISO 9002. A ABES através do seu Comitê Nacional de Qualidade instituiu o PNQS com a finalidade de estimular práticas de gestão compatíveis com tendências internacionais, reconhecendo as organizações que se destacam e promovendo eventos de capacitação gerencial para as organizações envolvidas com o setor de saneamento ambiental no país. A concorrência ao PNQS é dividida em três categorias (I,II e III) com as pontuações respectivas de 250, 500 e 750 pontos. O nível I seria para empresas que tenham implantado um SGQ recentemente, o II para empresas com SGQs de nível intermediário e o III para as que possuem um sistema de gestão avançado. Além destas três, existe uma quarta categoria que é a de Inovação da Gestão em Saneamento (IGS) que avalia uma prática de gestão específica introduzida em determinada empresa e que se destaque servindo como exemplo para as demais empresas do setor de saneamento (PNQS, 2007). 87 O PNQS se constitui hoje num importante instrumento de benchmarking para o setor de saneamento, onde as empresas vencedoras nas diversas categorias servem como bom exemplo para as demais companhias. Assim, através de diversos seminários realizados por todo o país e divulgação dos estudos de caso, ocorre a permuta de informações entre as diversas empresas que compõem o setor de saneamento o que contribui para a evolução geral da qualidade nos serviços prestados a população. Outra solução adotada pelas empresas de saneamento têm sido a adoção de sistemas de SGQs baseados na ISO 9002. Loenert (2003) analisou os benefícios advindos da implantação de um SGQ, verificando que o investimento em qualidade traz várias vantagens para as empresas do setor de saneamento, principalmente com a redução nos custos de produção, melhor utilização dos recursos disponíveis, redução dos retrabalhos, maior envolvimento dos empregados em relação a qualidade, com redução do percentual de erros e principalmente atendendo as necessidades dos clientes. O mesmo autor indica os principais fatores responsáveis por este aumento de desempenho: padronização de processos, realização de auditorias internas, ações corretivas e preventivas e análise crítica como base para melhoria contínua do sistema. Brevilieri & Cunha (2006) descrevem o processo de implantação do SGQ na Companhia de Saneamento de Diadema (SANED). As principais atividades realizadas foram o mapeamento dos processos através da identificação dos fluxos de entrada e saída e de fatores que intervém neste balanço; disponibilização de recursos; critérios e métodos para assegurar a eficácia dos processos; monitoramento, mensuração e análise dos resultados; e promoção da qualidade contínua. Dentre os principais benefícios advindos da implementação do SGQ, os autores citam a promoção de uma filosofia de trabalho voltada para a gestão por resultados onde os indicadores de qualidade são divulgados mensalmente dentro da empresa. Outro benefício é a conscientização de cada um dos funcionários a respeito da sua própria influência na qualidade dos serviços prestados e como eles podem melhorar o nível de satisfação dos clientes. 88 Apesar desses exemplos, a realidade do setor de saneamento no Brasil ainda apresenta grande déficit na área de gestão da qualidade, o que pode ser explicado pela própria história das empresas de saneamento que trabalham sob um regime de concessão que exige a aplicação de tarifas mínimas na cobrança pelos serviços. Consequentemente, os recursos financeiros são escassos, para a maioria das empresas do setor, o que impossibilita o investimento na melhoria do sistema e na sua adequação às novas exigências do mercado consumidor moderno. Um outro fator que pode explicar isso é a ausência de critérios específicos referentes a qualidade na legislação que determina o modo como serão realizadas as concessões de serviços, predominando os requisitos de menor tarifação e valor de oferta pela outorga. Além disso, os contratos para os serviços de saneamento são longos, variando entre 20 a 30 anos o que de certa forma gera um imobilismo das empresas de saneamento que acabam não sendo estimuladas pela concorrência que é um elemento catalisador para a melhora dos serviços prestados. Parsekian (1998) em avaliação feita em onze ETAs do estado de São Paulo retrata bem a situação descrita anteriormente. Em seu trabalho, detectou que o sistema de gerenciamento adotado é voltado unicamente a fim de se organizar operações e processos que produzam água com qualidade que atenda à legislação. No entanto, a autora destaca a importância da existência de um programa de gerenciamento que vise não só produzir água de qualidade do ponto de vista sanitário, mas que organize a produção com menor custo possível através do aumento da eficiência dos processos e controle riscos ambientais e ergonômicos derivados das atividades desenvolvidas nas ETAs. 3.4. Estação de Tratamento de Água (ETA) 3.4.1. Tipos de Tratamento de Água Diferentemente de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que se utiliza de processos biológicos para tratar o afluente, uma ETA vale-se de métodos de purificação 89 baseados em princípios físico-químicos e que podem assumir diversas conformações das mais simples até as mais complexas dependendo, principalmente, da qualidade da água bruta a ser tratada. O conjunto de operações e processos adotados para purificar a água para consumo humano deverá apresentar valores relacionados à eficiência na purificação da água e de baixo custo de implantação e manutenção do tratamento. Richter & Netto (1991) afirmam que para uma ETA ter um desempenho considerado satisfatório, ela deverá apresentar eficiência na potabilização da água, custo módico no seu projeto, operação econômica, ser simples e de fácil operação, apresentar facilidade de reparos e reposição de partes, e ser capaz de atender ao aumento da demanda de água decorrente do crescimento populacional urbano. Montgomery (apud Libânio, 2005, p. 99) considera que a definição da tecnologia a ser empregada no tratamento de água deve-se pautar nas seguintes premissas: características da água bruta; custos de implantação, manutenção e operação; manuseio e confiabilidade dos equipamentos; flexibilidade operacional; localização geográfica e características da comunidade; disposição final do lodo. A resolução CONAMA no 357, de 17 de março de 2005 separa os tratamentos de água em três tipos: simplificado, convencional e avançado. O primeiro é baseado na clarificação através do processo de filtração e, quando necessárias, a utilização de desinfecção e correção de pH. O segundo método utiliza a coagulação e floculação, seguida de decantação, filtração, desinfecção e correção de pH. O terceiro e último, baseia-se em técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir a água características relacionadas a cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica. Exemplos destes tipos de tecnologias avançadas no tratamento de água são a micro e ultrafiltração, osmose reversa, eletrodiálise reversa, eletrodeionização, e POA (processos oxidativos avançados), dentre outras. Libânio (2005) divide as tecnologias de tratamento de água entre as que utilizam ou não a coagulação química. Neste segundo caso, inevitavelmente ocorre o processo de filtração lenta com ou sem unidades de pré-tratamento. Com o emprego da coagulação 90 química, as tecnologias de tratamento passam a apresentar, associadas a filtração rápida, variantes básicas dependentes da unidade de decantação precedendo a de filtração. Quando não há unidade de sedimentação, o processo é denominado de filtração direta que se subdivide em filtração direta em linha (ausência de floculação) e filtração direta (com floculação). Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente Coagulação Desinfecção Correção de pH Fluoretação Fonte: Libânio (2005). Figura 12– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta em linha. Coagulação Floculação Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente Desinfecção Correção de pH Fluoretação Fonte: Libânio (2005) Figura 13– Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta. Nos casos em que ocorre a unidade de sedimentação o tratamento é denominado convencional ou de ciclo completo. Decantação Coagulação Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente Floculação Desinfecção Correção de pH Flotação Fonte: Libânio (2005) Figura 14– Fluxograma típico da tecnologia de tratamento convencional. Outra classificação que divide as tecnologias de tratamento de água é proposta por Di Bernardo et al (2002). No fluxograma abaixo os autores consideram somente os tratamentos de água que envolvem a coagulação química, sem pré-tratamento. 91 Qualidade da água do manancial Coagulação química Floculação Floculação Decantação ou flotação Filtração rápida descendente Flotação Filtração rápida descendente Tratamento em ciclo completo Flotofiltração Filtração direta ascendente Floculação Filtração rápida descendente Filtração direta descendente Filtração rápida descendente Filtração direta ascendente Dupla filtração Fonte: Di Bernardo et al (2002). Figura 15– Tecnologia de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da filtração rápida. Ainda que não descritas na figura 15, fazem parte de cada um dos fluxos de tratamento a desinfecção, fluoretação e correção de pH. À seguir são descritas resumidamente cada uma das tecnologias de tratamento: o Tratamento em ciclo completo – geralmente a água é coagulada com sais de alumínio ou ferro e posteriormente sofre agitação lenta até que os flocos adquiram massa específica suficiente para que sejam removidos por sedimentação nos decantadores ou por flotação nos flotadores. A água clarificada pelos decantadores ou flotadores é finalmente filtrada por unidades de escoamento descendente, contendo materiais granulares (Ex: cascalho, areia e antracito). o Floto-filtração – a água coagulada é direcionada para câmaras de flotação que liberam pequenas bolhas responsáveis por provocar a ascensão dos flocos que irão se agregar na superfície do tanque e serão recolhidos por uma canaleta lateral. A água clarificada é então direcionada para a filtração. o Filtração direta descendente – a água coagulada é levada diretamente a um filtro de fluxo descendente. 92 o Filtração direta ascendente – a água bruta coagulada é introduzida na parte inferior da unidade filtrante que deve possuir fundo e sistema de drenagem apropriados, camada de pedregulho adequada e meio filtrante constituído unicamente de areia. o Dupla filtração – neste sistema, associam-se as filtrações ascendente e descendente. Nos dois filtros é utilizado meio filtrante constituído unicamente de areia, com a diferença de que a areia no filtro ascendente possui grãos maiores do que quando se utiliza somente filtração ascendente. Em uma comparação sobre os métodos de tratamento utilizados em todas as cidades do Brasil que recebem água tratada, a PNSB do IBGE constatou que a grande maioria representada pela proporção de 75% utiliza o tratamento do tipo convencional ou de ciclo completo que inclui as etapas de coagulação, floculação, sedimentação, filtração para a clarificação da água, seguida de correção de pH, desinfecção e em alguns casos, fluoretação. Vale observar que esse tipo de tratamento é utilizado para águas de baixa qualidade, onde a simples desinfecção ou um tratamento simples (desinfecção + filtração) não são suficientes. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2000). Figura 16– Proporção de água tratada distribuída por dia, por tipo de tratamento utilizado, segundo as grandes regiões. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE. Outra medida interessante é a proporção de volume de água tratada, por tipo de tratamento, segundo o tamanho populacional dos municípios, onde se observa uma clara correlação. Na PNSB do IBGE, observa-se que quanto maior a população, maior a 93 proporção de volume diário de água tratada pelo método convencional. Os municípios com mais de 300.000 habitantes tratam de forma convencional 85,7% do volume de água distribuído. Já as localidades com menos de 20.000 habitantes tratam 52,6% do volume de água de forma convencional, o que reflete uma melhor qualidade de água. Grandes municípios, além de uma maior concentração industrial cujos efluentes degradam a qualidade das águas, apresentam uma grande pressão sobre os recursos hídricos locais através de uma maior quantidade de despejo de esgoto sanitário nos mananciais. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2000). Figura 17– Proporção de volume diário de água tratada e distribuída, por tipo de tratamento, segundo os estratos populacionais dos municípios. Retirado da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000” realizada pelo IBGE. Conseqüentemente com a diminuição da qualidade da água, ocorre um aumento nos custos de tratamento da água. O gasto com produtos químicos, segundo o “Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto 2005” do SNIS, representa entre 3% e 4% do total da receita de despesas de uma companhia de abastecimento de água. Próximo das despesas com pessoal (39%) e energia elétrica (19%), as despesas com produtos químicos podem parecer pequenas, entretanto isso não deixa de ser um ônus importante principalmente se observarmos o crescimento deste tipo de gasto. Em reportagem do Jornal da Folha de São Paulo de 25/07/2004, noticiou-se que os gastos com produtos químicos praticamente dobrou no período de 1998-2003 em alguns sistemas que abastecem a 94 Grande São Paulo. O sistema Guarapiranga teve um aumento de 133% com esse tipo de gasto, no Alto Tietê de 20% e no Cantareira de 27%. De acordo com dados da PNSB do ano 2000 compilados pela Fundação João Pinheiro, no estado de Minas Gerais, pode-se observar que em termos de tratamento da água os distritos-sede que declararam não distribuir água tratada representam 152 cidades (17,8%). A grande maioria tem tratamento de tipo convencional, o que significa que a água bruta passa por tratamento completo em estação de tratamento de água (ETA): 649 cidades (76%). Tabela 11– Forma de captação e existência de tratamento da água distribuída, segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. DISTRITO -SEDE No de Distritos FORMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA Aduto- AdutoPoço ra de Poço Superfi- ra de profunraso cial água água do bruta tratada 379 31 661 163 108 TRATAMENTO DA ÁGUA TIPO DE TRATAMENTO NÃO Simples NãoConvendesinfecconven- TEM cional ção cional 51 649 30 152 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007). A grande maioria dos distritos capta a água para consumo de fontes superficiais que, devido a sua maior exposição a fontes de poluição, pode explicar o alto número de cidades que adotam o tratamento de água de ciclo completo. 95 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007). Figura 18– Tipo de tratamento de água, segundo municípios e bacia hidrográficas do estado de Minas Gerais. A simples desinfecção é realizada em apenas 28 municípios (3,2%) de MG. Este é um reflexo da baixa disponibilidade de fontes de água com um nível suficiente de qualidade que dispense tratamentos mais complexos. O tratamento não convencional é realizado por 23 municípios (2,6%) e em outros 26 municípios (3%) existe mais de um tipo de tratamento o que pode ser explicado por variações sazonais na qualidade da água bruta. 3.4.2. Etapas do Tratamento de Água de Ciclo Completo A) Mistura Rápida O processo de mistura rápida tem a finalidade de promover a dispersão do coagulante à água bruta. Essa dispersão deve ser a mais homogênea, ou seja, uma distribuição equânime e uniforme do coagulante a água, e a mais rápida possível. Assim, realiza-se o processo de coagulação química da água que consiste em reduzir as forças físicas e 96 químicas que tendem a manter separadas as partículas em suspensão (RICHTER & NETTO, 1995). Basicamente, existem dois tipos de métodos utilizados para a realização do processo de mistura rápida: mecanizados ou hidráulicos. Os sistemas mecanizados podem ser os agitadores do tipo turbina ou hélices, nos quais a água bruta aflui à câmara de mistura e o coagulante é disperso por meio das bombas dosadoras. Alternativamente aos agitadores mecanizados, a mistura rápida pode ser feita também com o emprego de malhas difusoras que se constituem em tubos de PVC perfurados, com orifícios contrários ao fluxo e dispostos transversalmente no canal ou tubulação de água bruta. Os sistemas hidráulicos são os mais populares no Brasil e utilizam a própria energia hidráulica para realizar a mistura do coagulante a água bruta. Dentre os principais modelos desta categoria estão: vertedores de seção retangular, vertedores triangulares e, principalmente, medidores Parshall (LIBÂNIO, 2005). Como principais fatores intervenientes no processo de coagulação, citam-se: tipo de coagulante; alcalinidade e pH; natureza e distribuição dos tamanhos das partículas; concentração da solução de coagulante e temperatura da água; tempo de detenção e gradiente de velocidade da mistura rápida (LIBÂNIO, 2005). Dentre os principais produtos utilizados como coagulante estão: cloreto férrico (FeCl3), sulfato ferroso clorado (FeCl3xFe2(SO4)3), sulfato férrico (Fe2(SO4)3), hidroxicloreto de alumínio (Aln(OH)mCl3n-m) e sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) (VIANNA, 1994). Pavanelli (2001) estudou a eficiência de quatro diferentes coagulantes: sulfato de alumínio, cloreto férrico, hidroxicloreto de alumínio e sulfato férrico. Através dos diagramas de coagulação elaborados para cada tipo de coagulante, o autor concluiu que o cloreto férrico apresentou melhor desempenho em valores menores de pH (5,90-6,71), o sulfato férrico foi o mais econômico (custo 2,7 vezes menor que o custo do coagulante mais caro) e hidroxicloreto de alumínio atua numa grande faixa de pH. É interessante observar que o sulfato de alumínio é o produto cujo preço por tonelada é o mais barato (US$68,84/tonelada), entretanto, o seu rendimento equivale ao custo de US$4,80 por metro cúbico de água tratada com turbidez remanescente menor que 5 UT, enquanto 97 que nas mesmas condições, o rendimento do sulfato férrico líquido é de US$2,35. Assim, conclui-se que o sulfato de alumínio apesar de mais barato, segundo o estudo, não é o mais econômico. B) Floculação Após a coagulação é necessária a agitação relativamente lenta, com o objetivo de proporcionar encontros entre as partículas menores para formar agregados maiores ou flocos. Nas ETAs, a floculação corresponde à etapa em que são fornecidas condições para facilitar o contato e a agregação de partículas previamente desestabilizadas por coagulação química, visando à formação de flocos com tamanho e massa específica que favoreçam a sua remoção por sedimentação, flotação ou filtração direta. A eficiência da unidade de floculação depende do desempenho da unidade de mistura rápida, da geometria do equipamento de floculação e da qualidade da água bruta. O desempenho das unidades de mistura rápida e de floculação influi na qualidade de água clarificada produzida na ETA e, consequentemente, na duração da carreira de filtração (DI BERNARDO et al, 2002). Libânio (2005) cita três fatores preponderantes para o sucesso da floculação: tempo de detenção, escalonamento dos gradientes de velocidade nas câmaras e geometria das câmaras. O primeiro fator é determinado pelo período de tempo que a água coagulada leva para atravessar a série de câmaras de floculação e sua influência é correlacionada à geometria das câmaras. O segundo fator indica que o gradiente de velocidade da água floculada deve ir diminuindo ao longo das câmaras. No início da floculação, são necessários os gradientes de velocidade mais elevados para aumentar as chances de contato e agregação das partículas pequenas previamente desestabilizadas por coagulação química. À medida que os flocos são formados, o gradiente de velocidade deve ser 98 reduzido, atenuando a ruptura dos mesmos sem, contudo, impedir seu crescimento decorrente da agregação com outros flocos. O terceiro e último fator interveniente é a geometria das câmaras. Para unidades de floculação com tempos de detenção mais curtos observa-se que as câmaras de base quadrada apresentam desempenho inferior quando comparadas às de base circular, devido a maior possibilidade de zonas mortas. Contudo, para tempos de detenção mais longos, a forma das câmaras não interfere significativamente na eficiência da floculação e o desempenho da unidade será governado pelo número de câmaras e disposição das passagens. Os diversos tipos de unidades de floculação são distinguidos pela forma de transferir energia à massa líquida, mecânica ou hidráulica, para que possa ocorrer o choque entre as partículas desestabilizadas e a conseqüente formação de flocos (LIBÂNIO, 2005). As unidades de floculação mecanizadas distinguem-se basicamente pelo eixo que pode ser vertical ou horizontal, por meio do qual as paletas, turbinas ou hélices estão conectadas aos conjuntos motor-redutor. Já as unidades hidráulicas são divididas em escoamento helicoidal (Ex: unidades Alabama), vertical (Ex: chicanas verticais ou tipo Cox) e horizontal (Ex: chicanas horizontais). C) Decantação A decantação propicia a clarificação do meio líquido através da separação das fases sólida e líquida da água floculada. Os flocos formados durante a etapa de mistura lenta adquirem uma massa específica superior à da água o que favorece o seu movimento descendente em direção ao fundo dos decantadores e impede sua passagem para os filtros. Outro sistema de separação sólido-líquido, bem menos difundido que a decantação no Brasil, é a flotação que se caracteriza pela ascensão das partículas suspensas ou floculadas através da aderência de microbolhas de ar as mesmas, 99 tornando-as de menor massa específica que o meio onde se encontram (DI BERNARDO et al, 2002). Netto et al (1987) diz que existem critérios variados para a classificação dos decantadores. Do ponto de vista prático, os mais importantes são em função do escoamento da água e aqueles de acordo com as condições de funcionamento. Em função do escoamento da água, os decantadores podem ser classificados em horizontais ou verticais. No primeiro caso, a água entra por uma extremidade e se move longitudinalmente até sair pela outra extremidade. No segundo caso, a água floculada é dirigida para a parte inferior e posteriormente eleva-se em movimento ascendente até a superfície dos tanques que possuem uma profundidade relativamente grande. Os critérios relacionados ao tipo de funcionamento, dividem as unidades de decantação em decantadores do tipo clássico (Também chamados de convencionais, recebem a água floculada e processam somente a sua sedimentação.), decantadores com contato de sólidos (Unidades mecanizadas que promovem simultaneamente a agitação, a floculação e a decantação.) e decantadores com escoamento laminar (Tubulares ou de placa, impedem a resuspensão de flocos com má formação ou devido à uma velocidade ascensional elevada dentro do decantador. Esses modelos apresentam alta eficiência.). A limpeza dos decantadores pode ser realizada através de mecanismos manuais como descargas de fundo, limpeza periódica executada pelos operadores ou através de sistemas mecânicos de remoção de lodo como os raspadores de fundo (LIBÂNIO, 2005). D) Filtração A filtração consiste na remoção de partículas suspensas e coloidais e de microorganismos presentes na água que escoa através de meio granular. Em geral, a filtração é o processo final de remoção de impurezas realizado em uma ETA e, portanto, principal responsável pela produção de água com qualidade condizente com o padrão de potabilidade (DI BERNARDO et al, 2002). 100 Segundo Libânio (2005), a literatura técnica sobre clarificação de águas de abastecimento ainda não dispõe de uma classificação abrangente a respeito das diversas unidades filtrantes. Então, o próprio autor sugere um sistema de classificação baseado em algumas premissas como a taxa de filtração e o sentido de escoamento da água pelo filtro. Pré filtração em pedregulho Escoamento ascendente Lenta Escoamento descendente FILTRAÇÃO Escoamento ascendente Pressão Escoamento descendente Escoamento descendente Rápida Gravidade Escoamento ascendente Precedida de floculação e decantação convencionais Simultânea com microfloculação e microdecantação Precedida de floculação e decantação convencionais Simultânea com microfloculação e microdecantação Dois estágios Fonte: Libânio (2005). Figura 19– Classificação de unidades filtrantes. Os pré-filtros ou filtros dinâmicos surgiram como forma de pré-tratamento objetivando minimizar o aporte de sólidos mais usualmente às unidades de filtração lenta que também são chamados de filtros ingleses. Estes podem ter um escoamento descendente ou ascendente de água pelo seu meio filtrante e são utilizados na purificação de águas com baixa cor verdadeira, turbidez e concentração de algas, operando com taxas de 2 a 6 m3/m2.dia. Já os filtros rápidos são utilizados em ETAs que operam em locais com grande demanda de água e geralmente estão associadas ao tratamento de ciclo completo, podendo ser subdivididos em filtros rápidos de pressão e de gravidade. No primeiro caso, o meio filtrante e o sistema de drenagem são acondicionados em cilindros fechados de eixo vertical ou horizontal e operam em taxas que vão de 120 a 180m3/m2.dia para águas turvas ou coloridas. No segundo caso, a filtração é precedida 101 de floculação e decantação da água coagulada e podem chegar a uma taxa de filtração de 360 m3/m2.dia (LIBÂNIO, 2005). Os filtros rápidos descendentes são os mais utilizados em todo o mundo (LIBÂNIO, 2005) e são constituídos basicamente pelo meio filtrante (Ex: areia, areia e antracito), camada suporte e fundo dos filtros (fundos falsos com bocais, sistema de canalizações perfuradas e blocos Leopold). O controle operacional dos filtros é realizado através do nível de água e da vazão. O controle de nível informa a gradativa perda de carga do meio filtrante e o de vazão permite controlar a entrada de água decantada e a saída de água filtrada de forma a uniformizar a vazão em todos os filtros ativos (NETTO et al, 1987). A lavagem dos filtros é realizada pelo fluxo reverso de água tratada, vinda de um reservatório da ETA específico para essa atividade, e em alguns casos, a injeção de ar com o objetivo de aumentar a fluidização do meio filtrante e consequentemente, melhorar a eficiência do processo de lavagem (RICHTER & NETTO, 1995). E) Fluoretação A fluoretação consiste na etapa do tratamento na qual se objetiva conferir, para algumas águas elevar, determinada concentração de fluoreto (F-) à água tratada por meio da aplicação de compostos de flúor. Ela geralmente ocorre no final do tratamento, simultânea à desinfecção na câmara de contato e em ponto distinto ao da aplicação de alcalinizante com o objetivo de evitar a formação do fluoreto de cálcio (CaF2) que reduziria a concentração final de fluoreto na água tratada (LIBÂNIO, 2005). Segundo Netto et al (1987) a descoberta da fluorose dentária por Frederick McKay em 1916 foi muito importante no desenvolvimento do processo de fluoretação. Essa doença que é caracterizada pela presença de manchas escuras no esmalte dos dentes e é causada pelo excesso de flúor na água utilizada para consumo, serviu para que McKay e outros pesquisadores percebessem que crianças com problemas de fluorose apresentavam menor quantidade de cáries. 102 Após essa descoberta, diversos estudos comprovaram a correlação positiva entre a concentração de flúor e a diminuição da incidência de cáries, sendo que o processo de fluoretação passou a ser amplamente utilizado em todo o mundo (NUNES et al, 2004). Em toda a cidade que possua uma ETA, a fluoretação é obrigatória e determinada pela lei no 6.050 de 24 de maio de 1974. Outra lei que diz respeito a fluoretação é a portaria do Ministério da Saúde n.° 635/Bsb de 1975 que determina normas e padrões a serem seguidos na adoção do método. O quadro a seguir possui os valores recomendados para teor de flúor na água tratada é retirado da portaria citada. Tabela 12– Limites recomendados para a concentração do íon fluoreto (mg/L) de acordo com a temperatura do ar. Fonte: Portaria do Ministério da Saúde n° 635/Bsb de 1975. A seguir, são apresentados os principais compostos químicos utilizados na fluoretação em ETAs do Brasil. Tabela 13– Compostos utilizados na fluoretação das águas para consumo humano. Fonte: Portaria do Ministério da Saúde n.° 635/Bsb de 1975. 103 Libânio (2005) diz que qualquer composto solúvel de flúor que, em solução aquosa, libere íon fluoreto é passível de ser aplicado na fluoretação de água para consumo. Entretanto, assim como outros produtos químicos utilizados na potabilização, outros fatores hão de balizar essa definição: o O composto deve apresentar solubilidade e grau de pureza adequados que permitam seu emprego confiável na rotina operacional das ETAs, assegurando a concentração final de fluoreto estabelecida. o Na dissociação, o cátion liberado junto com o fluoreto não deve apresentar toxicidade ou característica indesejável às águas. o O composto deve apresentar custo acessível – incluindo disponibilidade na região para minimizar os custos de transporte - continuidade de fornecimento pelo fabricante, facilidade de armazenamento e manuseio. F) Desinfecção A desinfecção tem por finalidade a destruição ou inativação de microorganismos patogênicos presentes na água, tais como bactérias, protozoários, vírus e vermes. A necessidade deste processo é devido ao fato de não se poder assegurar a remoção total dos microorganismos pelos processos físico-químicos, usualmente utilizados no tratamento da água (RICHTER & NETTO, 1995). Segundo Libânio (2005), a desinfecção pode ser realizada basicamente por dois grupos de agentes desinfetantes: químicos e físicos. Os primeiros constituem elementos ou compostos com potencial de oxidação, incluindo o cloro e seus compostos, dióxido de cloro e ozônio, como os mais extensivamente empregados em tratamento de água. Além destes, peróxido de hidrogênio, ácido acético, bromo, iodo, permanganato de potássio e cloreto de bromo constituem outros agentes químicos. Os agentes físicos, por sua vez, apresentam ação referenciada à energia de radiação, destacando-se a radiação UV, a radiação gama, radiação solar e, em nível domiciliar, a fervura. 104 Os principais fatores que influem na eficiência da desinfecção, e consequentemente, no tipo de desinfecção a ser adotado são: a espécie e concentração do organismo a ser destruído; espécie e concentração do desinfetante; tempo de contato; características físicas e químicas da água; grau de dispersão do desinfetante na água (NETTO et al, 1987). G) Correção de pH A correção de pH no tratamento da água tem a função de diminuir a sua corrosividade e agressividade que pode gerar problemas de ordem sanitária, organoléptica ou econômica. Os primeiros problemas decorrem da possibilidade de contaminação da água pela dissolução de metais prejudiciais à saúde humana, quando presentes na água de consumo em teores acima dos limites estabelecidos pelos padrões de potabilidade. Esses metais são principalmente o chumbo, o cádmio e o cobre, quando empregados na confecção de tubos , e também em materiais de juntas e soldas de tubulações, em materiais metálicos usados em revestimento de tubos e em metais sanitários feitos de latão amarelo, a exemplo de torneiras e registros (LIBÂNIO, 2005). Um dos principais fatores que pode contribuir para a característica de corrosividade e agressividade é a acidez da água natural que favorece a dissolução de gás carbônico, ácidos diluídos e cloretos, dentre outros elementos, com grande poder de corrosão. Um segundo fator que contribui para a ocorrência dessa característica indesejável é a coagulação química da água que tende a diminuir o pH da água e favorecer o processo de corrosão metálica (NETTO et al, 1987). Segundo Vianna (1994), os principais produtos utilizados na correção de pH para controle da agressão e corrosividade são: cal hidratada (Ca(OH)2), cal virgem (CaO), carbonato de sódio (Na2CO3) e polifosfatos de sódio ((NaPO3)n). Uma segunda função da correção de pH está relacionada ao processo de coagulação química que apresenta melhor desempenho sob determinadas faixas de pH que variam dependendo do coagulante utilizado. Dependendo das características de pH da água 105 bruta, haverá a necessidade da aplicação de um alcalinizante (Ex: cal hidratada, cal virgem, carbonato de sódio.) ou de um acidificante (Ex: ácido clorídrico, ácido sulfúrico.) ou de nenhum dos dois no caso em que o pH natural da água for adequado para que ocorra uma coagulação eficiente (NETTO et al, 1987). 3.4.3. Problemas Ambientais em ETAs Segundo Cordeiro & Campos (1999), os sistemas de tratamento de água podem ser comparados a verdadeiras indústrias, pois as ETAs no processo de potabilização da água transformam uma matéria-prima, a água bruta, em um produto final, a água tratada. Para isso utiliza insumos, produtos químicos e energia elétrica, e como resíduos geram-se, principalmente, o lodo de decantador e a água de lavagem de filtros. De uma forma geral, os resíduos gerados em ETAs podem ser divididos em quatro grandes categorias (DOE, 1990): (A) Despejos gerados durante processos de tratamento de água visando à remoção de cor e turbidez. Em geral, os despejos produzidos englobam os despejos gerados nos decantadores (ou eventualmente nos flotadores com ar dissolvido) e as água de lavagem dos filtros. (B) Despejos gerados durante processos de abrandamento. (C) Despejos gerados em processos de tratamento avançado visando à redução de compostos orgânicos presentes na água bruta, tais como carvão ativado granular saturado, ar proveniente de processos de arraste com ar, etc... (D) Despejos gerados durante processos visando à redução de compostos inorgânicos presentes na água bruta, tais como processos de membrana (osmose reversa, ultrafiltração, nanofiltração,etc.). Das quatro categorias, a que é mais importante do ponto de vista das ETAs de pequeno porte, a A é a mais importante e de maior relevância em termos ambientais. As 106 categorias B, C e D dificilmente ocorrem em pequenas e médias ETAs, sendo mais comum em grandes ETAs onde existe uma menor qualidade da água devido ao grande lançamento de esgoto e de efluentes industriais das cidades grandes o que exige tratamentos mais avançados para se potabilizar a água. A) Lodo de Decantador Dentre os resíduos gerados em uma ETA, o lodo de estação de tratamento de água (LETA) tem atenção especial por parte de pesquisadores da área de saneamento (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) devido ao grande volume gerado e por suas características tóxicas derivadas dos altos teores de metais (Ex: alumínio, cádmio, chumbo, cromo, zinco...) presentes em sua composição que, por sua vez, são influenciadas pela qualidade da água bruta captada e pelos reagentes aplicados no processo de tratamento. Santos et al (2000) realizaram em seu trabalho a caracterização físico-química do LETA da ETA de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Segundo os autores, este resíduo é composto basicamente por materiais que compõem a argila, areias, siltes, cálcio, ferro, além de compostos originados da aplicação de produtos químicos na água bruta. Tabela 14– Composição química do LETA. Retirado de Santos et al (2000). 107 Sob o ponto de vista ambiental, um assunto que deve ser alvo de preocupação dos gestores de uma ETA é a correta forma de disposição final do lodo que, no Brasil, comumente tem sido feita por meio do simples lançamento, sem nenhum tratamento prévio, em corpos d’água próximos a própria ETA que o gerou. Em levantamento realizado por PARSEKIAN (1998), em ETAs do estado de São Paulo, a pesquisadora verificou que dentre onze unidades estudadas, somente uma realizava o tratamento e a disposição adequada do LETA (feita por meio de leitos de secagem e disposição em aterro sanitário do lodo seco) enquanto as outras dez lançavam os resíduos finais gerados no processo em cursos d’água. A postura das companhias de água nestes casos, revelada pela pesquisa em questão, mostra-se, no mínimo contraditória, tendo em vista que grande parte de seus representantes atribui a culpa pela crescente degradação da qualidade dos recursos hídricos aos lançamentos de resíduos resultantes de atividades industriais e agrícolas. Os lançamentos do LETA em cursos d’água sem o devido tratamento podem gerar impactos ambientais específicos cuja significância e magnitude irão depender das características físico-químicas e microbiológicas do próprio lodo e das características hidráulicas e do poder autodepurativo do corpo receptor. Inicialmente, de maneira geral, aparecem as alterações estéticas na água, decorrentes da abrupta elevação da cor e turbidez podendo, com isso, afetar vários usos do recurso hídrico, tais como a recreação e a irrigação. Adicionalmente, a redução da penetração de luz na massa de água do rio pode resultar numa diminuição da atividade fotossintética e conseqüentemente da concentração de oxigênio dissolvido, além de interferir no assoreamento e no aumento das concentrações de alumínio, ferro e outros metais nas águas naturais (LIBÂNIO, 2005). Outros pesquisadores também alertam sobre os potenciais efeitos no ecossistema hídrico devido aos despejos de LETA em cursos d’água. Os estudos sobre os impactos ambientais causados pelo lançamento do LETA ainda são poucos, entretanto, devido a presença de metais na sua composição química e pelos já conhecidos efeitos a longo prazo causados pela bioacumulação e biomagnificação dos metais em seres vivos, considera-se que é importante assumir uma postura de precaução em relação a freqüente 108 prática, observada em grande parte das ETAs, de disposição deste resíduo em corpos d’água. Barbosa et al (2000) em uma avaliação utilizando Daphnia similis detectou quadros de toxicidade crônica observada por efeitos na reprodução (diminuição do número de descendentes). Neste trabalho, os autores realizaram ensaios de toxicidade com dois tipos de LETA, um derivado da coagulação com cloreto férrico e outro com uso de sulfato de alumínio. Em ambos os tipos observou-se acentuada toxicidade crônica com baixa produção de descendentes na reprodução, já a toxicidade aguda foi observada somente com a utilização de cloreto férrico. Kaggwa et al (2001) analisou o efeito do lançamento do LETA em locais de terras úmidas às margens do Lago Vitória localizado no pântano de Gaba em Uganda na África. As freqüentes descargas no local demonstraram uma nítida alteração na qualidade físico-química da água e também no crescimento e produtividade de plantas. Cyperus papyrus, uma macrófita nitidamente dominante no pântano de Gaba, sob a presença do LETA apresentou uma produtividade de biomassa igual a 5,1g/m2.d o que é bem abaixo do seu valor em condições sem o LETA no ambiente (13-14 g/m2.d) e levou quase ao seu desaparecimento no Lago Vitória. Segundo a NBR 10004 (2004), dentre os diversos tipos de resíduos sólidos incluem-se “(...) os lodos provenientes de sistema de tratamento de água (...)” reforçando ainda mais o argumento da necessidade do gerenciamento ambiental adequado dos LETAs que, para tanto, deve ser feito mediante cuidadoso planejamento e observação das disposições legais pertinentes. Porém, Souza (2004) destaca não existir na legislação brasileira regulamentação específica para o controle e fiscalização da disposição e tratamento final dos resíduos oriundos de ETAs. Diversos estudos sobre caracterização físico-química do LETA (BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002; BARROSO, 2002; SOUZA, 2004) demonstram que vários dos seus parâmetros excedem os limites legais para padrões de efluentes estabelecidos na resolução CONAMA no 357/05 e por isso a sua disposição não deve ser feita em cursos d’água devido ao seu potencial tóxico. 109 Tabela 15 - Comparação entre os valores máximos estabelecidos por lei e os encontrados em estudos de caracterização LETAs. *Segundo a resolução CONAMA n0 357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2o: “Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim o valor da concentração de alumínio utilizada é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no Brasil. Parâmetros CONAMA no 357/2005 *Al (mg/L)* Zn (mg/L) Pb (mg/L) Cd (mg/L) Ni (mg/L) Fe (mg/L) Mn (mg/L) Cu (mg/L) Cr (mg/L) 0,1 5,0 0,5 0,2 2,0 15,0 1,0 1,0 0,5 BARROSO & CORDEIRO (apud DI BERNARDO et al, 2002) ETA São ETA Rio ETA Carlos Claro Araraquara 11.100,0 30,0 2,16 4,25 0,1 48,5 --1,6 1,06 0,02 --0,27 1,8 1,16 --5.000,0 4200,0 214,0 ------0,91 2,06 1,7 0,19 1,58 0,86 BARROSO (2002) SOUZA (2004) 553,0 48,64 10,0 --15,0 69998,5 883,0 32,0 19,0 --0,019 1,476 --0,009 31,492 ----0,132 Nos casos em que se comprove a disposição do LETA no corpo hídrico, pode-se aplicar a Lei de Crimes Ambientais no9605/98 que, em seu artigo 54, considera crime “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora(...)” e no seu inciso V diz que se o crime “(...) ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos(...)”. Segundo a lei de crimes ambientais, a pena de reclusão do responsável pelo delito pode variar de um a cinco anos. Nas situações onde além de ocorrer a disposição inadequada, também se comprovar que houve o prejuízo da biota aquática dos cursos pelo lançamento de LETA, podem ser aplicadas: (a) o primeiro parágrafo do artigo no 34 da resolução CONAMA no 357/05 que diz que “O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente.” e; 110 (b) o artigo 33 da lei 9605/98 que diz que é crime: “Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.”. Assim, sugere-se que a disposição de LETAs em corpos d’água é uma prática inadequada do ponto de vista legal e que dever ser reavaliada pelas companhias de abastecimento no Brasil que não cuidam adequadamente deste resíduo. Os principais métodos de tratamento para este tipo de resíduo, envolvem o seu adensamento e a sua desidratação para diminuir o seu volume que em sua grande maioria é composto por água, apresentando um teor que varia em torno de 0,1 a 2% do volume total. O adensamento envolve a adição de polímeros ao LETA a fim de se obter um lodo mais concentrado para que seja feita a sua desidratação que poderá ser feita por métodos mecânicos como a filtração a vácuo, filtros prensa e centrifugação, ou por métodos nãomecânicos como lagoas e leitos de secagem (LIBÂNIO, 2005). Várias alternativas ao tratamento do LETA e sua disposição em aterros sanitários têm sido apresentadas por diversos autores. Teixeira et al (2005) sugerem a aplicação do lodo em solos degradados como forma de recuperar áreas onde ocorreram atividades de minerações, pois elevam os teores de K, Ca, Mg e o valor de pH do solo favorecendo ao crescimento de plantas nos locais. Já Titshall & Hughes (2005) dizem que apesar da disposição do LETA em solos ser uma alternativa potencialmente viável, esta deve ser feita com cautela avaliando-se primeiramente as características físico-químicas do solo natural e do LETA, uma vez que o aumento de elementos químicos como, por exemplo, o Mn podem causar problemas no crescimento de plantas. Hoppen et al (2006) propõem a incorporação do lodo em matriz de concreto como forma de disposição deste resíduo. O LETA oriundo da ETA de Passaúna localizada na área metropolitana de Curitiba foi incorporado em frações correspondentes a 4% e 8% numa mistura com concreto. Os testes de resistência do concreto incorporado com lodo indicaram uma possível utilização como concreto não-estrutural, adequado para 111 construção de contrapisos, blocos e placas de vedação, peças decorativas em concreto, tampas de concreto para coberturas de fossas e caixas de passagem, pedestais para apoio de equipamentos, calçadas e pavimentos residenciais, concreto compactado com rolo, dentre outras. Teixeira et al (2006) estudou a incorporação de LETAs de dois tipos, um em que o floculante é a base de alumínio e outro que é a base de ferro, em massa cerâmica para a fabricação de tijolos. Em ambos os casos ele observou piora na qualidade das propriedades tecnológicas dos tijolos, que entretanto, ainda assim atingiram o mínimo exigido para a fabricação dos tijolos através de uma modificação numa das etapas que é o aumento na temperatura de queima. Assim, os autores concluíram que a partir da caracterização das propriedades física e químicas do LETA combinadas a um ajuste na temperatura da queima da massa cerâmica, é possível realizar a incorporação do lodo na fabricação de tijolos. Por fim, cita-se o estudo de Freitas et al (2005) onde através do desenvolvimento de um método para regeneração de coagulantes do lodo através de um processo de acidificação avaliou a viabilidade econômica do reuso no tratamento de efluentes em um reator UASB. Segundo os autores, foi verificado que considerando as reduções de custos decorrentes da diminuição de lodo a ser tratado e disposto, o custo de produção do coagulante regenerado é muito próximo ao custo do coagulante comercial. Portanto, concluiu-se que atualmente essa tecnologia deve ser considerada como uma alternativa potencialmente viável dos pontos de vista técnico e econômico para o tratamento e reaproveitamento de lodo de ETAs. B) Água de Lavagem de Filtro Outro resíduo que merece grande atenção, do ponto de vista ambiental, é a geração da água de lavagem de filtros cujos aspectos negativos, assim como o LETA, estão relacionados a sua disposição em corpos d’água. Considera que são dois os problemas advindos dessa prática, o primeiro é relacionado ao desperdício deste grande volume de água que pode corresponder a até 5% do volume de água tratada (DI BERNARDO et al, 112 2002) e o segundo problema relaciona-se a constituição físico-química deste efluente que pode caracterizá-lo como impróprio para ser disposto em mananciais (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000). Richter & Netto (1991), Parsekian (1998), Di Bernardo et al (2002) e Libânio (2005) alegam que os principais fatores que influenciam uma maior freqüência de lavagem dos filtros são: o ETAs operando acima da sua capacidade estabelecida em projeto o que muitas vezes favorecem à chegada de uma água decantada de má qualidade aos filtros o que gera diminuição na sua carreira de filtração e a necessidade de maior número de lavagens; o a falta de uma rotina operacional adequada que acaba ocasionando um maior número de lavagens dos filtros por falta de um procedimento padronizado que estabeleça os tempos de carreira de filtração e os controles adequados de nível e vazão dos filtros, assim como os critérios para lavagem dos filtros; o lavagens ineficazes dos filtros onde algumas deficiências como tempo de lavagem curto ou expansão insuficiente do meio filtrante, permitem a formação uma película que agrega os grãos de areia através da própria compressão causada pela perda de carga do filtro o que permite a formação de fendas e gretas por onde passa a água decantada. Isto gera uma menor qualidade do efluente filtrado o que faz com que os operadores, lavem mais vezes os filtros. Ainda que menos tóxica que o LETA, a água de lavagem de filtro deve apresentar cuidados na sua disposição. Segundo estudos de caracterização deste efluente (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000), os seus teores de alumínio possuem valores bem acima do que estabelece a atual legislação que regula o lançamento de efluentes em corpos d’água, a resolução CONAMA no 357/2005. 113 Tabela 16– Estudos de caracterização físico-química da água de lavagem de filtro. Menezes et al (2005) realizou sete amostragens nas datas que vão de 30/05/04 até 02/12/04. Scalize & Di Bernardo realizaram três amostragens. ND – não detectado na amostra analisada. Parâmetro Res. CONAMA n 357/2005 *Al Cd Pb Cu Fe Mn Ni Zn (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) 0,1 0,2 0,5 1,0 15,0 1,0 2,0 5,0 o Menezes et al (2005) 30/05/04 8,03 ND ND ND 4,1 0,04 ND 0,023 30/06/04 2,81 ND ND ND 0,9 0,02 ND 0,009 30/07/04 14,31 ND ND 0,011 6,8 0,073 ND 0,043 30/08/04 14,41 ND ND ND 2,9 0,061 ND 0,096 30/09/04 2,8 <0,004 <0,01 <0,1 1,67 <0,05 ND <0,1 09/11/04 20,8 ND ND ND 9,0 0,038 ND 0,012 02/12/04 33,72 ND ND ND 0,95 0,057 ND 0,008 Scalize & Di Bernardo (2000) Amostra 1 2,6 --x-- --x-- 0,16 4,62 0,08 0,12 1,84 Amostra 2 3,8 --x-- --x-- 0,02 21,12 0,30 ND 0,92 Amostra 3 4,4 --x-- --x-- 0,02 30,12 0,34 ND 0,72 *Segundo a resolução CONAMA n0 357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2o: “Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim o valor da concentração de alumínio utilizada é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no Brasil. Flaten (2001) numa revisão sobre pesquisas procura relacionar a concentração de alumínio no corpo humano com a ocorrência do Mal de Alzheimer indica que 9 de 13 estudos estabeleceram uma correlação estatisticamente significante entre os teores de alumínio no cérebro e o surgimento dessa doença. Considerando-se os teores de alumínio da água de lavagem de filtro a prática freqüente de disposição em mananciais deve ser revista pelas companhias de abastecimento. Uma das opções para isso é o tratamento deste efluente e posterior reutilização no próprio circuito de tratamento da água do tipo ciclo completo. A reciclagem deste efluente pode gerar grande economia para as empresas uma vez que esta água que antes era 114 desperdiçada, antes, teve de ser aduzida gerando gasto de energia elétrica e também recebeu produtos químicos. Entretanto, segundo Di Bernardo et al (2002), o processo de recirculação do sobrenadante pode comprometer o funcionamento da ETA ou prejudicar a qualidade da água final, pela presença de sólidos suspensos totais ou microorganismos indesejáveis como cistos de Giárdia e Cryptosporidium, de metais como manganês e ferro, de carbono orgânico total, de precursores de trialometanos e substâncias que conferem sabor e odor a água. Assim, a água de lavagem de filtro deve ter seus parâmetros físicos, químicos e microbiológicos caracterizados a fim de se estruturar o melhor tipo de tratamento para o reaproveitamento deste efluente, sem que ocorra prejuízo à qualidade do produto final que é a água tratada. C) Qualidade da Água Tratada Além dos resíduos gerados na ETA, um fator que merece bastante destaque é relacionado à falhas de operação ou monitoramento das etapas de tratamento da água o que segundo diversos estudos podem alterar a qualidade final da água tratada causando sérios danos à saúde pública. Os efeitos prováveis decorrentes de um sistema de abastecimento de água são geralmente positivos, por se constituir num serviço que assegura melhoria e bem-estar da população. O benefício oferecido pelo tratamento de água, por exemplo, é indiscutível, pois transforma, após a remoção de contaminantes, água inadequada para o consumo humano em um produto que esteja em acordo com padrões de potabilidade. No entanto, o tratamento implica na utilização de substâncias químicas que quando mal administradas podem afetar a saúde daqueles que a utilizam (SOARES et al, 2002). Um dos problemas mais comuns é a formação de trialometanos (TAM) na desinfecção da água tratada. O cloro é o agente mais usado, pois, em qualquer dos seus diversos compostos, destrói ou inativa os organismos causadores de enfermidades, sendo que 115 esta ação se dá à temperatura ambiente e em tempo relativamente curto. Sua aplicação é simples exigindo equipamentos de baixo custo. A determinação de sua concentração na água é fácil, sendo relativamente seguro ao homem nas dosagens normalmente adotadas para desinfecção da água. Fornece uma quantidade remanescente que protege a água de posteriores contaminações. Os riscos relacionados ao processo de cloração da água estão associados muito mais aos seus subprodutos do que com os agentes utilizados. Existe, normalmente, um grande número de compostos orgânicos na água bruta que podem reagir com o cloro livre levando à formação de diversos subprodutos, entre eles os denominados TAM. Processos alternativos de desinfecção da água, que evitam a formação dos TAM, são aqueles que não utilizam cloro livre, tais como: cloraminas (cloro combinado), dióxido de cloro, ozonização e radiação ultravioleta. Entretanto, estes podem levar a formação de outros subprodutos, conforme o teor de matéria orgânica presente na água, sendo que seus efeitos sobre a saúde humana ainda não foram completamente avaliados (TOMINAGA & MIDIO, 1999). Cantor et al (1978), Infante-Rivard et al (2001) e Tokmak et al (2004) realizaram estudos epidemiológicos cujos resultados sugerem, apesar de não provar, que esses subprodutos possam aumentar a incidência de certos tipos de câncer na população humana. No primeiro estudo, um dos primeiros relacionados aos sub-produtos da desinfecção, os autores indicam que há uma forte correlação entre altos níveis de TAM e a ocorrência de câncer de bexiga. No segundo e terceiro estudos, os autores avaliam estatisticamente a correlação entre cânceres e os níveis de TAM. Ainda que os resultados, em ambos os estudos, demonstrassem apenas uma pequena correlação, os autores consideram que o risco de câncer associado aos TAMs deve ser objeto de preocupação por parte de autoridades de saúde pública e gestores de companhias de abastecimento. A fluoretação é outro processo, cujas falhas no controle do teor de fluoreto na água tratada podem causar problemas de saúde como a fluorose dentária. A adição controlada de flúor na água para abastecimento traz efeitos benéficos principalmente para as 116 crianças pois favorece a prevenção da formação de cáries dentárias. Estatísticas em, incluindo as efetuadas em cidades brasileiras, têm comprovado uma eficiência de redução de 50 a 70% da incidência de cáries (NETTO et al, 1987). Maia et al (2003) em estudo de avaliação sobre o controle operacional exercido sobre o processo de fluoretação em Niterói-RJ, fez a análise do teor de fluoreto na água tratada durante um ano onde ela detectou que 96% das amostras encontravam-se fora dos padrões estabelecidos pelo padrão de potabilidade, embora os responsáveis pela ETA afirmassem que havia um controle rigoroso do processo de fluoretação. Os resultados indicam que o teor de flúor na água tratada apresentou uma grande variação indo de 0,03 ppm até 1,49 ppm. Paiano et al (2001) avaliou a concentração de flúor na água tratada de Joinville-SC no período de 1994 a 1999 onde ele constatou que o processo de fluoretação apresentou problemas de qualidade que se traduziram pela irregularidade no padrão adequado de teores com tendências a subdosagens. Como sugestão os autores indicaram a introdução de processos de fluoretação automática a fim de se manter o teor ótimo de flúor entre 0,7-1,0 ppm. Como último problema decorrente de ineficiências do processo de tratamento de água, cita-se a presença de altos teores de alumínio na água tratada. Dentre os possíveis fatores que influenciam isto, podem estar a má coagulação e floculação da água bruta, baixo tempo de detenção no decantador o que diminui a sedimentabilidade e favorece o arraste de flocos para os filtros, baixa freqüência de limpeza de decantadores convencionais, lavagem ineficiente dos filtros. Parsekian & Cordeiro (2003) indicam que as atuais práticas de lavagem do decantador em períodos que podem variar a até alguns meses, acarretam num acúmulo de impurezas no lodo o que pode provocar a solubilização de metais, os quais podem ser incorporados na água decantada. Outro fator que os autores indicam como causa da contaminação da água tratada é o não atendimento de produtos químicos às especificações técnicas exigidas por órgãos normalizadores. Segundo os autores isso pode gerar a necessidade de emprego de maior quantidade de produtos químicos no 117 processo consequentemente, gerando maior quantidade de resíduos nos decantadores e filtros e maiores possibilidades de contaminação da água tratada por contaminantes presentes em produtos químicos com baixo grau de pureza. O alumínio em concentrações elevadas é um potente neurotóxico capaz de se acumular no cérebro causando diversos danos nos seus tecidos. Uma das doenças correlacionadas ao excesso de alumínio na água é o mal de Alzheimer que apesar de ainda não ter um vínculo bioquímico ainda esclarecido com o citado metal, existem estudos epidemiológicos indicando que a correlação entre estes dois fatores é estatisticamente significativa (Flaten, 2001). Freitas et al (2001) em estudo sobre o teor de alumínio na água tratada servida nos municípios cariocas de Duque de Caxias e São Gonçalo, detectou que 100% das amostras de água coletadas na rede dos dois municípios apresentaram concentrações de alumínio acima do permitido pelo padrão de potabilidade da época (Portaria do Ministério da Saúde no 36/1990). Os autores destacam que essa irregularidade poderia favorecer a um aumento nos casos de mal de Alzheimer na região. Na discussão do trabalho, ainda foi salientado que na época, os valores limites de alumínio permitidos pela legislação brasileira eram dez vezes maiores que os valores da legislação dos Estados Unidos. D) Saúde e Segurança Ocupacional A operação de uma Estação de Tratamento de Água ainda que aparentemente possa parecer uma atividade inofensiva deve ser objeto de preocupação por parte dos gestores uma vez que, frequentemente, o operador que trabalha nestes locais é designado para exercer diversas funções que o expõem ao contato com substâncias químicas (Ex: análises laboratoriais, preparação de produtos para dosagem na água), organismos patogênicos (Ex: limpeza de decantador, análises microbiológicas), problemas ergonômicos (ex: carregamento de sacas de produtos químicos) e de organização do trabalho (Ex: turnos noturnos). Ainda que todas essas exposições efetivamente não 118 ocorram, existe sempre a possibilidade de que esses riscos ambientais se concretizem e acabem por causar danos a saúde dos operadores. Segundo Colacioppo (2004) risco ambiental pode ser definido como o possível agente de doenças ocupacionais que podem ser encontrados em uma dada atividade ou local de trabalho. Os riscos ambientais podem ser divididos em: o Químicos – substâncias químicas na forma de sólidos, líquidos, gases, vapores, poeiras, fumos, névoas e fumaças; o Físicos – radiações ionizantes ou não, ruído, vibrações, temperaturas extremas, pressão atmosférica anormal, iluminação; o Biológicos – micro e macro organismos patogênicos; o Outras situações – interação física e psíquica entre tarefa e trabalhador (ergonomia, organização do trabalhador). A primeira categoria de risco ambiental que é relacionada a produtos químicos, ocorre com bastante freqüência em pequenas e médias ETAS onde é comum o preparo de coagulantes, alcalinizantes e desinfetantes, dentre outros, para a dosagem na água a ser tratada. A observação a ser feita neste ponto é que boa parte destes produtos apresentam periculosidade aos seres humanos e devem ser manuseados após um treinamento adequado, fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPI), elaboração de procedimentos com critérios definidos para a preparação dos produtos e medidas para atendimento à emergências. Em um levantamento feito sobre produtos químicos mais utilizados no tratamento de água de ciclo completo (DI BERNARDO et al, 2002) realizou-se uma identificação para constatar quais destas substâncias apresentavam algum grau de periculosidade. O critério utilizado para esta classificação foi a presença ou não da substância no Manual para Atendimento de Emergências com Produtos Perigosos (ABIQUIM, 2002). Dentre os 29 produtos listados, 17 deles são considerados perigosos e pertencem a diversas classes/subclasses de risco o que deve determinar uma maior cautela tanto no seu transporte, quanto armazenagem e manuseio. 119 Na listagem abaixo, não foram considerados os produtos químicos utilizados nas análises laboratoriais, entretanto, estes também devem ser objeto de cuidado no planejamento da rotina operacional de uma ETA. Muitos dos produtos químicos de laboratório podem não causar intoxicações imediatas, porém, a longo prazo devido a uma contínua exposição pode ocorrer o acúmulo de determinados elementos químicos não naturais ao organismo gerando assim quadros de intoxicações crônicas, cujos efeitos, muitas vezes, dependendo da avaliação médica, podem até não ser associados às atividades laboratoriais. 120 Tabela 17- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para abastecimento. Classe 2.3gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão espontânea, 5.1- substâncias oxidantes, 6.1substâncias tóxicas, 8- substâncias corrosivas. *Soluções de hipoclorito com mais de 5% de cloro livre. Produto (Fórmula Química) É perigoso? Classe / Subclasse de risco No da ONU Função no tratamento da água para abastecimento Ac. Clorídrico Comercial (HCl) Sim 8 1789 Acidificante Ac. Fluorsílicico (H2SiF6xH2O) Sim 8 1778 Fluoretação Ac. Peracético (C2H4O3 ) Não --- --- Desinfetante Ac. Sulfúrico (H2SO4) Sim 8 1830 Acidificante Cal Hidratada (Ca(OH2)) Não --- --- Alcalinizante Cal Virgem (CaO) Sim 8 1910 Alcalinizante Carbonato de Sódio (Na2CO3) Não --- --- Alcalinizante Carvão Ativado (C) Sim 4.2 1362 Adsorção de compostos orgânicos Cloreto Férrico (FeCl3) Não --- --- Coagulação Cloro Líquido ou Gasoso (Cl2) Sim 2.3 1017 Desinfetante Dióxido de Cloro (ClO2) Não --- --- Desinfetante Fluoreto de Cálcio (CaF2) Não --- --- Fluoretação Fluoreto de Sódio (NaF) Sim 6.1 1690 Fluoretação Fluorsilicato de Sódio (Na2SiF6) Sim 6.1 2674 Fluoretação Hipoclorito de Cálcio, Hidratado (CaO(Cl)2) Sim 5.1 2880 Desinfetante Hipoclorito de Cálcio com cloro livre entre 10 e 39% (CaO(Cl)2) Sim 5.1 2208 Desinfetante Hipoclorito de Cálcio, Seco com cloro livre acima de 39% (CaO(Cl)2) Sim 5.1 1748 Desinfetante *Hipoclorito de Sódio (NaClO) Sim 8 1791 Desinfetante Ozônio (O3) Não --- --- Desinfetante Peróxido de Hidrogênio, com entre 20 e 60% de peróxido de hidrogênio (H2O2) Sim 5.1 2014 Desinfetante Permanganato de Potássio (KmnO4.) Sim 5.1 1490 Desinfetante Polímero Natural (mandioca, batata, milho...) Não --- --- Auxiliar de coagulação/ floculação Polímero Sintético Não --- --- Auxiliar de coagulação/ floculação . 121 Tabela 17 (Continuação)- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para abastecimento. Classe 2.3- gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão espontânea, 5.1substâncias oxidantes, 6.1- substâncias tóxicas, 8- substâncias corrosivas. *Soluções de hipoclorito com mais de 5% de cloro livre. Soda Cáustica, Sólida (NaOH) Sim 8 1823 Alcalinizante Soda Cáustica, Solução (NaOH) Sim 8 1824 Alcalinizante Sulfato de Alumínio, Solução (Al2(SO4)3) Sim 8 1760 Coagulante Sulfato de Cobre (CuSO4x5H2O) Não --- --- Algicida Sulfato Férrico (Fe2(SO4)3) Não --- --- Coagulante Sulfato Ferroso Clorado Líquido (FeCl3xFe2(SO4)) Não --- --- Coagulante Fonte: Di Bernardo et al (2002); ABIQUIM (2002) Além dos riscos químicos em um laboratório de uma ETA, devem também ser considerados os riscos biológicos advindos das análises microbiológicas, cuja utilização de meios de culturas pode favorecer não só ao crescimento dos coliformes como também aos dos organismos patogênicos que combinados com práticas inadequadas (Ex: não utilização de EPIs, falta de higiene no local de análise) de proteção podem causar doenças infecciosas nos laboratoristas. Parsekian (1998) analisou 11 ETAs onde verificou que todas possuíam grande parte dos equipamentos necessários para a preparação de produtos químicos e realização de análises laboratoriais, entretanto, os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) como chuveiro e lava-olhos foram observados em somente uma ETA. Além disso, não foi verificado nenhum sistema de registros de acidentes no trabalho e nem fornecimento de treinamento adequado para a realização de práticas seguras em atividades que envolvam riscos à segurança dos operadores. Um outro fator que pode ser considerado problemático do ponto de vista da saúde e segurança nas ETAs é o baixo grau de instrução dos operadores. Utilizando-se ainda dos dados de Parsekian (1998), verifica-se que a grande maioria dos funcionários envolvidos nas análises de rotina da qualidade da água (Ex: pH, turbidez, cor) e no 122 controle das dosagens de produtos químicos na água, apresentam escolaridades que podem ser consideradas insuficientes para o exercício da função. De todos os funcionários das onze ETAs avaliadas 4% possuíam terceiro grau completo, 20% tinham nível técnico, 16% com segundo grau completo, 29% o primeiro grau completo e os 31% restantes tinham primeiro grau incompleto. Somados os dois últimos valores, pode-se dizer que pelo menos 60% dos operadores das ETAs visitadas pela pesquisadora, apresentavam um grau de instrução que poderia dificultar a conscientização destes funcionários quanto aos riscos à saúde da população abastecida advindos de seu mau desempenho operacional e também no treinamento destes operadores em normas de saúde e segurança específicas para atividades em ETAs. A limpeza manual do decantador também é uma atividade que pode trazer riscos a saúde e segurança dos operadores. Um primeiro fator de risco seria a própria constituição físico-química do LETA que pode apresentar altos teores de metais como alumínio, cádmio e chumbo, dentre outros, que quando em altas concentrações no organismo humano podem causar sérias doenças (BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002; BARROSO, 2002; SOUZA, 2004). O segundo fator de risco pode ser a possibilidade de contaminação dos operadores por microorganismos patogênicos que podem estar presentes no LETA. Almeida et al (1994), em trabalho de levantamento soroepidemiológico para detecção de leptospirose em trabalhadores do setor de saneamento ambiental do município de Pelotas no Rio Grande do Sul detectou que 16,7% dos trabalhadores envolvidos no serviço de águas apresentou soropositividade contra 16,2% do serviço de esgotos, 13,6% da coleta de lixo, 11,4% dos trabalhadores que atuam na limpeza de bueiros e galerias e 7,6% dos que atuam na limpeza pública (coleta de lixo e limpeza de ruas). Ainda que os outros serviços apresentem aparentemente condições sanitárias piores, os serviços de água apresentaram a maior taxa de soropositividade (16,2%) dos cinco serviços avaliados, 123 portanto, deve-se considerar que o risco biológico em uma ETA não deve ser descartado. O terceiro e último fator de risco a ser citado nesta atividade de limpeza de decantadores é a possibilidade de quedas (PARSEKIAN, 1998) na descida e subida de escadas de acesso ao fundo do decantador. É recomendado para a prevenção de acidentes com quedas a utilização de cintos de segurança e escadas do tipo marinheiro (possuem uma espécie de gaiola acoplada à escada por onde o operador passa internamente). Uma última categoria de risco relacionada à rotina operacional de ETAs é a forma de organização dos trabalhos. Atualmente, é muito comum que as ETAs trabalhem acima da suas capacidades de projeto. Parsekian (1998) detectou que oito das onze ETAs avaliadas trabalhavam acima da vazão máxima estabelecida pelo projeto o que acaba gerando uma necessidade de funcionamento contínuo da ETA através de turnos diurnos e noturnos em seis ou até sete dias por semana. Segundo Barbosa Filho (2001), o trabalho em turnos pode resultar em efeitos biológicos gerados pelo descompasso entre os esforços impostos e as respostas do organismo associadas a estes. A desarmonia entre ritmos e periodicidades naturais e turnos de trabalho podem gerar problemas diversos, sendo os mais comuns aqueles relacionados ao baixo desempenho no trabalho, horários de sono e alimentação alterados. O primeiro fator que o autor cita é uma conseqüência muito freqüente da diminuição da capacidade de vigilância e concentração dos trabalhadores na execução de suas tarefas, o que no caso específico das ETAs, pode ser considerado muito grave pois aumenta a probabilidade de erros na dosagem de produtos químicos na água e no monitoramento de sua qualidade. O segundo fator pode inclusive ser uma causa do baixo desempenho no trabalho. Muitas vezes, os trabalhadores são forçados a trabalhar em horários que contrastam com seu ritmo biológico de sono o que pode causar alterações no humor, insônia nos períodos de descanso e sono nos horários de trabalho o que pode prejudicar o desempenho dos trabalhadores e aumenta a probabilidade de erros e acidentes. 124 O terceiro fator é uma conseqüência das alterações de horários de sono impostos pelos turnos causando perturbações no apetite o que pode resultar em dores, disfunções do aparelho digestivo e doenças gastrointestinais como úlceras estomacais ou duodenais. Um quarto e último fator que o autor cita é a exclusão social dos trabalhadores que trabalham em horários que a sociedade descansa e folgam em horários que a sociedade está ativa. Numa tentativa de reverter essa exclusão, muitos trabalhadores recorrem a estimulantes para que possam diminuir sua necessidade de descanso e utilizar o tempo economizado para se socializar durante seus períodos de descanso. Como resultado direto, tem-se um elevado número de casos de dependência de álcool, fumo, cafeína e drogas. 3.4.4. Gerenciamento Ambiental em ETAs O gerenciamento ambiental ainda pode ser considerado um fator secundário dentro das empresas de saneamento. Em consulta feita ao sítio eletrônico do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), verificaram-se apenas três empresas de saneamento certificadas pela NBR ISO 14001:2004: a Empresa Baiana de Águas e Abastecimento (Embasa), Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) (INMETRO, 2007a). Vale observar aqui que não necessariamente uma empresa deve ser certificada na ISO 14001 para que ela pratique a gestão ambiental, entretanto, a adoção dessa norma é considerada por muitos autores (BARIBIERI, 2006; HARRINGTON, 2001; MOREIRA, 2001) como uma importante referência para que a empresa incorpore práticas ambientais sistemáticas que envolvam o diagnóstico dos problemas ambientais gerados pela sua atividade, planejamento e implementação de medidas para corrigir ou mitigar os problemas ambientais, monitoramento e análise dos resultados das medidas implementadas, e revisão crítica do sistema de gestão ambiental (SGA) implantado. Pode-se dizer que a grande vantagem da implementação de um SGA é a mudança na cultura organizacional da empresa, onde todos os funcionários são estimulados a sugerir 125 melhorias no processo de produção através de processos de treinamento e conscientização a respeito da importância do meio ambiente para a empresa e a vida dessas pessoas (RAINES, 2002; MOHAMMED, 2000, GAVRONSKI, 2003). Ainda assim, a atual realidade das empresas de saneamento, como se observou nos dados do INMETRO a respeito da certificação ambiental no Brasil está bem distante da questão ambiental. Considera-se que um dos fatores determinantes para esse cenário é o sistema de concessões para serviços públicos que apresenta dois problemas já citados anteriormente como causas do déficit de qualidade na prestação de serviços de saneamento: a tarifa de cobrança e a não especificação de requisitos ambientais para a outorga dos serviços. A primeira causa é relativa aos regimes tarifários adotados que na maioria das vezes, obedecem ao critério do preço mínimo que acaba gerando uma receita que cobre somente despesas básicas relativas à administração e operação dos sistemas de tratamento de água como folha de pagamento, compra de produtos químicos, consumo de energia elétrica, dentre outros. Consequentemente, a receita dessas empresas é insuficiente para que haja investimento em melhorias na prestação dos serviços como, por exemplo, treinamento dos funcionários, programas de educação para evitar o desperdício no consumo de água pelos cidadãos, reformas e modernização do sistema de tratamento de água. A segunda causa diz respeito aos contratos de concessão firmados entre as empresas de saneamento e o poder público que focam seus critérios nas questões tarifárias e de pagamento da outorga, mas deixam a desejar na definição de critérios relativos à expansão da cobertura, melhoria da qualidade dos serviços de saneamento e questões de cunho ambiental (MARINHO, 2006). Assim, a grande maioria das empresas de saneamento possui sistemas de gerenciamento unicamente voltados para organizar operações e processos que produzam água com qualidade adequada ao padrão de potabilidade (PARSEKIAN, 1998). As melhorias, os investimentos em inovações tecnológicas e formação de recursos humanos, e a ampliação dos sistemas de água e esgoto tão essenciais para a evolução da qualidade do 126 serviço prestado são frequentemente deixadas num segundo plano, seja pelas razões expostas anteriormente ou pela dependência dessas empresas em relação aos recursos financeiros vindos do governo federal. Dentro desse cenário, o que resta às empresas deste setor é uma postura gerencial reativa, isto é, que vise somente gastos necessários ao atendimento da legislação específica. Na tentativa de incentivar melhorias no setor de saneamento, o governo federal tem se esforçado através da criação de programas como o Programa Nacional de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS) e o Plano Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA) que dentre os seus diversos enfoques, tratam de assuntos relativos a diminuição de perdas nos sistemas de abastecimento de água que são bastante interessantes tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista ambiental. O PMSS foi concebido em 1993 e tem com pauta principal o apoio técnico para o desenvolvimento de mudanças nos órgãos e entidades do setor saneamento no país, especialmente os prestadores de serviços, tendo como propósito melhorar a qualidade e o nível de eficiência e eficácia de suas ações o que resulta em menores perdas de água, economia de energia elétrica, utilização de produtos químicos e maior preparação da mão-de-obra das companhias. Dentre os beneficiados estão os municípios e os prestadores de serviço públicos que podem receber recursos e assistência técnica para realização de melhorias no sistema de abastecimento de água e esgoto. Um ponto importante a ser destacado é que esse programa beneficia tanto as companhias municipais quanto as estaduais, diferentemente do Planasa que só fornecia recursos às estaduais (PMSS, 2007). Com um enfoque mais direcionado para as questões ambientais, o PNCDA foi criado em 1997 e tem por objetivo geral promover o uso racional da água de abastecimento público nas cidades brasileiras, em benefício da saúde pública, do saneamento ambiental e da eficiência dos serviços, propiciando a melhor produtividade dos ativos existentes e a postergação de parte dos investimentos para a ampliação dos sistemas. Tem por objetivos específicos definir e implementar um conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes para 127 uma efetiva economia dos volumes de água demandados para consumo nas áreas urbanas. Periodicamente o PNCDA abre chamada para que grupos de pesquisa desenvolvam trabalhos acerca de diversos temas relacionados ao desperdício de água. Dentre os vários resultados deste trabalho encontram-se diretrizes para a elaboração de indicadores de perda de água e planos de combate ao desperdício, programas de educação para consumidores, redução de perdas e tratamento de lodo em ETA, dentre outros (PNCDA, 2007). Um dos documentos publicados pelo PNDCA, o documento técnico de apoio (DTA) C2, faz uma reunião de estudos de caso sobre estratégias de combate ao desperdício de água. Dentre os diversos exemplos, cita-se o da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (SABESP), elaborou um programa de combate ao desperdício que trabalhando em duas frentes: o perdas físicas, considerando as águas que efetivamente não chegam ao consumidor, em função de vazamentos nos ramais prediais e no sistema público de abastecimento; o perdas não físicas, decorrentes de erros de medição nos hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas do sistema de cadastramento da Companhia. Nestes casos, de alguma forma a água é consumida, mas não é medida, acarretando perda de faturamento. A implementação das ações programadas permitiu à SABESP obter os seguintes resultados: ampliação de receita; melhoria do desempenho operacional; melhor utilização da infra-estrutura existente e eventual postergação de novos investimentos; melhoria da imagem da empresa junto aos clientes; ampliação dos benefícios do uso dos recursos hídricos. Considera-se que o exemplo citado da SABESP, representa a mudança de atitude que as empresas do setor de saneamento vêm tomando. Há um estreito vínculo entre as perdas no sistema de abastecimento de água e a qualidade da operação da companhia de 128 saneamento, ou seja, quanto mais elevado for o padrão dos serviços prestados menores serão os índices de perdas. No seu sentido mais amplo, a busca da redução dos índices de perdas passa necessariamente pela melhoria da eficiência operacional trazendo benefícios econômicos e ambientais. Na área acadêmica, os trabalhos também têm sofrido várias alterações representadas pelas mudanças de enfoque sobre os assuntos pesquisados. Tradicionalmente, os temas relacionados à área de saneamento eram predominantemente sobre tecnologias de tratamento de água e estudos epidemiológicos. Frente à crescente degradação dos recursos hídricos e à alterações na legislação ambiental, as pesquisas também tem enfocado os problemas ambientais gerados pelo tratamento de água: o Caracterização, tratamento e reutilização de lodo de decantadores (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO et al, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; FREITAS et al, 2005; HOPPEN et al, 2006; PORTELLA, 2003; TEIXEIRA et al, 2006; SOUZA, 2004); o Caracterização e recirculação da água de lavagem de filtros (DI BERNARDO et al, 2002; MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000); Com exceção de Cordeiro (2003) que fala sobre o potencial de aplicação dos conceitos da ISO 14001 na minimização de efeitos negativos do tratamento de água, praticamente não existem trabalhos sobre o assunto de gerenciamento ambiental em ETAs. As pesquisas atuais estão focadas principalmente em problemas ambientais localizados como o LETA e a água de lavagem de filtros, mas praticamente não tratam de uma abordagem sistemática em relação a resolução de questões ambientais, até mesmo porque esse tipo de abordagem ainda é raro em empresas de saneamento. Por isso acredita-se que a metodologia proposta pelo presente trabalho pode ser útil na sensibilização de gestores de ETAs sobre o tratamento sistemático das questões ambientais auxiliando-os a identificar os problemas e analisá-los, facilitando a adoção de medidas mitigadoras ou corretivas para se evitar os impactos ambientais decorrentes das diversas atividades da ETA. 129 4. METODOLOGIA 4.1. Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de ETAs com Base na NBR ISO14001:2004 Tendo em vista que uma ETA de ciclo completo apresenta algumas características (Ex: produção de lodo de decantador, geração de água de lavagem de filtro, manuseio de produtos químicos por operadores...) que podem causar prejuízo ao meio ambiente, o presente trabalho visou elaborar uma metodologia que verificasse se o Sistema de Gerenciamento (SG) adotado por uma companhia de abastecimento público de água estaria preparado para controlar os possíveis efeitos ambientais decorrentes das atividades de sua ETA. O método proposto para tal fim, convencionou-se chamar de Instrumento de Análise Ambiental e Operacional de ETAs (IAAOETA). Esta ferramenta apresenta diretrizes para que se possa analisar o planejamento das atividades e a rotina operacional das ETAs de ciclo completo, possibilitando que se identifique os pontos fortes e os falhos dos SG adotados pelas companhias de abastecimento. A principal função deste instrumento de análise ambiental é o de informar e conscientizar as empresas de saneamento analisadas sobre a sua influência em relação à questões ambientais, possibilitando um melhor entendimento sobre a interface entre tratamento de água e meio ambiente o que se considera um fator essencial no planejamento e execução de medidas que controlam, reduzam ou corrijam impactos ambientais advindos da operação de uma ETA. Assim, procurou-se avaliar como cada ETA trata de assuntos ambientais por meio de duas abordagens complementares. Uma na qual se verificam quais são as ações diretamente relacionadas aos assuntos de cunho ambiental que são tomadas para corrigir, controlar ou mitigar possíveis impactos ambientais (Ex: políticas ambientais, programas de gerenciamento de resíduos, reciclagem de resíduos...), e outra, onde se verificam os aspectos operacionais que podem influenciar como ações indiretas na ocorrência de impactos ambientais (Ex: falhas operacionais que causem problemas na qualidade da água tratada, lançamento de resíduos em corpos d’água...). 130 Como base para o desenvolvimento da abordagem que trata das ações ligadas diretamente à gestão de problemas ambientais, utilizou-se a NBR ISO14001:2004 que é a norma brasileira da ISO voltada para a implantação de sistemas de gestão ambiental e é uma referência mundial na área de gestão ambiental empresarial. Complementarmente à esta norma, utilizou-se também a NBR ISO14004:2005 que serve como apoio para a primeira norma citada, através da disponibilização de informações que esclarecem certos termos que parecem vagos ou são de difícil entendimento na ISO 14001 e acabam por auxiliar na sua correta interpretação e como suporte para a implementação de SGAs. Já para a abordagem ligada às ações que podem influenciar indiretamente no surgimento de problemas ambientais, adotou-se literatura técnica que é referência para o planejamento e operação de estações de tratamento de água (CRAWFORD & CLINE, 1990; DOE, 1990; DI BERNARDO, 1993; DI BERNARDO et al, 2002; LIBANIO, 2005; NETTO et al; RICHTER & NETTO, 1995; VIANNA, 1994) e que oferece parâmetros ideais para que se possa avaliar o estado de funcionamento das ETAs. Assim, através da utilização destas duas abordagens consideradas complementares, procurou-se elaborar o IAAOETA numa seqüência que permitisse, respectivamente, a descrição do fluxo operacional de tratamento da água com a identificação dos elementos de entrada e saída desse sistema operacional, um levantamento sobre como os diversos elementos do sistema poderiam interagir com o meio ambiente e uma verificação das áreas administrativa e operacional, afim de se verificar qual o nível de gestão ambiental incorporado no atual SG e as características operacionais que podem contribuir indiretamente para a ocorrência de impactos ambientais. Com base na seqüência descrita anteriormente, procurou-se então dividir o IAAOETA em três partes: 1) Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, 2) Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) asssociados às atividades da ETA e 3) Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs. O Pré-Questionário para Caracterização de ETAs é a primeira parte do IAAOETA e tem por objetivo auxiliar na descrição do fluxo operacional do sistema de tratamento de 131 água e identificar os elementos que influenciam o seu desempenho. Aborda cada uma das etapas do tratamento de água de ciclo completo através da avaliação das dimensões físicas das estruturas utilizadas (Ex: calha parshall, decantador, filtro...), identificação dos modelos utilizados (Ex: floculador de chicanas verticais ou horizontais, floculador hidráulico ou mecanizado...) e dos procedimentos relacionados (Ex: preparação de produtos químicos para dosagem, regulação da dosagem, análises de qualidade da água tratada...). Além disso, também são avaliados o nível de formação dos funcionários envolvidos com as atividades da ETA, cursos e treinamento realizados, sistema de documentação de procedimentos e registros e fatores referentes à aquisição de produtos químicos para o tratamento da água. A segunda parte do IAAOETA é o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) que é um método baseado em um requisito da NBR ISO14001:2004 que recomenda a identificação dos aspectos e impactos ambientais de uma empresa a fim de se realizar uma análise ambiental com vistas à implantação de um SGA. A identificação dos aspectos ambientais foi realizada a partir de uma pesquisa prévia de literatura técnica e acadêmica sobre o tratamento de água e também através dos resultados do Pré-Questionário que descrevem o fluxo operacional do sistema de tratamento de água (etapas e procedimentos relacionados) e as entradas (insumos) e saídas (produtos e resíduos). Como última etapa do IAAOETA, elaborou-se a Lista de Verificação Ambiental que consiste em um conjunto de perguntas com respostas fechadas. Este método foi dividido em outras duas partes denominadas Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004 e Qualidade Gerencial e Operacional. A primeira parte mede em quanto o atual SG da ETA atende aos requisitos estabelecidos pela NBR ISO14001:2004 e a segunda parte, realiza uma avaliação a fim de identificar características dos procedimentos operacionais e das ações administrativas que têm uma influência indireta sobre o meio ambiente. Nos sub-itens a seguir são dados maiores detalhes sobre a elaboração de cada uma das partes do IAAOETA. 132 4.1.1. Pré-Questionário para Caracterização de ETAs O Pré-Questionário para Caracterização de ETAs (Apêndice A) é um método que tem a função de obter informações básicas sobre o processo de tratamento de água de ciclo completo. Trata-se de um conjunto de perguntas que permite respostas discursivas e é dividido em dois itens principais: gerencial e operacional. No item gerencial, as perguntas são direcionadas a fim de se obter informações sobre o tipo de administração da companhia de saneamento, a estrutura e responsabilidades adotada dentro do seu SG, a escolaridade dos funcionários envolvidos no tratamento da água, a organização do sistema de documentação, o modo como se realiza a contratação de prestadores de serviços e fornecedores. Já no item operacional, procurou-se elaborar questões para o levantamento de informações sobre como é feito o controle de qualidade da água bruta e informações sobre as unidades de tratamento da ETA (Ex: dimensões físicas, tipo de unidade, produtos químicos utilizados no tratamento, como são os procedimentos de preparo e dosagem das soluções de produtos químicos na água, o controle de qualidade da água tratada, procedimentos no laboratório, etc). Como base para a utilização deste método, foi utilizada literatura especializada no tratamento de água (DI BERNARDO, 1993; DI BERNARDO et al, 2002; LIBANIO, 2005; NETTO et al, 1987; PARSEKIAN, 1998; PUPPI, 1973; RICHTER & NETTO, 1995; VIANNA, 1994). Com a geração de resultados que descrevem o fluxo operacional do tratamento da água, assim como os elementos de entrada (Ex: insumos utilizados) e saída (Ex: resíduos) do sistema e procedimentos relacionados (Ex: preparação de produtos químicos para dosagem na água) a cada etapa do tratamento de água, o Pré-Questionário desempenha a função, dentro do IAAOETA, de fornecer subsídios para a elaboração e aplicação do LAIA nos locais de estudo. 133 4.1.2. Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) é um dos principais procedimentos necessários para a implantação de sistemas de gestão ambiental, segundo os moldes propostos pela NBR ISO14001:2004. Esta análise permite verificar a atual situação de uma ETA em relação às questões ambientais através da identificação de quais elementos dos diversos processos do tratamento de água podem influenciar negativamente sobre o meio ambiente. A abrangência deste levantamento inclui aspectos associados à condições normais de operação (Ex: geração de lodo de decantador) e condições anormais (Ex: risco de acidentes de operadores no manuseio de produtos químicos), incluindo situações de risco, emergência e de acidentes. Os critérios adotados para este levantamento, assim como os métodos para a determinação da significância dos aspectos, são baseados nas orientações para uso da NBR ISO 14001:2004, nas técnicas de apoio da NBR ISO 14004:2005 e em trabalhos que propuseram modelos para identificação de aspectos e impactos ambientais (HENKELS, 2002; LUZ, 2006; MOREIRA, 2001; SANTOS & BONONI, 2003). Como teste piloto para aplicação da metodologia de LAIA deste estudo, selecionou-se duas ETAs de ciclo completo de médio porte no estado de MG e elaborou-se uma seqüência de etapas (A, B e C) para execução deste teste (Figura 20). Etapa do tratamento de água Procedimento Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Análise B A Significância C Figura 20- Seqüência de etapas do LAIA. A) Identificação de Etapas do Tratamento de água, de Procedimentos e seus Aspectos e Impactos Ambientais. B) Análise. C) Significância. 134 Na primeira parte (Etapa A, Figura 20) procurou-se realizar a caracterização do processo de potabilização da água em cada uma das ETAs escolhidas, afim de se determinar a seqüência das etapas de tratamento e os procedimentos realizados em cada uma destas etapas. A partir disso, através de uma análise baseada na percepção pessoal e em critérios pré-estabelecidos (Ex: toxicidade do produto ou resíduo, potencial de dano ao meio ambiente, consumo de recursos naturais, questões relacionadas a saúde e segurança ocupacional, referências bibliográficas, recomendações da NBR ISO14004:2005 e etc.) identificam-se os aspectos e impactos ambientais relacionados aos procedimentos de cada etapa (Exemplo na figura 21). Procedimento Aspecto Ambiental Etapa Preparo da solução Risco de acidente do Fluoretação de flúor para operador no manuseio dosagem na água dos produtos químicos Impacto Ambiental Risco de danos à saúde do operador Figura 21 – Exemplo de aplicação para a etapa A da metodologia de LAIA. Como se observa no exemplo anterior (Figura 21), neste trabalho os aspectos do tratamento de água que ofereciam risco de danos à saúde dos operadores da ETA também foram considerados como impactos ambientais. Essa opção se justifica pelo fato de que o ser humano também compõe o meio ambiente e também pela observação de que a inclusão dos riscos ocupacionais nas análises seria um fator que enriqueceria os resultados deste trabalho, uma vez que esse tipo de problema ocorre com muita freqüência dentro das ETAs de ciclo completo. Na seqüência (Etapa B, Figura 20), cada um dos aspectos ambientais identificados é analisado através da utilização de critérios específicos (Ex: severidade, probabilidade de ocorrência, situação operacional...) voltados a determinar o grau de importância dos seus impactos sobre o meio ambiente. Finalmente, após a caracterização de cada aspecto ambiental realiza-se a análise de significância (Etapa C, Figura 20) que determina se um aspecto ambiental do tratamento de água é considerado desprezível ou significativo. Essa etapa é executada com a utilização de filtros (Ex: parte interessada, legislação aplicável.) e de um sistema de 135 pontuação que indica o grau de importância de cada aspecto ambiental. A partir dos resultados desta última etapa é possível então, identificar quais as partes do processo de tratamento de água que merecem maior atenção numa implantação de um SG voltado ao atendimento eficaz de questões ambientais. Durante a realização do LAIA nos locais de estudo, os resultados foram anotados em uma planilha que foi descrita no apêndice B deste trabalho. Nos sub-itens a seguir são explicadas, em seqüência e de maneira mais detalhada, cada uma das etapas do LAIA. A. Identificação de Etapas do Tratamento de Água, de Procedimentos e seus Aspectos e Impactos Ambientais. Como etapa inicial para realização do LAIA são utilizados os resultados da Tabela 7 do Pré-Questionário (Apêndice A) que lista todas as etapas do tratamento de água e os procedimentos relacionados a cada um destes. Preenchida essa tabela, elaborou-se um fluxograma sobre o processo de tratamento de água a fim de se permitir uma melhor visualização do fluxo de produção da água tratada e dos elementos que influenciam suas diversas etapas. Logo abaixo, foi sugerido um fluxograma geral para o processo de tratamento de água que posteriormente foi modificado de acordo com as particularidades de cada local estudado por este trabalho. 136 Resíduos de análise laboratorial Coagulante Água Bruta Cloro Mistura Rápida Energia Elétrica Vazamentos em tubulações e comportas Floculação Auxiliares de coagulação Alcalinizante Carvão ativado Cloro e Flúor Água Potável Riscos ocupacionais no preparo de produtos químicos e descarte de embalagens vazias. Decantação Filtração Água de tanques de preparação de soluções químicas Resíduos de análise laboratorial Água de lavagem de filtro Lodo de decantador Figura 22– Fluxograma geral de operação do tratamento convencional da água com identificação de entradas e saídas do sistema. Adaptado de Richter & Netto (1995). No próximo passo, transferiram-se as diversas informações da tabela 7 (Apêndice A) e do fluxograma para a planilha de LAIA (Apêndice B) onde se realizou a associação dos aspectos e impactos ambientais aos procedimentos operacionais identificados (Ex: Etapa – Decantação. –> Aspecto – Lançamento de lodo de decantador sem tratamento prévio em manancial. –> Impacto – Contaminação da biota aquática por metais). Como base para identificação dos aspectos e impactos ambientais utilizou-se literatura específica sobre este assunto na área de tratamento de água (BARBOSA et al, 2002; BARROSO, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; DOE, 1990; LIBÂNIO, 2005; MAIA et al, 2003; MENEZES et al, 2005; PARSEKIAN, 1998; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000; SOARES et al, 2002; SOUZA, 2004; TOMINAGA & MIDIO, 1999) e também através da observação da rotina operacional e dos seus elementos que apresentavam potencial para causar impactos ambientais. 137 B. Análise dos Aspectos e Impactos Ambientais de uma ETA A análise dos aspectos e impactos ambientais identificados na etapa A do LAIA é feita mediante a escolha de alguns parâmetros que visam caracterizar os aspectos ambientais e diminuir os efeitos da subjetividade advindos do julgamento pessoal do profissional que aplica esta metodologia. Assim, o estabelecimento de critérios para análise de aspectos e impactos ambientais foi feito por meio de pesquisa bibliográfica (HENKELS, 2002; LUZ, 2006; MOREIRA, 2001) e também visando atender as recomendações da NBR ISO 14004:2005 que indica a consideração do impacto, a probabilidade e freqüência de ocorrência e a severidade. No caso específico dos critérios de severidade e freqüência/probabilidade, adotou-se o sistema de pontuação sugerido por Luz (2006). À seguir descreve-se cada um dos critérios escolhidos para a análise. Entre parênteses, ao lado de cada critério, encontra-se a abreviatura utilizada na planilha de LAIA. • Situação Operacional o Regime Normal (no)- relativos à rotina operacional. Exemplo: geração de resíduos nos tanques de preparação de produtos químicos. o Regime Anormal (a)- associados a operações não rotineiras (reforma de instalações, parada de processos, alterações em rotinas por motivo específico). Exemplo: vazamento de óleo na sala de bombas. o Risco (r)- associados a situações de risco (acidentes, incêndio, colapso de estruturas, equipamentos ou instalações, falha operacional, manifestações da natureza, etc.) inerentes a atividade, que possam causar impactos ambientais. Exemplo: geração de resíduos químicos devido a rompimento em tanque de caminhão. 138 • Incidência o Direta (d)- o aspecto está associado a atividade executada sob o controle da empresa. Exemplo: geração de lodo de decantador. o Indireta (i)- o aspecto está associado a atividade de fornecedores, prestadores de serviços e clientes, fora do ambiente de responsabilidade da empresa ou mesmo por clientes, mas sobre os quais a empresa pode exercer influência. Exemplo: 1) emissão de gases de um caminhão de fornecedor transportando produto para a empresa. 2) vazamento de produto químico durante o transporte pelo fornecedor da empresa. • Classe o Benéfica (b)- conseqüência benéfica do impacto ambiental sobre o meio ambiente. Exemplo: utilização do lodo de decantador de ETA como insumo na fabricação de concreto para construção civil. o Adversa (ad)- conseqüência adversa do impacto ambiental sobre o meio ambiente. Exemplo: lançamento do lodo de decantador em corpos d’água. • Temporalidade o Passada (p)- impacto ambiental identificado no presente, porém decorrente de atividade desenvolvida no passado. Exemplo: armazenamento de insumos químicos vencidos. o Atual (a)- impacto ambiental decorrente de atividade atual. Exemplo: possibilidade acidente no manuseio de produtos químicos. o Futura (f)- impacto ambiental previsto, decorrente de alterações nas atividades a serem implementadas no futuro. Exemplo: geração de resíduos de construção civil em obra de ampliação da ETA. 139 • Severidade o Baixa (b)- impacto de magnitude desprezível/restrito ao local de ocorrência. Pontuação: 1. o Média (m)- impacto de magnitude considerável. Pontuação: 2. o Alta (a)- impacto de grande magnitude e de grande extensão que vai além dos limites da empresa. Pontuação: 3. • Freqüência/Probabilidade o Baixa (b)- aspecto pouco freqüente. Pontuação: 1. Exemplo: troca de leitos filtrantes. o Média (m)- aspecto freqüente. Pontuação: 2. Exemplo: limpeza manual de decantador. o Alta (a)- aspecto muito freqüente. Pontuação: 3. Exemplo: lavagem diária de filtros. C. Significância dos Aspectos e Impactos Ambientais de uma ETA A NBR ISO14004:2005 diz em seu texto que a “significância” é um conceito relativo e que não pode ser definida em termos absolutos. Ainda segundo a norma, a avaliação da significância envolve a aplicação tanto de análise técnica quanto de julgamento por parte da empresa e também no estabelecimento de alguns critérios como os ambientais (Ex: severidade, freqüência...), os requisitos legais aplicáveis e as preocupações de partes interessadas. Seguindo essa recomendação, a análise de significância para aspectos e impactos ambientais de ETAs é feita quanto aos seguintes critérios: • Lei- quando incidir sobre o aspecto e impacto ambiental algum regulamento de lei federal, estadual ou municipal, algum condicionante de licenças ambientais ou 140 acordo com autoridades / órgãos ambientais, confirma-se na coluna correspondente e indica na coluna “comentários” a legislação ambiental aplicável (Ex: requisitos legais de licenciamento ambiental, normas técnicas e outros). • Partes interessadas (P.I.)- quando houver associado ao aspecto e impacto ambiental, reclamação registrada ou conhecida de partes interessadas, marca-se um “s” na coluna “P.I”, e detalha-se essa reclamação na coluna “comentários”. • Importância (I)- obtida a partir da soma da severidade com a freqüência/probabilidade. Quando a importância (i) do impacto for igual ou superior a 5, marca-se um “S” na coluna “I” indicando que ele é significativo. Considerando-se na análise da significância, o fator “importância” dos aspectos e impactos ambientais, procurou-se avaliá-lo segundo sistema de pontuação adaptado de Luz (2006): • Importância (i= 2, 3 ou 4)- impacto considerado não significativo. Exceção será feita para os aspectos/impactos que tenham legislação pertinente e/ou partes interessadas, devendo ser considerado como impacto significativo. • Importância (i= 4 e severidade= 3)- para situações de risco com alta severidade (Valor igual a 3) e baixa freqüência (Valor igual a 1), descreve-se na coluna “comentários” o termo “impacto de alta severidade”. • Importância (i= 5 ou 6)- impacto considerado significativo. Os aspectos ambientais da ETA que forem avaliados sob esse grau de importância, segundo a NBR ISO14001:2004, devem ter seus efeitos ambientais negativos controlados, corrigidos ou mitigados através de sua inclusão num programa de objetivos e metas do SGA da empresa. 141 4.1.3. Lista para Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs A elaboração do checklist foi feita de acordo com modelo sugerido por La Rovere (2001), sendo o formulário estruturado em respostas do tipo “Sim” (S) indicativas do cumprimento daquele quesito, “Não” (N) indicando uma inadequação ou não cumprimento e “Não se Aplica” (NA) em casos que o quesito não for pertinente à ETA em processo de avaliação. As questões elaboradas se encontram no apêndice C e são divididas em duas partes: Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004 (97 questões) e Qualidade Gerencial e Operacional (299 questões). Uma vez respondidas todas as questões de cada item (ex: Política Ambiental, Comunicação...) estabelecido no checklist, será necessário atribuir uma nota que represente o nível de atendimento da ETA àquele item. O método de ponderação para o presente trabalho foi a escala sugerida por MOREIRA (2001) para a verificação do nível de atendimento de um empreendimento à NBR ISO 14001:2004. A seguir é apresentada a escala sugerida pela autora: • 10%- não atende à nenhum dos requisitos estabelecidos naquele item ou se atende algum ele não é suficiente para atingir um nível mínimo de desempenho. O valor de 10% foi utilizado em substituição ao 0%, com o objetivo de se evitar o constrangimento das empresas avaliadas. • 25%- o item é atendido de maneira precária e insuficiente. Somente alguns dos seus requisitos são atendidos, entretanto não são o suficiente para satisfazer à todas as exigências do item. • 50%- atendimento em nível razoável. Os requisitos mais importantes são atendidos, entretanto isso não ocorre de forma sistemática, ou seja, as ações não foram tomadas a partir de algo pré-estabelecido (ex: procedimento padrão), mas por uma iniciativa ou discernimento pessoal do ocupante do cargo. • 75%- atendimento ao item, porém a documentação é insuficiente (ausente, incompleta ou de difícil acesso) ou algum item de menor importância não foi atendido o que, no entanto, não compromete o desempenho naquele item. 142 • 100%- atendimento pleno ao item. Os procedimentos já estão formalizados (documentados e executados corretamente) com geração de registros associados. O checklist para verificação ambiental de ETAs foi dividido em duas partes: Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004 (Parte I) e a Qualidade Gerencial e Operacional (Parte II). I. Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO14001:2004 Nesta parte, o objetivo é avaliar o nível em que a ETA, e setores da empresa relacionadas à ela, atendem aos requisitos exigidos pela NBR ISO 14001:2004. Isso permite a avaliação do grau de gestão aplicado nas ETAs em relação aos assuntos de cunho ambiental. Para cada item da norma foram elaboradas questões específicas que são chamadas aqui de requisitos, a fim de se verificar a conformidade do planejamento e das práticas gerenciais com o que é idealizado na norma. Assim, procura-se avaliar quais as ações diretamente relacionadas a gestão ambiental já são utilizadas na prática do SG das ETAs avaliadas. Abaixo seguem os itens, na mesma seqüência dos requisitos da NBR ISO 14001:2004, que estão contidos na primeira parte do checklist (Apêndice C). A) Política Ambiental B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais C) Identificação de Requisitos Legais D) Objetivos, metas e programa(s) E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades F) Competência, treinamento e conscientização G) Comunicação H) Documentação 143 I) Controle de documentos J) Controle Operacional K) Preparação para resposta à emergências L) Monitoramento e medição M) Avaliação de atendimento à requisitos legais N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva O) Controle de registros P) Auditoria interna Q) Análise pela administração II. Qualidade Gerencial e Operacional Nesta segunda parte do checklist, o objetivo é determinar o nível de controle gerencial e operacional sobre os processos de tratamento da água e atividades relacionadas aos mesmos. Além disso, deseja-se também verificar o nível de preocupação dos gerentes da ETA na elaboração e execução de políticas que contribuam para a conservação da disponibilidade hídrica e qualidade das águas bruta e tratada. Os temas escolhidos para compor esta seção, assim como o conteúdo das questões foram baseados em diversas literaturas especializadas no tratamento da água (CRAWFORD & CLINE, 1990; DOE, 1990; DI BERNARDO, 1993; DI BERNARDO et al, 2002; LIBANIO, 2005; NETTO et al, 1987; PARSEKIAN, 1998; PUPPI, 1973; RICHTER & NETTO, 1995; VIANNA, 1994). A seguir são listados os itens a serem verificados (Apêndice C). A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município 144 B) Conservação de Mananciais C) Dados Hidrológicos D) Saúde e Segurança Ocupacional E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores F) Entrada de Água Bruta G) Mistura Rápida H) Mistura Lenta I) Decantação J) Filtração K) Correção de pH L) Fluoretação M) Desinfecção N) Saída de Água Tratada O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos 4.2. Aplicação do IAAOETA A aplicação do instrumento elaborado para essa pesquisa foi realizada através de visitas às ETAs em datas e horários pré-definidos com a direção geral das empresas de abastecimento de água selecionadas. A duração destas visitas variava de acordo com a 145 disponibilidade dos supervisores e funcionários dos locais para o fornecimento de informações necessárias para a realização da análise ambiental proposta pelo trabalho. Os três principais métodos utilizados para a aplicação do IAAOETA foram as entrevistas com funcionários (Ex: gerentes, operadores) que se relacionavam diretamente às atividades da ETA, as vistorias durante o período diurno das rotinas administrativa e operacional das ETAs e a consulta à documentos e registros das atividades desenvolvidas nesses locais. 4.2.1. Entrevistas As entrevistas foram realizadas com funcionários ligados às atividades de administração e planejamento (Ex: diretor geral, gerentes, supervisores) do sistema de tratamento de água e também com os operadores nos seus turnos de trabalho. O conteúdo das entrevistas foi conduzido pela seqüência de perguntas elaboradas para aplicação do IAAOETA. O Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, por exemplo, foi aplicado nas entrevistas com diretores e supervisores em horários marcados exclusivamente para responder às perguntas. Já o LAIA e o Checklist Ambiental foram aplicados ao decorrer do período de visitas através de entrevistas com diretores e supervisores e também com os funcionários ligados diretamente à operação da ETA. 4.2.2. Vistorias As vistorias foram realizadas nas dependências das ETAs durante as rotinas administrativa e operacional do período matutino e vespertino e consistiram no acompanhamento do trabalho de supervisores e operadores durante o período da visita. Através do processo de observação, procurou-se evidenciar a coerência das respostas dadas durante as entrevistas com a realização das atividades na prática. Assim, pode-se 146 avaliar o grau de implementação dos diversos procedimentos através da avaliação de suas execuções. Outra função das vistorias foi a de evitar interferências na rotina de trabalho dos funcionários das ETAs, uma vez que as informações por esse método eram obtidas pela observação dos funcionários durante a execução do próprio trabalho o que é diferente das entrevistas, onde se exige que as pessoas entrevistadas interrompam seus serviços para responder às perguntas. As evidências do processo de vistoria foram armazenadas sob a forma de anotações nas planilhas do IAAOETA relacionadas às práticas observadas e também através do uso de fotografias realizadas sob o consentimento dos funcionários. Em algumas situações, visando preservar a identidade dos funcionários, modificaram-se as partes do seus corpos (Ex: rosto, cabelo, marcas, acessórios...) por meio da utilização de software de manipulação de imagens (GIMP©, cuja licença de uso é Open Source, isto é, de uso gratuito). 4.2.3. Consulta a documentos e registros Outra forma de obtenção de dados durante as visitas nas ETAs estudadas foram as consultas a documentos e registros utilizados no SG de cada local. Dentre os principais documentos e registros analisados encontram-se os registros de qualidade físico-química e microbiológica das águas bruta e tratada; procedimentos operacionais padrão para realização de análises laboratoriais; editais para licitação de aquisição de produtos químicos; fichas de segurança de produtos químicos; cartas de comunicação interna; outorgas para captação d’água; desenhos técnicos sobre a estrutura e medidas das ETAs; dentre outros vários. Essas consultas só eram realizadas mediante autorização e disponibilização deste material pelo supervisor ou funcionário responsável pelo arquivamento e organização da documentação. 147 4.3. ETAs Selecionadas Para a seleção das ETAs que seriam submetidas ao Instrumento de Análise Ambiental e Operacional desenvolvido neste trabalho, optou-se pela adoção de alguns critérios que fixassem determinadas características dos locais de estudo afim de se permitir a validação do IAAOETA O primeiro critério estabeleceu que as ETAs deveriam ser de ciclo completo, ou seja, constituída pelas fases de coagulação química, mistura lenta, decantação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH. Essa especificação é baseada na premissa que de todos os tipos de tratamento de água atualmente utilizados, o de ciclo completo é o que apresenta aspectos ambientais de maior relevância ambiental como, por exemplo, a geração do lodo de decantador e da água de lavagem de filtro. Portanto, a elaboração e aplicação de uma análise ambiental seria mais justificável nesses tipos de ETA. Já o segundo critério, definiu que as ETAs de ciclo completo deveriam apresentar um porte médio, com vazão de água tratada entre 100 e 500 L/s. Estes valores foram baseados na deliberação normativa COPAM no 074, 09 de setembro de 2004 onde se estabelecem critérios para definir o porte de ETAs: até 100 L/s são consideradas de pequeno porte, entre 100 e 500 L/s são de médio porte e a partir de 500 L/s são de grande porte. Como terceiro e último critério, definiu-se que as ETAs a serem escolhidas deveriam localizar-se próximas a cidade de Ouro Preto a fim de facilitar o deslocamento para a coleta de dados. Com base nesses critérios, escolheu-se duas ETAs próximas a região de Ouro Preto nas cidades de Ponte Nova e Itabirito. Nos próximos sub-itens elas são caracterizadas em maiores detalhes. 148 4.3.1. ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova – MG O DMAES foi criado através da Lei Federal no 699, de 30 de dezembro de 1966. Esta empresa é uma autarquia municipal com personalidade jurídica própria e dispõe de autonomia administrativa e financeira, dentro dos limites estabelecidos pela lei citada. Localiza-se na cidade de Ponte Nova, na região da Zona da Mata no estado de Minas Gerais. A população urbana desta cidade gira em torno dos 57.000 habitantes. Cerca de 96% desta população é atendida com água tratada e outros 91% são atendidos com o serviço de coleta de esgotos. A captação da água bruta para o tratamento é realizada em um único ponto do Rio Piranga (Lat. 20025’11’’S e Long. 42054’36’’W) pertencente à Bacia do Rio Doce cuja área de drenagem é de aproximadamente 83.400 km2. A ETA do DMAES é do tipo convencional e o tratamento da água bruta compreende as seguintes etapas: mistura rápida hidráulica (calha parshall), floculação hidráulica em câmaras (tipo Cox), decantação (decantador clássico), filtração (filtros rápidos de areia), fluoretação, correção de pH por cal hidratada e desinfecção por cloração. Além das etapas de tratamento da água, a ETA é constituída pela casa de química (áreas de armazenamento e preparação de insumos químicos, laboratórios físico-químico e microbiológico) e sala de máquinas utilizadas para alimentar o reservatório elevado de água de lavagem de filtro e movimentação de comportas na operação de decantadores e filtros. Originalmente, a ETA foi projetada para operar com uma vazão inicial de 64 L/s para atender uma população de 27.600 habitantes (no ano de 1965) e vazão final de 140 L/s para atender 60.000 habitantes (em 1985). Apesar de atualmente, a ETA atender uma população menor que a final de projeto (57.000 habitantes), trabalha-se com vazões mínimas de 130 L/s e vazões máximas de 260 L/s. 149 A produção média de água tratada é de 16.848m3/dia (base de cálculo utilizada foi a vazão média da ETA de 195 L/s). O quadro de funcionários da ETA trabalha em regime de escalas de 12 horas, funcionando 24h/dia, inclusive nos fins-de-semanas e feriados. 4.3.2. ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito – MG O SAAE de Itabirito (MG) é uma autarquia municipal mantida com recursos próprios, criada pela Lei no 1.016, de julho de 1978. Em 04 de agosto de 1983 firmou um convênio com a Fundação Nacional de Saúde para que esta assumisse a sua administração e desse suporte tecnológico à autarquia. Localizado na cidade de Itabirito em Minas Gerais, o SAAE atende com o abastecimento de água potável a aproximadamente 98% da população de 41.500 habitantes. A captação da água bruta é realizada em dois pontos distintos: Barragem do Córrego Seco (Lat.20015’22,1’’S e Long.42050’41,5’’W) e do Córrego do Bação (Lat. 20019’10’’S e Long.45050’37,9’’). Ambas as captações se localizam na região da Bacia do Rio das Velhas, com uma área de drenagem igual a 29.173 km2. A ETA do SAAE é do tipo convencional. O processo de tratamento de água nesta ETA compreende as seguintes etapas: mistura rápida hidráulica (calha parshall), correção de pH (etapa só é realizada quando o pH da água bruta encontra-se muito baixo), floculador (tipo Cox), decantação clássica, filtração (filtro rápido descendente), desinfecção por cloração e fluoretação. As áreas anexas ao processo de tratamento na ETA são: Casa de Química (área de armazenamento, preparo de insumos químicos e laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas) e reservatório de água para lavagem dos filtros. A vazão final de projeto da ETA é de 50 L/s, entretanto, devido a atual demanda trabalha-se com uma vazão média de 93L/s, trabalhando-se frequentemente com vazões 150 máximas superiores a 100 L/s (médio porte), o que resulta numa média de 8.000m3/diários de água tratada servidas a população. 4.4. Período de Coleta de Dados As coletas de dados para aplicação do IAAOETA ocorreram na seguintes datas: • DMAES de Ponte Nova - Pré-Questionário (02/05/05 a 07/05/05), LAIA (27/05/05) e Checklist (14/03/06 a 16/03/06). • SAAE de Itabirito - Pré-Questionário (21/07/05 e 22/07/05), LAIA (13/02/06 a 16/02/06) e Checklist (13/02/06 a 16/02/06). As escolhas das datas de visita aos locais de estudo foram feitas após contato prévio com os supervisores das duas ETAs. Os critério utilizados para acordo entre as partes foram a disponibilidade de tempo para realização das entrevistas e a realização de procedimentos que deveriam ser verificados pelas vistorias (ex: limpeza de decantador, preparação de produtos químicos...). 4.5. Análise dos Resultados do IAAOETA A análise dos resultados foi feita de acordo com a seqüência de divisão feita na elaboração do IAAOETA. Primeiro foram descritos os resultados do Pré-Questionário, seguidos pelos resultados do LAIA e do Checklist Ambiental. Na parte do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, os resultados obtidos foram descritos na mesma seqüência de itens adotada para a metodologia. Realizou-se uma descrição detalhada sobre como é realizado o processo de tratamento da água, indicando os procedimentos realizados em cada etapa, os produtos químicos utilizados e sua forma de preparo, o material para análises de qualidade da água realizadas no laboratório, as dimensões dos componentes de cada etapa do tratamento (Ex: decantadores, filtros, floculadores, dosadores, reservatórios, tanques de preparação de produtos químicos...), 151 entre outras características. No final, fez-se uma compilação dos dados disponíveis sobre qualidade de água bruta e consumo de produtos químicos a fim de se ter uma visão geral do monitoramento exercido sobre esses fatores. Para o LAIA, fez-se uma descrição de todos os aspectos ambientais identificados por etapa do tratamento de água em cada uma das ETAs avaliadas. Durante a discussão desses resultados procurou-se enfatizar aqueles aspectos ambientais que foram considerados significativos (I= 5 ou 6) ou de alta severidade (I= 4 e S= 3). No contexto da discussão foram inseridas diversas fotos que serviram como evidências sobre as observações feitas durante o processo de vistoria realizado para a aplicação do LAIA. Os resultados do checklist foram descritos na mesma seqüência em que se encontram os itens deste método. A discussão baseou-se no nível de atendimento que cada item apresentou durante a avaliação das ETAs e nos fatores que influenciaram esse desempenho. Primeiramente discutiu-se separadamente os resultados de cada uma das ETAs, posteriormente, realizou-se uma comparação entre as ETAs das duas empresas de saneamento onde se destacou as principais semelhanças e diferenças administrativas e operacionais. Finalmente, na última parte realizou-se uma discussão sobre a aplicabilidade do IAAOETA através da experiência com os dois estudos piloto feitos nas ETAs do DMAES e do SAAE. Discutiram-se as vantagens e desvantagens do instrumento elaborado e o seu potencial de uso por administradores e supervisores de empresas de saneamento na implantação de SG voltados ao atendimento de questões ambientais. 152 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na primeira parte dessa seção da dissertação são listados os resultados do préquestionário que teve por objetivo realizar a caracterização detalhada de todos os processos de tratamento da água em cada uma das ETAs estudadas. A segunda parte apresenta resultados referentes ao procedimento de avaliação de aspectos e impactos ambientais do processo de tratamento de água, sendo destacadas as características que tiveram maior significância sob o ponto de vista ambiental e que devem ser objetos de preocupação dos gerentes de ETAs. A terceira parte apresenta os resultados referentes ao checklist ambiental desenvolvido para avaliar o nível de gestão ambiental aplicado aos processos de tratamento de água em cada ETA e verifica quais as diretrizes exigidas pela NBR ISO14001:2004 que são atendidas pelo sistema de gestão adotado em cada um dos locais estudados. Além disso, ainda neste checklist são verificados, também, os procedimentos relativos ao controle operacional das diversas etapas do tratamento de água. Em uma primeira visão geral, a respeito dos vários resultados obtidos neste trabalho, verificou-se que a questão ambiental em ambas as ETAs ainda não é tratada de forma suficientemente adequada, apesar de se perceber nos entrevistados envolvidos nas atividades gerenciais certo grau de conscientização a respeito desse assunto. No que se refere à qualidade da água servida à população, as duas empresas demonstraram estar dentro dos padrões exigidos por lei. Entretanto isto não significa que os processos operacionais funcionam eficientemente. Através dos resultados deste trabalho foi possível observar várias oportunidades para melhorias e otimização dos processos envolvidos no tratamento de água. Com isso podem-se gerar ganhos através da redução de gastos e também pela mitigação de impactos ambientais causados evitando-se assim que, no futuro, ocorram divergências entre as companhias de abastecimento de água e órgãos públicos de fiscalização ambiental bem como com organizações não governamentais protetoras do meio ambiente. 153 5.1.Resultados Obtidos com a Aplicação do Pré-Questionário para Caracterização das ETAs 5.1.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG). A) Gerencial Funções, Responsabilidades e Treinamento O DMAES de Ponte Nova possui 124 empregados distribuídos nas suas diferentes divisões. Atualmente, trabalham na seção de tratamento 12 funcionários distribuídos nas seguintes funções: • 01 responsável técnico pelo sistema (chefe de seção) • 01 auxiliar administrativo • 07 operadores (um destes executa a função de laboratorista nas análises microbiológicas. As análises físico-químicas são realizadas por todos os operadores) • 01 auxiliar de serviços gerais • 02 vigias O grau de escolaridade máximo, com exceção do chefe da seção de tratamento que possui nível técnico em Saneamento, é de segundo grau. A maioria apresenta apenas primeiro grau e poucos apresentam grau de formação adequado para exercer as atuais funções. Dos sete operadores, dois possuem segundo grau completo, outros dois o primeiro grau completo e os outros três, o primeiro grau incompleto. O processo de aprendizagem dos ofícios do cargo de operador da ETA é feito pela transmissão de conhecimento prático dos funcionários mais experientes para os mais novos. Durante o período de visita, não foi evidenciado programa de treinamento na empresa. Foram observados alguns registros de treinamentos na área de saúde e segurança no 154 trabalho, entretanto, não existe um procedimento sistemático para diagnosticar as necessidades de treinamentos visando suprir estas demandas. Documentação Foram observados durante o período de visita na ETA, apenas dois dentre os quatro níveis de documentação (manual do sistema de gestão, procedimentos operacionais, instruções de trabalho e registros) comuns em Sistemas de Gestão de Qualidade, Ambiental e Saúde e Segurança Ocupacional. O primeiro nível de documentação observado na ETA foram as instruções de trabalho que se encontram exclusivamente dentro dos laboratórios físico-químico e microbiológico, informando sobre a operação de aparelhos de análise, preparação de algumas soluções, cálculo da dosagem de sulfato de alumínio líquido e execução de análises (jartest, cloro residual...). O segundo nível de documentação observado foram os registros citados a seguir: • Registros de análise da qualidade (pH, turbidez e vazão) da água bruta, decantada, filtrada e tratada (nesta última, analisa-se também cloro residual) • Registros de recebimento de produtos químicos • Registros de comunicação interna (cartas de solicitação de produtos, circulares afixadas em paredes, cartas de comunicação com alta administração) • Registros de consumo de produtos químicos • Registros de ocorrência de turno de funcionamento e operação da ETA (paradas na captação, lavagem de filtro, mudanças de regime...) • Registros de coletas de amostras e análises microbiológicas 155 • Registros de controle de baldes de cloro vazios a fim de se evitar a sua utilização para acondicionamento de alimentos ou de outros elementos que em contato com as pessoas podem causar danos a saúde. Contratação de Fornecedores e Prestadores de Serviço Os serviços e produtos adquiridos para o funcionamento da ETA são contratados pela alta administração do DMAES e pela Comissão Permanente de Licitação composta por funcionários da própria autarquia. Alguns tipos de serviços, como por exemplo, atividades de consultoria, podem ser contratados diretamente com o prestador de serviço sem a abertura de licitação. Já as compras de produtos químicos utilizados no tratamento da água são realizadas por meio de editais de licitação. A forma como é contratado o serviço depende do valor do mesmo. Os critérios exigidos pelo DMAES de Ponte Nova em relação aos seus fornecedores de produtos químicos são listados abaixo (observados nos editais de licitação): • Aquisição pelo Menor Preço • Especificação de Produto o Nome de Produto o Quantidade a ser adquirida o Teor de Pureza • Situação Legal da Empresa o Certidão Negativa de Débito (CND) do INSS o Certificado de Regularidade do FGTS (CRF) o Certidão Negativa do Débito dos Tributos Municipais o Comprovante de Situação Regular no CNPJ 156 • Transporte o Prazo de Entrega o Condições Adequadas de Transporte (porém, não especifica quais são essas condições adequadas) e cumprimento de normas legais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) • Exigências Especiais o Cumprimento da Legislação do IEF, IBAMA e outros Órgãos Ambientais por parte da empresa contratada o Cumprimento de normas de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho por parte da empresa contratada Em relação aos serviços realizados por terceiros na ETA, não foram evidenciados regulamentos internos que ditem a conduta dos mesmos (procedimentos de segurança, meio ambiente, regras internas do DMAES). Também não se evidenciou quaisquer procedimentos voltados para a inspeção de serviços de prestadores que atuem na ETA do DMAES. B) Operacional O processo de tratamento na ETA do DMAES de Ponte Nova é do tipo convencional e compreende as seguintes etapas: mistura rápida hidráulica, floculação hidráulica, decantação clássica, filtração rápida, desinfecção por cloração, fluoretação e correção de pH por cal hidratada (Figura 23). 157 Entrada de Água Bruta Mistura Rápida Mistura Lenta Decantação Filtração Laboratório Físico-Químico e Microbiológico Fluoretação Saída da Água Tratada Correção de pH Desinfecção Figura 23– Fluxograma do processo de tratamento do DMAES. A ETA do DMAES foi projetada para uma vazão inicial de 64 L/s e final de 140 L/s, entretanto, hoje opera com vazões mínimas de 130 L/s e máximas de até 260 L/s. As instalações, além dos tanques de tratamento, são constituídas por casa de química, sala de máquinas com bombas para alimentar reservatório elevado de água de lavagem de filtros, vestiários e banheiros. A produção média de água tratada é de 505.440m3/mês (Base de cálculo utilizada foi a vazão média da ETA de 195 L/s e o tempo de funcionamento que é de 24hs/dia). A captação da água bruta para o tratamento é realizada em um único ponto do Rio Piranga (Lat. 20025’11’’S e Long. 42054’36’’W) pertencente à Bacia do Rio Doce. A área de captação fica dentro da cidade, sem proteção ao acesso de pessoas e animais em local a jusante de pontos de lançamento de esgoto de um bairro e de uma fábrica de gaiolas. Mistura Rápida É realizada através de uma calha Parshall de 9’’ (W=23cm) que cumpre também a função de medidor de vazão. 158 A dosagem de coagulante (sulfato de alumínio líquido à 3,5% tipo F-666) é feita logo após a garganta da calha por um dosador de orifício do tipo nível constante instalado na própria calha. O sulfato de alumínio líquido é armazenado próximo aos decantadores em um reservatório cilíndrico apoiado sobre estrutura metálica. Sua capacidade de armazenamento é de 25 m3, sendo armazenado no máximo até a marca de 20 m3. O coagulante é transportado por gravidade através de uma tubulação de PVC até o dosador. A medição da vazão é feita com o uso de uma régua fornecida pelo fabricante que mede a altura do nível d’água (cm) em um ponto antes da garganta da calha. Posteriormente, compara-se a medida obtida com uma segunda régua fixada na parede externa da calha de onde se obtém o valor correspondente em vazão (L/s). Em estudo realizado na ETA do DMAES por Bastos et al (2000, p.28) com vazões mínimas de 138 L/s e máximas de 208 L/s, o ressalto hidráulico foi classificado como salto ondulado com gradientes de velocidade (no local de aplicação do coagulante) da ordem de 700 à 800 s-1, aceitáveis para uma mistura rápida adequada. Mistura Lenta A floculação realizada é do tipo hidráulica através de duas séries operadas em paralelo, com sete câmaras cada. A primeira série era originalmente do tipo Alabama, onde a passagem de água de uma câmara para a outra ocorria através de bocais de ferro fundido com formato em curva, com 60 cm de diâmetro, dispostos no fundo das câmaras em lados alternados. Após um trabalho de reformulação ela foi modificada para floculadores do tipo Cox (quadrados alternados em níveis superiores e inferiores nas sucessivas passagens de uma câmara para a outra). 159 A segunda série foi construída em paralelo à primeira série e também é do tipo Cox. Devido ao aumento da demanda de água tratada e à sobrecarga da primeira série, esta segunda série foi construída para complementar o processo de floculação na ETA. Seguem abaixo as dimensões das câmaras: Tabela 18– Dimensões das câmaras dos floculadores hidráulicos. Câmaras 1 2 3 4 5 6 7 Série 1 (Comp.x 2,63 x 2,96 x 2,93 x 2,92 x 2,94 x 2.94 x 3,58 x Larg.x Prof.) 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x metros 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Série 2 (Comp.x 2,63 x 2,96 x 2,93 x 2,92 x 2,94 x 2.94 x 3,58 x Larg.x Prof.) 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x 2,5 x metros 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Fonte: Bastos et al (2000) Para cada série, existem canais de acesso da água proveniente da mistura rápida, com diferentes dimensões. O canal de acesso para a série 1 é na verdade uma antiga câmara desta, mas que não realiza a função de mistura lenta uma vez que a água da calha parshall é lançada de cima para baixo sobre esta câmara causando grande turbulência. Possui as seguintes dimensões: 3,0 m de comp. X 2,50 m. de largura X 4,0 m de profundidade. Já o canal de acesso para a série 2 apresenta as seguintes medidas: 2,95m (comp.) x 0,43 m (larg.) X 1,15 m (prof.). Este canal recebe água do canal de acesso da série 1. A água floculada da série de chicanas passa através da última câmara da série Alabama antes de atingir o canal de água floculada para o decantador. 160 Canal de Água Floculada O canal encontra-se antes dos decantadores e recebe a água floculada das duas séries de floculadores que se encontram perpendicularmente a este. Seu fundo é inclinado, sendo que sua profundidade diminui à medida que se afasta da região de entrada da água floculada. Apresenta quatro comportas ao longo do seu comprimento, sendo duas comportas alimentando cada decantador. As dimensões das comportas são: 0,28m x 0,25m. O canal de água floculada possui as seguintes dimensões: 17,68 m (comp.) x 0,53 m (larg.) x 2,6 m (prof. inicial) x 1,6 m (prof. final). Decantação Existem dois decantadores operados em paralelo. São do tipo clássico (retangular) de fluxo horizontal. A seguir, listam-se as dimensões de cada um: • Decantador 1: 23,0m (comp.) x 9,3 m (larg.) x 3,58m (altura) • Decantador 2: 23,0m (comp.) x 9,1 m (larg.) x 3,58m (altura) Na zona de entrada de cada decantador encontram-se cortinas distribuidoras de alvenaria, cada uma com 60 orifícios de dimensões de 0,1m x 0,15m, com o objetivo de distribuir o fluxo do canal de água floculada o mais uniformemente possível na entrada do decantador. Na zona de saída do decantador a água decantada é recolhida por uma calha de coleta sendo, a seguir, distribuída entre quatro filtros. Esta calha é contínua entre os dois decantadores, assim, mesmo na lavagem de um dos decantadores, é possível utilizar qualquer um dos 4 filtros disponíveis. O piso do decantador é inclinado, convergindo para uma calha de coleta central do lodo que termina num poço de esgotamento localizado na zona de saída do decantador. 161 A limpeza do decantador é manual, sendo realizada a cada três meses aproximadamente, ou quando se observa que o decantador apresenta resuspensão de grande quantidade de flocos ou colmatação muito rápida dos filtros. O lodo gerado é descartado diretamente no leito do rio através da rede de esgoto. A seguir, descrevem-se os passos utilizados para a limpeza do decantador na ETA do DMAES de Ponte Nova: • Esvaziamento do decantador o Vazão trabalhada na ETA: 100 L/s o Fecham-se as duas comportas do canal de água floculada que abastecem o decantador. o Abre-se a o poço de esgotamento do decantador (tempo aproximado de esvaziamento de 30-45 min.) o A saída do esgoto da ETA deve ser monitorada, pois existe risco de transbordamento do efluente. Caso perceba-se que a água pode transbordar, deve-se fechar a comporta do poço de esgotamento do decantador até que o nível d’água na saída do esgoto seja regularizada. • Lavagem inicial o Liga-se para funcionário do setor de captação para que seja ativado mais um conjunto de moto-bomba. o Vazão trabalhada: 200-260 L/s o Abrem-se as comportas de água floculada para o decantador a ser limpo. Nota-se a movimentação da massa de lodo escoando pelo poço de esgotamento. Quando se observar que essa movimentação cessa, devemse fechar comportas de água floculada e dar início à lavagem manual. 162 • Lavagem manual o Coloca-se escada apoiada na calha de coleta de água decantada e próxima ao corrimão para a descida do operador. o A raspagem do lodo é feita com rodos de metal. O lodo é direcionado para a canaleta de fundo em direção ao poço de esgotamento do decantador. o A remoção do lodo incrustado nas paredes é feita com a utilização de uma mangueira com pressão suficiente para retirar as incrustações. o A limpeza feita atrás da cortina distribuidora do decantador é realizada com a passagem de um dos operadores por um vão entre a cortina e o piso do decantador. Este remove o lodo em direção à saída, enquanto outro operador do outro lado da cortina direciona este lodo para a canaleta de escoamento. o No final da limpeza, fecham-se as comportas do poço de esgotamento do decantador e do canal de água floculada. • Reativação do decantador o O decantador mantém-se fechado durante todo o dia para evitar uma diminuição do fluxo d’ água no outro decantador e na taxa de filtração dos filtros ativos. o No período da noite, o decantador é novamente cheio com água do canal de água floculada, desde que seja constatado que o reservatório de água tratada apresente um bom nível. 163 Filtração Existem quatro filtros rápidos originalmente de dupla camada (areia e antracito), mas que hoje funcionam como simples camada de apenas areia, fluxo descendente e de taxa constante dispostos em paralelo. Segundo descrição realizada por Bastos et al (2000), os filtros possuem as seguintes dimensões: • Filtro 1: 5,5m x 4,5m; 24,75 m2 (área) • Filtro 2: 5,6m x 4,5m; 25,20 m2 (área) • Filtro 3: 5,5m x 4,5m; 24,75 m2 (área) • Filtro 4: 5,5m x 4,5m; 24,75 m2 (área) Ainda no mesmo trabalho, também foram identificadas as características do meio filtrante dispostas na tabela 19. Tabela 19– Características granulométricas do material filtrante dos filtros rápidos. *Atualmente não se utiliza mais o antracito no filtro. Material Pedregulho (camada suporte) Pedregulho Pedregulho Pedregulho Areia Grossa Areia Fina *Antracito Altura (cm) Granulometria (mm) 8,58 50,8 - 25,4 16,94 16,94 16,94 16,94 101,62 33,87 25,5 - 12,7 12,8 - 6,35 6,36 - 3,36 3,37 - 1,68 0,9 - 0,45 1,0 - 0,9 Fonte: Bastos et al (2000). O sistema de drenagem de água filtrada é composto por um fundo falso com bocais. A ETA opera sempre com o revezamento dos filtros, ou seja, quando um par de filtros está em funcionamento, o outro par fica inativo aguardando sua lavagem. Quando o par 164 em funcionamento apresenta baixa qualidade de água filtrada (turbidez maior ou igual a 01 UT) ele é posto fora de operação e o outro par é colocado em funcionamento. A carreira dos filtros, após análise dos relatórios diários, gira em torno de 7-8 horas, porém este valor é bem variável dependendo da qualidade da água bruta que chega na ETA. Segundo os operadores da ETA, o indicador utilizado para se determinar a hora de lavagem do filtro é a análise de turbidez da água filtrada. Quando a turbidez atinge valores superiores à 1,0 NTU, o filtro é posto fora de operação ou lavado. A lavagem é realizada com a utilização de água a contracorrente no sentido ascensional vinda do reservatório elevado da ETA. A seguir descreve-se o procedimento para a lavagem dos filtros da ETA: • Indicador utilizado o Nível de turbidez da água filtrada maior ou igual à 1,0 NTU indica a necessidade de lavagem do filtro. • Início da lavagem o Da mesa de operação, o operador fecha a comporta do canal de água decantada que alimenta o respectivo filtro e abre a comporta de esgotamento da água de lavagem. o Após observar declínio do nível de água sobre o leito filtrante, o operador, fecha a comporta que alimenta o canal de água filtrada e abre a comporta de água do reservatório para o respectivo filtro, iniciando a lavagem. • Lavagem superficial o Enquanto ocorre a lavagem a contracorrente, o operador realiza lavagem das paredes do filtro com uma mangueira retirando flocos e sobrenadantes. 165 o Deve ser observado o relógio que indica o nível de água no reservatório de forma à evitar entrada de ar na rede devido ao esvaziamento do reservatório da ETA. • Final da lavagem o Quando se observa que o ponteiro do relógio indicador de nível do reservatório chega próximo ao nível mínimo, fecha-se a comporta do reservatório para o respectivo filtro, encerrando a lavagem contracorrente. o Após, fecha-se a comporta de esgotamento da água de lavagem e abremse as comportas do canal de água decantada para o filtro e de alimentação do canal de água filtrada. Fluoretação O produto utilizado na fluoretação é o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) com pureza na ordem de 98,5% sendo armazenado na casa de química sobre estrado de madeira em sacas plásticas de 50 kg. A dosagem é feita via úmida por gravidade através da utilização de saturador de formato tronco-cônico (200 L aproximadamente, calculados até a altura do tubo de coleta da solução). A aplicação da solução é feita no canal de água filtrada sem um controle preciso da quantidade dosada (abertura e fechamento de torneira sem graduação). Utiliza-se diariamente, 15kg de fluorsilicato de sódio que são despejados no saturador. Este é abastecido constantemente com água para formação de solução que é coletada através de tubos perfurados direcionando-a para seu ponto de aplicação no canal de água filtrada. 166 Durante bom tempo não foi feito o controle da quantidade de flúor na água produzida pela ETA devido à falta de reagentes para utilização do fluorímetro. A avaliação de relatórios diários da qualidade da água revela que o controle de flúor na água não é realizado pelo menos desde o ano de 2003 (último ano dos registros avaliados). A partir do começo de outubro de 2005 o controle voltou a ser feito. O teor de íon fluoreto na água tratada é medido através do método visual de alizarina onde o resultado esperado deve se encontrar na faixa de 0,6-0,8 mg/L. Desinfecção A desinfecção é realizada com a utilização de hipoclorito de cálcio (CaOCl2) com teor de cloro ativo igual a 65%. Este produto é armazenado em baldes plásticos de 45 kg dispostos diretamente sobre o chão, ao lado dos sacos de fluorsilicato de sódio. A dosagem é feita via úmida por gravidade e aplicada na entrada da câmara de contato (dimensões: 2,96m de larg. X 3,92 m de comp. X 2,21 m de alt.). O preparo da dosagem é feito em um dos dois tanques de dissolução (forma cilíndrica) com agitação mecânica e com as seguintes dimensões: 0,8 m (raio) x 1,0 m (altura). Volume: 2,01 m3 ou 2.010 L. A quantidade utilizada em cada preparo é de 25 kg hipoclorito de cálcio para cada tanque. O produto é misturado à água sofrendo mistura mecânica até se observar que a solução está homogênea. Abre-se o registro do tanque e a solução de cloro vai por gravidade para um reservatório com capacidade para 1.000 L e ligação direta para a câmara de contato. A dosagem é feita sem um controle preciso através da regulagem manual de torneiras. O método utilizado é a cloração simples com controle feito através da análise de cloro residual da água tratada que deve estar entre 1,0 e 2,0 ppm. 167 Os resíduos do tanque de cloro, que hoje são produzidos em quantidades bem menores devido à troca do produto (maior pureza), são despejados diretamente na rede de esgotamento da ETA junto aos resíduos de cal. Correção de pH Utiliza-se cal hidratada (Ca (OH)2) para realizar a correção de pH da água filtrada. Este produto é armazenado em sacas de papel (20kg cada) empilhadas umas sobre as outras, dispostas diretamente sobre o chão em uma sala separada dos demais produtos químicos. A dosagem é feita via úmida e a solução alcalinizante escoa por gravidade até o ponto de aplicação na câmara de contato, junto ao cloro. O controle da dosagem é impreciso e feito através da regulagem de torneiras. O monitoramento é realizado através da medição do pH da água tratada que deve estar entre 7,3 e 7,8. O preparo da dosagem é feito em um tanque cilíndrico de agitação mecânica, com as seguintes dimensões: 0,95m de (raio) x 0,85m (altura). Volume: 2,41m3 ou 2.410L. Para cada preparo, são misturados 60kg (três sacas) de cal na água do tanque de dissolução que possui agitação mecânica constante e é de onde a solução escoa diretamente, através de tubulação, para o ponto de aplicação na câmara de contato. Os resíduos do tanque de cal são eliminados via canaleta diretamente na rede de esgoto da ETA. Casa de Química- Área de Armazenamento de Produtos Químicos Existem duas salas para armazenamento de produtos químicos na ETA do DMAES de Ponte Nova. Uma delas localiza-se de frente para a área de preparação e armazena sacos de 50 kg de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira e baldes plásticos de hipoclorito de cálcio empilhados dois à dois diretamente sobre o pavimento. 168 A outra sala é utilizada para armazenar cal hidratada em sacas de papel com peso igual à 20 kg cada, dispostas em pilhas de 13 a 18 unidades apoiadas diretamente sobre o pavimento. O sulfato de alumínio líquido é armazenado em área externa à casa de química próximo aos decantadores. O reservatório de sulfato possui formato cilíndrico (volume: 25m3) e é apoiado sobre uma estrutura metálica. O local é desprotegido contra intempéries climáticas (chuva, sol...) e não apresenta uma bacia de contenção para conter eventuais vazamentos do produto. Casa de Química- Área de Preparação de Produtos Químicos A área de preparação das soluções químicas utilizadas no tratamento encontra-se em piso cujo nível é aproximadamente 0,5 m superior ao piso onde são armazenados os produtos químicos. Localizam-se nesta área um tanque de dissolução da cal hidratada e outros dois tanques para a dissolução do hipoclorito de cálcio, sendo todos os três de agitação mecânica. O saturador utilizado para a preparação da solução de flúor encontra-se próximo ao canal de água filtrada em piso de mesmo nível do da área de armazenagem. Casa de Química- Laboratório Físico-Químico As análises físico-químicas são executadas pelos próprios operadores da ETA. A seguir, são descritos os principais parâmetros avaliados, o ponto de coleta da água e o período de execução das análises: • pH: águas bruta, filtrada e tratada. Período: 1 hora. • Turbidez: águas bruta, decantada, filtrada e tratada. Período: 1 hora. • Cloro residual: água tratada. Período: 1 hora 169 • Jartest: água bruta. Período: quando ocorre grandes variações na turbidez ou à critério próprio dos operadores. Os equipamentos utilizados nas análises físico-químicas são listados a seguir: 1 pHmetro, 2 turbidimêtros (um deles em manutenção), 2 colorímetros, 2 medidores de cloro residual, 1 medidor de oxigênio consumido e 1 jartest. Casa de Química- Laboratório Microbiológico As análises microbiológicas são realizadas por um dos operadores que possui a função exclusiva de laboratorista e tem nível médio de formação escolar. Os principais parâmetros avaliados, o ponto de coleta da água e o período de execução das análises são listados a seguir: • Coliformes Totais (Avaliada a presença ou ausência. Feita análise na: água bruta – 2 vezes p/ semana; filtrada – 2 vezes p/semana; tratada na saída da ETA – 1 vez p/ dia e na ponta de rede – 1 vez p/ semana em 7 residências.) • Coliformes Fecais (Avaliada a presença ou ausência. Feita análise na: água bruta – 2 vezes p/ semana; filtrada – 2 vezes p/semana; tratada na saída da ETA – 1 vez p/ dia e na ponta de rede – 1 vez p/ semana em 7 residências.) Para a realização dos ensaios microbiológicos utiliza-se a técnica dos tubos múltiplos. À seguir, listam-se os principais equipamentos do laboratório microbiológico: 1 geladeira utilizada para conservar meios de cultura prontos, 1 bloco digestor para realização de testes de DQO, 1 chapa de aquecimento elétrico, 1 balança de precisão, 1 microscópio, 1 contador de colônias, 1 capela, 1 bico de Bunsen, 1 estufa de secagem de vidrarias, 1 estufa de incubação, 1 banho-maria, 1 barrilete de água deionizada, 1 autoclave, 1 destilador e 1 deionizador. 170 Plano de Amostragem da Água À seguir é descrito o plano de amostragem da água do DMAES de Ponte Nova, conforme o modelo fornecido pelo técnico de laboratório da ETA em 14/06/07. Tabela 20 - Plano de amostragem para análise de água do manancial. Manancial Parâmetros (1) Cianobactérias Demais parâmetros(2) Frequência mensal semestral Ponte Nova 0 0 Distritos -0 Tabela 21 - Plano de amostragem da saída de água do tratamento no DMAES de Ponte Nova. Data: 14/06/07. Saída do tratamento Parâmetros Cor Turbidez pH Cloro Residual Livre Fluoreto Frequência Ponte Nova Distritos 24 24 24 24 0 0 0 1 12 0 Diária a cada uma hora (considerando 24 horas de funcionamento da ETA) Semanal Mensal Trimestral Semestral Coliformes totais 5 Cianotoxinas 0 Trialometanos 0 1 * Demais parâmetros * Segundo informações prestadas pelo técnico de laboratório da ETA do DMAES, as análises 0 --1 completas (freqüência semestral) voltaram a ser realizadas a partir de setembro de 2006, modificação ocorrida após o último período de coleta de dados no local (14/03/06 à 16/03/06). Tabela 22- Plano de amostragem da água na saída do sistema de distribuição. Data: 14/06/07. Sistema de distribuição Parâmetros Cor Turbidez pH Fluoreto Cloro residual livre Frequência Mensal Mensal 171 Ponte Nova Distritos 70 70 70 70 70 10 10 10 10 10 Tabela 22 (continuação)– Plano de amostragem da água na saído do sistema de distribuição. Data: 14/06/07. Trialometanos Coliformes totais Demais parâmetros Trimestral p/ PN - Anual p/ D Mensal Semestral 0 0 70 0 10 0 Durante o período de coleta dos dados para a aplicação do IAAOETA (último dia de visita: 16/03/06) foi informado que as análises semestrais não estavam sendo realizadas desde 2001, mas somente as de rotina (ex: pH, turbidez...). Após a conclusão das coletas, soube-se que estas análises voltaram a ser realizadas a partir de setembro de 2006. Reservatório Elevado da ETA O reservatório elevado da ETA possui formato de tronco de cone, com volume entre 90100 m3 e localiza-se ao lado da mesma. A água armazenada por ele é utilizada para a lavagem dos filtros e também para o consumo normal da instalação (sanitários, limpeza...). C) Parâmetros Monitorados na ETA do DMAES de Ponte Nova Foram considerados nesta análise os dados referentes à qualidade da água bruta e consumo de produtos químicos utilizados no tratamento da água no período do mês de janeiro de 2004 até agosto de 2006. Outros parâmetros também são monitorados como a qualidade da água tratada (cloro residual, flúor, turbidez, coliformes totais e termotolerantes...), entretanto, não foram considerados nesta análise, uma vez que um dos objetivos do Pré-Questionário era verificar quais os parâmetros que a ETA monitorava sobre qualidade de água bruta e sua influência sobre o consumo de produtos químicos, assim como o seu grau de controle operacional. 172 Qualidade de Água Bruta • o Vazão O período de análise dos dados de vazão vai de janeiro de 2004 até agosto de 2006. Na tabela 20 são dispostas as médias mensais de vazão de água bruta e na Figura 24 é colocado o gráfico que demonstra a variação de vazão. Tabela 23– Média Mensal da Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES. Vazão Mês Vazão Mês (L/s) Vazão Mês (L/s) Vazão Mês (L/s) (L/s) Jan/04 197,5 Set/04 176,2 Mai/05 169,1 Jan/06 204,0 Fev/04 189,2 Out/04 179,3 Jun/05 165,5 Fev/06 206,9 Mar/04 189,4 Nov/04 181,4 Jul/05 192,9 Mar/06 207,9 Abr/04 180,6 Dez/04 181,5 Ago/05 200,1 Abr/06 194,9 Mai/04 180,5 Jan/05 177,4 Set/05 206,8 Mai/06 193,9 Jun/04 180,2 Fev/05 Jul/04 172,5 Ago/04 176,9 Out/05 208,9 Jun/06 185,6 Mar/05 182,0 183,9 Nov/05 202,3 Jul/06 188,2 Abr/05 172,3 Dez/05 202,4 Ago/06 189,7 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 mar/04 215,0 210,0 205,0 200,0 195,0 190,0 185,0 180,0 175,0 170,0 165,0 160,0 155,0 jan/04 L/s Vazão( L/s) Figura 24– Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES. O gráfico de vazão da água bruta revela maiores valores nas épocas quentes do ano que começa aproximadamente no mês de setembro e vai até os meses de fevereiro e março. Uma variação importante ocorre a partir de julho de 2005 onde se observa um aumento 173 brusco que vai até os meses de abril e maio de 2006. Comparando a média de vazão do período jul/2005-jun2006 com o período anterior jul/2004-jun/2005 observa-se uma demanda crescente pela vazão de água bruta que, provavelmente, é reflexo de um maior consumo de água pela população, ou a instalação de alguma indústria ou, mesmo, problemas de perda na rede de distribuição, entretanto, a real razão não foi identificada. o Turbidez Os valores de turbidez, em forma de médias mensais, foram dispostos na tabela 21. A variação mensal desse parâmetro é representado pelo gráfico da Figura 25. Tabela 24– Média Mensal do Parâmetro Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES. Mês Turbidez (NTU) Mês Turbidez (NTU) Mês Turbidez (NTU) Mês Turbidez (NTU) Jan/04 302,1 Set/04 6,7 Mai/05 27,8 Jan/06 68,0 Fev/04 119,3 Out/04 19,5 Jun/05 15,9 Fev/06 88,7 Mar/04 123,5 Nov/04 47,4 Jul/05 10,6 Mar/06 162,6 Abr/04 97,4 Dez/04 179,2 Ago/05 12,6 Abr/06 22,7 Mai/04 21,1 Jan/05 144,7 Set/05 10,1 Mai/06 10,7 Jun/04 27,5 Fev/05 98,8 Out/05 21,4 Jun/06 7,5 Jul/04 18,6 Mar/05 137,5 Nov/05 104,6 Jul/06 6,8 Ago/04 7,5 Abr/05 24,6 Dez/05 240,2 Ago/06 7,1 174 Turbidez (NTU) 320,0 280,0 240,0 NTU 200,0 160,0 120,0 80,0 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 jan/04 0,0 mar/04 40,0 Figura 25– Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES. Os picos do gráfico de turbidez refletem as épocas chuvosas na região (novembro à março), uma vez que este parâmetro é influenciado em grande parte pelo escoamento superficial de água das chuvas que, através do carreamento de material argiloso e de substâncias húmicas, aumenta a turbidez das águas do corpo receptor. o pH As médias mensais sobre pH foram dispostas na tabela 22 e cobrem o período de janeiro de 2004 até agosto de 2006. A representação gráfica da variação de turbidez ao longo do período de análise é disposta na Figura 26. Tabela 25– Média Mensal do pH da Água Bruta na ETA do DMAES. Mês pH Mês pH Mês pH Mês pH Jan/04 7,47 Set/04 7,51 Mai/05 7,49 Jan/06 7,12 Fev/04 7,49 Out/04 7,50 Jun/05 7,47 Fev/06 7,30 Mar/04 7,48 Nov/04 7,44 Jul/05 7,40 Mar/06 7,34 Abr/04 7,47 Dez/04 7,39 Ago/05 7,36 Abr/06 7,41 Mai/04 7,46 Jan/05 7,53 Set/05 7,29 Mai/06 7,48 Jun/04 7,37 Fev/05 7,59 Out/05 7,22 Jun/06 7,46 Jul/04 7,43 Mar/05 7,52 Nov/05 7,37 Jul/06 7,35 Ago/04 7,46 Abr/05 7,58 Dez/05 7,12 Ago/06 7,37 175 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 mar/04 7,70 7,60 7,50 7,40 7,30 7,20 7,10 7,00 6,90 6,80 jan/04 pH pH Figura 26– pH da Água Bruta na ETA do DMAES. O pH apresenta-se praticamente constante durante o ano inteiro com uma baixa variação ficando entre 7,1-7,6. Entretanto, considera-se que estes resultados não são confiáveis uma vez que se observou freqüentes inadequações no uso do pHmetro pelos operadores sendo a principal delas, a não realização da primeira calibração do aparelho com solução tampão. o Alcalinidade Os dados sobre alcalinidade englobam o período de janeiro a agosto de 2006 (tabela 23). O gráfico que demonstra a variação desse parâmetro encontra-se na Figura 27. Tabela 26– Média Mensal da Alcalinidade de Água Bruta na ETA do DMAES. jan/06 13,9 fev/06 14,4 mar/06 14,8 abr/06 14,9 mai/06 16,4 jun/06 15,5 jul/06 15,6 ago/06 15,9 Alcalinidade (mg/L) 17,0 16,5 16,0 mg/L 15,5 15,0 14,5 14,0 13,5 13,0 12,5 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 Figura 27– Alcalinidade da Água Bruta na ETA do DMAES. 176 ago/06 A medição da alcalinidade da água bruta foi implantada recentemente na ETA do DMAES (janeiro de 2006) por influência de consultoria contratada para avaliar o desempenho operacional do tratamento de água. Assim, a prática dos métodos de análise da alcalinidade não foram observadas por esta pesquisa. • Consumo de Produtos Químicos o Sulfato de Alumínio Líquido Os dados sobre consumo de sulfato de alumínio líquido são dispostos na tabela 24 e a variação no seu consumo, encontram-se, representada pelo gráfico, na Figura 28. Tabela 27– Média de Consumo Diário de Coagulante na ETA do DMAES. Mês Sulfato (L/Dia) Mês Sulfato Mês (L/Dia) Sulfato (L/Dia) Mês Sulfato (L/Dia) Jan/04 439,62 Set/04 166,09 Mai/05 201,74 Jan/06 300,70 Fev/04 327,53 Out/04 226,67 Jun/05 161,18 Fev/06 339,58 Mar/04 334,82 Nov/04 270,92 Jul/05 154,28 Mar/06 394,08 Abr/04 289,16 Dez/04 385,51 Ago/05 173,86 Abr/06 251,71 Mai/04 218,14 Jan/05 338,17 Set/05 186,06 Mai/06 225,72 Jun/04 223,84 Fev/05 311,49 Out/05 201,46 Jun/06 173,10 Jul/04 208,66 Mar/05 316,11 Nov/05 325,54 Jul/06 168,67 Ago/04 187,42 Abr/05 215,69 Dez/05 468,58 Ago/06 165,46 177 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 mar/04 500,0 450,0 400,0 350,0 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 jan/04 Litros/Dia Média de Consumo Diário de Sulfato de Alumínio Líquido Figura 28– Consumo de Coagulante na Água Bruta na ETA do DMAES. O consumo de coagulante é diretamente proporcional ao grau de turbidez da água. Portanto, como se observa no gráfico, os picos de consumo ocorrem nos períodos chuvosos (novembro à março) onde a turbidez sofre drástica elevação. o Cal Hidratada O consumo de alcalinizante na ETA do DMAES foi representado pela sua média mensal baseada nos valores de seu uso diário (tabela 25). Na Figura 29, é apresentado o gráfico que demonstra a variação desse consumo ao longo do período pesquisado que vai de janeiro de 2004 até agosto de 2006. Tabela 28– Média de Consumo Diário de Alcalinizante na ETA do DMAES. Mês Cal (kg/Dia) Mês Cal Mês (kg/Dia) Cal (kg/Dia) Mês Cal (kg/Dia) Jan/04 55,48 Set/04 26,67 Mai/05 33,79 Jan/06 46,00 Fev/04 46,43 Out/04 35,48 Jun/05 29,60 Fev/06 47,69 Mar/04 34,84 Nov/04 40,00 Jul/05 27,33 Mar/06 50,32 Abr/04 44,00 Dez/04 52,90 Ago/05 32,67 Abr/06 35,33 Mai/04 38,71 Jan/05 53,79 Set/05 34,67 Mai/06 31,61 Jun/04 42,00 Fev/05 37,96 Out/05 39,35 Jun/06 33,10 Jul/04 40,65 Mar/05 42,33 Nov/05 41,03 Jul/06 30,67 Ago/04 35,06 Abr/05 38,83 Dez/05 63,23 Ago/06 33,04 178 Média de Consumo Diário de Cal Hidratada 70,0 60,0 Kg/Dia 50,0 40,0 30,0 20,0 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 jan/04 0,0 mar/04 10,0 Figura 29– Consumo de Alcalinizante na ETA do DMAES. O consumo de cal hidratada apresentou uma variação aparentemente regulada pelos períodos de aumento de vazão de água bruta. A utilização da variação de pH da água bruta para explicar essa variação do uso de cal não pode ser feita pelos motivos já discutidos anteriormente que indicam uma não confiabilidade nos resultados de pH. o Hipoclorito de Cálcio Na tabela 26 é apresentada a média de consumo diário de hipoclorito de cálcio. A Figura 30, representa graficamente a variação do consumo deste desinfectante ao longo do período de dados pesquisado. Tabela 29– Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES. Mês Cloro (kg/Dia) Mês Cloro (kg/Dia) Mês Cloro (kg/Dia) Mês Cloro (kg/Dia) Jan/04 141,29 Set/04 27,30 Mai/05 25,65 Jan/06 26,33 Fev/04 140,69 Out/04 25,74 Jun/05 32,50 Fev/06 26,35 Mar/04 84,10 Nov/04 27,73 Jul/05 25,00 Mar/06 31,94 Abr/04 25,87 Dez/04 29,68 Ago/05 25,65 Abr/06 25,17 Mai/04 26,68 Jan/05 27,90 Set/05 25,83 Mai/06 25,00 Jun/04 28,07 Fev/05 27,68 Out/05 30,32 Jun/06 25,00 179 Tabela 29 (continuação)- Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES. Jul/04 28,45 Mar/05 28,06 Nov/05 27,76 Jul/06 25,00 Ago/04 26,13 Abr/05 25,00 Dez/05 28,23 Ago/06 25,00 Média de Consumo Diário de Cloro 160,0 140,0 Kg/Dia 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 mar/04 jan/04 0,0 Figura 30– Consumo de Desinfectante na ETA do DMAES. O consumo diário de cloro apresenta uma grande queda a partir do final de fevereiro de 2004, devido a substituição do antigo desinfectante pelo hipoclorito de cálcio que, segundo informações prestadas pelos funcionários da ETA, é mais eficaz. Além disso, houve o estabelecimento de ordem do supervisor para que houvesse a preparação de somente 25 kg de hipoclorito por dia. Uma observação a ser feita é que mesmo nos meses quentes e chuvosos onde a vazão de água na ETA é maior e, pela lógica, deveria influenciar o uso de hipoclorito, não se detecta variação na quantidade gasta do produto, como foi observado para o coagulante e alcalinizante. Uma possível razão para isso, e que é apenas uma hipótese, uma vez que não foi observada essa prática, é o registro de valores de uso do hipoclorito abaixo do que realmente é consumido na rotina da estação. Acredita-se que tal fato pode ocorrer devido ao temor dos operadores em receber repreensão dos seus superiores. Apesar disso, na leitura de planilha dos resultados da água tratada, observa-se índices de cloro residual e resultados de análises microbiológicas dentro dos padrões de potabilidade. 180 o Fluorsilicato de Sódio Os dados sobre consumo de fluorsilicato de sódio são dispostos na tabela 27 e a sua variação é representado pelo gráfico da Figura 31. Tabela 30– Média de Consumo Diário de Fluorsilicato na ETA do DMAES. Flúor Mês Flúor Mês (kg/Dia) Flúor Mês (kg/Dia) Flúor Mês (kg/Dia) (kg/Dia) Jan/04 14,35 Set/04 12,60 Mai/05 12,97 Jan/06 14,31 Fev/04 12,76 Out/04 11,03 Jun/05 13,46 Fev/06 12,50 Mar/04 11,10 Nov/04 5,83 Jul/05 13,67 Mar/06 15,00 Abr/04 11,30 Dez/04 13,71 Ago/05 13,27 Abr/06 14,33 Mai/04 9,62 Jan/05 13,97 Set/05 14,90 Mai/06 14,97 Jun/04 13,90 Fev/05 7,38 Out/05 15,00 Jun/06 15,00 Jul/04 12,40 Mar/05 0,94 Nov/05 14,55 Jul/06 15,00 Ago/04 11,52 Abr/05 13,69 Dez/05 15,00 Ago/06 14,68 Média de Consumo Diário de Flúor 16,0 14,0 Kg/Dia 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 jul/06 ago/06 jun/06 abr/06 mai/06 fev/06 mar/06 jan/06 dez/05 out/05 nov/05 set/05 jul/05 ago/05 jun/05 abr/05 mai/05 fev/05 mar/05 jan/05 dez/04 out/04 nov/04 set/04 jul/04 ago/04 jun/04 abr/04 mai/04 fev/04 mar/04 jan/04 0,0 Figura 31– Consumo de Fluorsilicato na ETA do DMAES. O preparo da solução de flúor tem critérios que determinam a utilização de 15 kg/dia, entretanto, nas planilhas observam-se valores registrados diferentes do que é estabelecido. A partir do gráfico (Figura 30), observa-se que a regularização do uso de fluorsilicato ocorreu somente a partir de abril de 2005. Antes desse período observam-se variações irregulares no uso deste produto químico, cujas causas não foram descobertas 181 pela pesquisa. Considera-se, porém, que o controle preciso da fluoretação é extremamente importante no sentido de evitar danos a saúde, como a fluorose dentária, na população abastecida, devido a sobredosagem do produto químico na água. 5.1.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG) A) Gerencial Funções, Responsabilidade e Treinamento Na ETA do SAAE de Itabirito, atuam 9 funcionários distribuídos nas seguintes funções: o Supervisor de ETA o Supervisor do Controle de Qualidade (Acumula a função de laboratorista nas análises microbiológicas) o Operadores/Oficial de Obras e Serviços (Cinco funcionários. Todos realizam análises físico-químicas para controle de qualidade da água). o Auxiliar de Serviços Gerais (02 funcionários, sendo um jardineiro e o outro envasador de copos descartáveis de água tratada pelo SAAE, utilizados em eventos promocionais). Os funcionários da ETA apresentam um bom nível de escolaridade para desempenho de suas funções. Ambos os supervisores cursam o nível superior em Tecnologia de Meio Ambiente e Saneamento, sendo que o supervisor do controle de qualidade já possui nível técnico em Química. Os cinco operadores possuem segundo grau completo com exceção de um que está em fase de conclusão do nível médio. Os auxiliares de serviços gerais apresentam primeiro grau (jardineiro) e segundo grau (envasador de copos descartáveis). 182 Durante as visitas não se evidenciou nenhum programa de treinamento pré-estabelecido para os operadores que adquirem seus conhecimentos na prática dos serviços no dia-adia e através da troca de experiências com os funcionários mais experientes. Documentação Semelhantemente ao DMAES de Ponte Nova, o SAAE de Itabirito também não apresentou todos os níveis de documentação necessários a um sistema de gestão ambiental. Durante o período de visita à administração do SAAE foi informado que o atual sistema de gestão estava sofrendo um reformulação geral. Para isso foi contratada consultoria para sistematização das práticas administrativas, tendo como objetivo a padronização da documentação existente, elaboração de manual do sistema e dos procedimentos, sistemas de arquivamento de documentação, definição de estrutura e responsabilidade dentro da empresa, dentre outras coisas. Segundo o atual diretor do SAAE, essas modificações visam uma futura certificação na área de qualidade de sistemas de gestão. Dentre os tipos de documentação disponíveis foram observadas instruções de trabalho localizadas principalmente nos laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas, descrevendo a operação de aparelhagem e material de laboratório, metodologias de análise, operação de moto-bombas da captação, lavagem de filtros e preparação de produtos químicos utilizados no tratamento, dentre outros. Os registros observados nos arquivos foram referentes à qualidade da água bruta e tratada (parâmetros físico-químicos e microbiológicos), controle de produtos químicos utilizados no tratamento, documentos para comunicação interna (circulares, registro de ocorrências de turno, recebimento de reclamações de clientes...), registros de alguns procedimentos como lavagem de filtros e dos decantadores. 183 Contratação de Fornecedores e Prestadores de Serviço Os supervisores (Geral e de Qualidade) da ETA do SAAE não tem autonomia para resolver assuntos nesta área, a não ser nos casos em que é necessária a contratação de algum de serviço de baixo custo para algum reparo de urgência. Na compra de produtos químicos e na contratação de grandes serviços, o estabelecimento de critérios e o processo de negociação é realizado pela alta administração (diretor geral) e pela Comissão de Compras e Licitações composta por funcionários que trabalham no setor administrativo do SAAE. Na grande maioria dos casos, tanto as compras, quanto os serviços contratados, são realizados por meio de editais de licitação onde são incluídos os critérios para a aquisição de produtos e serviços. Dentre os editais observados (compra de produtos químicos e prestação de serviços) foram observadas as seguintes exigências: • Aquisição pelo Menor Preço • Especificação de Produto (produtos químicos) o Nome de Produto o Quantidade a ser adquirida o Teor de Pureza • Descrição do tipo de serviço a ser executado e prazo de conclusão (prestação de serviços) • Situação Legal da Empresa o Certidão Negativa de Débito (CND) do INSS o Certificado de Regularidade do FGTS (CRF) 184 o Certidão Negativa do Débito dos Tributos Municipais o Comprovante de Situação Regular no CNPJ • Transporte (produtos químicos) o Prazo de Entrega o Cumprimento de Normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) na execução do transporte Assim como no DMAES de Ponte Nova, não se observou normas específicas para ditar a conduta dos prestadores de serviço na execução das atividades e nem uma sistemática para fiscalização do cumprimento das exigências feitas. B) Operacional A ETA do SAAE foi projetada para o tratamento completo da água captada compreendendo as seguintes etapas: correção de pH com uso de cal hidratada, mistura rápida hidráulica, floculação hidráulica, decantação clássica, filtração rápida, desinfecção por cloração, fluoretação. Entrada de Água Bruta Correção de pH Mistura Rápida Mistura Lenta Decantação Laboratório Físico-Químico e Microbiológico Filtração Saída de Água Tratada Desinfecção Fluoretação Figura 32- Fluxograma do processo de tratamento na ETA do SAAE. 185 Complementarmente às unidades de tratamento, somam-se a casa de química (área para armazenamento de produtos químicos, laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas), moto-bombas para alimentação de reservatório elevado, cuja água é utilizada na lavagem dos filtros. Um fator considerado favorável ao tratamento da água é a boa qualidade da água bruta captada. Nas épocas de estiagem das chuvas (maio a setembro), devido ao baixo nível de turbidez, a água é tratada sem a utilização de coagulante e cal hidratada, utilizando-se apenas filtração e aplicação de flúor e cloro. A ETA de Itabirito foi projetada para uma vazão final de 50 L/s, entretanto, hoje trabalha numa vazão bem superior que atinge picos de 120 L/s. A produção média diária de água tratada é de 8.000 m3. O funcionamento da ETA é em regime de escalas de 08 horas, funcionando 24hs/dia, incluindo finais-de-semana e feriados. A captação da água bruta é realizada em dois pontos distintos: Barragem do Córrego Seco (Lat.20015’22,1’’S e Long.42050’41,5’’W) e do Córrego do Bação (Lat. 20019’10’’S e Long.45050’37,9’’), ambos localizados na Bacia do Rio das Velhas. As áreas encontram-se dentro de propriedades privadas e, segundo informações prestadas pelos funcionários da ETA, são protegidas do acesso por pessoas e animais. Mistura Rápida e Correção de pH A mistura rápida é realizada em uma Calha Parshall de 9’’ (W=23cm), cumprindo também a função de medidor de vazão. Nesta mesma etapa, também é realizada a correção de pH quando necessária. A dosagem de sulfato de alumínio é realizada através de um dosador manual feito por um tubo de PVC cuja alimentação é feita através de bombeamento da solução preparada em um tanque de preparo de produtos químicos no andar inferior da ETA. A aplicação do coagulante é realizada logo após a garganta da calha, no ponto de ressalto hidráulico da água bruta. 186 O sulfato de alumino utilizado é do tipo granular e é armazenado em sacas na casa de química. Sua preparação é feita manualmente pelos operadores em tanques de preparação de produtos químicos. O valor de referência para preparo da solução alcalinizante é de 50kg de sulfato de alumínio para cada 1.000L de água. A medição da vazão é feita com uma régua que mede a altura do nível d’água em ponto pré-determinado antes da garganta da calha. Obtido o resultado em centímetros este é comparado a uma tabela que apresenta valores associados de nível d’água na calha ao seu respectivo valor de vazão em L/s. A correção de pH também é feita quando se verifica baixos valores de pH que poderiam atrapalhar o processo de coagulação. A dosagem é feita pelo mesmo sistema descrito para o de coagulação da água, sendo o dosador também manual feito de PVC e alimentado por um tanque de preparação de cal hidratada localizado no andar inferior da ETA. A aplicação do alcalinizante é realizada na Calha Parshall em um ponto anterior à garganta, próximo ao medidor de vazão. O armazenamento da cal hidratada é feito pelo estoque de sacas na casa de química e sua preparação é feita manualmente. O valor de referência para preparo de alcalinizante é de 20 kg para 1.000L de água. A faixa de pH desejado é de 6,6-7,0. Durante a visita, estava sendo utilizado, em substituição a cal hidratada, produto denominado comercialmente de Geocálcio que é o hidróxido de cálcio em suspensão, dispensando o seu preparo prévio para aplicação na água a ser tratada. O armazenamento era feito em tanque de PVC na parte externa da ETA e a dosagem estava sendo feita com o uso de uma bomba peristáltica. O uso definitivo, em substituição a cal hidratada, ainda estava sendo analisado, através dos resultados de testes comparativos com a cal hidratada, quanto à eficiência e o custo econômico. 187 Mistura Lenta O processo de floculação da água coagulada é realizado através de processo hidráulico através de 11 câmaras em série do tipo Cox. A dimensão das câmaras, após observação das plantas de construção da ETA, são as seguintes: 2,25m (comprimento), 2,00m (largura) e 3,80m (profundidade). Decantação O processo de decantação é realizado em dois decantadores clássicos (retangulares) de fluxo horizontal operados em paralelo. Ambos apresentam as seguintes medidas: 22,00m (comprimento), 5,10m (largura) e 3,50m (profundidade). Na zona de entrada do decantador a água é distribuída uniformemente através de uma cortina distribuidora feita em madeira apresentando 45 orifícios circulares (aproximadamente 15cm de diâmetro cada um). Na zona de saída a água decantada é recolhida através de calhas coletoras que conduzem a água até os filtros. O esgotamento da água no decantador é realizado através de uma adufa de fundo localizada na parte central do decantador. Isso acontece uma vez por ano devido a necessidade de lavagem do decantador que devido ao acúmulo de lodo no fundo fornece uma má qualidade de água decantada o que por sua vez sobrecarrega os filtros. A lavagem do decantador é realizada manualmente pelos próprios operadores da ETA. O procedimento é feito obedecendo-se os seguintes passos: o Esvaziamento do decantador o Lavagem Manual com o uso de rodos de metal para arrastar o lodo e mangueiras de água de alta pressão o Reativação e enchimento do decantador 188 Filtração A ETA do SAAE de Itabirito trabalha com dois filtros rápidos de camada simples (7 camadas de areia e cascalho com granulometrias diferentes) e fluxo descendente. As dimensões de ambos os filtros é de 4,10m (comprimento) x 4,40m (largura); 18,04m2 (área). O sistema de drenagem do filtro é composto por fundo falso com bocais. A operação dos filtros acontece simultaneamente. A lavagem dos mesmos é feita alternadamente uma vez por dia, isto é, em um dia lava-se um dos filtros, no dia seguinte lava-se o outro e assim por diante. Assim, o tempo de carreira de cada um dos filtros gira em torno de 48 horas. O controle de nível e vazão dos filtros não é feito de uma maneira sistemática, mas através de simples observação. Segundo os operadores da ETA, a taxa ótima de filtração ocorre quando o nível da água no filtro está abaixo ou na altura das calhas de coleta da água de lavagem do mesmo. A medida que ocorre a perda da capacidade filtrante o nível da água dentro do filtro vai aumentando. Quando a água está próxima de transbordar do filtro é o momento de desativá-lo e de executar a sua lavagem. A quantidade de água gasta na lavagem de cada um dos filtros é de 80m3 por vez. A lavagem superficial é feita com água pressurizada por uma bomba. O tempo total de lavagem dura em média 20 minutos. Desinfecção A desinfecção da água é feita através da utilização de hipoclorito de sódio (NaClO), 12% em solução. Este produto é armazenado em bombonas de plástico em um pátio externo ao lado da ETA. A dosagem é feita pela utilização de um dosador do tipo peristáltico cuja regulagem é feita manualmente de acordo com a vazão de água bruta na calha parshall. Sua 189 aplicação é pontual feita na saída da água dos filtros. O controle do valor da dosagem é realizado através da análise de cloro residual da água tratada. A câmara de desinfecção apresenta as seguintes medidas: 2,0m (largura) x 5,0m (comprimento). Fluoretação O produto utilizado na fluoretação é o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) com pureza na ordem de 98,5%. Na casa de química é armazenado sobre estrado de madeira em sacas plásticas de 50 kg. A dosagem é realizada através de via úmida por gravidade realizada em ponto na entrada da câmara de contato. O armazenamento da solução preparada de flúor é feita em um saturador em formato de cone com capacidade para até 200L de solução preparada. O controle da dosagem de flúor na água é feita por uma torneira com uma coluna graduada que informa o valor da dosagem mL/15s. O preparo das soluções é feita por turno (3 turnos diários), com o despejo de 1,5kg de fluorsilicato de sódio no saturador que é alimentado constantemente por água para a dissolução do produto químico. O controle da dosagem é feito através da análise de flúor na água tratada. Casa de Química- Área de Armazenamento e Preparação de Produtos Químicos O local de armazenamento e preparação de produtos químicos é realizado na mesma sala. As sacas de cal hidratada, sulfato de alumínio e de fluorsilicato de sódio são estocadas sobre estrados de madeira próximos aos tanques de preparo. 190 O hipoclorito de sódio em solução em bombonas e o Geocálcio (hidróxido de cálcio em suspensão) contido em tanque de fibra de vidro de 1.000L são estocados na parte externa da ETA. Na parte de preparação de produtos químicos existem 04 tanques com motores para agitação mecânica das soluções e também para bombeamento para a calha parshall que fica na parte superior da ETA. Estes tanques são utilizados para o preparo de coagulante e alcalinizante (cal hidratada). Ao lado dos tanques, no nível do chão existe canaleta de escoamento para evitar que eventuais vazamentos de soluções dos tanques se espalhem pela superfície do chão da sala de armazenamento e molhe as sacas de produtos químicos. Casa de Química- Laboratório Físico-Químico As análises físico-químicas são executadas rotineiramente pelo próprio operador responsável no turno. À seguir listam-se os seguintes parâmetros monitorados, o ponto de coleta e o período para a execução da análise: • pH: águas bruta, floculada, decantada, filtrada e tratada. Período: 2 horas. • Cor: águas bruta, floculada, decantada, filtrada e tratada. Período: 2 horas. • Turbidez: águas bruta, floculada, decantada, filtrada e tratada. Período: 2 horas. • Alcalinidade: água bruta. Período: 1 vez por turno. • CO2 dissolvido: água bruta, filtrada, tratada. Período: 1 vez por turno. • Flúor: água tratada. Período: 2 horas. • Cloro Residual: água tratada. Período: 2 horas. 191 Os equipamentos utilizados nas análises são: 1 pHmetro, 1 turbidimêtro, 1 espectofotômetro (realiza diversas análises físico-químicas simultaneamente: cor, turbidez, cloro, flúor) e 1 jartest. Casa de Química- Laboratório Microbiológico As análises microbiológicas, assim como as suas respectivas coletas, são realizadas pelo supervisor do controle de qualidade de água da ETA. À seguir listam-se os parâmetros avaliados, e o período de execução das análises: • Bactérias Heterotróficas (número de Unidades Formadoras de Colônias – UFC). Período: semanal. • Coliformes Totais (Ausência-Presença). Período: semanal. • Coliformes Termotolerantes (Ausência-Presença). Período: semanal. Os ensaios microbiológicos são realizados através da técnica dos tubos múltiplos. Ao todo são coletadas 60 amostras. Os principais equipamentos presentes no laboratório microbiológico são: 1 contador de colônias, 1 balança de precisão, 1 estufa de secagem, 1 geladeira para conservar meios de cultura, 1 caixa térmica para coletas de amostras de água, 1 deionizador, 1 barrilete de água destilada, 1 autoclave, 1 banho-maria, 1 capela e 1 estufa bacteriológica. Plano de Amostragem da Água À seguir, é descrito o plano de amostragem elaborado pelo supervisor de qualidade do SAAE de Itabirito. 192 Tabela 31- Plano de amostragem da água do SAAE de Itabirito. Data: 14/06/07. PARÂMETRO COR NTU pH SAÍDA DO SISTEMA DE SISTEMA DE TRATAMENTO DISTRIBUIÇÃO MANANCIAL Nº Nº FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA AMOSTRAS AMOSTRAS 1 2 HORAS 10 MENSAL SUPERFICIAL §3º - ART. §3º - ART. 18 18 - Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas deve ser §3º - ART. 18 efetuada, no momento da coleta, medição de cloro residual livre. FLUORETO SUPERFICIAL 1 2 HORAS 5 MENSAL - Freqüência mensal no ponto de captação quando o número de §1º - ART. 19 cianobactérias não exceder 10.000 células/mL e semanal se >. CIANOTOXINAS - Freqüência semanal na saída da ETA e na entrada de clínicas de hemodiálise, quando o número de cianobactérias exceder §5º - ART. 18 20.000 células/mL. SUPERFICIAL 1 TRIMESTRAL 1 TRIMESTRAL TRIHALOMETANO - As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior detenção da água no sistema de distribuição. SUPERFICIAL 1 SEMESTRAL 1 SEMESTRAL DEMAIS - Dispensada análise na rede de distribuição quando o parâmetro não for PARÂMETROS detectado na saída do tratamento e/ou no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição. 30 + 1 p/ cd COLIF. TOTAIS SUPERFICIAL 2 SEMANAL MENSAL 2000 Hab - Coletar amostras semestrais da água bruta, junto do ponto de captação, para ART. 19 análise de acordo com os parâmetros exigidos na legislação vigente de ART. 10 - V classificação e enquadramento de águas superficiais avaliando a compatibilidade. - Os processos de tratamento deverão ser avaliados a cada três meses. CRL 1 2 HORAS Segundo as informações prestadas pelo supervisor de qualidade da ETA do SAAE, todos os parâmetros exigidos pela portaria no 518/2004 são analisados obedecendo os critérios de número de amostras e freqüência. Reservatório Elevado da ETA O reservatório elevado da ETA do SAAE de Itabirito possui formato cilíndrico, com um volume em torno de 80m3 localizado ao lado dos tanques de tratamento. A água armazenada é utilizada na lavagem dos filtros e também para atender a demanda das instalações da ETA, na limpeza, cozinha e sanitários. 193 C) Parâmetros Monitorados na ETA do SAAE de Itabirito Durante as duas visitas ao SAAE e através de contato por e-mail e telefone, foram solicitados os dados sobre os parâmetros de qualidade da água bruta captada, entretanto, esses não foram disponibilizados o que impediu que fosse feita a análise sobre a qualidade da água bruta captada. De maneira geral, considera-se que esse fator não prejudicou a execução dos trabalhos, mas inviabiliza uma discussão sobre a correlação entre parâmetros de qualidade da água bruta e consumo de produtos químicos o que pode ser de grande valia para os gestores da ETA para o planejamento anual de compras destes insumos e avaliação da sua eficiência. Apesar disso, foi possível observar as sistemáticas de monitoramento através do acompanhamento das análises laboratoriais, listagem dos parâmetros monitorados e a forma como são armazenados os resultados. Estes procedimentos de monitoramento são discutidos em maiores detalhes na parte do checklist do SAAE. 5.2. Resultados do Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais Os resultados do LAIA são descritos do seguinte modo: construção do fluxograma de tratamento de água na ETA relacionando a cada etapa os principais processos ou atividades (procedimentos), identificação dos principais aspectos e impactos ambientais relacionados a cada procedimento e avaliação do grau de importância ou significância para o meio ambiente. Relembrando que os valores de severidade (SEV) do impacto variam de 1 a 3 de acordo com sua intensidade que somados aos valores de freqüência/probabilidade (F/P) que também variam de 1 a 3, tem como resultado o valor de importância (I) que indica se o aspecto ambiental é significativo (I= 5 ou 6), de alta severidade (I=4; SEV=3 e F/P=1) ou não significativo (I=4 com SEV diferente de 3 ou I=3 ou 2). 194 5.2.1. ETA do DMAES de Ponte Nova O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) na ETA do DMAES de Ponte Nova foi realizado em um único dia, devido ao maior período (02/05/05 à 07/05/05) gasto na caracterização dos sistemas gerenciais e operacionais que permitiu a antecipação da elaboração do fluxograma do processo de tratamento de água e a montagem das planilhas. Dentre as etapas avaliadas, as que possuem maior significância ou relevância, de acordo com a metodologia de LAIA, foram a decantação, filtração, fluoretação e desinfecção. A decantação, devido ao lançamento do lodo em corpos d’água naturais e também aos riscos ocupacionais envolvidos na execução da limpeza, apresentou-se como a etapa mais significativa do ponto de vista ambiental. A filtração também apresentou um aspecto ambiental significativo que foi o consumo de água na lavagem dos filtros. Observou-se que 3% do total de água produzida na ETA, é utilizada para a lavagem dos filtros. Este volume não é recirculado para a linha de tratamento da água sendo despejado no esgoto o que confere ao procedimento de lavagem dos filtros características significativas, devendo, portanto, ocorrer a tomada de medidas que minimizem esse desperdício ou reutilizem esta água residual. A fluoretação e desinfecção tiveram aspectos ambientais significativos devido ao risco de contaminação dos operadores na preparação de produtos químicos para aplicação na água a ser tratada. Apesar de serem fornecidos equipamentos de proteção individual (EPIs) para proteção dos operadores, observaram-se algumas falhas (ex: falta de equipamentos de proteção coletiva – EPCs; uso incompleto de EPIs, ausência de fichas de informação sobre segurança de produtos químicos – FISPQs, no local; falta de procedimentos orientando a execução da preparação dos produtos e atendimentos de primeiros socorros nos casos de intoxicação...) que podem colocar a segurança destes trabalhadores em risco. Os resultados do LAIA são apresentados e discutidos em detalhes nas próximas páginas. As planilhas preenchidas durante a coleta de dados no DMAES são apresentadas no 195 apêndice D. Na Figura 33, é apresentado fluxograma do processo de tratamento da água no DMAES, onde se observam cada uma das etapas e dos seus procedimentos. 196 Transporte rodoviário do coagulante Entrada de Água Bruta Abastecimento do reservatório Armazenamento no reservatório Limpeza de sedimentos acumulados Coleta de amostras Mistura Rápida Análises de qualidade Regulagem da dosagem Mistura Lenta Limpeza das câmaras Limpeza do decantador Funcionamento normal Funcionamento Normal Decantação Lavagem dos filtros Transporte rodoviário do fluorsilicato Filtração Preparo da dosagem Fluoretação Funcionamento Normal Transporte rodoviário do hipoclorito Aplicação da dosagem Preparo da dosagem Desinfecção Transporte rodoviário da cal Preparo da dosagem Aplicação da dosagem Aplicação da dosagem Correção pH Saída de Água Tratada Coleta de amostras Análises de qualidade Figura 33– Fluxograma do processo de tratamento de água do DMAES. As caixas com linhas pontilhadas representam os diversos procedimentos associados a cada etapa do tratamento. 197 Entrada de Água Bruta a) Processo ou Atividade: Limpeza de sedimentos acumulados • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador da escada de acesso ao aerador (alta severidade). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). • Aspecto Ambiental: Contaminação do operador por microorganismos patogênicos o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). Foi considerado como ponto inicial para a análise de aspectos e impactos ambientais, antes mesmo da etapa de mistura rápida, o antigo aerador que já não desempenha mais esta função e se optou por denominá-lo de entrada de água bruta (Figura 34). Em relação a esta etapa, segundo informações prestadas pelos funcionários, é realizado o procedimento de limpeza de sedimentos no piso superior do aerador. A periodicidade para a execução deste procedimento não é pré-estabelecida e é feita de maneira casual. Figura 34– Entrada da água bruta (antigo aerador desativado). Data: 04/05/05. 198 Um dos problemas encontrados neste procedimento de limpeza é que apesar de não ser feito com grande freqüência, oferece risco à saúde dos operadores através do risco de queda na subida ou descida da escada de acesso ao piso superior do aerador. Esta se apresenta em más condições para seu uso seguro, apresentando sinais de corrosão e inclusive com degraus quebrados conforme mostra a foto da Figura 35. Figura 35– Escada de acesso a entrada de água bruta. Data: 04/05/05. Outro aspecto ambiental detectado foi o risco de contaminação dos operadores por microorganismos patogênicos que podem estar na água bruta. Porém, este não foi considerado significativo devido à informação que são utilizadas botas de borracha de cano longo e vestimentas adequadas para a execução da limpeza. Além disso, a altura da água no aerador é bem baixa o que elimina a possibilidade de contato da água bruta com o operador que executa a limpeza. 199 Mistura Rápida a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário do coagulante (sulfato de alumínio líquido) • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou corpo d’água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). b) Processo ou Atividade: Abastecimento do reservatório de coagulante • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento do produto durante o enchimento do reservatório (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou corpo d’água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). c) Processo ou Atividade: Armazenamento do produto • Aspecto Ambiental: Risco de rompimento do reservatório e/ou da tubulação de coagulante (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). d) Processo ou Atividade: Regulagem da Dosagem • Aspecto Ambiental: Geração de ruído (aspecto significativo) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). • Aspecto Ambiental: Contato do sulfato com a epiderme do operador o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). 200 O transporte rodoviário de produtos químicos utilizados no tratamento de água (item a) é, na grande maioria das companhias de abastecimento de água, objeto de descuido por parte dos gestores que deixam o planejamento desta atividade a cargo exclusivo da indústria química fornecedora do respectivo produto químico adquirido. Acredita-se que essa negligência por parte dos responsáveis pela companhia de abastecimento seja devido ao desconhecimento das conseqüências, que podem ser em termos ambientais ou de responsabilidade civil, advindas de um acidente causado com essas cargas de produtos químicos. Em primeiro lugar, um dos fatores que deve ser observado é que boa parte dos produtos químicos utilizados no tratamento da água são considerados como produtos perigosos segundo a classificação do Livro Laranja da Organização das Nações Unidas (ONU). O coagulante utilizado no tratamento do DMAES de Ponte Nova, o sulfato de alumínio em solução, possui número da ONU 1760 e é classificado no grupo de risco 8 das substâncias corrosivas. Segundo o Guia 154 do Manual para Atendimento de Emergências com Produtos Perigosos – 2002, da Associação Brasileira de Química (ABIQUIM), a inalação, ingestão ou contato com a pele com este produto pode causar lesões graves e até a morte. Além disso, em casos de incêndio do veículo transportador, o fogo pode produzir gases irritantes, corrosivos ou tóxicos e as águas residuais para controle de incêndio podem ser corrosivas, tóxicas ou causar poluição. Um outro fator que também deve ser observado é a responsabilidade civil da companhia de abastecimento sobre a carga perigosa em caso de acidente. A Política Nacional de Meio Ambiente (lei no 6.938/81) em seu artigo terceiro, inciso IV, qualifica como poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. Observa-se então, que apesar do acidente poder ser atribuído diretamente ao motorista ou empresa responsável pelo transporte, nos casos em que estes não puderem arcar com os custos de indenização pelo dano ambiental, os juízes podem responsabilizar a indústria química fornecedora do produto ou a própria companhia de abastecimento de água que neste caso específico era o destino da carga acidentada. 201 Esse procedimento tem sido bastante comum em casos de reparação de danos ambientais que, em muitas vezes, exigem gastos enormes em dinheiro. O detalhe é que por muitas vezes, devido a incapacidade do responsável direto em arcar individualmente com o custo da reparação, os responsáveis indiretos acabam sendo acionados também (TEIXEIRA, 2004). Este princípio é conhecido no Direito como Responsabilidade Solidária. Por esses motivos, na avaliação de aspectos e impactos ambientais deste trabalho, o transporte de qualquer produto químico utilizado no tratamento de água que seja considerado perigoso, segundo classificação da ONU, será avaliado com valor de severidade 3 ou muito severo. Devendo portanto, ser objeto de preocupação devido aos risco de danos ambientais ou mesmo econômicos advindos de processos jurídicos em casos de acidente com as cargas. No item b, foi avaliado o procedimento de abastecimento do reservatório de sulfato de alumínio que é executado pelo próprio motorista do caminhão tanque contendo o produto. Segundo informações prestadas por este funcionário, existem normas documentadas e treinamentos para a correta execução das atividades de transporte, contenção de vazamentos em casos de acidentes e descarga dos produtos químicos transportados. Um detalhe importante é que na ocasião, nenhum funcionário da ETA acompanhava o processo de descarga do produto, fator considerado imprescindível para o controle de quaisquer não-conformidades (ex: execução incorreta do procedimento, vazamentos do produto) executadas pelo motorista da empresa transportadora. Na Figura 36, a seguir, é mostrado o caminhão utilizado para transporte de sulfato de alumínio líquido. 202 Figura 36– Caminhão tanque utilizado no transporte de sulfato de alumínio líquido. Data: 20/03/06. No item c, referente a armazenagem do produto foi considerado o risco de rompimento e vazamentos do reservatório de sulfato como aspecto significativo, uma vez que não se observou quaisquer estruturas como, por exemplo, uma bacia de contenção, para evitar que eventuais vazamentos contaminem o solo ou prejudiquem a saúde de algum operador que tente conter o produto químico vazante (Figura 37). Figura 37– Reservatório de sulfato de alumínio líquido. Notar a ausência de estrutura para contenção de vazamentos. Data: 04/05/05. 203 O item d é relativo à regulagem da dosagem de coagulante na água bruta e apresentou, segundo observação feita, aspectos ambientais relacionados ao ruído e riscos de lesões causadas pelo contato do sulfato com a epiderme do operador. Dentre estes, o ruído foi considerado um aspecto significativo por três motivos: magnificação do nível de ruído devido a calha parshall se localizar dentro do prédio da ETA, freqüência de exposição dos operadores ao ruído devido a necessidade de regulagem da dosagem do sulfato na água e falta de uso de protetor auricular pelos operadores (Figura 38). Figura 38– Calha Parshall e dosador de orifício de nível constante para aplicação de coagulante. Data: 04/05/05. Mistura Lenta a) Processo ou Atividade: Limpeza das câmaras • Aspecto Ambiental: Despejo de lodo pelo esgoto (alta severidade) o Impacto Ambiental: Contaminação de corpos d’água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal • Aspecto Ambiental: Risco de queda dos operadores dentro das câmaras (aspecto significativo). 204 o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 3; I= 6). • Aspecto Ambiental: Vazamento de águas por rachaduras das câmaras (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Desperdício de recursos naturais (SEV= 3; F/P= 3; I= 6). O procedimento de limpeza das câmaras dos floculadores, segundo informações dos funcionários, não é feita com grande freqüência e nem existe uma periodicidade préestabelecida. As câmaras não apresentam adufas para esgotamento da água, então a sua limpeza é realizada pelo uso de bombas que esgotam o seu conteúdo e o despejam através de uma saída para o sistema de esgoto da ETA. Vários trabalhos (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; SOUZA, 2004) têm discutido o lançamento de resíduos do tratamento de água em corpos d’água alegando que os níveis de metais como de alumínio, cádmio, cromo e zinco são bem superiores aos valores pré-estabelecidos para o lançamento de efluentes segundo a resolução CONAMA n o 357 / 2005. Por isso, assim como o lodo de decantador, o resíduo dos floculadores também deve ter uma destinação adequada, afim de se minimizar quaisquer impactos ambientais advindos da sua disposição inadequada. Dois aspectos ambientais considerados como significativos, segundo a metodologia de análise deste trabalho, foram o risco de queda dos operadores dentro das câmaras e o vazamento de águas por rachaduras. No primeiro caso, observou-se trânsito freqüente de operadores por entre as duas séries de floculadores que não possuem proteção para evitar a queda dos trabalhadores dentro das câmaras (Figura 39). 205 Figura 39– Séries de floculadores Cox. As setas vermelhas indicam a falta de grades de proteção para a série de floculadores da esquerda da foto. Data: 04/05/05. No segundo caso, foram observadas diversas rachaduras nas paredes externas dos floculadores pelas quais vazam água incessantemente (Figura 40). Toda essa água é conduzida por um canal até o esgoto. Além de desperdício de um recurso natural importante como a água, esses vazamentos representam um desperdício de energia elétrica e de recursos financeiros, uma vez que a água bruta captada é bombeada até a ETA. Figura 40– Vazamentos detectados na parte inferior das câmaras dos floculadores. As setas vermelhas indicam os vazamentos. Data: 06/05/05. 206 Decantação a) Processo ou Atividade: Limpeza do decantador • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador, na subida/descida da escada para raspagem manual do lodo (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Risco de contaminação do operador p/ patogênicos (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Peso dos rodos de limpeza o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Despejo do lodo em corpo d’água (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação de corpo d’água (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Consumo d’água durante a lavagem (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Uso de recursos naturais (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador durante a lavagem das paredes (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Riscos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 3; I= 6). 207 b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal • Aspecto Ambiental: Vazamento d’água por rachaduras do decantador (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Desperdício dos recursos naturais (SEV= 3; F/P= 3; I= 6). O processo de limpeza dos decantadores foi acompanhado durante dois dias no DMAES de Ponte Nova onde foi possível observar diversos aspectos ambientais importantes que devem ser objeto de preocupação dos gerentes de uma ETA. Dentre esses aspectos, três são relacionados a saúde e segurança dos operadores e foram todos considerados significativos pela metodologia de LAIA: risco de queda do operador durante a subida/descida da escada para lavagem do decantador ou na lavagem das paredes do decantador e risco de contaminação dos operadores por microorganismos patogênicos (Figuras 41,42 e 43 respectivamente). Figura 41– Descida do operador pela escada a fim de se executar limpeza manual do decantador. Data: 07/05/05. 208 Figura 42– Operador executando limpeza das paredes do decantador com o uso de mangueira. Data: 14/05/05. Figura 43– Operador em meio ao lodo do decantador. Data: 07/05/05. Nas Figuras 41e 42 observa-se o risco de queda do operador na descida da escada e na lavagem das paredes do decantador. Durante a lavagem do decantador não se observou nenhum procedimento pré-estabelecido ou equipamentos de segurança para a realização da lavagem do decantador. Na Figura 43 observa-se operador se deslocando no meio do lodo do decantador para a execução da raspagem manual. Como se pode observar, o operador apresenta-se com trajes inadequados para a atividade, uma vez que não se evita o contato do lodo, que 209 além de vários metais, também pode oferecer o risco de contaminação por microorganismos patogênicos como é sugerido por Almeida et al (1994) em pesquisa sobre contaminação e em trabalhadores do setor de saneamento por leptospirose. Da pesquisa de Almeida et al (1994), é importante observar que, apesar de ser um serviço cujas condições de trabalho aparentem ser mais higiênicas do que a dos outros setores (esgoto, limpeza pública e limpeza de bueiros e galerias), o tratamento de água apresentou a maior proporção de trabalhadores infectados por leptospirose. Portanto, o risco de contaminação do operador por patogênicos é um aspecto ambiental que deve ser considerado em todas as etapas do tratamento que envolvam algum tipo de contato com a água bruta. Figura 44– Despejo de lodo nas águas do rio Piranga. Data: 07/05/05. O despejo do lodo de decantador em corpos d’água (Figura 44) é considerado por muitos autores (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) como um dos aspectos ambientais mais relevantes no tratamento da água para abastecimento público. Por meio da caracterização físico-química do lodo foi detectado que vários parâmetros como alumínio, cádmio, cromo e zinco, possuíam concentrações muito elevadas quando comparadas com os valores estabelecidos para lançamentos de efluentes, segundo a resolução CONAMA n o 357 / 2005. 210 Assim, o lançamento do lodo de decantador em corpos d’água é considerado inadequado do ponto de vista legal, podendo causar impacto ambiental sobre a biota aquática local. Apesar disso, não é observada uma postura adequada em relação a essa questão, não só por parte do DMAES de Ponte Nova, mas também pela grande maioria das empresas de saneamento no país. Evidenciando esse quadro de inadequação, Parsekian (1998) em seu trabalho de avaliação do gerenciamento de onze ETAs detectou que dez delas lançavam o lodo de decantador em corpos d’água e apenas uma tratava adequadamente aquele resíduo pelo uso de leitos de secagem para posterior disposição em aterro sanitário. Assim, pode-se considerar que o lançamento de lodo de decantador em corpos d’água é um problema de ordem conjuntural no setor de saneamento, todavia, isso não pode servir de justificativa para que as ETAs continuem não tratando e dispondo adequadamente este resíduo gerado pela sua atividade. Figura 45- Vazamento de água por rachadura do decantador. Data: 05/05/05. Um último aspecto considerado significativo em relação a etapa de decantação são os vazamentos de água por rachaduras nas paredes destes tanques (Figura 45). Essas perdas de água somadas aos outros vazamentos de outros locais da ETA, como as que foram verificadas nos floculadores e galerias dos filtros geram um desperdício de água que acaba retornando ao esgoto. 211 Além de se considerar a própria questão ambiental do desperdício de água, deve-se também avaliar a questão do custo energético envolvido nesse aspecto ambiental, uma vez que a água perdida nos vazamentos faz parte de um volume total que foi bombeado do manancial até a ETA e exigiu consumo de energia elétrica que por sua vez, faz parte das despesas repassadas pela companhia de abastecimento ao consumidor através da conta d’água. Filtração a) Processo ou Atividade: Lavagem do filtro • Aspecto Ambiental: Consumo de água na lavagem dos filtros (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Esgotamento dos recursos naturais (SEV= 3; F/P= 3; I= 6). • Aspecto Ambiental: Despejo d’água de lavagem em corpo d’água (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos a biota aquática (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador durante a lavagem superficial do filtro (aspecto não significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal • Aspecto Ambiental: Geração de ruído do canal de água filtrada o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). 212 O processo de lavagem dos filtros na ETA (Figura 46) é considerado, neste trabalho, um dos principais problemas ambientais envolvidos no processo de tratamento de água. O consumo de água utilizado a cada lavagem dos filtros gira em torno de 90-100 m3 e o número dessas lavagens esteve entre quatro e seis vezes por dia, de acordo com os registros da atividade. Utilizando-se cinco como a média diária de lavagens de filtro na ETA do DMAES, estima-se um gasto diário de água em torno de 450-500 m3. Considerando-se que a produção média de produção de água tratada é de 505.440m3/mês, o uso mensal de água na lavagem do filtro de 15.000 m3, em média, corresponde a 3% do total do volume de água que sai da ETA. A partir das observações feitas sobre a operação dos filtros detectou-se um baixo tempo de carreira destes variando numa faixa de 07-10 horas o que determina uma maior freqüência de lavagens diárias dos filtros e consequentemente, pode explicar esse gasto de água discutido no parágrafo anterior. Vale ressaltar que a água utilizada na lavagem dos filtros provém do montante da água tratada na ETA e que não ocorre reaproveitamento da mesma, sendo o seu destino final o lançamento pelo sistema de esgoto sanitário. Além do grande desperdício de uma água cuja qualidade é muito semelhante a da água bruta, exceto no que se diz respeito ao teor de alumínio (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000), considera-se também que o despejo de água de lavagem de filtros se constitui em perda econômica para a própria companhia de abastecimento, uma vez que a água utilizada na lavagem é tratada da ETA cujos custos envolvem gastos com energia elétrica, produtos químicos e folha de pagamento de funcionários que realizam o processo de tratamento. 213 Figura 46– Lavagem de filtro. Data: 05/05/05. Vários fatores podem ser atribuídos como causas para esse problema, destacando-se duas nesta discussão. A primeira delas é a atual vazão de água tratada pela ETA, com vazões mínimas de 130 L/s e vazões máximas de 260 L/s, gerando médias mensais que variam de 170 L/s até 207 L/s de acordo com as análises dos registros de operação e que por sua vez superam em muito a vazão máxima de projeto da ETA que é de 140 L/s. Consequentemente, os tempos de detenção nos floculadores e decantadores diminuem drasticamente o que pode ocasionar o arraste de flocos para os filtros que, por sua vez, facilitam a colmatação dos meios filtrantes. Uma segunda causa para o problema de baixo tempo de carreira dos filtros pode ser a ineficiência do processo de lavagem dos filtros. Dois fatores são considerados essenciais para uma retrolavagem eficiente. O primeiro é o grau de expansão do meio filtrante que deve estar entre 10 e 20% e é dependente da velocidade de lavagem da ordem de 0,5 a 0,6 m/min para filtros descendentes e 0,8 a 1,0 m/min para filtros ascendentes (RICHTER & NETTO, 1995). O segundo fator importante é o tempo de lavagem dos filtros que deve girar em torno de 10-15 min (LIBÂNIO, 2005) ou o suficiente para gerar uma turbidez de água de lavagem menor que 10 NTU (BASTOS et al, 2000). Na avaliação feita por esta pesquisa, detectou-se um tempo de lavagem variável de 6-7 minutos, o que segundo a literatura especializada é considerado insuficiente para uma lavagem eficiente. 214 No ano de 2000, em trabalho realizado por Bastos et al (2000) sobre o desempenho da ETA do DMAES de Ponte Nova, verificou-se velocidades reais de filtração bem superiores às velocidades teóricas, o que segundo o autor, são decorrentes de problemas de distribuição de vazões entre os decantadores e os filtros, além de indicar condições diversas do estado de conservação dos leitos filtrantes. Assim, conclui-se que o tempo de carreira dos meios filtrantes pode estar sendo influenciado principalmente pelo seu mau estado de conservação que pode ser decorrente de uma lavagem ineficiente. Fluoretação a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário de fluorsilicato de sódio • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem • Aspecto Ambiental: Carregamento manual de sacas (50kg). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias). o Impacto Ambiental: Contaminação do Solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3). 215 c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução do saturador o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 2; F/P=1; I= 3). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 1; I= 3). Assim como o sulfato de alumínio, o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) também não possui qualquer tipo de participação dos gestores das ETAs em seu transporte rodoviário. Este produto é considerado perigoso, possuindo número da ONU 2674 e classe de risco 6.1 (substâncias tóxicas). O aspecto significativo da etapa de fluoretação relaciona-se ao processo de preparação da dosagem do Na2 Si F6, onde se observa o risco de contaminação dos operadores que a manuseiam. Segundo o “Manual para Atendimento de Emergências com produtos Perigosos” da ABIQUIM o Na2 Si F6 é tóxico a saúde humana e em casos de inalação, ingestão ou contato com a pele podem causar lesões graves ou até a morte do indivíduo. Ainda, segundo o manual da ABIQUIM, deve-se evitar qualquer tipo de contato do produto com a pele e os efeitos do contato ou da inalação podem não ser imediatos. O processo de preparação da solução de Na2SiF6 para dosagem na água foi acompanhado por duas vezes na ETA do DMAES. Segundo informações prestadas pelos operadores foi promovido um treinamento para utilização de EPIs, no entanto, foram observadas algumas deficiências: • Não utilização de vestimentas adequadas ao preparo de produtos químicos (ex: blusas de manga curta, não utilização de botas). • Retirada do respirador antes do término de preparo do produto. • Os operadores afirmaram não saber e não foi observado procedimento que instrua sobre as trocas de filtro dos respiradores. 216 • Falta de limpeza das luvas utilizadas para manusear os produtos químicos. Outras deficiências detectadas, dizem respeito a ausência dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) como chuveiros e lava-olhos na área de preparação de produtos químicos na ETA. Além disso, não foram observadas também instruções de trabalho para preparo do produto químico no local, além de Fichas de Informações sobre Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) e procedimento para atendimento de emergências. Desinfecção a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 3; F/P=1; I= 4). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem • Aspecto Ambiental: Carregamento manual de baldes (45kg) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias) o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3). 217 • Aspecto Ambiental: Consumo de energia na mistura da solução o Impacto Ambiental: Esgotamento de recursos naturais (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução de cloro do reservatório (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos do tanque de aplicação o Impacto Ambiental: Contaminação solo e/ou água (SEV= 2; F/P= 1; I= 3). O hipoclorito de cálcio (CaOCl2) com teor de cloro ativo igual a 65%, segundo manual da ABIQUIM possui número da ONU 1748 e classe de risco 5.1 (substâncias oxidantes). No caso de inalação, ingestão ou contato da substância ou do vapor na pele ou nos olhos pode causar queimaduras, ferimentos graves e até mesmo a morte. O procedimento de preparação da solução de hipoclorito de cálcio para utilização na desinfecção apresenta as mesmas deficiências de segurança vistas no processo de fluoretação. Um fator positivo verificado na etapa de desinfecção foi a substituição do antigo desinfectante de baixo teor de cloro ativo pelo hipolclorito de cálcio com teor mínimo de cloro ativo igual a 65%. Esta mudança causou obviamente um melhora no rendimento de produto, pois antigamente utilizava-se em torno de 140 kg de desinfectante no preparo da dosagem diária. Atualmente, segundo informações 218 prestadas pelo gerente da ETA, houve um ganho em economia para a ETA e uma redução do esforço dos operadores no preparo da solução desinfectante que passaram a utilizar apenas 25 kg diários CaOCl2. Correção de pH a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário de cal hidratada • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (não significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem • Aspecto Ambiental: Carregamento de sacas (20kg) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias) o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3). • Aspecto Ambiental: Consumo de energia na mistura da dosagem o Impacto Ambiental: Esgotamento de recursos naturais (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). 219 c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução de cal do tanque de mistura. o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos de cal do tanque de mistura. o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). A cal hidratada utilizada na correção de pH não é classificada como produto perigoso, entretanto apresenta causticidade o que pode causar queimaduras ou irritações quando em contato com a umidade da pele. Mesmo quando realizada cuidadosamente, a manipulação de cal hidratada produz levantamento de pó (poeira química) o que torna necessário o uso de EPIs como respiradores, óculos e vestimentas adequadas para o manuseio seguro. Na preparação do leite de cal para uso no tratamento da água foram observadas as mesmas falhas observadas nos preparos dos outros produtos químicos (fluorsilicato de sódio e hipoclorito de cálcio) o que influenciou no resultado da avaliação considerando esta atividade como aspecto significativo devido ao risco a segurança da saúde dos operadores. Laboratório Físico-Químico e Microbiológico a) Processo ou Atividade: Coleta de amostras p/ análise • Aspecto Ambiental: Risco de contaminação por patogênicos 220 o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). b) Processo ou Atividade: Análises de qualidade da água • Aspecto Ambiental: Risco de contaminação por patogênicos (aspecto significativo) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). • Aspecto Ambiental: Descarte de material biológico o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). c) Processo ou Atividade: Armazenamento de reagentes • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento de reagentes químicos vencidos (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação de solo e/ou água (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5) O laboratório de análises físico-químicas e microbiológicas apresentou procedimentos definidos para a execução das análises de rotina o que favorece a diminuição do risco a segurança dos operadores envolvidos nas análises (itens a e b). Apesar disso, dois problemas foram detectados. O primeiro problema verificado foi a falta de alguns EPIs (Ex: máscara para o rosto, avental, tocas para o cabelo) importantes para evitar que haja uma contaminação do operador por algum microorganismo patogênico que possa estar crescendo no meio de 221 cultura. Além disso, o EPI também é importante para que o próprio operador não contamine a amostra microbiológica a ser analisada. O segundo problema detectado foi a armazenagem dos produtos químicos com prazo de validade vencido e que eram utilizados nas análises físico-químicas. Na vistoria feita no armário onde é feito este armazenamento detectou-se vários produtos perigosos à saúde humana como ácido sulfúrico que é extremamente corrosivo, solução de formol irritante para pele, frascos não identificados o que impossibilita o correto atendimento de uma pessoa que venha a se acidentar com o produto e solução de cianeto de potássio que é extremamente venenosa. Outras falhas identificadas nesse ambiente foram a falta de identificação do armário como sendo um local de risco químico prevenindo assim a ocorrência de acidentes com pessoas desavisadas e a própria inadequação do local para armazenamento destes resíduos que em caso de vazamento podem facilmente contaminar o ambiente externo. Ressalta-se aqui que apesar da armazenagem de produtos vencidos ter se tornado um problema a mais a ser resolvido pela ETA, essa atitude de não lançar estes resíduos na natureza, o que seria uma “solução” muito mais fácil, demonstra responsabilidade da empresa e dos funcionários com o meio ambiente. Na Figura 47, a seguir, é apresentado o armário com reagentes vencidos. 222 Figura 47– Armário onde são estocados os reagentes com prazo de validade vencidos. Data: 06/05/05. 5.2.2. ETA do SAAE de Itabirito (MG) O LAIA no SAAE foi realizado simultaneamente ao questionário de caracterização dos sistemas gerencial e operacional de ETA. Os resultados para o SAAE foram bem semelhantes ao do DMAES provavelmente devido a semelhança no tipo de tratamento da água e nas etapas envolvidas. Do ponto de vista ambiental, as etapas que foram mais significativas são: mistura rápida, decantação, filtração e fluoretação. O destaque dado aqui à mistura rápida é devido ao procedimento de preparação do coagulante para dosagem na água o que exige a exposição dos operadores ao risco de contaminação e danos à própria saúde. Assim como a coagulação, a fluoretação também exige o preparo prévio de solução de flúor para dosagem na água a ser tratada, incidindo nos mesmos riscos ocupacionais. Além disso, em ambas as etapas de tratamento citadas anteriormente, não se observou a presença de EPCs, FISPQs no local e registros de treinamento relacionados à segurança no manuseio de produtos químicos o que, num 223 eventual acidente, podem ser decisivos no salvamento de vidas ou minimização dos danos a saúde. Outra etapa com grande significância em termos ambientais é a de decantação cujo processo de lançamento do lodo em corpos d’água parece ser agravado pela baixa vazão do córrego da Carioca o que dificulta a depuração e acentua, pelo menos visualmente, o efeito deste resíduo sobre as características naturais do pequeno corpo receptor. Além disso, foram observadas diversas questões relacionadas à segurança ocupacional na execução do procedimento de lavagem do decantador que devem se tornar objeto de preocupação dos gestores com a finalidade de se diminuir as possibilidades de ocorrência de acidentes naquele ambiente de trabalho. A filtração demonstrou funcionar eficientemente no tratamento de água do SAAE, gerando um consumo relativamente baixo de água lavagem dos filtros (1% do total de água produzida pela ETA). Entretanto, não há reaproveitamento da água residual deste processo o que, em termos ambientais seria um grande ganho, pois aproximadamente 2.400m3 por mês são utilizados para a lavagem dos filtros. Assim o LAIA deste trabalho caracterizou o procedimento de lavagem dos filtros como um aspecto ambiental significativo. A seguir, os resultados do LAIA do SAAE são discutidos em maiores detalhes. As planilhas preenchidas durante a coleta de dados encontram-se no apêndice E. Na Figura 48, é apresentado o fluxograma indicando as etapas do tratamento de água no SAAE, assim como os procedimentos relacionados a cada uma delas. 224 Transporte rodoviário do coagulante Correção pH Abastecimento do reservatório Armazenamento no reservatório Transporte rodoviário da cal Preparo da dosagem Mistura Rápida Aplicação da dosagem Regulagem da dosagem Mistura Lenta Limpeza das câmaras Limpeza do decantador Funcionamento normal Funcionamento Normal Decantação Lavagem dos filtros Transporte rodoviário do fluorsilicato Filtração Preparo da dosagem Fluoretação Funcionamento Normal Transporte rodoviário do hipoclorito Aplicação da dosagem Preparo da dosagem Desinfecção Coleta de amostras Aplicação da dosagem Análises de qualidade Saída de Água Tratada Figura 48– Fluxograma do processo de tratamento de água do SAAE. As caixas de bordas pontilhadas representam os procedimentos associados a cada etapa do tratamento. 225 Mistura Rápida (Coagulação e Correção de pH) a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário do coagulante • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). b) Processo ou Atividade: Preparo do coagulante • Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde do operador (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). c) Processo ou Atividade: Regulagem da dosagem de coagulante • Aspecto Ambiental: Geração de ruído. o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). • Aspecto Ambiental: Contato do coagulante com a epiderme do operador o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). d) Processo ou Atividade: Transporte de alcalinizante • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente. o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). 226 e) Processo ou Atividade: Preparo de alcalinizante • Aspecto Ambiental: Carregamento manual de sacos o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias) o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3) • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos do tanque de mistura. o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 2; I= 3). f) Processo ou Atividade: Regulagem da dosagem de alcalinizante • Aspecto Ambiental: Vazamento de solução do reservatório. o Impacto ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). O sulfato de alumínio sólido ainda não possui número da ONU regulamentado, entretanto, através da leitura da Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) foi possível verificar o grau de periculosidade deste produto. Segundo os dados da FISPQ do produto, este pode ser tóxico a vida aquática quando em grande quantidade e em relação a saúde do trabalhador pode causar alergias de pele, irritações nos olhos e ser nocivo quando inalado. Assim, nos itens a e b, a avaliação qualifica estes aspectos como de alta severidade e significativo, respectivamente. No item a, relativo ao risco de acidente no transporte do 227 produto, o SAAE não participa do planejamento da entrega do produto, deixando-o a cargo da indústria química fornecedora o que, como já discutido anteriormente, em caso de acidente com conseqüências de degradação ambiental, podem gerar obrigações ao SAAE no custeamento dos reparos do dano, devido ao princípio de responsabilidade solidária já discutida anteriormente em relação ao DMAES. O item b, também deve ser objeto de atenção dos gestores no planejamento das atividades operacionais da ETA. O preparo do sulfato granular deve ser precedido de cuidados relacionados ao treinamento e fornecimento de EPIs para que os operadores executem o procedimento com risco mínimo de contaminação pelo produto químico. Ainda que, segundo os funcionários, este aspecto seja controlado adequadamente pelo SAAE, a avaliação pela metodologia do LAIA classificou-o como significativo, uma vez que oferece riscos de diferentes intensidades à saúde humana dependendo do grau de exposição. Uma medida que poderia ser adotada, logicamente que após uma avaliação de viabilidade econômica e também operacional, seria a substituição do sulfato sólido pelo sulfato em solução que não exige preparo manual e diminui bastante a exposição do operador ao produto. O item e, referente ao preparo do alcalinizante, neste caso específico a cal hidratada, também foi considerado significativo. O critério utilizado no julgamento também foi a leitura da FISPQ que apesar de indicar que apesar do produto não ser tóxico a saúde humana, pode causar irritação na pele em caso de contato com sua umidade e friccionamento com as roupas e também causar irritação nas mucosas respiratórias gerando desconforto ao trabalhador. Caso as análises de viabilidade econômica e operacional do Geocálcio (hidróxido de cálcio em suspensão) indiquem que existe vantagem em relação a cal hidratada e ocorra a substituição na operação da ETA, haveria um ganho na questão de saúde e segurança ocupacional, uma vez que o Geocálcio não exige preparação manual pois já vem pronto para a aplicação. Com a conseqüente diminuição da exposição do trabalhador a este risco, o procedimento de preparação de alcalinizante iria ser suprimido junto com o seu aspecto ambiental. 228 O último ponto a ser destacado nesta parte é a falta de instruções de segurança para o correto manuseio e preparo dos produtos químicos. Não foi observada a presença de FISPQs no local, cujas informações sobre primeiros socorros e avisos sobre precauções a serem tomadas pelo operador, são essenciais na prevenção de acidentes. Mistura Lenta a) Processo ou Atividade: Limpeza das câmaras • Aspecto Ambiental: Despejo de lodo pelo esgoto (alta severidade) o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). O procedimento de limpeza das câmaras de floculação é realizado concomitantemente ao processo de limpeza dos decantadores. Segundo informações prestadas pelos funcionários, os resíduos acumulados nestes tanques são despejados in natura em corpos d’água. A princípio, não foi feita nenhuma análise físico-química para determinar a composição química do lodo dos floculadores, entretanto, no momento da avaliação considerou-se o despejo de lodo pela rede de esgoto como um aspecto de alta severidade. Essa medida teve por objetivo alertar os gestores sobre uma possível inadequação neste procedimento, pois, acredita-se que o lodo do floculador, assim como o do decantador, pode vir a ter concentrações de metais superiores ao estabelecido pela legislação. Portanto, o lançamento deste resíduo em um corpo d’água pode ser considerada uma ação de negligência, uma vez que não foi caracterizada a composição química deste resíduo e nem foram avaliados os possíveis impactos ambientais decorrentes deste ato. 229 Decantação a) Processo ou Atividade: Limpeza do decantador • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador na subida/descida da escada para raspagem manual do lodo (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Risco de contaminação do operador p/ microorganismos patogênicos (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Peso dos rodos de limpeza (6 kg) o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Despejo do lodo em corpo d’água (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação de corpos d’água (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Consumo d’água durante a lavagem (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Uso de recursos naturais (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador no decantador durante a lavagem das paredes (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). 230 O item a, referiu-se a limpeza do decantador cuja avaliação por esta metodologia identificou diversos aspectos ambientais significativos. Estes, se relacionaram principalmente a questão de saúde e segurança ocupacional dos operadores e também sobre o lançamento do lodo em corpo d’água. Nas Figuras 49 e 50, a seguir, são apresentadas algumas particularidades observadas na limpeza do decantador. Figura 49– Operador descendo a escada para participar da limpeza do decantador. Data: 21/07/05. Figura 50– Operador executando a limpeza manual do lodo de decantador com a utilização de rodos de madeira. Data: 21/07/05. 231 A descida do operador pela escada (Figura 49) foi considerado o primeiro aspecto ambiental significativo principalmente pela ausência de EPIs para evitar quedas. A única medida realizada naquele momento para garantir a segurança do operador foi amarrar a escada nas cercas da passarela que permite o trânsito entre os floculadores e os decantadores. Ainda sobre a questão de segurança dos trabalhadores, outro aspecto ambiental avaliado como significativo foi o risco de contaminação dos operadores por patogênicos (Figura 50), pois a vestimenta dos operadores era inadequada para a execução do procedimento, não evitando o contato do lodo com corpo dos operadores: o As botas fornecidas possuíam comprimento insuficiente, sendo que a altura do lodo no decantador superava a altura do cano da bota, assim os operadores entravam facilmente em contato com o resíduo o que aumenta o risco de contaminação por patogênicos. o Não houve o fornecimento de luvas que junto com a utilização de blusas de mangas curtas, aumentaram o grau de exposição ao lodo do decantador. Ainda que possam parecer exageradas, essas preocupações devem ser levadas a sério no planejamento da limpeza do decantador. Como já discutido anteriormente, na limpeza do decantador do DMAES de Ponte Nova, esse procedimento apresenta sérios riscos de contaminação por patogênicos, como por exemplo, a leptospirose. Assim, é necessário o fornecimento de uma vestimenta adequada e fornecimento de EPIs para uma execução segura desta atividade. Fator considerado como o aspecto ambiental mais significativo de todo o processo de tratamento de água, o lançamento de lodo de decantador no corpo d’água gera pelo menos visualmente, um grande impacto ambiental devido a pequena vazão do córrego da Carioca (Figura 51). 232 Figura 51– Avaliação visual dos efeitos do lançamento do lodo de decantador sobre córrego da Carioca, em Itabirito (MG), próximo a ETA. Na foto A observa-se trecho a montante do ponto de lançamento, já na foto B observa-se o trecho a jusante do ponto de lançamento. Data: 21/07/05. Não foram levantados dados sobre a constituição físico-química do lodo de decantador do SAAE, entretanto, caso este siga a tendência de lodos caracterizados por diversos estudos (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) é bem provável que vários dos seus parâmetros, como alumínio, cobre e zinco, estejam ultrapassando os limites legais. Combinado com a baixa vazão do corpo receptor, o lançamento do lodo na água pode ter resultados altamente prejudiciais a biota aquática local. Desse modo, torna-se imperativo a tomada de um conjunto de medidas: o Caracterização física, química e microbiológica do lodo. o Quantificação do lodo gerado. o Avaliação técnica sobre as alternativas para resolver essa questão (ex: revegetação da área de mananciais melhorando assim a qualidade da água bruta e sistemas de tratamento do lodo para sua posterior disposição). 233 Outro item avaliado como significativo foi o procedimento de lavagem das paredes dos decantadores, onde se observaram diversas irregularidades sendo em sua maioria situações de exposição desnecessária ao risco de acidente (Figura 52). Segundo respostas dadas pelos operadores sobre questionamentos feitos, não houve nenhum treinamento ou conscientização sobre medidas de segurança para a correta execução dos procedimentos. Além disso, não se observou uma fiscalização ativa no sentido de alertar os operadores sobre comportamentos inadequados para aquela situação (ex: retirada da blusa durante a lavagem, substituição do uso da escada por apoio nas cortinas distribuidoras dos decantadores...) e também não foram fornecidos EPIs como cintos de segurança para evitar a queda em caso de acidente (Figura 53). Figura 52– Descida de operador por meio da utilização das aberturas da cortina distribuidora do decantador. Data: 21/07/05. 234 Figura 53– Operador executando a lavagem da cortina distribuidora do decantador. Um dos pés está apoiado sobre mureta do canal de água floculada e sem nenhum anteparo de segurança para protegê-lo no caso de uma possível queda. Data: 21/07/05 Filtração a) Processo ou Atividade: Lavagem do filtro • Aspecto Ambiental: Consumo de água na lavagem dos filtros (aspecto significativo) o Impacto Ambiental: Esgotamento dos recursos naturais (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). • Aspecto Ambiental: Despejo d’água de lavagem em corpo d’água (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à biota aquatica (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). • Aspecto Ambiental: Risco de queda do operador durante a lavagem superficial do filtro. o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). 235 b) Processo ou Atividade: Funcionamento normal • Aspecto Ambiental: Vazamento de água nas galerias (aspecto significativo) o Impacto Ambiental: Esgotamento dos recursos naturais (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). • Aspecto Ambiental: Geração de ruído do canal de água filtrada o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). A ETA do SAAE de Itabirito apresenta uma produção mensal de água tratada em torno de 240.000 m3. O gasto mensal com lavagem de filtro é da ordem de 2.400m3 (80 m3/dia correspondentes a limpeza de um filtro) o que representa 1% do volume total de água que sai da ETA. Comparativamente, o uso de água para lavagem de filtro no SAAE de Itabirito é bem menor do que no DMAES cujo valor de água destinada para esse fim, representa 3% do total de água produzida. Ainda assim, o consumo de água na limpeza de filtro presente no item a foi considerado como significativo, uma vez que esse volume de água residual não é reutilizado no sistema sendo descartado através do esgoto. É importante que seja feita a caracterização físico-química e microbiológica, além de uma análise de viabilidade econômica, desse efluente a fim de se avaliar sobre a possibilidade de recirculação da água no sistema de tratamento e também sobre a conformidade do despejo dessa água de lavagem dos filtros em corpos d’água, uma vez que alguns estudos de caracterização deste efluente (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) indicam que os seus teores de alumínio estão acima dos valores permitidos para lançamento de efluentes estabelecidos pela resolução CONAMA no 357 de 17 de março de 2005. Outro fator considerado como significativo foi a verificação de constantes vazamentos nas galerias dos filtros (Figura 54) sendo um aspecto considerado como significativo no 236 item b. Mesmo que pequenos, em uma estação que funciona 24 horas/dia e 365 dias/ano, o volume resultante que é perdido nesse período pode atingir valores surpreendentes. Assim, essas deficiências devem ser corrigidas de modo a se obterem a redução desses desperdícios o que gera benefícios ambientais e também econômicos. Figura 54– Galeria dos filtros. Data: 21/07/05 Fluoretação a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). 237 b) Processo ou Atividade: Preparação da dosagem • Aspecto Ambiental: Carregamento manual de sacas (50kg). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 2; I= 4). • Aspecto Ambiental: Geração de poeira química (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 2; I= 5). • Aspecto Ambiental: Geração de resíduos (embalagens vazias). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo (SEV= 1; F/P= 2; I= 3). c) Processo ou Atividade: Aplicação da dosagem • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento da solução do saturador o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 2; I= 3). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 2; F/P= 1; I= 3). Como visto, o fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) com teor de pureza mínimo de 98% e possui número da ONU 2674, cuja classe de risco é 6.1 ou das substâncias tóxicas. A inalação, ingestão ou contato com a pele pode causar lesões graves ou a morte. No item a, o transporte deste produto foi considerado como aspecto de alta severidade cujo risco de acidente é um fator não considerado pelos responsáveis da ETA no planejamento da operação. O item b, devido a toxicidade do produto, é considerado com aspecto significativo, ainda que a exposição do trabalhador ao produto químico seja evitado pelo uso de EPIs. Acredita-se que o preparo do produto deve ser uma preocupação constante dos 238 responsáveis pela ETA, devendo ocorrer uma busca contínua no aperfeiçoamento da execução do procedimento e de seus itens de segurança. Alguns fatores foram considerados falhos na área de preparação de produtos químicos não só da etapa de fluoretação, mas também na de correção do pH e coagulação: o Ausência de FISPQ na área de preparo. o Falta de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) tais como chuveiro e lavaolhos. o As entrevistas com funcionários permitiram observar não existir qualquer tipo de treinamento ou de conscientização a respeito dos riscos inerentes ao preparo dos produtos químicos. Desinfecção a) Processo ou Atividade: Transporte rodoviário • Aspecto Ambiental: Risco de derramamento do produto em caso de acidente (alta severidade). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 1; I= 4). b) Processo ou Atividade: Armazenamento do desinfectante • Aspecto Ambiental: Risco de vazamento do produto (aspecto significativo). o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 2; F/P= 3; I= 5). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 3; F/P= 3; I= 6). 239 O hipoclorito de sódio (NaClO) com teor de 6% de cloro livre possui número da ONU 1791 que é designado para hipoclorito em soluções com teor de cloro livre superior a 5%. Esta substância pertence a classe de risco 8 ou de substâncias tóxicas e/ou corrosivas não combustíveis e possui diversas advertências em relação aos possíveis danos causados pelo seu manuseio inadequado. Segundo o conteúdo do Manual para Atendimento a Emergências da ABIQUIM, referente a este produto, a inalação, ingestão ou contato com a pelo pode causar lesões graves ou a morte. Portanto, o item a, assim como nas situações anteriores onde os produtos também são classificados como perigosos, também considerou o transporte deste produto como um aspecto ambiental de alta severidade cujas conseqüências em caso de acidente, podem responsabilizar não somente o transportador, mas também a indústria química fornecedora e a própria companhia de abastecimento de água. No item b, o risco de vazamento do produto é considerado como um aspecto significativo devido a falta de uma bacia de contenção para conter eventuais vazamentos do NaClO estocado no pátio externo da ETA (Figura 55). Ainda assim, o método utilizado na desinfecção traz muitos benefícios pois dispensa o preparo da dosagem que já vem pronta e minimiza o fator de exposição do operador ao produto químico o que consequentemente, traz benefícios a saúde e segurança do mesmo. Figura 55– Tanques de armazenamento de hipoclorito de sódio no pátio externo da ETA. Notar a falta de uma bacia de contenção de vazamentos. Data: 22/07/05. 240 Laboratório Físico-Químico e Microbiológico a) Processo ou Atividade: Coleta de amostras • Aspecto Ambiental: Risco de contaminação por patogênicos o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). b) Processo ou Atividade: Análises de qualidade da água • Aspecto Ambiental: Risco de contaminação química ou por patogênicos (manipulação). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 3; I= 4). • Aspecto Ambiental: Descarte de material biológico o Impacto Ambiental: Contaminação do solo e/ou água (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). o Impacto Ambiental: Danos à saúde humana (SEV= 1; F/P= 1; I= 2). Os aspectos ambientais relacionados aos procedimentos do laboratório físico-químico e microbiológico estão bem controlados na ETA. As análises físico-químicas praticamente não oferecem risco algum ao operador que avalia os parâmetros de cor aparente, turbidez, pH, residual de cloro, flúor e temperatura, através de métodos que não exigem o uso de reagentes químicos (Espectofotômetro e pHmetro). As análises microbiológicas são realizadas exclusivamente pelo gerente de qualidade da ETA que inclusive é o responsável pela elaboração de procedimentos para análises da qualidade da água e garantia da segurança dos operadores na execução das análises. O mesmo possui formação técnica em química e segundo o que foi percebido durante as entrevistas, possui bom conhecimento técnico para executar a sua atual função. 241 5.3.Resultados da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs 5.3.1. ETA do DMAES de Ponte Nova (MG) As planilhas contendo os resultados do checklist para o DMAES encontram-se no apêndice F. À seguir são discutidos os resultados do Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e da Qualidade Gerencial e Operacional. I- Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 A primeira parte do checklist que avalia o nível de defasagem do gerenciamento ambiental da ETA em relação ao modelo NBR ISO 14001:2004, apresentou resultados com baixo nível de atendimento aos requisitos dessa norma ambiental. Verifica-se por meio da análise dos resultados que as questões ambientais ainda ocupam o segundo plano em relação às prioridades da empresa. O primeiro item que comprova isso é a falta de uma política ambiental que declare publicamente o compromisso com as questões ambientais originárias das atividades de tratamento de água sendo um fator que compromete as ações da empresa nessa área. A política ambiental é como uma carta de intenções e pode ser considerada a bússola de um SGA, pois contém diretrizes que servem para a definição e revisão de objetivos e metas ambientais. Sem esse norteador, qualquer ação tomada em prol do meio ambiente não passa de algo isolado e esporádico, resultante da percepção pessoal de alguém que conseguiu visualizar um problema em um determinado momento. Outro item considerado essencial é a identificação de aspectos e impactos ambientais, a qual este trabalho tratou de realizar na ETA do DMAES. Alguns problemas ambientais mais visíveis como desperdício de água por vazamentos na ETA ou descarte de água de lavagem de filtros são facilmente percebidos pelos funcionários. No entanto, outros fatores principalmente os ligados a questões de saúde e segurança ocupacional (Ex: riscos de exposição dos trabalhadores a contaminação por produtos químicos, de acidentes em procedimentos de lavagem de decantador) não foram detectados por eles. Com a metodologia de LAIA vários problemas puderam ser evidenciados e a partir disso poderão ser estabelecidas metas e objetivos para resolvê-los, além de estabelecer 242 critérios operacionais mais rígidos a fim de se controlar estes riscos que anteriormente, conforme se observam nos resultados deste checklist, muitas vezes passavam despercebidos. Na figura 56, a seguir, é apresentado um gráfico que resume o resultado da parte I do checklist aplicado no DMAES de Ponte Nova. Nível de Atendimento (%) Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 (DMAES) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 A B C D E F G H I J K L M N O P Q Figura 56- Gráfico sobre o Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração. Um outro fator considerado muito importante nesta resenha inicial sobre os resultados do nível de atendimento a NBR ISO 14001:2004 do checklist proposto neste trabalho é a questão da documentação dos procedimentos realizados nas partes administrativas e operacionais não só da ETA, mas também nas outras divisões da empresa. Muitas pessoas têm a opinião de que a produção de documentos gera burocracia que, por sua vez, diminui a agilidade no cotidiano do trabalho, entretanto, os benefícios advindos dessa prática superam qualquer outra desvantagem alegada. 243 Através da documentação de procedimentos é possível padronizar os critérios operacionais utilizados por diferentes funcionários e verificar o cumprimento do que se foi estabelecido. Na ETA, por exemplo, observou-se que a grande maioria dos procedimentos operacionais, com exceção das análises laboratoriais, não possui um documento que oriente a execução dos mesmos. Assim, não foram raras as situações em que se observou diferentes operadores executando os mesmos procedimentos, mas utilizando critérios operacionais distintos (Ex: lavagem de filtros e preparação de produtos químicos). Apesar disso, a empresa demonstra que procura mudar esse quadro e dentro do seu plano plurianual de ações já reservou parte do orçamento para investimento na contratação de consultoria especializada a fim de iniciar a implantação de um SGA e discute questões voltadas à destinação adequada do lodo de decantador que foi considerado pelo LAIA deste trabalho um aspecto ambiental significativo cuja correção é muito importante que seja feita não só pela importância ambiental, mas também devido a possível incidência de legislações como a CONAMA no 357/05. A seguir é realizada uma análise mais detalhada de cada um dos itens avaliados pela parte I do checklist deste trabalho. A) Política Ambiental (Nível de Atendimento=25%) A ETA do DMAES não possui uma política ambiental propriamente dita, mas já coloca a questão ambiental como uma de suas prioridades de acordo com o plano plurianual (PPA) de gestão da empresa, onde é proposto como objetivo a implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA), inclusive, com recursos financeiros já reservados para esse fim. Assim, a avaliação do nível de atendimento foi feita em 25%, onde no seu primeiro requisito se questiona sobre a existência de uma política ambiental ou se a questão ambiental é colocada como prioridade no SG da empresa. Entretanto, isso não é suficiente para atendimento satisfatório deste item do checklist, embora já seja um passo importante. A existência de uma política ambiental onde se 244 defina o comprometimento da empresa com o meio ambiente é um fator indispensável na implantação e manutenção de um SGA baseado na NBR ISO 14001:2004. B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais (Nível de Atendimento=10%) Não foi verificado nenhum procedimento interno de identificação de aspectos em impactos ambientais na ETA. Alguns aspectos ambientais importantes, como perda de água por vazamentos e descarte de água de lavagem dos filtros em corpos d’água, já são prontamente discernidos pelos funcionários da ETA, entretanto a identificação é feita de maneira não-sistemática ou seja, não é feita a partir de um procedimento documentado, com geração de registros dos resultados dessas avaliações. Em um SGA, a identificação de aspectos e impactos ambientais, sendo estes derivados das suas atividades, produtos e serviços, deve ser realizada periodicamente e os resultados devem ser separados, por meio de um filtro de significância (Ex: severidade do aspecto, partes interessadas, leis...), em significativos e não-significativos. C) Identificação de Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%) A identificação de requisitos legais na NBR ISO 14001:2004 é feita a partir da relação dos aspectos e impactos ambientais identificados com as normas legais vigentes. Como não há um procedimento próprio da empresa para identificação dos seus aspectos e impactos ambientais, logo, também não ocorre a identificação destes requisitos legais. D) Objetivos, Metas e Programa(s) (Nível de Atendimento=10%) Os objetivos e metas são estabelecidos e formulados a partir dos aspectos ambientais considerados significativos. Assim como no item C, este item também não é atendido, pois não existe procedimento para identificação de aspectos e impactos ambientais. 245 E) Recursos, Funções, Responsabilidades e Autoridades (Nível de Atendimento=25%) Este item exige o investimento da empresa em recursos financeiros e humanos, além da própria infra-estrutura organizacional para a implantação, manutenção e evolução contínua do seu SGA. O atendimento a este item foi considerado precário (25%), pois, até o momento da entrevista, somente os recursos financeiros estavam garantidos para a implantação do SGA. No que se refere ao investimento em recursos humanos e a atribuição de responsabilidades para essa implantação, ainda não haviam sido tomadas as providências necessárias. F) Competência, Treinamento e Conscientização (Nível de Atendimento=25%) A principal deficiência detectada neste item se relaciona à questão dos treinamentos dos funcionários na execução de atividades com aspectos significativos, de acordo com a metodologia de LAIA deste trabalho. O que se observou é que alguns treinamentos são oferecidos (Ex: utilização de EPIs, atualização para operadores de ETA), entretanto, a identificação destas necessidades é feita a partir de iniciativas isoladas de algumas pessoas que tiveram a percepção dessa necessidade. A NBR ISO 14001:2004, recomenda que o treinamento dentro de uma empresa deva ser feito de maneira sistemática através da criação de um programa de treinamento envolvendo responsáveis para isso, além de reserva de recursos financeiros, procedimentos documentados, métodos de identificação da necessidade de treinamentos e registros com os resultados destes treinamentos. Como ponto positivo destaca-se a conscientização em relação aos principais aspectos ambientais dos funcionários envolvidos com o processo de tratamento de água. Quando questionados sobre os problemas ambientais da ETA, os funcionários apontaram a questão da perda de água por lavagem de filtros e também por vazamentos nas galerias da ETA como graves. Apesar disso, outros problemas cujas causas podem ser 246 decorrentes de falhas operacionais, como a formação de trialometanos e fluorose dentária originárias da dosagem incorreta de desinfectante e flúor, respectivamente, demonstraram-se como desconhecidas pelos operadores. G) Comunicação (Nível de Atendimento=25%) O item de comunicação apresentaria um bom nível de atendimento no DMAES de Ponte Nova caso fosse adaptado para tratamento de assuntos ambientais conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004. Observaram-se procedimentos eficientes para recebimento, documentação e respostas às comunicações internas (entre setores da empresa) e externas (empresa com clientes, fornecedores e prestadores de serviço). A empresa mantém um contrato com meios de comunicação local como jornais e rádios para publicação de avisos de licitação, comunicados aos clientes e notícias informativas sobre as ações da empresa na cidade como, por exemplo, reformas na rede de distribuição e construção de reservatórios. Apesar disso, como já foi dito, esse sistema não é adaptado para tratar de assuntos ambientais conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004 que determina que a empresa deve decidir se haverá comunicação externa sobre seus aspectos ambientais significativos e possuir procedimentos para a comunicação interna sobre assuntos de cunho ambiental. H) Documentação (Nível de Atendimento=10%) O item documentação conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004 não é atendido pela empresa. Uma das principais razões é pelo próprio fato de ainda não ter sido implantado o SGA na empresa, assim, requisitos como política, objetivos e metas ambientais documentadas não puderam ainda ser atendidos. 247 Um detalhe importante que foi observado durante a aplicação do instrumento na unidade estudada foi a ausência de padronização no sistema de documentação da empresa ou de um formato único de documentação além de um controle também padronizado na geração, revisão e descarte de documentos. Assim é importante que ocorra uma avaliação do atual sistema de documentação a fim de se gerar uma sistematização e padronização dos documentos melhorando a eficiência de comunicação entre os setores da empresa, além de prepará-la para futuras certificações ISO em sistemas de qualidade, saúde e segurança ocupacional e meio ambiente, como é a intenção da empresa para o futuro. I) Controle de Documentos (Nível de Atendimento=25%) O controle de documentos é outro item que apresentou um nível insuficiente de atendimento a NBR ISO 14001:2004, devendo também ser revisto a fim de se obter uma futura certificação pela referida norma. O fato de não existir um sistema de documentação padronizado na ETA, conforme já foi discutido no item H, influi diretamente no controle dos documentos. Segundo os entrevistados, cada divisão da empresa possui sistemática própria no controle de documentos. Apesar de se verificar que as práticas adotadas funcionam no cotidiano da empresa, a padronização dos documentos é um fator essencial em um SGA, uma vez que possibilita que o sistema seja auditado por terceiros, fator este indispensável nas situações de certificação. Além disso, verifica-se em muitos casos que as particulares formas de se gerarem documentos dificultam o acesso ou localização dos mesmos por terceiros ou por pessoas de outras divisões que não sejam da de origem daquele documento. Da forma como é feita, cria-se um vínculo muito grande entre pessoas e documentos, o que não é desejável, pois quando um funcionário falta ao trabalho ou se aposenta, leva consigo a informação daquilo que deveria ser um documento. 248 J) Controle Operacional (Nível de Atendimento=10%) Segundo a NBR ISO 14001:2004, todas as operações que estejam associadas com os aspectos ambientais significativos devem ser realizados sob condições específicas. Entretanto, conforme já visto anteriormente no item B, não são identificados os aspectos e impactos ambientais, assim o estabelecimento de um controle operacional de acordo com o que preconiza a norma, não é possível. K) Preparação para Resposta à Emergências (Nível de Atendimento=10%) Vários riscos a saúde e segurança dos operadores foram identificados pela metodologia de LAIA utilizada neste trabalho, todavia, esse é um item que não é atendido pelo DMAES. Dentre os riscos mais comuns encontra-se a preparação de produtos químicos (Ex: alcalinizante, desinfectante e flúor) para dosagem na água a ser tratada. Como já discutido anteriormente, vários destes produtos são considerados perigosos pelo manual de atendimento a emergências da ABIQUIM, além disso, a freqüência de exposição dos operadores a estes produtos é praticamente diária o que aumenta ainda mais o risco de aquisição de doenças de origem ocupacional. Durante a avaliação não foi evidenciado nenhum tipo de procedimento relacionado ao atendimento de emergências ou treinamento específico para essas situações. Para atendimento a este item é necessário o desenvolvimento de um procedimento para identificação de riscos ocupacionais, previsão de ações a serem tomadas em resposta a emergências, simulações de situações de emergência e análises periódicas dos procedimentos formulados. L) Monitoramento e Medição (Nível de Atendimento=25%) Vários requisitos importantes neste item não são atendidos, como por exemplo, o monitoramento de algumas características de operações relacionadas a aspectos 249 ambientais significativos que não é possível de ser feito, já que não foi feito um levantamento prévio de aspectos e impactos ambientais (Item B). Exemplos de características, de aspectos significativos, que poderiam ser monitoradas e medidas seriam a quantidade e a composição química do lodo de decantador e águas de lavagem de filtros que são frequentemente descartadas em corpos d’água. Alguns quesitos como calibragem de equipamentos de monitoramento das águas bruta e tratada (Ex: aparelhos de análise laboratorial) e retenção dos registros comprobatórios desta calibragem, são atendidos na ETA. Na avaliação, considerou-se que este é um procedimento que poderá ser estendido ao monitoramento e medição de características de processos cujos aspectos e impactos ambientais sejam significativos, por isso, a avaliação em 25%. M) Avaliação de Atendimento à Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%) Este item não é atendido, uma vez que a própria identificação de requisitos legais (Item C) não é realizada. N) Não-Conformidade, Ação Corretiva e Ação Preventiva (Nível de Atendimento=10%) Não foi observado um procedimento específico para tratar das não-conformidades ambientais que ocorrerem durante a operação da ETA. O baixo nível de atendimento a este item é devido a não identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B) que, consequentemente, afeta o estabelecimento de critérios operacionais específicos (Item J) para o controle dos aspectos ambientais. Assim, como não há critérios operacionais determinando quais os limites da conformidade, também não existem métodos para identificar ou corrigir as não-conformidades ambientais. 250 A norma NBR ISO 14001:2004 aconselha que o procedimento para controle de nãoconformidades deva identificar e corrigir não-conformidades; investigar os fatores que originaram a não-conformidade; implementar ações preventivas; registrar o resultado das ações corretivas e preventivas adotadas; analisar a eficácia das ações corretivas e preventivas executadas. O) Controle de Registros (Nível de Atendimento=10%) Apesar de não existirem registros de cunho ambiental, observou-se que o sistema já utilizado para controle da qualidade de água pode ser adaptado para o controle de parâmetros operacionais cujos aspectos ambientais sejam significativos. O item controle de registros exige que haja um procedimento para identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de registros. Além disso, os registros devem ser legíveis, identificáveis e rastreáveis. Vale ressaltar aqui, que do mesmo modo que foi observado no item controle de documentos (I), existem sistemáticas diferentes de controle de registros por setor da empresa, o que gera certa dificuldade na recuperação do registro caso o responsável por ele não esteja presente no momento e no local. P) Auditoria Interna (Nível de Atendimento=10%) Não foi evidenciado nenhum programa de auditoria interna na empresa que possa ser adaptado para um SGA com base na NBR ISO 14001:2004. A administração da ETA realiza o controle sobre as diversas divisões da empresa através da nomeação de gerentes supervisores que, durante reuniões periódicas com o diretor geral, fornecem informações sobre alguma necessidade ou anomalia que tenha ocorrido no seu setor. A NBR ISO 14001:2004 aconselha que exista um programa de auditoria interna, cujo pessoal envolvido possua funções independentes dos diversos setores da empresa, assim 251 se permite uma auditoria independente e imparcial, livre da influência de vínculos afetivos ou de hierarquia profissional. Q) Análise pela Administração (Nível de Atendimento=25%) A administração do DMAES em conjunto com gerente do setor de produção que inclui a ETA realiza periodicamente a análise dos resultados da qualidade de água tratada, assim como características orçamentárias envolvendo gastos com energia elétrica, produtos químicos, funcionários e outros assuntos diversos. Esse modelo de análise pela administração demonstra-se adequado para uma futura adaptação aos requisitos de um SGA, porém, neste momento, várias das exigências relativas a avaliação de resultados de auditorias internas, requisitos legais de operações com aspectos ambientais e desempenho ambiental dentre outros assuntos, não são analisadas. Isso ocorre devido a empresa não possuir um SGA implementado e também pela percepção de que a questão ambiental ainda é vista de forma secundária em relação a outras questões administrativas e operacionais. Tal fato pode ser compreendido tendo em vista a necessidade urgente de investimentos em setores necessários à operacionalização do sistema de tratamento de água (Ex: construção de reservatórios, reforma da rede de distribuição, ampliação da capacidade da ETA, dentre outras.). II- Qualidade Gerencial e Operacional A ETA do DMAES de Ponte Nova, de um modo geral, apresentou um nível considerado razoável no atendimento aos requisitos da parte II deste checklist (Figura 57). 252 Nível de Atendimento (%) Qualidade Gerencial e Operacional (DMAES) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 A B C D E F G H I J K L M N O P Q Figura 57- Gráfico de Qualidade Gerencial e Operacional no DMAES. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. Vários aspectos positivos foram observados durantes as visitas feitas a empresa, destacando-se o Programa de Conservação de Mananciais intitulado de Pró.Bacias e que é realizado pelo Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável (CBCN) localizado em Viçosa (MG), com o objetivo de recuperar as regiões de nascentes da microbacia do rio Piranga e aumentar a produção hídrica a qualidade da água bruta da bacia. Em relação à questão operacional, verificou-se que mesmo trabalhando com vazões bem acima das estipuladas no projeto, a ETA do DMAES consegue atender aos padrões de monitoramento rotineiro (Ex: turbidez, cor, coliformes termotolerantes...) estabelecidos pelo padrão de potabilidade da Portaria no 518/MS de 2004. Apesar disso, nesta mesma verificação sobre o monitoramento da qualidade da água tratada constatou-se que vários parâmetros de substâncias que possuem potencial de danos à saúde, não estão sendo monitoradas desde o ano de 2001: inorgânicas (Ex: cádmio, mercúrio...), orgânicas (Ex: tetracloreto de carbono), agrotóxicos (Ex: DDT), cianotoxinas e produtos secundários da desinfecção (Ex: trialometanos). Assim, ainda que não tenha havido reclamações ou 253 surtos epidêmicos na população, a empresa não pode garantir a segurança no consumo da água tratada fornecida. Também, vale observar que várias dessas substâncias prejudicam o organismo de forma “silenciosa” ou assintomática causando cânceres (ex: trialometanos) ou se bioacumulando no fígado, rins e sistema nervoso (Ex: cádmio, cobre, chumbo, mercúrio...) cujos sintomas se manifestam após algum tempo. Após o período de coleta (último dia: 10/03/06) foi informado junto com a entrega do plano de amostragem da água (14/06/07), que as análises semestrais estavam sendo novamente realizadas. Entretanto, na discussão dos resultados sobre entrada da água bruta (item F) e saída de água tratada (item N) do DMAES, desconsiderou-se esta modificação devido ao fato dela ter sido feita após o período de aplicação do IAAOETA. O último fator a ser destacado nessa introdução dos resultados do DMAES, na parte II do checklist deste trabalho, diz respeito à dois dos principais resíduos gerados no processo de tratamento de água. O primeiro é o lodo químico do decantador cuja disposição é realizada no rio Piranga o que em termos ambientais pode causar diversos impactos ambientais na biota aquática local. O gerenciamento deste resíduo envolve um conjunto de medidas a começar pela caracterização físico-química e microbiológica, assim como a sua quantificação. A partir dos resultados desta etapa, deve-se implantar um método de tratamento que seja adequado para diminuir o seu volume por meio da desidratação e posterior disposição do resíduo seco em aterro sanitário ou em local apropriado. O segundo é a água de lavagem de filtro cujo volume descartado mensalmente no rio Piranga, segundo estimativas deste trabalho, gira em torno de 3% do volume total de água tratada. Considera-se que este volume, após uma avaliação de custo-benefício, poderia ser reaproveitado na ETA através da sua recirculação. Além disso, estudos de caracterização deste efluente (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) indicam que os seus índices de alumínio, geralmente estão acima do valor permitido para descarga em águas de classe II segundo a resolução CONAMA no 357 de 17 de março de 2005 (No artigo 28, parágrafo 2o desta resolução é dito que: “Para os 254 parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.”. Assim, o valor de alumínio utilizado é referente à água de classe II, consideradas o tipo mais comum no Brasil). A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município (Nível de Atendimento=10%) Em relação ao tratamento da água, a gestão dos recursos hídricos locais é extremamente importante, no sentido de melhorar a qualidade de água bruta, aumentar a produção hídrica dos mananciais e evitar a contaminação por agrotóxicos e efluentes industriais de córregos diretamente ligados ao rio onde se realiza a captação de água para consumo humano. Este item procurou avaliar a atual situação do município em relação a gestão dos recursos hídricos locais da cidade de Ponte Nova que se localiza na Bacia do Rio Doce, especificamente na Microbacia do Rio Piranga que é um dos principais afluentes do rio Doce. Em ambos os casos já existem comitês de bacia formados para a discussão dos principais problemas referentes a estas regiões, sendo que o comitê da microbacia do rio Piranga possui uma formação mais recente, cujas atividades formais tiveram início no ano de 2006. Apesar do comitê de bacia já estar organizado, ainda não foi elaborado um plano diretor para a bacia do rio Piranga cujo conteúdo envolva diagnóstico sobre características físicas, biológicas, sócio-econômicas e de uso e ocupação do solo, além da identificação dos usuários, conflitos pelo uso d’água e resolução destes. Sendo assim, o nível de atendimento a este item foi avaliado em 10%. 255 B) Conservação de Mananciais (Nível de Atendimento=50%) Complementarmente ao plano diretor de recursos hídricos da microbacia do rio onde ocorre captação, os programas de conservação de mananciais possuem um papel muito importante na conservação e/ou melhoria da disponibilidade hídrica dos rios, além da própria melhoria da qualidades físico, química e microbiológica da água bruta. No período em que ocorreu a entrevista com a administração da ETA foi informado que o programa de conservação de mananciais em Ponte Nova já estava sendo realizado, ainda em fase inicial, pelo Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável (CBCN) através do projeto Pró-Bacias cujos objetivos era a recuperação de bacias de cabeceiras utilizadas como mananciais de abastecimento para que elas pudessem produzir maior quantidade e qualidade de água durante o ano inteiro. O planejamento previsto, segundo informações prestadas pelo gerente da ETA, incluía diagnóstico sócio-ambiental da região da bacia, além de cadastramento de nascentes, identificação de fontes de poluição doméstica e industrial no manancial e a elaboração de um plano de recuperação dos mananciais. Assim, concluiu-se a avaliação em 50% uma vez que o requisito mais importante, que é a existência do programa de conservação de mananciais, foi atendido. A avaliação plena (100%) deste item B não foi possível porque as diretrizes do programa ainda não haviam sido postas em prática (requisitos 18, 19, 20 e 21 da parte II do apêndice C) até aquele momento. C) Dados Hidrológicos (Nível de Atendimento=10%) Na operação da ETA não é feito o monitoramento de dados hidrológicos da microbacia como vazão, velocidade de escoamento, pluviosidade, temperatura, umidade do ar, dentre outros. Manter uma base de dados histórica acerca dessas características pode ser extremamente útil na previsão de problemas operacionais no tratamento da água como, 256 por exemplo, correlações entre índices pluviométricos e de turbidez da água bruta, aplicados a estimativas de consumo de produtos químicos. D) Saúde e Segurança Ocupacional (Nível de Atendimento=50%) Na avaliação deste item foram verificados vários requisitos importantes atendidos, o que no entanto, não dispensa que sejam feitos comentários a respeito de alguns problemas observados. O DMAES de Ponte Nova possui contrato com serviço especializado em Medicina do Trabalho para acompanhamento médico de seus funcionários, além de um procedimento formalizado para a realização de exames admissionais, periódicos e demissionais. Já no que se refere à questão da segurança, não foi observada a contratação de nenhum tipo de serviço. Segundo informações prestadas durante as entrevistas, iniciou-se um trabalho com uma empresa especializada em segurança do trabalho a fim de se implementar práticas de segurança básicas para o cotidiano no trabalho. O planejamento das atividades relacionadas a este assunto envolvia a identificação de riscos ocupacionais, formulação de procedimentos de segurança, treinamento dos funcionários do DMAES e a supervisão periódica desta implantação por técnicos da empresa contratada. Entretanto, não houve a continuidade da prestação de serviços por parte da empresa e não houve implantação de boa parte dos procedimentos e treinamentos em segurança. Um dos procedimentos implantados pela empresa foi o uso de EPIs (Ex: óculos de proteção, máscara respiratória semi-facial com filtro, luvas) para a preparação de produtos químicos para dosagem na água como fluorsilicato de sódio e hipoclorito de cálcio. Durante as observações foram detectadas algumas irregularidades como a ausência de um procedimento escrito orientando os operadores sobre o uso dos EPIs (Ex: colocação, manutenção e reposição do equipamento) e operadores executando o procedimento sem EPI (Ex: sem óculos). Do fato observado, atribuem-se duas possíveis 257 causas: treinamento deficiente no uso dos EPIs e a não conscientização dos operadores sobre os riscos do contato humano com os produtos químicos utilizados na ETA. Além desse procedimento existem outros problemas que merecem a atenção em relação a segurança dos trabalhadores e que foram identificados pelo LAIA deste trabalho como, por exemplo, a lavagem de decantador, cujos riscos de contaminação dos operadores por organismos patogênicos e de quedas na subida e descida dos decantador são iminentes. Felizmente, considera-se que a previsão sobre esse quadro apresenta boas perspectivas uma vez que foi informado que a implantação de um sistema de segurança e saúde do trabalhador é uma das diretrizes do plano plurianual de ações da empresa. Finalmente, cabe aqui destacar a recente implantação de um sistema de ouvidoria pela empresa que tem a função de receber comentários, sugestões, reclamações e denúncias acerca de quaisquer assuntos que ocorram no cotidiano do trabalho incluindo as más condições de trabalho, levando estas informações a alta administração do DMAES que irá determinar a investigação das causas e a implantação de soluções. E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores (Nível de Atendimento=10%) Em relação a programas de educação ambiental promovidos pela empresa, não foi verificada nenhuma ação nesse sentido. Durante o tempo de visita ao DMAES, a ampliação da capacidade da ETA foi um dos assuntos mais citados durante as conversas, entretanto, também foi observado que financeiramente essa ainda não é uma medida possível de ser tomada. Assim, acreditase que as ações de educação ambiental junto aos consumidores podem servir para a redução de desperdícios no consumo da água e conservação dos mananciais de captação podem ser alternativas bem interessantes a contribuir na solução desse problema. 258 F) Entrada de Água Bruta (Nível de Atendimento=25%) Este item avaliou o atendimento da ETA em relação ao controle da qualidade da água bruta. Vários dos requisitos elaborados foram baseados em exigências da Portaria MS no518, mais conhecida como padrão de potabilidade e cujo cumprimento é muito importante para assegurar a segurança no consumo humano da água tratada. Segundo o que foi observado, a ETA realiza um controle suficientemente adequado de parâmetros (Ex: turbidez, cor, pH) para a realização da dosagem de produtos químicos, apesar disso, verificou-se um grave problema na ocasião que foi a não realização das análises semestrais, ou análises completas, de água bruta envolvendo diversos parâmetros exigidos na Portaria MS no518 incluindo análises da presença de metais pesados, agrotóxicos, cianobactérias, dentre outros. Durante a ocasião, a razão alegada para a não realização foi o alto custo envolvido nas análises que eram feitas por laboratórios, todavia, isso não pode servir como justificativa uma vez que o não monitoramento dos parâmetros exigidos pelo padrão de potabilidade oferece riscos a população abastecida, pois da maneira como é feita atualmente, há apenas uma visão parcial baseada na ausência ou presença de coliformes termotolerantes e em algumas características físico-químicas, da qualidade da água tratada. G) Mistura Rápida (Nível de Atendimento=50%) Este item foi avaliado em 50% apresentando um atendimento razoável em relação ao que foi estabelecido no checklist deste trabalho. O primeiro requisito avaliado refere-se aos ensaios de coagulação ou testes de jarros utilizados na determinação da dosagem de sulfato de alumínio na água tratada. Foi verificada a instrução de trabalho com orientações básicas para a operação do aparelho que executa este ensaio, sendo que não se observou o estabelecimento de critérios específicos como a forma de coleta de água bruta para o teste, os tempos de mistura aplicados e nem orientações para estabelecimento do pH ótimo no ensaio. Além disso, 259 os resultados dos testes não são registrados pelos operadores em uma planilha (que também não foi verificada) específica para este fim. Considera-se que o registro histórico dos resultados dos Jartests é muito importante na verificação de variações sazonais no consumo de coagulantes e também na avaliação da eficiência dos mesmos. Outro requisito avaliado foi relativo à dosagem e aplicação dos coagulantes na água bruta, sendo que foi verificado procedimento destinado à determinação da quantidade a ser dosada desse produto, assim como critérios específicos orientando como e quando isso deve ser feito. Um pequeno detalhe, mas considerado importante e que foi observado nesta parte, refere-se a aplicação da dosagem do coagulante na garganta da calha parshall que é feita de maneira pontual o que provavelmente não distribui de maneira uniforme a dosagem de coagulante no volume de água a ser tratado. Essa distribuição deve ser o mais homogênea possível evitando regiões da água superdosadas em detrimento de outras sub-dosadas (RICHTER & NETTO, 1995). A última observação é relativa à utilização de polímeros auxiliares do processo de coagulação da ETA. Segundo informações prestadas pelos funcionários, a escolha do tipo de polímero, assim como os ensaios foram realizados pelo representante da empresa fornecedora do produto. Considera-se que esse processo de identificação e escolha do produto deveria ter sido feito pelo próprio pessoal do DMAES ou por uma consultoria independente, uma vez que, existe sempre a possibilidade dos interesses comerciais dos fornecedores em superarem a fidelidade dos resultados no que diz respeito à adequação do produto ao tipo de água bruta que deve ser tratada. H) Mistura Lenta (Nível de Atendimento=50%) A mistura lenta é realizada em duas séries paralelas de floculadores hidráulicos do tipo Cox sendo que uma delas foi inserida posteriormente a construção original da ETA que contava com apenas uma série de floculadores. Essa modificação teve por objetivo o atendimento ao aumento da demanda de água tratada que há algum tempo superou a capacidade máxima de projeto da ETA. 260 Estudos de hidráulica realizados por Bastos et al (2000) na ETA do DMAES de Ponte Nova verificaram que os gradientes de velocidade são inadequados como resultado da má distribuição das vazões entre as séries. Segundo os pesquisadores, os baixos gradientes de velocidade eram insuficientes para promover os choques entre as partículas coaguladas o que prejudicava o processo de floculação. Apesar desse problema, que é um resultado da sobrecarga a que a ETA é submetida, verificou-se que os requisitos deste item no checklist são atendidos em boa parte no que se refere aos ensaios hidráulicos, realizados por Bastos et al (2000), para verificar a eficiência dos floculadores e por isso a avaliação deste item foi de 50%. I) Decantação (Nível de Atendimento=25%) Neste item as principais observações a serem feitas se relacionam aos procedimentos de lavagem do decantador e a disposição do seu lodo químico. A limpeza do decantador é realizada por meio da remoção manual do lodo em intervalos de 4 meses ou quando se observa que a turbidez da água decantada é bem superior ao seu limite estabelecido que é de 10 NTU. Os principais problemas detectados referem-se a falta de procedimento documentado para execução da limpeza e do estabelecimento de critérios específicos que determinem a segurança dos operadores. Várias foram as situações em que se observou riscos a saúde e segurança dos funcionários envolvidos no processo de limpeza. O primeiro ponto a ser destacado é a falta de vestimentas adequadas para proteger o operador do contato com o lodo químico que apresenta em sua composição alto teor contaminantes de origem química e microbiológica. Um segundo ponto é a falta de EPI para garantir o trânsito seguro dos operadores na descida e subida da escada que leva ao fundo do decantador e na execução da lavagem das paredes internas do decantador (Figura 58). 261 Figura 58– Exemplo de exposição desnecessária ao risco onde se observa um dos funcionários sobre a calha de coleta de água decantada e logo abaixo dele, observa-se outro funcionário realizando o arraste do lodo químico sem vestimentas adequadas para a sua proteção. Data: 07/05/05. No DMAES, a disposição do lodo químico do decantador é feita através do lançamento in natura em local a jusante do ponto onde se realiza a captação no manancial. Esse problema é considerado como aspecto ambiental mais grave deste estudo, pois embora os seus impactos resultantes ainda não tenham sido totalmente esclarecidos os estudos de caracterização de lodos (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; CORDEIRO & CAMPOS, 1999; PORTELLA, 2003; SOUZA, 2004) fornecem fortes indícios sobre o seu potencial de degradação. Segundo esses estudos vários parâmetros como alumínio, cádmio, cromo e zinco, possuíam concentrações muito elevadas no lodo químico quando comparadas com os valores máximos estabelecidos para lançamentos de efluentes, segundo a resolução CONAMA no 357 / 2005. É importante que seja elaborado procedimento para o gerenciamento deste resíduo, considerando-se os seguintes passos: caracterização físico-química e quantificação do lodo químico gerado, avaliação das alternativas de tratamento visando a redução do seu volume e disposição do resíduo tratado em aterros sanitários. 262 J) Filtração (Nível de Atendimento=50%) A operação dos filtros é realizada apenas pelo controle do valor de turbidez da água filtrada que não deve ser superior a 01 UNT. As carreiras de filtração medidas apresentaram baixos valores o que poderia ser atribuído a uma baixa qualidade da água decantada. Entretanto, de acordo com os operadores, está em conformidade com o valor máximo estabelecido de 10 UNT. Outras possíveis causas seriam problemas relacionados ao meio filtrante como proliferação de algas ou a formação de bolas de lama que são aglomerados de partículas e grãos do meio filtrante que não são rompidos durante a lavagem, e que com o tempo, consolidam-se criando caminhos preferenciais no leito filtrante. De qualquer forma, nestes casos a solução é a troca do leito filtrante. Outro ponto avaliado foi a questão das lavagens de filtro onde se percebeu que apesar de não haver um procedimento documentado orientando a execução, ela já é uma atividade padronizada no local onde se observou que todos os operadores a executam utilizando os mesmos critérios. A última observação feita neste item refere-se à disposição das águas resultantes das lavagens dos filtros diretamente no corpo d’água local. Apesar das características físicoquímicas destes resíduos não apresentarem grande potencial de dano ao meio ambiente, considera-se esta prática um grande desperdício deste recurso natural tão importante que é a água. Segundo as estimativas deste trabalho, considerando-se uma média de cinco lavagens de filtro por dia, o volume de água descartado por esta atividade corresponderia a 3% do total da água produzida pela ETA que é um volume relativamente alto. Assim, as alternativas de recuperação e recirculação deste resíduo, após uma avaliação do seu custo-benefício, devem ser consideradas nas ações de melhorias para a ETA. 263 K) Correção de pH (Nível de Atendimento=50%) Este item no DMAES apresentou bom nível de atendimento aos requisitos do checklist. Foram avaliados o processo de dosagem do alcalinizante e o método de análise utilizado no monitoramento. Em ambos os casos os procedimentos se demonstraram adequados, exceto por dois problemas. O primeiro problema detectado foi a aplicação da dosagem na entrada da câmara de contato junto a dosagem de desinfectante (Figura 59). Segundo Richter & Netto (1995), a maior eficiência do processo de desinfecção depende de pHs mais baixos. Quanto maior o pH maiores concentrações de cloro livre são necessárias para se atingir o resultado desejado. Considerando que a qualidade microbiológica da água tratada atende aos parâmetros estabelecidos pelo padrão de potabilidade, provavelmente devem estar sendo aplicadas dosagens de desinfectante acima do que poderia realmente ser dosado caso a correção de pH ocorresse no local correto que é a saída da câmara de contato. A implantação dessa medida, além de proporcionar economia com menor uso de hipoclorito de cálcio também diminuiria a probabilidade de formação de trialometanos na água que apesar de não estarem sendo monitorados podem estar com níveis acima do estabelecido pela Portaria no 518/04 do Ministério da Saúde. Figura 59– Aplicação de alcalinizante (cano do lado esquerdo) no mesmo ponto onde se aplica o desinfectante (cano do lado direito da foto). Data: 03/05/05. 264 O segundo problema detectado foi a falta de instrução de trabalho na preparação da suspensão de alcalinizante que apesar de estar bem difundida e ser realizada de maneira padronizada, numa das situações em que se acompanhou o preparo, observou-se o uso de 40kg de cal ao invés dos 60kg especificados no procedimento. Esse problema não é considerado tão grave uma vez que o controle da dosagem do alcalinizante é feita através do pH da água tratada, portanto, apesar da solução preparada possuir menor concentração basta um aumento na dosagem para que se obtenha o mesmo resultado. Caso, a dosagem fosse feita através de um dosador de precisão com dosagens relacionadas à vazão de água, o resultado do pH da água seria afetado pelo desvio observado. L) Fluoretação (Nível de Atendimento=50%) O item fluoretação também apresentou nível razoável no atendimento aos requisitos do checklist. Os processos avaliados foram o de dosagem e o método de análise utilizado no monitoramento de flúor na água. O controle da dosagem é feito através da verificação do teor de fluoreto na água tratada que deve estar entre 0,6 e 0,8 mg/L o que está aquém do valor máximo permitido para este íon na Portaria no518/04 do MS e, portanto, dentro dos valores legais. O procedimento para preparação do flúor observado foi feito de maneira padronizada por todos os operadores aplicando-se 15 kg de fluorsilicato de sódio em um cone saturador com volume aproximado de 200L. Um problema avaliado neste item foi referente ao método aplicado na determinação do flúor. Durante a observação feita das análises pelos operadores verificou-se que ocorre a aplicação direta do corante alizarina na amostra seguido de leitura no aparelho colorimétrico. De acordo com procedimento para determinação de flúor no estudo feito por Bastos et al (2000) e Portaria no 635/Bsb de 26 de dezembro de 1975, deve ser feita a quantificação do teor de interferentes que possam mascarar os resultados no método 265 colorimétrico, devendo a amostra ser previamente destilada antes de receber a adição de alizarina e quando isto for feito, deve-se deixar a amostra uma hora em repouso antes de fazer a leitura do resultado no colorímetro para que a alizarina core adequadamente a amostra. M) Desinfecção (Nível de Atendimento=50%) Este item apresentou atendimento considerado razoável em relação aos procedimentos de dosagem e métodos de análise. Em relação à dosagem, esta é feita por meio de cloração simples onde o controle é exercido sobre o índice de cloro residual da água tratada que deve estar na faixa de 1-2 ppm. Este método atende bem ao tipo de água bruta que apresenta um baixo grau de poluição tendo, portanto, uma baixa demanda de cloro. Caso a água fosse poluída, o método de cloração simples seria ineficaz uma vez que o cloro residual seria rapidamente consumido, sendo aconselhável neste caso a utilização de cloração ao “break-point”. Um problema detectado é o tempo de detenção na câmara de contato cujo valor segundo funcionários estaria abaixo dos 30 minutos recomendados pela Portaria no 518/MS de 2004, o que no entanto, neste caso não impede que os valores de cloro residual e os resultados das análises microbiológicas da água tratada estejam dentro dos padrões exigidos por essa lei. Em relação aos métodos de análise utilizados no controle da desinfecção o maior problema foi encontrado no que diz respeito ao monitoramento de trialometanos na água tratada que não atende a periodicidade mínima trimestral estipulada pela Portaria no 518/MS de 2004. Os trialometanos são substâncias originárias da reação entre componentes de matéria orgânica que ainda restaram na água filtrada e o desinfectante. Sabe-se que a sua presença em altos níveis na água tratada aumenta o risco das pessoas contraírem vários tipos de cânceres (KENNETH et al, 1978; TOKMAK et al, 2003). 266 No que se refere às análises bacteriológicas e de cloro residual, a ETA do DMAES cumpre o que recomenda a legislação. N) Saída de Água Tratada (Nível de Atendimento=50%) Este item tem os seus requisitos elaborados com base na Portaria no 518/MS de 2004 que determina critérios para a elaboração de planos de amostragens, parâmetros monitorados e registros das informações sobre a qualidade da água tratada, além de procedimentos ligados a comunicação externa e planos de ação para atender casos em que ocorram não conformidades em relação à qualidade da água tratada fornecida a população. Um dos problemas mais graves encontrados neste item, durante o período de visita, é referente ao monitoramento incompleto dos parâmetros exigidos pela Portaria no 518/MS de 2004. Dentre as características da água que não são monitoradas conforme preconiza o padrão de potabilidade encontram-se várias substâncias químicas que representam riscos a saúde como as: inorgânicas (Ex: cádmio, chumbo, cromo, mercúrio...), orgânicas (Ex: benzeno, tetracloreto de carbono...), agrotóxicos (Ex: DDT, pentaclorofenol...), cianotoxinas e produtos secundários da desinfecção (Ex: trialometanos). A principal alegação utilizada para justificar a ausência destas análises era o alto custo cobrado pelos laboratórios especializados. Entretanto, situações como estas não podem ocorrer de forma alguma, pois, sem os resultados dessas análises completas conforme indica o padrão de potabilidade, não é possível garantir a segurança da água tratada para o consumo humano. No requisito comunicação externa foi verificada a divulgação de informações ao público sobre a qualidade da água tratada através de divulgação dos dados pela internet e conta d’água, procedimentos relativos à comunicação de autoridades de saúde pública e à população sobre problemas na qualidade da água tratada e sistemas para recebimentos e análises de reclamações referentes a qualidade da água tratada. Dentre as questões não verificadas nesse último requisito destacam-se duas. 267 A primeira é a ausência de plano de ação documentado sobre os procedimentos para a comunicação de órgãos públicos de saúde e à população sobre problemas na qualidade da água fornecida. Ainda que a elaboração prévia deste plano de ação não seja exigida pela Portaria no 518/MS de 2004, este trabalho considerou que a formalização de um plano geral para atendimento a essas anormalidades com a definição e treinamento de responsáveis pela sua execução, garantiria agilidade deste processo e minimizaria quaisquer eventuais danos a saúde da população. A segunda questão não verificada é a não produção de relatórios com informações básicas sobre a qualidade da água do manancial de captação, estatísticas descritivas dos parâmetros detectados na água e explicação do seu significado e efeitos sobre a saúde humana, além da ocorrência de não conformidades relativas ao padrão de potabilidade e as medidas providenciadas para solucioná-las. O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento (Nível de Atendimento=50%) Foram avaliados neste item requisitos relacionados à aquisição e controle de qualidade de produtos químicos, além dos modos de armazenamento, preparação e procedimentos de segurança e a disposição das embalagens vazias, sendo o nível de atendimento considerado no geral como razoável ou em 50%. No requisito aquisição e controle de produtos químicos foram avaliados os editais de licitação elaborados, especificamente os que tratam do hipoclorito de cálcio e fluorsilicato de sódio, e os laudos de controle de qualidade dos produtos adquiridos nas compras. No que se refere ao conteúdo dos editais não se observaram problemas em sua formulação, exceto, em relação as exigências sobre questões ambientais e de transporte que apresentaram uma redação sem especificações onde se dizia que o fornecedor deveria cumprir toda a legislação ambiental e de transportes referentes a produção e transporte do produto químico. Isso pode ser atribuído a ausência de um procedimento, já detectado na parte I deste checklist, que é a identificação de requisitos legais de 268 aspectos associados as atividades da ETA. O conhecimento em detalhes das exigências das normas legais é muito importante para que a empresa acompanhe e estabeleça critérios para a supervisão do desempenho ambiental de seus fornecedores. Outra consideração a ser feita é relacionada ao controle de qualidade sobre os produtos químicos adquiridos. Foi detectado que este procedimento é realizado pelo próprio fornecedor, sendo um laudo enviado para o gerente da ETA a cada vez que uma carga é entregue na estação. Considera-se recomendável que, além do laudo do fornecedor, a própria empresa de saneamento possua um procedimento especificado (Ex: contratação de laboratório de terceiros para avaliação da qualidade do produto químico, realização do controle de qualidade pelos próprios técnicos da ETA) para esse fim, uma vez que existem as possibilidades de sobreposição dos interesses comerciais ou de falhas nos procedimentos dos fornecedores na determinação dos reais índices de qualidade do produto. Parsekian (2003) afirma que o emprego de produtos químicos impuros prejudica a qualidade final da água tratada e podem interferir na qualidade e quantidade de rejeitos gerados no processo de tratamento da água. O acúmulo de impurezas no lodo do decantador pode provocar a solubilização de metais os quais podem ser incorporados na água decantada dependendo do pH do decantador. Por essas razões o controle de qualidade dos produtos químicos adquiridos e as análises completas da água tratada (Item N) devem ser realizados conforme os padrões normativos e legais para que se garanta o consumo seguro da água fornecida. Em relação ao requisito armazenamento o único problema detectado foi relativo ao armazenamento de cal que é disposto diretamente sobre a superfície do chão em pilhas de 13 a 18 sacas. Vianna (1992) recomenda que as sacas devam ser estocadas sobre estrados de madeira a fim de evitar a formação de umidade entre a última saca e o chão com conseqüente empedramento do produto. Além disso, o mesmo autor sugere que a altura máxima das pilhas seja de 14 sacas o que dá uma altura aproximada de 1,80m garantindo assim a segurança e questões ergonômicas no carregamento destes volumes. 269 O requisito preparação foi avaliado principalmente em relação ao layout do local onde se preparam produtos químicos para dosagem na água. Observou-se alguns pequenos problemas, mas que são importantes para garantir a segurança dos operadores assim como um bom aspecto visual neste ambiente de trabalho. As recomendações em relação a preparação são as mesmas feitas por Vianna (1992). Um detalhe observado refere-se a preparação de cal junto a área de preparação de outros produtos químicos. Mesmo quando realizada com muito cuidado, a manipulação da cal hidratada produz, inevitavelmente, levantamento de pó que é capaz de irritar a pele e as mucosas. Sendo recomendável a preparação deste produto numa sala separada com um sistema de recolhimento deste pó o que inclusive contribui também para a limpeza das instalações da casa de química como um todo. Aliás, a questão da má ventilação na área de produtos químicos é um fator que deve ser reavaliado no layout da casa de química da ETA do DMAES, pois como a preparação de todos os produtos é realizada muito próxima uma das outras gera-se um odor irritante que impede a permanência no local e provavelmente, a longo prazo, com o contínuo trânsito de operadores naquela área estes podem desenvolver doenças de origem respiratória. Por fim, destacam-se alguns problemas relativos à segurança no manuseio de produtos químicos que inclusive já foram discutidos em itens anteriores a este (Itens K, L e M), sendo eles, as ausências de instruções de trabalho e FISPQs no local e também de um plano de atendimento a emergências (Ex: intoxicações). P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas (Nível de Atendimento=50%) O laboratório de análises físico-químicas e microbiológicas do DMAES realiza basicamente análises de parâmetros ligados a rotina operacional diária da ETA como, por exemplo, a determinação de fluoreto, cloro residual, turbidez, presença ou ausência de coliformes termotolerantes, dentre outros. 270 Em relação aos requisitos relativos a responsabilidades, treinamentos e controle operacional foi observada uma boa organização feita pelo responsável do laboratório com sistemáticas criadas para procedimentos das análises, registro dos resultados, instruções de trabalho próximas ao local de sua execução. O principal problema verificado no laboratório é a falta de procedimentos de segurança como identificações de risco dos produtos químicos utilizados, plano de respostas a acidentes em laboratório e disponibilização de EPIs (Ex: óculos de segurança, luvas, aventais, máscaras...) e EPCs (lava-olhos, chuveiro, extintor de incêndio, caixas de primeiros socorros...). Outro problema detectado é a estocagem de resíduos laboratoriais constituídos basicamente por reagentes vencidos sem a presença de um inventário de identificação desses produtos e de seus potenciais riscos a saúde humana. Em um levantamento preliminar verificou-se a presença de alguns produtos perigosos como ácido sulfúrico, formol e cianeto de potássio, sendo que este último possui características letais ao ser humano. Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos (Nível de Atendimento=10%) Este item procurou avaliar o controle sobre as perdas físicas derivadas da operação (Ex: águas da limpeza do decantador e de lavagem dos filtros) e por vazamentos oriundos de problemas de infra-estrutura (Figura 60). No primeiro caso, relativo às perdas operacionais, não se observaram quaisquer planos para reduzir ou reutilizar a perda de água nas lavagens de decantadores e filtros, sendo os resíduos destes processos lançados diretamente sobre o próprio manancial de captação da ETA, mas em ponto a jusante. Como já discutido anteriormente principalmente em relação à perda do volume de água das lavagens de filtro (Figura 61), o seu controle pode ser feito através de processo de recirculação deste resíduo o que se constitui numa alternativa bem interessante que deve ser avaliada em relação a sua 271 viabilidade econômica e também após caracterizações físicas, químicas e microbiológicas deste efluente. Já o segundo caso que é referente às perdas d’água por vazamentos derivados principalmente de rachaduras observadas nos decantadores e floculadores ocorrem principalmente pela falta de manutenção preventiva da estrutura física da ETA. Segundo informações prestadas pelos funcionários não há registro de quando tenha ocorrido alguma atividade para reforma desses problemas na ETA e nem foi detectado planejamento destinado a solucioná-los. Figura 60– Canal por onde escoa a água de vazamentos nas galerias e das rachaduras de floculadores e decantadores. Data: 06/05/05. Figura 61– Despejo da água de lavagem de filtro pelo canal de esgoto. 272 5.3.2. ETA do SAAE de Itabirito As planilhas contendo os resultados do checklist para o SAAE encontram-se no apêndice G. À seguir são discutidos os resultados do Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e da Qualidade Gerencial e Operacional. I- Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 O SAAE de Itabirito apresentou um baixo nível de atendimento à primeira parte do checklist (Figura 62) que avalia o nível de defasagem do sistema de gestão vigente em relação aos requisitos da norma NBR ISO 14001:2004. Os resultados indicam que a questão ambiental ainda é um assunto secundário frente a outros. Segundo as entrevistas, os objetivos principais da atual gestão são relacionados ao aumento da receita da empresa onde ocorria um trabalho pró-ativo na reformulação das tarifas de cobrança aos consumidores pela água fornecida, atendimento de comunidades distritais do município de Itabirito, detecção de ligações clandestinas na rede, além de cortes de outros custos, dentre outras coisas. Quando questionados a respeito da preocupação com características do processo de tratamento que poderiam influenciar negativamente o meio ambiente, foi informado que não havia previsão em curto prazo para investimento nesta área e que a prioridade era um trabalho de reestruturação na empresa com investimentos na modernização das tecnologias utilizadas no tratamento da água, na ampliação da capacidade da ETA que trabalhava com sobrecarga e no treinamento e qualificação dos funcionários. Apesar disso, após a avaliação feita, considera-se que a empresa possui condições de realizar a implantação de um SGA mesmo que este não seja nos moldes da NBR ISO 14001:2004. O LAIA deste trabalho aponta vários aspectos ambientais decorrentes do processo de tratamento de água cuja correção ou controle podem ser perfeitamente realizados concomitantemente aos outros trabalhos que estão em andamento na empresa. Itens como a política ambiental (Item A), a identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B, já realizado por este trabalho), o estabelecimento de objetivos e 273 metas ambientais (Item D) e a definição de recursos, funções, responsabilidades e autoridades (Item E) considerados essenciais na estruturação de um SGA não são atendidos pela empresa o que compromete qualquer esforço no sentido de gerir questões ambientais e reforça o que foi dito no primeiro parágrafo sobre questões de meio ambiente ocuparem uma posição em segundo plano no planejamento das atividades operacionais e administrativas. É importante que ocorra uma discussão dentro da empresa sobre a necessidade de se incluir a questão do meio ambiente no planejamento das atividades da atual gestão, uma vez que alguns aspectos ambientais já apresentados como a descarga do lodo de decantador em corpos d’água, tem sido discutido por vários trabalhos científicos em relação ao seu potencial de danos o meio ambiente e a possibilidade de ser legalmente irregular tendo em vista que vários dos seus parâmetros físico-químicos apresentam concentrações superiores em relação ao máximo permitido por leis que regulam o lançamento de efluentes em corpos d’água como a CONAMA no 357/05. Nível de Atendimento (%) Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 (SAAE) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 A B C D E F G H I J K L M N O P Q Figura 62– Gráfico de colunas demonstrando o nível de atendimento à NBR ISO 14001:2004 pelo SAAE. . Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Nãoconformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração. 274 A) Política Ambiental (Nível de Atendimento=10%) O SAAE não tem uma política ambiental própria o que, como já comentado anteriormente nos resultados do DMAES, compromete qualquer tipo de estruturação de um SGA. Sem a definição dos comprometimentos ambientais que são estabelecidos em uma política ambiental, a empresa não terá uma base adequada para o desenvolvimento de objetivos e metas que são muito importantes na melhoria contínua da gestão ambiental preconizada pela NBR ISO 14001:2004. B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais (Nível de Atendimento=10%) Outro item considerado também essencial para a implantação de um SGA baseado na NBR ISO 14001:2004 e que também não foi verificado no SAAE é a identificação de aspectos e impactos ambientais. A ausência de uma metodologia específica para realização desse procedimento compromete uma ação sistemática sobre as questões ambientais decorrentes da ação do SAAE no município. Assim, não é possível estabelecer objetivos e metas ambientais, pois não há um alvo de ação, que deveriam ser os aspectos ambientais considerados significativos pela metodologia. C) Identificação de Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%) Uma vez que não é feita a identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B), consequentemente não é possível realizar, conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004, a identificação dos requisitos legais aplicáveis aos aspectos ambientais considerados significativos. 275 D) Objetivos, Metas e Programa(s) (Nível de Atendimento=10%) Objetivos e metas ambientais também são um outro item que dependem do atendimento ao item B, pois eles são estabelecidos visando corrigir, mitigar ou controlar os riscos e impactos ambientais derivados de aspectos ambientais considerados significativos pelo filtro de significância do procedimento de LAIA. Um objetivo informado durante as entrevistas que trata de uma questão ligada ao assunto de meio ambiente foi o planejamento de um seminário de educação ambiental voltado para os cidadãos do município de Itabirito com a realização de palestras educativas. Entretanto, verificou-se que essa é uma ação isolada derivada da percepção pessoal do diretor da empresa, o que apesar de válida, não é o objetivo da norma NBR ISO 14001:2004 que aconselha que o estabelecimento de objetivos e metas deve ser resultado de uma sistemática de ações que envolvem a formulação de procedimentos para identificação de problemas ambientais, a implementação de medidas corretivas ou mitigadoras, o registro desses resultados, a definição de indicadores de desempenho e análises destes, dentre outras coisas. E) Recursos, Funções, Responsabilidades e Autoridades (Nível de Atendimento=10%) O SAAE possui uma sistemática própria para definir os recursos, funções, responsabilidades e autoridades dentro do seu sistema de gestão atual, entretanto, não existem atribuições especificamente voltadas para as questões ambientais, assim o nível de atendimento a este item foi avaliado em 10%. F) Competência, Treinamento e Conscientização (Nível de Atendimento=25%) Durante a avaliação feita por este trabalho não foi evidenciado nenhum programa dentro da empresa para identificação sistemática de necessidades de treinamento e provimento das mesmas. 276 Na ETA do SAAE, segundo informações coletada através das entrevistas, evidenciou-se que boa parte dos treinamentos oferecidos aos operadores são fornecidos pelo próprio gerente de qualidade do local que os instrui sobre os procedimentos para realização das análises laboratoriais, prevenção de acidentes e manuseio de produtos químicos, dentre outros. Entretanto, isso não é feito de maneira sistemática, mas sim através da percepção pessoal daquele gerente ou pela própria exigência do trabalho no dia-a-dia. Não se observou nenhuma medida no que diz respeito à execução de treinamentos e conscientização em relação a questões ambientais relevantes na operação da ETA. Isso é perfeitamente compreensível tendo em vista que a própria empresa não possui uma política ambiental (Item A) que incentive isso. G) Comunicação (Nível de Atendimento=25%) O SAAE apresenta um sistema próprio para realização de comunicações internas e externas, mas nada aplicado à questão ambiental. Segundo informações prestadas pelos entrevistados a empresa passa atualmente por um processo de modificação nesse setor através de um trabalho de uma consultoria especializada em sistemas de informação objetivando realizar uma integração dos diversos setores (Ex: administração, produção, distribuição) por meio da padronização e documentação de procedimentos, além do treinamento de funcionários. No que se refere a comunicação externa, a empresa e também a ETA possuem números de telefones específicos para o recebimento de reclamações e sugestões relativos ao fornecimento da água tratada. Em relação a assuntos de cunho ambiental, nenhum procedimento específico foi observado. H) Documentação (Nível de Atendimento=10%) A documentação, conforme preconiza a NBR ISO 14001:2004, deve incluir política, objetivos e metas ambientais, escopo do SGA, manual de SGA, registros associados a 277 processos cujos aspectos ambientais sejam significativos, além de uma determinação sistemática sobre quais informações devem ser registradas e documentadas. Devido ao fato dos itens A, B e D não serem satisfeitos, também não foi possível verificar o atendimento do presente item. Logicamente que o SAAE apresenta um sistema de documentação próprio relativo à operacionalização do tratamento de água, entretanto, como não trata de questões ambientais, não satisfaz o item H. I) Controle de Documentos (Nível de Atendimento=25%) O sistema de controle de documentos no SAAE não é padronizado, conforme as observações feitas no setor de recursos humanos e na ETA, o que pode dificultar a integração e agilidade de comunicação entre as partes. No que foi observado, o controle que mais se aproxima ao determinado pela NBR ISO 14001:2004 foram documentos relativos ao preparo de produtos químicos para dosagem no tratamento da água a ser distribuída. Estes são padronizados e possuem uma formatação adequada contendo informações sobre quem o elaborou, a data em que isso foi feito, o número da revisão e a data em que houve a revisão do conteúdo, número de páginas, setor de origem, dentre outras coisas. Apesar disso, observou-se que vários campos deste documento estavam em branco o que compromete saber se aquele documento está em uso ou não. Outro fator observado é que a elaboração do documento não possuía um procedimento próprio que ditasse o modo como isso deveria ser feito. Verificou-se que aquele formato de documentos foi elaborado pelo gerente de qualidade da ETA que teve a percepção pessoal em identificar aquela necessidade, que apesar de válido, como já dito anteriormente, não faz parte de uma sistemática conforme pede a NBR ISO 14001:2004. A NBR ISO 14001:2004 sugere que o controle de documentos seja um sistema padronizado formalizado que defina como devem ser elaborados, aproveitados, 278 emitidos, controlados e revisados os procedimentos, bem como estabeleça mecanismos de controle de cópias e remoção de versões obsoletas dos locais de uso. J) Controle Operacional (Nível de Atendimento=50%) O item relativo ao controle operacional na NBR ISO 14001:2004 apresentam requisitos que determinam que todas as operações associadas a aspectos ambientais significativos devem ser realizadas sob condições específicas, documentadas na forma de procedimentos com estabelecimento de critérios operacionais, evitando assim situações onde a ausência desses documentos pudesse acarretar desvio da política, objetivos e metas ambientais. Já foi verificado que o SAAE não atende aos itens A e D, contudo, após a aplicação do LAIA verificou-se que vários dos aspectos ambientais detectados como lavagem de filtros e preparação de produtos químicos, apresentavam procedimentos documentados com critérios específicos já determinados, o que levou a avaliar o item J em 50%. Evidenciou-se que com exceção da lavagem de decantador, os outros processos relacionados com aspectos ambientais foram documentados, porém, isso não foi feita de uma maneira sistemática. Seguindo a lógica da NBR ISO 14001:2004, o controle operacional deveria ser resultante dos resultados da execução dos itens A, B, C e D, que no caso do SAAE não são atendidos e, por isso, a avaliação deste item não foi maior. K) Preparação para Resposta à Emergências (Nível de Atendimento=10%) Durante o período de avaliação não foi evidenciado nenhum procedimento relativo a identificação de potenciais situações de emergência e de acidentes que possam ter impacto sobre o meio ambiente e/ou a saúde ocupacional dos operadores. Além disso não foi verificado procedimentos que tratassem de respostas a situações de emergência. 279 A aplicação do LAIA possibilitou identificar vários tipos de risco nas atividades de operação da ETA. Dentre eles, destacam-se os riscos ocupacionais na preparação de produtos químicos para dosagem no tratamento da água. Apesar de serem fornecidos EPIs para a execução do procedimento, não se observou no local a presença de FISPQs que apresentam várias informações sobre a periculosidade dos produtos e sobre os procedimentos de primeiros socorros no caso de acidentes com os mesmos. L) Monitoramento e Medição (Nível de Atendimento=25%) O atendimento a este item foi comprometido pela ausência de um procedimento para a identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B), pois na NBR ISO 14001:2004 é recomendado que existam procedimentos para monitoramento e medição das características principais das operações que possam ter um impacto ambiental significativo. De acordo com o LAIA, alguns exemplos de características que poderiam ser monitoradas e medidas seriam a quantidade e a composição química do lodo de decantador e das águas de lavagem de filtro. Para outros equipamentos referentes ao monitoramento da qualidade de água tratada (Ex: equipamentos de análises laboratoriais) foram verificados procedimentos para calibragem dos aparelhos utilizados além do arquivamento dos registros. Estes procedimentos, no caso de implantação de um SGA, podem ser reaproveitados para uso no monitoramento e medição de aspectos significativos. M) Avaliação de Atendimento à Requisitos Legais (Nível de Atendimento=10%) Este item não apresentou nenhum requisito atendido uma vez que depende da realização prévia do atendimento ao item C que como já foi visto, também não é atendido pela empresa. 280 N) Não-Conformidade, Ação Corretiva e Ação Preventiva (Nível de Atendimento=10%) Como não são estabelecidos objetivos e metas ambientais no sistema de gestão do SAAE, conforme foi apresentado no item D deste trabalho, também não é possível identificar não-conformidades ambientais que são definidas como desvios em relação ao que é estabelecido por critérios operacionais específicos que por sua vez, também não são determinados. O) Controle de Registros (Nível de Atendimento=10%) A NBR ISO 14001 sugere que o controle de registros deverá ser feito por meio de estabelecimento de procedimentos para identificação, proteção, armazenamento, proteção, recuperação e descarte de registros que servem como evidências da conformidade com os requisitos estabelecidos nos objetivos e metas (Item D) e demais itens da norma NBR ISO 14001:2004. Observou-se sistemática relacionada ao controle de registros dos parâmetros físicoquímicos das águas brutas, decantada, filtrada e tratada que segue o conjunto de procedimentos citados no parágrafo acima sendo executado da mesma forma por todos os operadores. Todavia, isso não é regra pra todas as atividades da ETA e nos casos relacionados a aspectos ambientais significativos (Ex: descarte de lodo após lavagem do decantador), que é o que exige a norma NBR ISO 14001:2004, não foram observados registros e nem seus sistemas de controle. P) Auditoria Interna (Nível de Atendimento=10%) Este é mais um item que não é atendido pelo SAAE. De forma semelhante ao DMAES, são nomeados supervisores em cada um dos setores da empresa que periodicamente se reúnem com o diretor geral e o mantém informado sobre questões operacionais e problemas ocorridos. 281 A NBR ISO 14001:2004 aconselha que exista um programa de auditoria interna na empresa para determinar se o SGA funciona, conforme foi o planejado e se os objetivos e metas (Item D) estão sendo atendidos. O pessoal envolvido na auditoria deve assegurar a objetividade e imparcialidade do processo, por isso, na implementação de SGA é recomendável que os auditores sejam independentes de qualquer setor da empresa. Ainda que existam os supervisores em cada um dos setores, o processo realizado por eles não pode ser caracterizado como uma auditoria uma vez que não há um procedimento formal para que isso seja feito e nem há um sistema de documentação (Item H e I) e de registros (Item O) que possa servir de evidências nas auditorias. Q) Análise pela Administração (Nível de Atendimento=25%) A análise pela administração, conforme preconiza a NBR ISO 14001, envolve várias atividades como a revisão dos resultados de auditorias internas, de comunicações de origem externa, desempenho ambiental e outras coisas mais. No caso do SAAE, não ocorrem análises relativas a questões ambientais mesmo porque, como já foi descrito antes, não há um sistema voltado especificamente para tratar desses assuntos. Apesar disso, o atual modelo de análise feita das questões operacionais e administrativas que envolvem o processo de tratamento da água pode ser perfeitamente adaptado para tratar de assuntos voltados também para o meio ambiente. Assim, o nível de atendimento considerado por esta avaliação é de 25%. II- Qualidade Gerencial e Operacional De uma forma geral, os resultados obtidos pelo SAAE na avaliação feita pelo checklist podem ser considerados bons. Apesar da área ambiental ainda não ser uma prioridade na empresa, a parte operacional apresentou uma boa estrutura no que diz respeito a 282 procedimentos e monitoramento da qualidade da água bruta e tratada sendo realizados de acordo com o que exige a Portaria no 518/MS de 2004 (Figura 63). Nível de Atendimento (%) Qualidade Gerencial e Operacional (SAAE) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 A B C D E F G H I J K L M N O P Q Figura 63– Gráfico sobre Qualidade Gerencial e Operacional do SAAE. . Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. Os principais problemas detectados pela avaliação deste trabalho na ETA do SAAE foram o despejo do lodo químico do decantador e das águas de lavagens de filtros em corpo d’água de baixa vazão próxima a ETA. De acordo com estudos de caracterização de ambos os resíduos, o seu lançamento em mananciais não é permitido pois vários dos parâmetros físico-químicos do lodo de decantador (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; SOUZA, 2004) e o teor de alumínio no caso da água de lavagem de filtro (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) superam os valores máximos estabelecidos na parte de lançamento de efluentes da resolução CONAMA no 357, de 17 de março de 2005. Os últimos destaques, antes que sejam feitas discussões mais detalhadas de cada item, são em relação a ausência de instruções de segurança no local de preparo de produtos químicos e de FISPQs. Além disso, um problema foi detectado na área de 283 armazenamento dos produtos devido a presença de um arquivo “morto” de documentos próximo aos produtos químicos o que, dada a inflamabilidade do papel, em caso de incêndio pode fazer com que produtos como o fluorsilicato de sódio liberem gases tóxicos pondo em risco a saúde das pessoas expostas. A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município (Nível de Atendimento=10%) Durante a visita ao SAAE não foi verificado nenhum plano diretor ou iniciativa a respeito da gestão de recursos hídricos na microbacia do Rio Itabirito, onde se localizam as captações nos córregos Seco e do Bação. Acredita-se que a falta de preocupação da administração com este item seja devido a boa qualidade da água bruta que no período de seca permite o tratamento da água sem a utilização de produtos químicos como coagulantes e alcalinizantes, sendo necessária apenas as etapas de filtração, desinfecção e fluoretação da água. Apesar da região de drenagem da microbacia se localizar dentro da bacia hidrográfica do rio das Velhas, cujo plano diretor já foi elaborado, considera-se que a existência de um plano diretor local, assim como a formação de um comitê de bacia também local seja importante, a fim de que se realize um diagnóstico e planejamento voltado às necessidades e realidades locais. Mesmo que ainda não ocorram problemas dentro da região da microbacia, a elaboração dos diagnósticos dos meios físico, biótico e antrópico, além da identificação dos usuários da água poderiam ser extremamente úteis para que se previnam conflitos futuros em casos de escassez da água ou diminuição de sua qualidade. B) Conservação de Mananciais (Nível de Atendimento=25%) Este item também apresentou um baixo nível de atendimento, cuja causa provável, seria a mesma alegada no item A desta parte II do checklist (a boa qualidade da água bruta captada). Segundo informações prestadas, ambos os córregos localizam-se dentro de 284 propriedades particulares de terceiros, cuja vegetação local apresenta-se bem preservada e possui uma boa disponibilidade hídrica durante todo o ano. Ainda assim, considera-se que a empresa devesse implantar um programa para identificação das nascentes e cadastramento de pontos de descarga de poluentes ao longo dos vários cursos d’água interligados na microbacia a fim de que se tenha um maior número de informações para a elaboração de uma política voltada para a conservação da boa quantidade e qualidade da água nesses mananciais. C) Dados Hidrológicos (Nível de Atendimento=10%) Segundo informações prestadas durante as entrevistas, a ETA do SAAE não monitora variáveis hidrológicas como, por exemplo, a pluviosidade e a vazão dos mananciais onde ocorre a captação. O conjunto de bases históricas destes e de outros dados hidrológicos permitem que, através de estudos, seja possível a previsão de períodos em que ocorre a alteração da qualidade da água bruta (Ex: índices pluviométricos X turbidez da água bruta), possibilitando o planejamento do uso dos produtos químicos utilizados no tratamento, além da previsão da ocorrência de problemas operacionais (Ex: proliferação de algas nas épocas de seca cuja vazão dos mananciais é baixa). D) Saúde e Segurança Ocupacional (Nível de Atendimento=50%) No que diz respeito à questão da saúde e segurança ocupacional não foi observado nenhum programa adequadamente estruturado dentro da empresa. Segundo informações obtidas a partir de entrevistas com os funcionários, a implantação deste programa estava a cargo de uma consultoria contratada, mas cujas ações teriam início em data ainda não determinada para o ano de 2006. As medidas observadas relativas ao item saúde e segurança não são tomadas de forma sistemática, mas a partir de iniciativas de alguns funcionários ligados a parte administrativa e de supervisão operacional. Dentre as medidas tomadas estão o 285 fornecimento de EPIs para a preparação de produtos químicos utilizados no tratamento da água e serviço médico para os casos em que ocorram acidentes durante o trabalho. Considera-se que para o atendimento deste item deva haver um programa elaborado e aprovado pela alta administração da empresa que determine a identificação de riscos ocupacionais, estruturação de uma Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA), recursos financeiros destinados ao programa, treinamento de funcionários envolvidos em atividades, cujo risco ocupacional seja considerado significativo, e sistemas de registros sobre acidentes e doenças ocupacionais ocorridas no ambiente de trabalho. E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores (Nível de Atendimento=50%) Durante o período de visita ao SAAE foi detectado nível de atendimento razoável relativo ao uso de educação ambiental voltada para os consumidores. A iniciativa pela implantação de práticas relacionadas a educação ambiental, segundo o que se observou, partiu da percepção pessoal do diretor que numa ação conjunta com a prefeitura da cidade realizou o planejamento de uma conferência sobre saneamento e meio ambiente cujo objetivo era de discutir através de palestras diversas questões relacionadas abastecimento de água, coleta seletiva, limpeza urbana e educação, ambiental, dentre outros diversos assuntos. A finalidade dessa conferência era provocar a sensibilização dos cidadãos sobre os benefícios advindos do consumo responsável da água e da importância da preservação ambiental. Apesar disso, na época, ainda não havia sido implantado um programa de educação ambiental documentado e aprovado pela administração, com estabelecimento de objetivos e metas, estrutura de responsabilidades formadas e avaliadores de desempenho sobre a efetividade das ações o que resultou na avaliação de 50% no atendimento a este item. 286 F) Entrada de Água Bruta (Nível de Atendimento=100%) Este item avaliou o controle feito pela ETA em relação a qualidade da água bruta captada. Vários dos requisitos avaliados neste item foram retirados da Portaria no 518/MS de 2004 e são referentes as amostragens e os parâmetros monitorados na água bruta dos mananciais de captação. O SAAE apresentou um ótimo nível de atendimento a este item sendo avaliado em 100%. Dentre as observações a serem feitas uma se relaciona ao monitoramento de cianobactérias que é feita sob freqüência trimestral. Segundo a Portaria no 518/MS de 2004, no seu artigo 19, parágrafo 1o: “O monitoramento de cianobactérias na água do manancial, no ponto de captação, deve obedecer freqüência mensal, quando o número de cianobactérias não exceder 10.000 células/mL (ou 1mm3/L de biovolume), e semanal, quando o número de cianobactérias exceder este valor”. Assim, observando-se a legislação a frequência mínima deveria ser mensal e não trimestral como é feito. Entretanto, essa dilatação na freqüência de amostragem de cianobactérias é feita sob anuência do órgão público responsável por esta fiscalização devido à consideração de que a água bruta apresenta boa qualidade. Vale observar que essa modificação é válida e permitida pelo artigo 30 da Portaria no 518/MS de 2004. A segunda observação refere-se à ausência de uma análise de dados históricos a respeito dos dados monitorados da água bruta. Considera-se que esse tipo de estudo poderia gerar várias informações sobre as variações da qualidade da água bruta ao longo do tempo o que correlacionado com fatores climáticos ou intervenções antrópicas realizadas na microbacia, seria muito útil como base de dados para a formulação do plano diretor local de recursos hídricos e projetos de conservação de mananciais. Ainda assim, considera-se que o não atendimento a esse requisito não influencie o ótimo desempenho observado no controle da água bruta que apresentou total conformidade legal e uma boa sistemática envolvida resultando no ótimo nível de desempenho. 287 G) Mistura Rápida (Nível de Atendimento=75%) A avaliação feita sobre o item mistura rápida envolveu os ensaios de coagulação, determinação da dosagem de coagulante e sua aplicação na água e procedimentos de operação relacionados a esta etapa, apresentaram um bom desempenho. Os requisitos sobre auxiliares de coagulação não se aplicam à ETA do SAAE, uma vez que este tipo de produto não é empregado. Para a realização dos ensaios de coagulação foi observada instrução de trabalho específica, contendo informações sobre a operação do aparelho e execução dos testes, além de critérios informando quando devem ser executados os testes (Ex: variações bruscas de turbidez). O único problema observado em relação a esses testes foi a falta de um sistema de registro para arquivar os seus resultados. Considera-se que um banco de dados históricos a respeito dos resultados dos testes de jarros poderia ser muito útil em análises a respeito de variações sazonais da qualidade da água e sua influência sobre consumo de coagulantes permitindo assim que sejam feitas estimativas mais precisas para as aquisições de produtos químicos. A determinação da dosagem de coagulante é baseada nos resultados obtidos para turbidez da água decantada e filtrada, além dos resultados dos testes de jarros o que já é suficiente para avaliar a eficiência do processo. Um detalhe que foi observado aqui, assim como ocorreu no DMAES de Ponte Nova, é relativo a aplicação da dosagem de coagulante na calha parshall que é feita de maneira pontual o que pode causar problemas na distribuição da dosagem de coagulante no volume de água a ser tratado. Como apresentado anteriormente, Richter & Netto (1995) aconselham que a dosagem deve ser feita de maneira difusa permitindo assim uma distribuição mais homogênea de coagulante na água evitando assim que regiões da água sejam super-dosadas e outras sub-dosadas. 288 H) Mistura Lenta (Nível de Atendimento=25%) O desempenho dos floculadores da ETA do SAAE são nitidamente influenciados pela sobrecarga de vazão de água a ser tratada. Não foram raras as situações em que se observou a água coagulada transbordando das câmaras. O fator que de certa forma compensa esse problema é a boa qualidade da água bruta nos períodos de seca durante o ano, época em que não são utilizados coagulantes e nem alcalinizantes no tratamento. Nesta situação, as câmaras dos floculadores servem somente como passagem para a água bruta. Uma das medidas utilizadas para evitar esse o problema do transbordamento que ocorre, principalmente na primeira câmara, foi a utilização de uma bomba coletora de água. Porém, observou-se que com isso eliminava-se um problema e criava-se outro que foi o vazamento de óleo da máquina para dentro da primeira câmara de floculação (Figura 64). Figura 64– Vazamento de óleo da bomba utilizada para succionar água da câmara de floculador. As setas indicam a película de óleo formada sobre a água. Data: 14/03/06. I) Decantação (Nível de Atendimento=25%) Assim, como na mistura lenta, o processo de decantação parece ser afetado pela sobrecarga de vazão da água recebida pela ETA onde se observa o freqüente 289 afogamento da cortina distribuidora do decantador. Nos períodos de seca, esse fator pode ser amenizado pela boa qualidade da água bruta, onde o decantador serve apenas como passagem para os filtros e o tratamento da água ocorre apenas com a utilização da filtração, desinfecção e fluoretação. As principais características que foram observadas neste processo referem-se aos requisitos sobre lavagem do decantador e tratamento e disposição do lodo químico gerado. O primeiro problema observado foi a falta de normas de segurança que visassem a identificação dos riscos, equipamentos de proteção a serem utilizados e procedimentos para atendimento à emergências. Na prática da lavagem de decantador observaram-se várias situações de risco para os operadores, principalmente em relação à possibilidade de queda das pessoas que se ocupavam em lavar as paredes dos decantadores com mangueiras, tendo em vista que não utilizavam nenhum EPI para prevenir esse tipo de acidente (Figura 65). Outra questão que merece destaque é a falta de vestimenta adequada para a realização do trabalho em que é necessário evitar o contato com lodo dado o potencial de contaminação por organismos patogênicos que possam estar em seu meio. Destaca-se ainda a falta de acompanhamento médico dos operadores que participaram do processo de lavagem, uma vez que considera-se necessário monitorar possíveis danos a saúde devido ao contato com o lodo (Figura 66). 290 Figura 65– Funcionário lavando a parede do decantador sem equipamento de proteção para evitar queda. Data: 21/07/05. Figura 66– Detalhe da bota utilizada na limpeza do decantador, onde se observa que o comprimento do cano é insuficiente para impedir o contato do operador com o lodo químico. Data: 21/07/05. O segundo problema verificado neste processo refere-se a disposição do lodo químico em corpos d’água. Já foi comentado anteriormente neste trabalho sobre o potencial do lodo na contaminação química do meio ambiente devido aos seus altos valores de metais como alumínio, cádmio e chumbo, dentre outros. Sendo assim o seu despejo em corpos d’água pode ser altamente prejudicial a biota aquática devido a possibilidade de bioacumulação e biomagnificação dos metais. Frederico L. M. Ribeiro em sua dissertação de mestrado trabalhou com a caracterização do lodo de decantador da ETA do SAAE e encontrou resultados que reforçam o argumento sobre o potencial tóxico deste resíduo. Metais como Al, Fe, Ti, Mn, Cr e Cd, segundo as análises do autor apresentaram teores consideráveis (Ex: Al = 153.356 mg/kg; Fe = 109.442 mg/kg; Ti = 3.678 mg/kg; Mn = 1.190 mg/kg; Cr = 505 mg/kg e Cd = 7,47 mg/kg. Valores referentes a coleta realizada em julho/2005). Segundo o próprio autor, os teores de Fe e Mn são devido as próprias características da água bruta captada, já os valores de Al são devido a utilização do sulfato de alumínio que se precipita nos decantadores como hidróxido de alumínio. No caso dos elementos Ti, Cd e 291 Cr a sua origem no resíduo é atribuída ao fato deles estarem presentes como impurezas do sulfato de alumínio o qual é considerado um subproduto da fabricação de TiO2. J) Filtração (Nível de Atendimento=50%) O processo de filtração apresentou um nível de atendimento aos requisitos considerado razoável. Neste item, foram avaliadas as atividades relacionadas à operação e lavagem dos filtros e o destino dado à água de lavagem de filtro. Não foram observados grandes problemas relacionados à operação dos filtros mesmo apesar de não ter sido observado um procedimento documentado a respeito deste processo. A eficiência dos mesmos é medida através do monitoramento da turbidez da água filtrada, sendo a carreira de filtração de cada um dos filtros igual a 24 horas. Segundo informações recebidas durante as entrevistas, o único problema relacionado a operação dos filtros diz respeito a qualidade da água filtrada de um filtro recém-lavado na sua primeira hora de funcionamento onde a turbidez alcança níveis acima de 01 UT na faixa de 02 a 03 UT. Libânio (2005) descreve caso semelhante a este visto em ETAs dos EUA e Canadá. Nestes locais, é comum na rotina operacional o descarte da água filtrada nos primeiros 90 minutos após a lavagem do filtro, sendo esta prática denominada filter to waste. Segundo o autor citado, este procedimento não é muito adotado no Brasil devido à lógica de que a eventual queda na qualidade da água filtrada seria compensada pela manutenção desta no restante da bateria e pela própria desinfecção. Além disso, ainda há um significativo número de ETAs no Brasil que trabalham com sobrecarga e com um baixo volume de reservação, o que significa que a adoção de um procedimento como o filter to waste causaria problemas no abastecimento da população. Nos EUA, a adoção dessa prática operacional ocorreu como conseqüência de surtos de Cryptosporidium e Giárdia, sabidamente mais resistentes à desinfecção com cloro. O último detalhe observado foi a questão do descarte da água de lavagem dos filtros. Estima-se que aproximadamente 2.400 m3, ou, 1% da água tratada na ETA do SAAE, 292 seja utilizado neste processo e considera-se que a avaliação de alternativas para reuso deste efluente poderia trazer ganhos não só ambientais pela eliminação do desperdício, como também financeiros. K) Correção de pH (Nível de Atendimento=75%) Este item apresentou um bom nível de atendimento aos requisitos sendo avaliado em 75%. O detalhe negativo neste item foi a falta de instrução de trabalho e da FISPQ no local de preparo dos alcalinizantes. Ainda que o procedimento esteja bem divulgado entre os operadores, o preparo do alcalinizante envolve certos cuidados. A FISPQ da cal hidratada adverte sobre a possibilidade de irritações na pele e mucosas respiratórias. Caso o resultado dos testes de Geocálcio (Nome comercial do Hidróxido de Cálcio em Suspensão) sejam positivos, a implementação do seu uso pode gerar ganhos relativos a saúde e segurança dos operadores, uma vez que o produto já vem pronto e não necessita de preparo para dosagem na água. L) Fluoretação (Nível de Atendimento=75%) O item fluoretação obteve um bom nível de desempenho, uma vez que se observaram procedimentos adequados voltados ao estabelecimento da dosagem ideal cujo valor final na água tratada deve resultar em valores em torno de 0,8 mg/L, determinação do teor natural de flúor na água bruta, métodos de análises descritos em instruções de trabalho e sistema de registros dos resultados. A única observação a ser feita neste item refere-se ao preparo da solução de fluorsilicato de sódio, tendo em vista não possuir instruções de trabalho no local de preparação. Como já dito anteriormente, o fluorsilicato de sódio é um produto perigoso e o procedimento para preparo da sua solução foi identificado pelo LAIA como um aspecto 293 ambiental significativo com riscos a saúde dos operadores. Assim, ainda que seja um procedimento já divulgado entre todos que trabalham na ETA, é importante que ele seja afixado no local de preparo junto a FISPQ para conscientizar e lembrar sempre os operadores sobre os riscos envolvidos nesta etapa. M) Desinfecção (Nível de Atendimento=75%) O processo de desinfecção apresenta um bom nível de controle atendendo a todos os requisitos estabelecidos neste item do checklist. A aplicação da dosagem é realizada mediante o uso de dosador peristáltico com procedimento específico para operação e níveis de cloro residual desejáveis para a água tratada. O ponto de dosagem ocorre na entrada da câmara de contato onde o tempo de detenção obedece ao mínimo estabelecido de 30 minutos pela Portaria no 518/MS de 2004. Os únicos requisitos não atendidos são relativos a manutenção do dosador. Considera-se que nos casos em que é utilizado um dosador de precisão, é importante que a verificação periódica seja em relação a manutenções ou aferições. Durante a avaliação não foi detectado nenhum procedimento para determinar a periodicidade das manutenções e aferições do dosador peristáltico. Ainda assim, esse não é um fator determinante a ponto de atrapalhar o desempenho do processo de desinfecção, uma vez que o controle sobre a dosagem também é realizada através da análise de cloro residual da água tratada. Em relação aos métodos de análise não se observou problemas, sendo que todos os requisitos desta parte foram atendidos pela ETA. Os aparelhos envolvidos nas análises são periodicamente calibrados, os resultados são registrados, o desempenho da desinfecção apresenta desempenho satisfatório através das análises microbiológicas da água tratada, ocorre o monitoramento de trialometanos e a periodicidade trimestral de suas análises obedecem a Portaria no 518/MS de 2004. 294 N) Saída de Água Tratada (Nível de Atendimento=75%) Neste item foram avaliados o controle de qualidade da água tratada e os procedimentos de comunicação externa relativos às informações prestadas aos consumidores e planos de ação na correção de anomalias ocorridas no processo de tratamento da água. A grande maioria dos requisitos deste item foi baseada nas exigências da Portaria no 518/MS de 2004. O SAAE apresenta um sistema de controle considerado adequado às exigências do atual padrão de potabilidade. Todos os parâmetros exigidos pela legislação são monitorados nas freqüências estabelecidas pela mesma. São elaborados relatórios mensais com os resultados das análises e no caso de amostras cujos resultados estiveram em desacordo com a legislação, estas são informadas ao órgão de vigilância responsável. Em relação aos requisitos de comunicação externa, o SAAE cumpre as exigências relativas à informação de consumidores sobre dados da qualidade da água tratada, disponibilidade (Ex: conta d’água, internet e jornais informativos) e qualidade da água do manancial de captação, descrição dos parâmetros encontrados na água e a ocorrência de não conformidades detectadas nas análises da água, assim como as providências tomadas para corrigir o problema. O problema detectado neste item refere-se à não elaboração prévia do plano de ação para informação da população sobre anomalias no sistema de tratamento de água e de medida para corrigir essas não-conformidades. Ainda que a Portaria no 518/MS de 2004 não determine a obrigatoriedade sobre uma elaboração prévia, este trabalho considerou que esse tipo de ação é muito importante em situações de emergência onde a préexistência de um plano que defina as medidas a serem tomadas e as pessoas responsáveis por executá-las, é crucial na agilidade da resolução dos problemas o que consequentemente, minimiza possíveis danos causados a saúde da população. 295 O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento (Nível de Atendimento=50%) O nível de atendimento neste item foi considerado razoável pela avaliação feita através do checklist deste trabalho. Os requisitos avaliados foram os procedimentos para a aquisição e controle de qualidade dos produtos, armazenamento na ETA, segurança no preparo das dosagens e disposição das embalagens. A verificação dos editais de licitação revelou que não são especificadas exigências ambientais na compra dos produtos e que os principais critérios utilizados são as características químicas do produto e o menor preço. O presente trabalho considera que o estabelecimento de critérios ambientais (Ex: exigir comprovante de licenciamento ambiental do fornecedor) na aquisição de produtos é muito importante, no sentido de controlar os riscos envolvidos relativos ao transporte destes produtos uma vez que a maioria deles está presente na lista de produtos perigosos do Manual para Atendimento a Emergências da ABIQUIM. Teixeira (2004) afirma que nos casos de reparação de danos causados por acidentes com produtos perigosos, quando o responsável direto não puder assumir a responsabilidade integralmente, esta será dividida entre os outros envolvidos que são o fornecedor e o destinatário, neste caso a companhia de abastecimento. Outro detalhe observado é relativo ao controle de qualidade dos produtos químicos adquiridos. No SAAE, a cada entrega de uma carga de produtos químicos, o supervisor da ETA recebe um laudo sobre a qualidade do produto recebido. Os requisitos deste trabalho consideram que o controle de qualidade deva ser realizado por pessoal independente, evitando assim que fatores como interesses comerciais dos fornecedores ou eventuais falhas nos procedimentos de análise influenciem os resultados sobre a qualidade do produto que irá ser utilizado no tratamento da água. Em relação aos requisitos de armazenamento, dois problemas observados são causados pelo armazenamento de um arquivo “morto” junto a área destinada ao armazenamento de produtos químicos. O primeiro problema é referente ao consumo de espaço da área de armazenamento o que obrigou aos operadores realizar uma disposição inadequada para a movimentação 296 de cargas no local. Um exemplo claro disso, foi a disposição das sacas de sulfato de alumínio em local de difícil acesso atrás de uma pilha de sacas de cal hidratada (Figura 67). B A Figura 67– (A) Sacas de cal armazenadas sobre estrado de madeira ao lado de arquivo morto. (B) Sacas de alumínio dispostas atrás da cal hidratada. Data: 22/07/05. O segundo problema observado é a própria inadequação do armazenamento de arquivo “morto” nesta área próxima a sacas de fluorsilicato de sódio (Figura 68). Em consulta ao Manual para Atendimento a Emergências da ABIQUIM verificou-se dentre as recomendações referentes ao fluorsilicato de sódio uma advertência escrita do seguinte modo: “Material não combustível. O produto em si não queima, mas pode se decompor quando aquecido liberando gases corrosivos e/ou tóxicos.”. Portanto, dada a inflamabilidade do papel, considera-se que essa área impõe riscos a saúde dos operadores. 297 Figura 68– Sacas de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira localizadas ao lado de arquivo “morto”. Data: 22/07/05. Nos requisitos referentes a preparação de produtos e procedimentos de segurança, as observações a serem feitas referem-se ao preparo de produtos químicos sem a presença no local de instruções de trabalho, FISPQs e procedimentos para atendimento a emergências. Ainda que o procedimento de preparo esteja devidamente divulgado entre os operadores, a sua presença no local é importante na prevenção de desvios do procedimento estabelecido e também para sempre lembra-los sobre o risco da atividade. Além disso, a elaboração de procedimento para atendimento a acidentes com produtos químicos também é muito importante no sentido de garantir a agilidade na tomada de medidas para minimizar os danos a saúde das vítimas. P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas (Nível de Atendimento=75%) A avaliação feita no laboratório do SAAE apresentou um bom nível de atendimento aos requisitos deste checklist. No local são feitas as análises de parâmetros considerados rotineiros como o cloro residual, turbidez, cor, temperatura, alcalinidade, fluoreto, bactérias heterotróficas, termotolerantes, dentre outros. 298 A observação da rotina operacional revelou um bom controle feito nas análises, entretanto, em relação à questão de segurança laboratorial não foram observados procedimentos importantes como: identificação de riscos, normas de conduta, planos para atendimento a acidentes e EPCs. Ainda que as atuais análises não ofereçam grandes riscos à saúde dos operadores, foi considerado no checklist que deva existir um procedimento já formulado para situações em que sejam introduzidas novas análises com maiores potenciais de danos. Considerase que a implantação de normas de conduta e segurança é um fator muito importante para que se garanta a qualidade dos resultados das análises e a boa saúde dos operadores. Durante a verificação, por exemplo, um fator observado algumas vezes foi a circulação de funcionários que se alimentavam pela área de análises físico-químicas que fica ao lado da cozinha. Em relação aos resíduos laboratoriais não foi identificado nenhum tipo de estocagem uma vez que os atuais métodos de análises rotineiras no SAAE utilizam aparelho espectofotômetro sendo que a utilização de reagentes é mínima. Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos (Nível de Atendimento=50%) As perdas físicas operacionais foram observadas no descarte da água de lavagem de filtro e descarte do lodo químico de decantador. Já as perdas por vazamentos detectadas foram observadas através das galerias dos filtros. O atendimento a este item foi considerado razoável uma vez que durante as entrevistas houve a informação sobre o planejamento para ampliação da capacidade de tratamento da ETA onde seriam aumentados os números de floculadores e os decantadores seriam modificados para trabalhar com decantação de alta taxa, além disso eram previstas a reformas nas galerias e adaptações na área de estocagem e preparação de produtos químicos para dosagem. 299 O tratamento do lodo de decantador, segundo informações prestadas, é uma das diretrizes presentes no planejamento da atual gestão, entretanto, ainda eram aguardados os resultados de uma dissertação de mestrado do programa de pós-graduação em engenharia ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto, onde seria demonstrado um diagnóstico sobre a composição físico-química e quantidade gerada por ano, o que iria permitir a execução das medidas cabíveis para solucionar o problema. Em relação à recirculação da água de lavagem de filtro, não foi observado planejamento destinado para esta finalidade. Do ponto de vista econômico, pode se considerar que essa não seria uma medida urgente, uma vez que os filtros apresentam carreiras de filtração com boa duração e o consumo de água de lavagem na ETA pode ser considerado mínimo. Entretanto, segundo estudos de caracterização (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) os índices de alumínio deste efluente são acima do valor permitido para descarga em de águas de classe II segundo a resolução CONAMA no 357 de 17 de março de 2005. Assim, é importante que o tratamento ou recirculação desse efluente seja considerado no atual planejamento da administração. 300 5.3.3. Comparação dos resultados obtidos com a utilização do checklist no DMAES e no SAAE I- Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 Em relação à primeira parte do checklist que trata do nível de atendimento a NBR ISO 14001:2004, ambas as empresas apresentaram um fraco desempenho, o que é compreensível tendo em vista que as questões ambientais na grande maioria das empresas do setor de tratamento de água ainda são consideradas fatores secundários frente a outras prioridades. Numa consulta feita, sobre a lista de empresas de saneamento certificadas pela NBR ISO 14001:2004, ao sítio da internet (<http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/>) do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) no dia 08 de janeiro de 2007, foram encontradas apenas três empresas certificadas: Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR). Dados desse tipo refletem, à primeira vista, um grave problema no setor de saneamento do Brasil que é a falta de investimentos na melhoria da prestação de serviços. Diversas causas poderiam ser atribuídas a fim de se explicar isso, entretanto, considera-se que um fator é determinante nessa questão: os contratos de concessão firmados entre o poder público e as concessionárias de serviço público em saneamento. Segundo Marinho (2006), os contratos de concessão, na sua grande maioria, estão mais preocupados em garantir uma taxa mínima de retorno que assegure o equilíbrio econômico-financeiro do que em definir metas de expansão compatíveis com a universalização e melhoria dos serviços. Além disso, os regimes tarifários adotados não se preocupam com a criação de incentivos à eficiência produtiva e tecnológica e o repasse dos ganhos de produtividade para os usuários. Somando-se a isso, ainda existe a carência de investimentos por parte dos governos federal e estadual no setor de saneamento. Devido a anos de negligência em relação a esse setor, existe atualmente uma necessidade muito grande de se contratar um maior 301 número de profissionais especializados, prover treinamento adequado aos funcionários existentes para o exercer de sua funções, atualizar as tecnologias de tratamento de água e realizar ampliações nas ETAs e redes de distribuição. Entretanto, ainda que essas carências sejam graves e urgentes, elas não devem ser sempre utilizadas como justificativa para que as questões ambientais sejam resolvidas num outro momento. É necessário que haja um esforço conjunto de gestores e funcionários da empresa de tratamento de água, além da própria administração pública, para que problemas ambientais, como os que foram considerados significativos por este trabalho, sejam concomitantemente resolvidos com outros considerados de maior importância, evitando assim que o ônus da negligência ambiental não reste como mais uma dívida a ser paga pela sociedade civil. No que se refere aos resultados mais importantes observados nesta parte I do checklist, o primeiro a ser discutido é a ausência de uma política ambiental elaborada, documentada e divulgada não só aos funcionários da empresa como também a toda a comunidade atendida pelo serviço de tratamento de água. Já foi dito anteriormente e reforça-se, portanto, que a política ambiental possui um papel fundamental na estruturação de um SGA, pois ela traduz o compromisso da empresa com o meio ambiente e estabelece uma base para que sejam definidos objetivos e metas a serem cumpridas. Ambas, as empresas estudadas não apresentaram políticas ambientais (Item A) o que é um fator limitador em qualquer tipo de ação na área de meio ambiente, pois, como não há um comprometimento da empresa como um todo, a detecção e resolução de problemas de origem ambiental ficam apenas na dependência da percepção pessoal de algum funcionário ou dirigente e, mesmo que isso ocorra, a resolução do problema se torna de difícil execução uma vez que não existe uma sistemática assegurada para tal (Ex: recursos financeiros, infra-estrutura, pessoal qualificado e treinado.). Apesar disso, o DMAES de Ponte Nova já coloca como uma diretriz no seu plano plurianual de ações a implementação de um SGA, inclusive com uma reserva orçamentária para sua realização o que já é um importante passo na mudança da situação da empresa frente à questão ambiental. 302 Na figura 69, logo abaixo, é representada graficamente uma comparação entre os resultados do diagnóstico sobre o nível de atendimento a NBR ISO14001:2004 realizados no DMAES e SAAE. Nível de Atendimento (%) Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 DMAES SAAE A B C D E F G H I J K L M N O P Q Figura 69- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento a NBR ISO 14001:2004. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração. Um segundo item considerado essencial e que também não foi atendido por nenhuma das duas empresas foi a identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B) das atividades e serviços que ocorrem na ETA. Esta é uma das primeiras etapas realizadas para um efetivo planejamento para implantação de um SGA, pois é através deste procedimento que se detectam quais os aspectos ambientais significativos sobre os quais serão estabelecidos os objetivos e metas (Item D). Na avaliação feita pelo checklist se verificou que nenhuma das duas empresas possuía tal procedimento em seu sistema de gestão. Apesar de se observar a conscientização por parte dos funcionários sobre alguns problemas ambientais, isso não é o suficiente para que a questão seja tratada de uma forma sistemática e eficiente. 303 No item que trata dos requisitos relacionados a recursos, funções, responsabilidades e autoridades (Item E) o DMAES de Ponte Nova apresentou certa vantagem em relação ao SAAE de Itabirito, sendo o fator preponderante para isso a reserva de recursos do orçamento para implantação de SGA. Assim, o DMAES atende a um requisito daquele item em contraposição ao SAAE que, segundo informações fornecidas, não apresenta orçamento destinado a assuntos relacionados ao meio ambiente. O item F trata da competência, treinamento e conscientização na empresa, onde foram verificados requisitos basicamente ligados a programas de treinamento de funcionários e conscientização dos mesmos sobre a importância em se atingir a conformidade ambiental. No caso das duas empresas avaliadas, não foi evidenciado nenhum programa que identificasse as necessidades de treinamento dos funcionários e as suprisse. O controle de documentos (item I) também recebeu uma baixa avaliação em ambas as empresas devido a basicamente aos mesmos problemas que são a falta de padronização e de sistemáticas adequadas neste controle. O primeiro problema refere-se às diferenças observadas nos sistemas de controle dos documentos de cada setor, diferindo na questão de formatação e também da estrutura dos documentos (Ex: dados referentes ao setor de origem, numeração dos documentos, responsáveis pela elaboração e revisão...) o que apesar de não atrapalhar o andamento atual da companhia, não é adequado para o caso da implantação de um SGA onde a padronização é exigida de forma a facilitar o processo de comunicação interna da empresa e permitir a execução de auditorias de terceira parte. O segundo problema, referente a sistemáticas de controle dos documentos é devido ao fato de não ter se observado critérios estabelecidos, em forma de documentos, sobre quais informações deveriam ser registradas, por quem, como e onde deveriam ser armazenadas. No controle operacional (Item J) houve um destaque do SAAE em relação ao DMAES devido a verificação de que no primeiro, várias operações relacionadas a aspectos ambientais considerados significativos (Ex: lavagem de filtros, preparação de produtos químicos) pelo LAIA, possuíam procedimentos documentados com critérios especificados. Entretanto, não foi observada uma sistemática em relação a isso ou seja, não houve uma identificação prévia de aspectos e impactos ambientais para que 304 houvesse a elaboração dos procedimentos relacionados a eles. Assim, a avaliação do SAAE foi feita em 50%, enquanto o DMAES foi avaliado em 10%. Itens como o K, M, N, O e P acabaram tendo baixos níveis de atendimento principalmente devido ao também não atendimento de itens considerados como base num SGA e que já foram discutidos anteriormente como a política ambiental (Item A), identificação de aspectos e impactos ambientais (Item B),identificação de requisitos legais (C), estabelecimento de objetivos e metas (Item D) e recursos, funções, responsabilidades e autoridades definidas (Item E). Na verdade, todos os itens são importantes para a implantação e o funcionamento de um SGA, no entanto, os itens (A, B, C, D e E) citados acima são prioritários para que se possa atender efetivamente a todo o resto. A partir de uma visão geral dos resultados obtidos para o DMAES e SAAE na parte I deste checklist pode-se afirmar que em ambos os casos, a questão ambiental ainda não é vista como prioridade na gestão. Dentre os possíveis fatores que podem explicar essa situação estão a limitação da receita orçamentária combinadas com as necessidades de gastos na reforma e atualização dos sistemas de captação, tratamento de água e distribuição, além de investimentos no treinamento dos funcionários envolvidos no tratamento de água. Assim, acredita-se que um dos fatores preponderantes para a melhora na gestão ambiental das empresas de saneamento é o investimento na qualidade gerencial e operacional (parte II do checklist) cujos principais benefícios pode ser a otimização do sistema de tratamento da água o que resultaria numa sobra da receita financeira das empresas que por sua vez, poderia ser investida em um SGA. II- Qualidade Gerencial e Operacional Os resultados relativos ao atendimento da parte II do checklist deste trabalho, revelam uma nítida vantagem do SAAE de Itabirito em relação ao DMAES de Ponte Nova, principalmente nos requisitos relativos ao desempenho operacional. 305 Um dos principais fatores que influenciaram a melhor performance do SAAE nesta avaliação, foi a sistemática adotada no monitoramento das águas bruta (Item F) e tratada (Item N) onde se observou total adequação às exigências da Portaria no 518/MS de 2004 que estabelece o padrão de potabilidade da água para consumo humano. No caso do DMAES, durante o período de visita desta pesquisa, foram detectadas falhas graves no monitoramento da qualidade da água que determinaram o baixo desempenho da empresa na avaliação feita por este trabalho. A principal delas é o monitoramento incompleto de parâmetros exigidos pela Portaria no 518/MS de 2004 em que se observou a falta de controle sobre o teor de várias substâncias químicas que representam riscos a saúde humana (Ex: metais pesados, agrotóxicos, cianotoxinas e trialometanos). Ainda que não tenham ocorridos reclamações ou surtos de doenças, a avaliação feita por este trabalho considera que não é possível assegurar a qualidade da água fornecida, mesmo que parâmetros de rotina (Ex: turbidez, cloro residual, ausência ou presença de coliformes termotolerantes) estejam em conformidade com a legislação, sendo necessária a realização de todas as análises nas freqüências determinadas pela referida lei. Em pontos a montante da captação ocorrem o lançamento de esgotos de um bairro residencial, de efluentes de uma fábrica de gaiolas e a extração de areia no rio o que aumenta a probabilidade de contaminação da água bruta captada e reforça o argumento de que as análises rotineiras não são suficientes para garantir totalmente a segurança no consumo de água fornecida pelo DMAES. Nos itens K, L e M, que tratam respectivamente da correção de pH, fluoretação e desinfecção, também observou-se melhor desempenho do SAAE. As principais falhas que comprometeram a avaliação do DMAES em cada um desses itens foram: o a dosagem de alcalinizante (Item K) no mesmo ponto onde se realiza a desinfecção (entrada da câmara de contato) onde se considera que a elevação de pH pode influenciar na eficiência da inativação microbiológica do desinfectante na câmara de contato, o a análise do teor de fluoretos (Item L) na água tratada, executada pelos operadores, que não segue especificações normativas, em que se foi observado 306 que não é realizada a destilação prévia para eliminação de interferentes na água tratada e nem é aguardado o período de uma hora para leitura de cor após a adição de alizarina, o A falta de monitoramento de trialometanos na água tratada (Item M). Os efeitos destes produtos da desinfecção na água podem trazer diversos malefícios a saúde humana, incluindo cânceres. Na figura 70, é apresentada a comparação gráfica entre os resultados obtidos pelo DMAES e SAAE pela aplicação do item II, do checklist, sobre qualidade gerencial e operacional. Nível de Atendimento (%) Qualidade Gerencial e Operacional 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 DMAES SAAE A B C D E F G H I J K L M N O P Q Figura 70- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento aos requisitos da parte II do checklist. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de pH, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos. Um outro fator que, segundo este estudo, destaca o melhor desempenho do SAAE, em relação ao DMAES, é o item Q em que se observa que na primeira empresa existem medidas mais consistentes no combate a perdas físicas operacionais e por vazamentos, através de projetos de reforma na infra-estrutura e ampliação da capacidade de vazão da ETA. Há também nesta ETA a realização de estudo para caracterização físico-química 307 do lodo químico de decantador com vistas a implantação de um sistema de tratamento do resíduo. Considera-se que o DMAES apresenta sérios problemas neste item, principalmente pela observação de muitos vazamentos em vários tanques de tratamento, além de existir um canal por onde escoa constantemente água das galerias da ETA o que sugere a necessidade de medidas urgentes para reforma das estruturas. No item J, relativo à filtração, um problema comum avaliado diz respeito à disposição da água de lavagem de filtro em corpos d’água próximos a ETA. Em ambas as empresas não foi detectada nenhuma medida para caracterização deste efluente a fim de se avaliar a adequação deste procedimento em termos legais. Como já apresentado em discussões anteriores, diversos trabalhos científicos de caracterização físico-química (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000), apontam teores de alumínio acima do permitido pela resolução CONAMA 357/2005. A questão da saúde e segurança ocupacional (Item D) também é outro fator que deve ser objeto de preocupação em ambas as empresas já que neste trabalho, nenhuma delas apresentou programas para essa área. Várias foram as situações em que se observou a exposição de operadores ao risco de acidentes, a falta de procedimentos de segurança e normas de conduta, ausência de planos para atendimento a casos de emergências e a não identificação dos riscos que possam trazer danos a saúde dos operadores em cada atividade. O item B apresentou vantagem do DMAES em relação ao SAAE no que diz respeito ao programa de conservação de mananciais que inclusive está sendo implantado e são aguardados os resultados do diagnóstico da microbacia a fim de se ter uma base de dados visando a elaborar medidas de recuperação e conservação de nascentes. No caso do SAAE, a falta de investimento neste tipo de programa é, de certa forma, compreensível dada a boa qualidade da água captada durante o ano inteiro. Entretanto, o fato da captação da ETA se localizar em propriedade particular de terceiros pode vir a ser uma preocupação no futuro caso o proprietário da terra venha a implementar no local alguma atividade econômica com potencial poluidor (Ex: criação de bovinos, suinocultura, cultivo agrícolas...). 308 Por último, destaca-se o item O onde se observou algumas deficiências semelhantes nas duas empresas. A primeira delas é relativa a falta de instruções de trabalho no local de preparo de produtos químicos que além de descrever o modo de preparação, inclua também procedimentos de segurança como a lista de EPIs obrigatórios para a realização da tarefa e medidas preventivas e corretivas para situações de acidente. A partir dessa análise geral comparando os dados resultantes das avaliações feitas nas duas empresas, foi possível concluir que o desempenho gerencial e operacional pode ser influenciado, mas não totalmente determinado pela sobrecarga de vazão nas ETAs. Portanto, a justificativa de que o adiamento na resolução de problemas ambientais seria devido ao fato de existirem questões mais emergenciais como as sobrecargas de vazão pode não ser tão importante. Ainda que no SAAE, a qualidade de água bruta seja melhor que no DMAES, acredita-se que os fatores que realmente determinaram seu melhor desempenho neste item II do checklist, foram o seu monitoramento da qualidade da água (F e N) e o controle de vazamentos (Q). Por último, um fator que pode ser considerado determinante na diferença dos desempenhos, neste item II do checklist, são as captações de recursos financeiros de origem externa. Durante as conversas com os gerentes das duas ETAs, observou-se que no SAAE vários recursos de órgãos públicos federais estavam sendo obtidos como por exemplo, a verba da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para ampliação da ETA e também o financiamento do Ministérios das Cidades, através do Programa de Modernização para o Setor de Saneamento (PMSS) para investimento na modernização da tecnologia do sistema de tratamento da empresa, enquanto que no DMAES, não foi verificada nenhuma captação de verbas desse tipo. 309 5.4 . Análise Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA 5.4.1. Análise Geral O objetivo desta parte da discussão é fazer uma análise sobre a aplicabilidade do IAAOETA, ou seja, discutir as vantagens e as desvantagens percebidas durante a utilização deste instrumento e assim, apontar quais das suas características devem ser alteradas para permitir um melhor desempenho na análise ambiental e operacional de ETAs de ciclo completo. Em termos gerais, concluiu-se que o IAAOETA teve uma boa aplicabilidade e resultou na identificação de diversas oportunidades de melhorias e em falhas nos sistemas administrativo e produtivo das ETAs. O destaque positivo, do uso do IAAOETA, foi a identificação de problemas ambientais, tais como a geração de lodo de decantador, da água de lavagem de filtro e de riscos a saúde e segurança de operadores no manuseio de produtos químicos e na execução de atividades que até então não eram detectadas pelos funcionários como atividades de risco. Considera-se que a demonstração destes problemas por meio do IAAOETA, acabou sendo eficaz na sensibilização dos supervisores e operadores durante a avaliação. Tendo em vista que os mesmos demonstraram interesse em discutir os resultados do trabalho, buscando soluções para os problemas identificados. Como destaque negativo, cita-se a dificuldade de obtenção, e também ausência, de vários documentos e registros relacionados a procedimentos administrativos e operacionais da ETA. Com isso, algumas das verificações realizadas pelo checklist ficaram dependentes exclusivamente da prestação de informações por funcionários que as detinham. Apesar de muitas pessoas considerarem que a documentação e registro de atividades pode ser um elemento que favorece a burocracia, a criação de um sistema de documentação padronizado permite aos gerentes um maior controle sobre as atividades administrativas e operacionais desenvolvidas dentro das empresas e a realização de 310 auditorias de terceira parte, visando certificações ou comprovação de conformidade legal. Além disso, relacionando ao caso das autarquias municipais estudadas, considera-se que um sistema de documentação padronizado seria muito importante também como um histórico das ações desenvolvidas nestas empresas que, por sua vez, seria muito útil para manter uma linha de administração, mesmo apesar das constantes trocas de diretores que são indicados pelos prefeitos eleitos, e assim, aumentar o grau de profissionalização dentro destas instituições. 5.4.2. Análise do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs O Pré-Questionário foi uma das partes do IAAOETA que cumpriu a sua função de caracterizar o fluxo operacional do processo de tratamento de água. Por meio da sua utilização foi possível identificar a seqüência das etapas do tratamento, produtos químicos utilizados em cada uma delas, a descrição da infra-estrutura física da ETA e os procedimentos relacionados a cada uma das atividades desenvolvidas naquele local. Entretanto, três pontos relativos a esta parte do IAAOETA apresentaram dificuldades durante o processo de rastreamento de informações: a formação e o treinamento de funcionários, o monitoramento da qualidade da água bruta e as características da infraestrutura física da ETA. As informações sobre o grau de formação e qualificação dos funcionários envolvidos nas atividades da ETA, não estavam organizadas nos setores de recursos humanos das empresas tendo sido obtidas por meio de entrevistas com cada um dos funcionários das ETAs. Com relação às informações sobre a qualidade da água bruta (parâmetros da tabela 4 no Apêndice A), verificou-se que tais dados não estavam disponíveis na totalidade exigida pelo trabalho (ETA do DMAES). Nesta, apenas a vazão, pH e turbidez estavam sendo monitorados. Já na ETA do SAAE esses dados não foram disponibilizados o que impossibilitou a análise da qualidade da água bruta captada pelo SAAE. 311 Outro ponto que dificultou a aquisição das informações foi a falta de dados atualizados a respeito da infra-estrutura física das ETAs (Ex: tipos de floculadores, espessura das camadas de leitos filtrantes, dimensões de calha parshall...). No caso específico do DMAES, algumas informações contidas nas plantas eram obsoletas como, por exemplo, o tipo de floculador utilizado que, segundo o desenho das plantas era identificado como Alabama, mas que após conversas com os operadores e supervisores, detectou-se que o mesmo era do tipo Cox. Outro exemplo, observado no DMAES foi sobre as dimensões da calha parshall. Segundo a planta, esta era de 1,5’ com largura de garganta (W) igual a 45,7 cm, entretanto, após medição no local detectou-se que a medida W era de 23 cm indicando que a calha parshal era de 9’’. Na ETA do SAAE, em virtude de um projeto de ampliação da capacidade nominal de tratamento da água, as informações sobre as dimensões das diversas etapas (Ex: mistura rápida, floculação, decantação, filtração...) estavam atualizadas. 5.4.3. Análise do LAIA O LAIA utilizado neste estudo (Apêndice D) foi adaptado para utilização em ETAs, a partir de bibliografia pré-existente (HENKELS, 2002; LUZ, 2006; MOREIRA, 2001; SANTOS & BONONI, 2003) e de recomendações das NBR ISO14001:2004 e NBR ISO14004:2005. A utilização de uma metodologia como a do LAIA apresenta grandes vantagens, uma vez que desde o lançamento da NBR ISO14001:1996, ela tem sido aperfeiçoada e testada, seja através de pesquisas acadêmicas ou do seu uso em empresas certificadas pela NBR ISO14001:2004. Ainda assim, considera-se que o LAIA utilizado neste trabalho apresentou limitação também comum a outros métodos de avaliação de impacto ambiental, que é a subjetividade intrínseca nos métodos de determinação da significância ou relevância ambiental. 312 No caso específico deste estudo, um impacto ambiental foi considerado significante quando a sua importância possuía valor igual a 5 ou 6. Por sua vez, o valor da importância era obtido através da soma de outros dois critérios: a severidade (valor igual a 1, 2 ou 3) e a freqüência/probabilidade (valor igual a 1, 2 ou 3). Nestes, o valor 1, 2 ou 3 é baseado em descrições elaboradas por Henkels (2002) e Luz (2006) que ainda que determinem alguns critérios, não conseguem eliminar toda a parcela de subjetividade deste método de pontuação. Como exemplo do que foi dito no parágrafo anterior, à seguir listam-se as três alternativas para pontuação da severidade, segundo Luz (2006): • Baixa (b)- impacto de magnitude desprezível/restrito ao local de ocorrência. Pontuação: 1. • Média (m)- impacto de magnitude considerável. Pontuação: 2. • Alta (a)- impacto de grande magnitude e de grande extensão que vai além dos limites da empresa. Pontuação: 3. Observando principalmente a descrição das alternativas para severidade, média e alta, pode-se dizer que a fronteira que separa as duas categorias é muito pequena ou indetectável, ficando a cargo do profissional que aplica o LAIA a definição destes limites. Assim o método de significância é sujeito a subjetividade baseada na avaliação pessoal de cada pesquisador, onde um determinado impacto pode ter duas avaliações diferentes dependendo do perfil e experiência profissional de quem executa o LAIA. Outro fator, além da determinação de significância, que pode estar sujeito a subjetividade é a identificação dos aspectos ambientais que está intimamente ligada a percepção pessoal do pesquisador que executa o LAIA. No caso específico desta pesquisa, os critérios adotados para essa identificação foram: as referências bibliográficas sobre o tratamento de água que indicaram como principais aspectos deste processo a geração do lodo de decantador e da água de lavagem de filtro, riscos ocupacionais (Ex: manuseio de produtos químicos, riscos de queda, riscos de infecção 313 por microorganismos patogênicos, utilização de EPIs, etc.) e aspectos ligados ao consumo de recursos naturais. Uma alternativa para minimizar a subjetividade da avaliação seria a utilização de um processo conhecido na avaliação de impactos ambientais como Brainstorming, no qual profissionais de diferentes áreas (Biológicas, Exatas e Humanas) utilizam o mesmo método e posteriormente, discutem os resultados obtidos por cada uma das pessoas envolvidas na avaliação e compilam esses dados num único relatório. Por fim, denota-se que, apesar de apresentar algumas deficiências, a aplicabilidade do LAIA foi considerada boa, principalmente pela praticidade de uso e auxílio do sistema de pontuação na determinação da significância dos aspectos ambientais. 5.4.4. Análise da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs O checklist ambiental desta pesquisa foi elaborado com base em diversas referências bibliográficas sobre tratamento de água e sobre sistemas de gestão ambientais como já citado na parte de metodologia deste trabalho. Essa variedade de literaturas permitiu que esta última parte do IAAOETA, avaliasse tanto o gerenciamento ambiental, quanto o operacional. Com isso, foi possível identificar diversas características do SG da ETA que são passíveis de melhorias, além de alguns pontos considerados falhos na operação do tratamento de água. De um modo geral, chegou-se à conclusão de que o checklist apresentou uma boa aplicabilidade, principalmente pela detecção de algumas falhas operacionais consideradas importantes como o monitoramento incompleto da água tratada no DMAES e questões de ordem ambiental como o despejo do lodo de decantador sem tratamento prévio em rios e os riscos ocupacionais envolvendo, principalmente, o manuseio de produtos químicos pelos operadores. Um outro fator que se considera como uma vantagem da utilização deste checklist é relativo ao formato das suas questões que permitiram somente respostas fechadas (“sim, não ou não se aplica”), o que gerou uma boa dinâmica nas entrevistas. A característica 314 pouco flexível das questões objetivas que permitiam respostas de apenas um tipo, foi complementada pelo espaço de “observações”, ao lado de cada resposta, sendo importante para anotação de informações complementares ao conteúdo das perguntas do checklist (Apêndice C). Ainda em relação ao formato do checklist, outro ponto favorável diz respeito à escala adotada (“nível de atendimento”). Através de um método simples, ainda que sujeito a uma parcela de subjetividade da percepção pessoal do pesquisador, permitiu-se uma rápida avaliação de cada item (Ex: Política Ambiental, Mistura Lenta, Monitoramento e Medição...) e a comparação entre os resultados dos dois estudos de caso desta pesquisa. A partir desse enfoque, considera-se que a parte de “diagnóstico do nível de atendimento à NBR ISO14001:2004” deste checklist, apresentou duas grandes funções. A primeira é relativa à conscientização dos gestores das empresas de saneamento estudadas sobre o baixo desempenho ambiental dos atuais SG adotados e da necessidade de alterá-los. A segunda, e não menos importante, é a de servir como um guia de diretrizes para implantação de práticas de um sistema de gestão ambiental dentro das ETAs. 5.4.5. Conclusão Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA Considera-se que a grande vantagem da utilização deste instrumento é a demonstração de falhas nas diversas atividades rotineiras realizadas na ETA através do uso de critérios de metodologia o que gera a sensibilização não somente dos gestores como também do corpo de funcionários que operam as ETAs. Observadas as características específicas de cada ETA e realizando-se as adaptações necessárias para o uso do IAAOETA, acredita-se que este pode contribuir em muito para a análise do atual SG e facilitar o planejamento de um programa de medidas voltadas para o atendimento de demandas ambientais relacionadas às características do processo de tratamento de água de ciclo completo. 315 6. CONCLUSÃO De um modo geral, os resultados deste trabalho indicaram que ambas as ETAs avaliadas pelo instrumento elaborado, não apresentam sistemas de gerenciamento suficientemente adequados para controlar as características ambientalmente negativas dos processos de tratamento da água. Considera-se que seja necessária a implantação de práticas de gestão ambiental nas duas empresas, não necessariamente nos moldes preconizados pela NBR ISO 14001:2004, mas com uma organização mínima capaz de atender as demandas ambientais relacionadas às suas atividades. Dentre as possíveis medidas a serem tomadas nesse sentido, citam-se: formulação de uma política ambiental devidamente documentada e aprovada pela diretoria das empresas, utilização dos resultados do LAIA para a formulação de objetivos e metas ambientais, destinação de recursos financeiros para implementação das providências para atingir os objetivos e metas, criação de estrutura de responsabilidades dentro da empresa voltada para o atendimento dos objetivos e metas, treinamento e conscientização de funcionários, documentação de procedimentos e geração de registros associados aos aspectos ambientais significativos identificados no LAIA. A metodologia desenvolvida para o trabalho é considerada adequada para atender aos objetivos estabelecidos, pois facilita o processo de coleta de informações nas ETAs. No entanto, é um modelo que se limita ao tratamento de água em estações de pequeno e médio portes. Assim, torna-se importante um diagnóstico prévio com o uso do préquestionário para caracterização de ETAs para que se façam as adaptações necessárias no LAIA e checklist afim de se aplicar este instrumento em ETAs que, por exemplo, utilizem etapas de tratamento mecanizadas (Ex: mistura rápida com agitador mecânico, floculação mecanizada). No que se refere ao pré-questionário, este se mostrou eficiente na determinação do fluxo operacional das ETAs e direcionou o processo de coleta de informações sobre a rotina operacional e administrativa das estações. 316 Em relação ao LAIA, também foram verificadas diversas vantagens na sua utilização, entretanto, o mesmo possui uma limitação no que diz respeito à pessoa que vai aplicá-lo na ETA, uma vez que se considera que é importante um conhecimento ad hoc do entrevistador para a determinação dos aspectos e impactos ambientais do processo de tratamento da água. Portanto, o responsável pela aplicação do LAIA na empresa deverá possuir formação específica na área de meio ambiente e tratamento de água ou ser qualificado através de cursos para realizar tal levantamento. Um dos critérios adotados para esta avaliação e que demonstrou ser adequado, foi relativo a inclusão dos riscos e problemas ligados a saúde e segurança ocupacional, apesar da NBR ISO14001:2004 não explicitá-los. Tais aspectos, foram identificados em várias situações durante o acompanhamento da rotina operacional e administrativa de ambas as ETAs. Os resultados nesse campo demonstraram a necessidade da implantação de programas de saúde e segurança em ambas as empresas, a fim de se garantir a integridade física dos funcionários envolvidos em atividades de risco. O uso do checklist construído demonstrou ser de bastante utilidade na obtenção dos dados, pois o formato de perguntas com opções fechadas (sim, não ou não se aplica), garantiu o dinamismo da entrevista e evitou que o entrevistado desviasse suas respostas às questões. Por outro lado, o checklist elaborado possui um conteúdo pouco flexível, exigindo alterações caso alguma etapa do tratamento de água seja diferente (Ex: Floculação mecanizada, decantação de alta taxa, filtro lento...). Nessas situações, tornam-se necessárias modificações do conteúdo das perguntas para que se proceda a avaliação. Um fator que dificultou a avaliação pelo checklist foi a escassez de documentos sobre os procedimentos operacionais das ETAs. Durante várias vezes, para se verificar um determinado requisito da lista elaborada, a única base de informação disponível era a resposta dos próprios funcionários, uma vez que não havia procedimentos, instruções de trabalho e registros associados. Esse foi um dos fatores considerados mais problemáticos relacionados ao desempenho das ETAs, pois, muitas das informações referentes aos procedimentos operacionais e administrativos estão intimamente ligadas a 317 funcionários e não a documentos. Isso, na prática, significa que para se ter acesso a muitas das informações, era necessário obtê-las diretamente do funcionário que as detinha. Nas situações em que não se encontrava o responsável presente no local, não era possível obter a informação desejada. Por isso, acredita-se que uma medida importante a ser adotada em todas as áreas das empresas de abastecimento de água avaliadas seria a criação de um sistema padronizado para documentos e registros. A execução dessa tarefa depende da identificação do fluxo operacional e administrativo de todas as ações realizadas na ETA. A grande vantagem advinda disso é a possibilidade de se realizar auditorias na empresa que são processos cuja eficiência depende intimamente do grau de documentação do sistema de gerenciamento, já que é através dos registros que se pode evidenciar não-conformidades em relação ao que foi planejado e estabelecido pela administração. A partir dos resultados obtidos e das conclusões acima, observa-se que a metodologia para diagnóstico ambiental de ETAs de médio porte, pode ser uma ferramenta útil para sistemas administrativos que não possuem nenhuma prática ambiental, permitindo que seus gestores possam realizar a identificação dos problemas ambientais relacionados e a partir disto, elaborar de um conjunto de medidas para controlá-los ou corrigí-los. 318 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Laerte Pereira de; MARTINS, Luís Fernando da Silva; BROD, Claudiomar Soares; GERMANO, Pedro Manuel Leal. 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Caso positivo, anexar cópia. b) Quais os níveis de documentação (manual do sistema, procedimentos, instruções de trabalho e registros)? c) Os procedimentos operacionais são documentados? d) Instruções de trabalho são documentadas? e) Existem documentos relativos à exigências de órgãos ambientais? Quais? f) Quais os tipos de registro existentes? g) Caso não exista um sistema de documentos, levantar o que estiver disponível e listar a seguir. 1.4. Contratação de Prestadores de Serviços a) A ETA realiza a contratação de prestadores de serviço? b) Para quais atividades? c) Existe uma política definida com critérios para a contratação de serviços? Caso positivo, listar os requisitos. d) Existe algum tipo de exigência para a atuação dos prestadores de serviço na área da ETA (regulamentos internos de conduta, procedimentos de segurança...)? Caso positivo, listar as exigências. e) É realizada a inspeção do serviço executado pelos prestadores de serviço? Quem é o responsável por este trabalho? f) Preencher a tabela 2 sobre prestadores de serviço. 334 1.5. Contratação de Fornecedores a) Existe uma política de compras na ETA? b) Quais os critérios utilizados na compra dos produtos? c) Preencher tabela 3 sobre fornecedores. d) É feito algum tipo de exigência em relação aos fornecedores (licenciamento, selo ambiental, localização...)? f) Existe algum controle ou exigência sobre o transporte dos produtos do fornecedor até a ETA? Caso positivo, descrever. g) Qual o controle feito no recebimento de produtos? Descrever. h) Na compra de produtos químicos é feita alguma exigência especial (plano de atendimento à emergências, normas de segurança para transporte...)? Caso positivo, listar. 335 2. OPERACIONAL 2.1. Dados Prévios 2.1.1. Manancial a) Qual o tipo de manancial (rio, lago, represa, subterrâneo)? b) Qual o nome do manancial? c) Qual a classe do manancial (segundo resolução CONAMA no 357/2005)? d) Em qual bacia se localiza a captação? e) Qual a área da bacia? f) Existem dados históricos das características hidrológicas da área (precipitação, vazão)? Caso exista, anexar cópia. g) Como estes dados são utilizados? 2.1.2. Captação a) Qual o tipo de captação realizada (subterrâneo, superficial ou artificial)? Listar número de captações. b) Qual a localização dos pontos de captação (coordenadas geográficas)? c) A área de captação é cercada ou possui algum tipo de proteção? d) A área de captação é de fácil acesso para animais ou pessoas? e) Existe lançamento de esgoto antes da captação? f) A ETA possui outorga de água para a captação? g) Qual a vazão outorgada (l/s)? 336 2.1.3. Características da Água Bruta a) Listar dados sobre qualidade da água bruta captada na tabela 4. b) Qual o período de caracterização completa da água bruta? c) Quais os parâmetros analisados rotineiramente sobre a qualidade da água bruta (cor, turbidez, pH e etc.)? d) Qual o período das análises de rotina? 2.2. Dados Gerais a) Qual o tipo de tratamento da ETA? b) Quais as unidades de tratamento que compõem a ETA (listar): c) Qual a vazão nominal de água tratada referenciada pelo projeto (m3/dia)? • Vazão inicial: • Vazão final: d) Qual a vazão de água tratada diariamente (média de m3/dia)? e) Existe plano de expansão do sistema de abastecimento? Caso positivo, ocorrerá ampliação ou descentralização? f) Vazão mínima (m3/dia): g) Vazão máxima (m3/dia): h) Vazão média diária (m3/dia): i) População urbana atual (no hab.): j) Número de habitantes servidos pelo sistema de abastecimento: 337 k) Volume de água tratada / mês (m3): l) Estimativa de perda (m3) na ETA: m) A ETA opera em quantos turnos? De quantas horas cada? n) A ETA opera nos fins-de-semana? Quais os responsáveis que trabalham nestes períodos? o) Como é feito o acompanhamento da qualidade da água ao longo do processo de tratamento? Quais os pontos de coleta? 2.3. Unidades de Tratamento da ETA 2.3.1. Unidade de Mistura Rápida a) Qual o tipo da unidade de mistura rápida (mecânica ou hidráulica)? b) Quais as sua dimensões? c) Gradiente de velocidade (s-1): d) Tempo de mistura (s): e) Produtos químicos aplicados e respectivas dosagens (mg/l): 2.3.2. Floculador a) A floculação é mecânica ou hidráulica? b) Qual o tipo de floculador? c) Número de câmaras: d) Dimensões (comprimento x largura.x altura): 338 e) Área: f) Volume: g) Gradiente de velocidade (s-1): h) Tempo de detenção (min.): 2.3.3. Canal de água floculada a) Dimensões (comprimento x largura.x altura): b) Número de comportas e suas dimensões: c) Velocidade de escoamento no canal (m/s): 2.3.4. Decantador a) Qual o tipo de decantador? b) Tipo de escoamento: c) Número de decantadores: d) Forma geométrica: e) Dimensões (comprimento x largura.x altura): f) Área (m2): g) Volume (m3): h) Tempo de detenção (min.): 339 i) Taxa de escoamento superficial (m3/m2.dia) j) Possui dispositivos para entrada de água floculada (cortinas distribuidoras)? k) Sistema de coleta de água decantada (dimensões e vazão em l/s/m): l) Estimativa da quantidade de lodo gerado (kg): m) Freqüência de limpeza do decantador: n) Como é feita a limpeza (manual ou mecanizada)? 2.3.5. Filtro a) Tipo de filtro: b) Direção do fluxo: c) Os filtros são simples ou duplos? d) Número de filtros: e) Dimensões (comprimento x largura x altura): f) Área: g) Altura do leito filtrante: h) Altura da camada suporte: i) Altura do fundo falso: j) Taxa de filtração (m3/m2.dia): k) Composição do meio filtrante: l) Composição da camada suporte 340 m) Tipo do fundo de filtro (fundo falso com bocais, canalizações perfuradas ou blocos leopold): n) Tempo de carreira (horas): o) Como é feito o controle do filtro (controle de nível e vazão)? p) Freqüência de lavagem do filtro (horas): q) Quantidade de água utilizada na lavagem (m3): r) Tempo de lavagem (min.): s) Como é feita a lavagem do filtro? t) Velocidade ascensional (m/min.): v) Vazão da água de lavagem (l/s): x) Como é feita a lavagem superficial? 2.3.6. Desinfecção a) Qual o produto utilizado na desinfecção? b) Dosagem utilizada (mg/l): c) Tipo de dosador: d) Como é feita a mistura do desinfectante na água filtrada (difusor)? e) Existe câmara de contato para desinfecção? f) Quais suas dimensões? g) Qual o tempo de contato? 341 2.3.7. Fluoretação a) Qual o produto utilizado na fluoretação? b) Dosagem utilizada (mg/l): c) Tipo de dosador: 2.3.8. Correção de pH a) Qual produto utilizado? b) Dosagem utilizada (mg/l): c) Tipo de dosador: 2.4. Unidades Auxiliares da ETA 2.4.1. Casa de Química (Área de armazenamento, preparo de produtos químicos e laboratório de análise de qualidade da água) • Insumos a) Inventário de insumos utilizados no tratamento de água (tabela 5). b) É realizado controle de qualidade dos produtos químicos comprados? Como? • Armazenamento a) Onde é feita o armazenamento dos produtos químicos? b) Descrever a distribuição dos produtos na área de estoque: c) É realizado o controle de estoque? Como? 342 d) As datas de entrega de produtos químicos são fixadas mediante previsões baseadas no controle de estoque? • Preparação das dosagens de produtos químicos _Coagulante a) Tipo de coagulante (produto): b) Dosagens utilizadas (mg/l): c) Como é realizada o preparo da dosagem para coagulação? d) A dosagem é feita via úmida ou seca? e) Descrever o sistema de dosagem utilizado. _Auxiliar de Coagulação a) Utiliza-se auxiliar de coagulação? b) Qual produto utilizado? c) Dosagens utilizadas (mg/l): d) Como é realizada o preparo da dosagem? e) Descrever o sistema de dosagem utilizado. _Alcalinizante a) Tipo de alcalinizante (produto utilizado): b) Dosagens utilizadas (mg/l): c) Como é feito o preparo da dosagem para correção de pH? d) A dosagem é feita via úmida ou seca? e) Descrever o sistema de dosagem utilizado. 343 _Desinfectante a) Tipo de desinfectante (produto utilizado): b) Dosagens utilizadas (mg/l): c) Como é feito o preparo da dosagem para desinfecção? d) A dosagem é feita via úmida ou seca? a) Descrever o sistema de dosagem utilizado. _Flúor a) Produto utilizado: b) Dosagens utilizadas (mg/l): c) Como é feito o preparo da dosagem para fluoretação? d) A dosagem é feita via úmida ou seca? e) Descrever o sistema de dosagem utilizado. • Laboratório Físico-Químico a) Quem é o responsável pelo laboratório? Qual a sua qualificação? b) Inventário do material utilizado no laboratório físico-químico (tabela 6) c) Listar as análises feitas rotineiramente e a sua freqüência: d) Parâmetros avaliados (listar): • Laboratório Microbiológico a) Quem é o responsável pelo laboratório? Qual a sua qualificação? b) Inventário do material utilizado no laboratório microbiológico (tabela 6) 344 c) Listar as análises feitas rotineiramente e a sua freqüência: d) Parâmetros avaliados (listar): • Plano de Amostragem a) A ETA possui elaborado o plano para amostragem da água? Caso positivo, anexar cópia. b) A amostragem (parâmetros, número de amostras e freqüência) definida está de acordo com os requisitos da Portaria no 518/2004? 2.4.2. Reservatório de água para lavagem de filtros a) Forma Geométrica: b) Dimensões: c) Volume (m3): d) Altura (m): 345 Função N o Func./Função 346 Escolaridade/Qualificação Tabela 1 – Listagem de funções e graus de escolaridade dos funcionários da ETA qualificação/atualização Data da última Empresa execução do serviço No de funcionários para Tabela 2 – Contratação de Prestadores de Serviço 347 Atividade executada Período de execução Empresa Local de Origem Tabela 3- Relação de empresas fornecedoras. 348 Produto Exigências sobre Fornecedores * * Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. 349 * Espaços em branco para inserção de parâmetros adicionais. Adaptada de Parsekian (1998). Condutividade (Ohm/cm) Temperatura (oC) No Coliformes Fecais (No/100ml) Algas (UPA/ml) Manganês (mg/l Mn) Ferro Total (mg/l Fe) Alcalinidade Total (mg/l CaCO3) pH Oxigênio Consumido (mg/l) Cor Aparente (uC) Turbidez (uT) Vazão (l/s) Ano: Tabela 4 – Dados sobre qualidade da água bruta captada. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Produto Pureza (%) Fórmula Química 350 (mg/l) Dosagem média Tabela 5 – Inventário de insumos utilizados no tratamento da água Aplicação Ponto de Diário (kg) Consumo Médio Mensal (kg) Consumo Médio Reagente análise (nº frascos/volume) 351 Equipamento p/ Quantidade (unidades) Quantidade Vidraria Tabela 6- Inventário de material de laboratório de análises físico-químicas e microbiológicas. (unidades) Quantidade Tabela 7- Levantamento de Procedimentos Setor / Etapa Procedimento 352 Descrição ASPECTO ITEM SUB IMPACTO SIT. INC. CL. TMP ANÁLISE A SEV B F/P I A+B Área e Setor: DATA: LEI P.I I≥5 SIGNIFIC. COMENTÁRIOS 353 Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas. Adaptada de LUZ (2006). SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- ITEM IDENTIFICAÇÃO Processo ou Atividade: Unidade: LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS APÊNDICE B – PLANILHA PARA LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ambientais das atividades, produtos e ou serviços da ETA? 354 10- Existe procedimento estabelecido e implementado para a identificação de aspectos e impactos B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais NÍVEL DE ATENDIMENTO: 9- Ela foi divulgada e se encontra disponível ao público (Ex: jornais, internet, contas d’água...)? 8- Ela foi comunicada a todos os funcionários (Ex: circulares internas, entrevistas com empregados...)? 7- A política é documentada? periódica (Ex: reuniões de análise crítica...)? 6- Existe uma estrutura para estabelecimento de novos objetivos e metas, assim como sua revisão 5- Os objetivos e metas ambientais foram estabelecidos na redação da política? 4- A política orienta para a total conformidade legal? 3- Existe um comprometimento interno com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição? serviços? (tratamento de água) e os principais impactos ambientais provenientes das atividades, produtos e/ou 2- Através da leitura da política ambiental é possível identificar o tipo de atividade da empresa administrativo, receita das despesas anuais, programas de cunho ambiental...)? prioridades na gestão da ETA (Ex: entrevistas com gerentes, registros de reuniões, organograma 1- A ETA possui uma política ambiental ou se verifica que a questão ambiental é colocada como uma das A) Política Ambiental I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA APÊNDICE C – LISTA PARA VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) AMBIENTAL DE ETAS OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: m3/s)? 355 superficiais só é permitido quando a vazão média do determinado curso d’água estiver acima de valor YZ no XXX no seu parágrafo W inciso K determina que o lançamento de lodo de decantador em águas 17- É feita a determinação de como os requisitos legais se aplicam aos seus aspectos ambientais (Ex: Lei internet...)? processo de tratamento de água (Ex: contratação de consultoria jurídica, consulta à banco de dados de 16- Existe procedimento para a identificação de requisitos legais aplicáveis aos aspectos ambientais do C) Identificação de requisitos legais de água (Verificação através de entrevistas)? 15- Os funcionários têm discernimento sobre os principais aspectos e impactos ambientais do tratamento crítica, objetivos e metas estabelecidos...)? medidas aplicadas na correção ou mitigação dos impactos ambientais. Ex: registros de reuniões de análise identificação de aspectos e impactos ambientais, são considerados no seu sistema de gestão (Verifique as 14- Os aspectos ambientais considerados significativos pela empresa, através da metodologia de troca da floculação hidráulica pela mecanizada ou do decantador clássico pelo de alta taxa...)? mudanças nos produtos químicos utilizados no tratamento) ou implantação de novas tecnologias (Ex: 13- Este procedimento é executado novamente nos casos em que ocorra modificações do processo (Ex: 12- Os resultados destes levantamentos de aspectos e impactos ambientais estão documentados? aspecto/impacto ambiental (Ex: filtros de significância, legislação aplicável, normas internas...)? 11- É aplicado algum método para determinar a significância ou relevância de determinado I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 356 treinamento...) para estabelecimento e manutenção de uma gestão ambiental eficaz dentro da ETA? 26- São assegurados recursos (Ex: recursos humanos, infra-estrutura adequada, recursos financeiros, E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades prazo no qual os objetivos e metas serão atingidos? 25- Também inclui os meios (Ex: recursos financeiros disponibilizados, aquisição de tecnologias...) e o objetivos e metas estabelecidos? 24- Este programa inclui a atribuição de responsabilidades em cada função e nível pertinentes aos 23- Existe um programa na ETA para atingir estes objetivos e metas? interessadas (Avaliar a viabilidade daquela meta estabelecida)? tecnológicas, requisitos financeiros (investimento), operacionais, comerciais e visões das partes 22- Os objetivos e metas estabelecidos são possíveis de serem alcançados tendo em vista suas opções melhoria contínua? 21- Os objetivos e metas são voltados para a prevenção a poluição, atendimento a requisitos legais e a quantidade de kg de lodo de decantador, turbidez de água de lavagem de filtro)? 20- Eles são mensuráveis? Ou seja, é possível relacionar indicadores para sua quantificação (Ex: 19- Os objetivos e metas ambientais foram estabelecidos e documentados? D) Objetivos, metas e programa(s) NÍVEL DE ATENDIMENTO: turbidez de água filtrada na ETA é o mesmo indicado na portaria no 518/MS de padrão de potabilidade)? 18- Estes requisitos legais determinam condutas e procedimentos relacionados (Ex: valor máximo de I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: ETA (Verificar registros de treinamento, palestras...)? 357 da política ambiental e do atendimento dos requisitos ambientais estabelecidos pela administração da 37- Existe procedimento para conscientizar os funcionários e prestadores de serviço quanto à importância 36- Os registros desses treinamentos são retidos na ETA? 35- Identificadas as necessidades de treinamento, estas são providas? de currículos...)? 34- As necessidades de treinamento são identificadas sistematicamente (Ex: procedimentos de avaliação administração e operação da ETA estão retidos? 33- Os registros que comprovam a formação, treinamento ou experiência das pessoas envolvidas na formação apropriada, treinamento ou experiência para a realização de suas tarefas? 32- As pessoas envolvidas em atividades relacionadas à administração e operação da ETA possuem F) Competência, treinamento e conscientização melhoria? 31- Este faz relato à administração sobre o desempenho ambiental (Ex: relatórios) e sugestões de ETA? 30- Existe um representante específico da administração acompanhando o desempenho ambiental na 29- Está disponibilizada e divulgada aos funcionários da ETA (ex: circulares, murais de recado...)? 28- Ela foi documentada? organograma listando funções e responsabilidades em relação à assuntos ambientais)? 27- Foram definidas as funções e responsabilidades relativas à questão ambiental na ETA (Ex: I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 358 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 47- O escopo (limites) do sistema de gestão ambiental está documentado? 46- Política, objetivos e metas ambientais estão documentados? H) Documentação comunicação externa (Ex: procedimento padrão)? 45- No caso da ETA divulgar seus aspectos ambientais, existe(m) método(s) formalizado(s) para a 44- Esta sua decisão de divulgar ou não seus aspectos ambientais, é documentada? d’água...)? 43- A ETA faz divulgação ao público sobre seus aspectos ambientais (ex: internet, jornais, contas externas (Ex: clientes, comunidades vizinhas, Organizações Não-Governamentais)? telefone específico), documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas de partes interessadas 42- Existem procedimentos para recebimento (Ex: setor de recebimento de reclamações, e-mail ou 41- Existem procedimentos formalizados para comunicação interna sobre assuntos de cunho ambiental? G) Comunicação especificados (Realizar entrevistas)? 40- Os funcionários estão conscientes das conseqüências decorrentes da inobservância dos procedimentos conformidade com os requisitos ambientais estabelecidos (Realizar entrevistas)? 39- Os funcionários estão conscientes de suas funções e responsabilidades a fim de se atingir a entrevistas)? trabalho e dos benefícios ambientais provenientes da melhoria do seu desempenho pessoal (Realizar 38- Os funcionários estão conscientizados quanto aos aspectos/impactos ambientais associados com seu I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 359 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 58- Documentos obsoletos estão identificados evitando uso não intencional? identificados e controlados? 57- Documentos de origem externa (Ex: exigências de órgãos ambientais, reclamações de terceiros...) são 56- Os documentos encontram-se legíveis e prontamente identificáveis? trabalho para preparação de produtos químicos, controle de dosagem...)? 55- As versões relevantes de documentos aplicáveis estão disponíveis no ponto de uso (Ex: Instruções de 54- As alterações e número da revisão atual estão identificados nos documentos? 53- Existe procedimento para revisão periódica, atualização e reaprovação de documentos? 52- É feita a aprovação de documentos quanto à sua adequação antes do seu uso? descarte (Ex: cópias controladas, identificação de documentos obsoletos...). (O documento está disponível e é de fácil acesso? É arquivado de maneira organizada?), retenção e distribuição); armazenamento e proteção (Ex: conservação do documento, legibilidade, data); recuperação numeração; páginas numeradas; número da revisão; assinatura dos responsáveis pela elaboração; análise e 51- Os documentos são corretamente controlados? Verificar a identificação (Ex: setor de origem; I) Controle de documentos estão documentados? 50- Registros associados à processos cujos aspectos ambientais tenham sido considerados significativos, 49- É feita uma determinação sistemática sobre quais informações devem ser registradas e documentadas? 48- Existe um manual do sistema descrevendo todos seus elementos e documentos associados? I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS registros de treinamento)? 360 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 67- São feitas simulações para testar os procedimentos de resposta à acidentes e emergências(Verificar revisão dos procedimentos de preparação e resposta à emergências? 66- É feita uma análise periódica e, quando necessário (Ex: após a ocorrência de acidentes reais), a para atendimento a emergências...)? 65- Este procedimento prevê as ações a serem tomadas como resposta a estas emergências (ex: programa acidentes que possam ter impacto sobre o meio ambiente (Ex: avaliações de risco...)? 64- A ETA possui procedimento para a identificação de potenciais situações de emergência e potenciais K) Preparação e resposta à emergências NÍVEL DE ATENDIMENTO: 63- É feita a comunicação destes procedimentos e requisitos aos fornecedores e prestadores de serviço? associados com aspectos ambientais significativos? 62- Existem procedimentos elaborados para produtos e serviços utilizados pela ETA que estejam quantidade de produtos químicos utilizados na preparação das dosagens)? 61- Todos os operadores executam os procedimentos utilizando os mesmos critérios operacionais (Ex: de cloro residual após a cloração na saída da ETA...)? 60- É feita a determinação de critérios operacionais nos procedimentos (Ex: limites máximos e mínimos acarretar desvios em relação à política, objetivos e metas ambientais? filtro...) possuem procedimentos documentados afim de controlar situações onde sua ausência possa 59- Operações associadas à aspectos ambientais significativos (Ex: lavagem de decantador, lavagem de J) Controle Operacional I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: NÍVEL DE ATENDIMENTO: ações apropriadas para evitar sua ocorrência? 361 76- São avaliadas as necessidades de ações para a prevenção de não-conformidades e implementadas suas causas e ações para evitar sua repetição? 75- Esses procedimentos definem requisitos para a investigação de não-conformidades, determinação de para mitigação dos seus impactos ambientais? 74- Existem procedimentos para identificação e correção de não-conformidade(s) e execução de ações N) Não conformidade, ação corretiva e preventiva 73- Os registros dos resultados destas avaliações são mantidos? 72- Existe procedimento para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis? M) Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 71- Os registros de calibração dos aparelhos são mantidos? 70- Os equipamentos de monitoramento e medição estão devidamente calibrados ou verificados? determinado indicador, aceitáveis para alcançar a meta) estão documentados? turbidez) e a conformidade com os objetivos e metas ambientais (Valores máximos e mínimos, do turbidez da água de lavagem de filtro...), os controles operacionais (ex: instruções de trabalho para medir 69- Informações sobre como monitorar o desempenho (Quais indicadores devem ser utilizados. Ex: operações são monitoradas e medidas? de lavagem de filtro desperdiçada...), que possam causar impacto ambiental significativo, de suas 68- As características principais (Ex: quantidade m3 de lodo gerado no decantador, quantidade m3 de água L) Monitoramento e medição I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: NÍVEL DE ATENDIMENTO: 88- Os resultados das auditorias internas são avaliados? 362 87- A administração da ETA realiza análise periódica do seu sistema de gestão? Q) Análise pela administração (independência do processo)? 86- Os auditores selecionados asseguram a objetividade e imparcialidade do processo de auditoria 85- Foi feita a determinação dos critérios de auditoria, escopo, freqüência e métodos? manter os registros associados foram determinadas em procedimento? 84- As responsabilidades, requisitos para se planejar e conduzir as auditorias, para relatar os resultados e 83- Estas mesmas informações são fornecidas à alta administração? 82- Os resultados das auditorias são registrados e mantidos? planejado foi implementado e mantido? 81- A ETA aplica auditorias ou inspeções internas periódicas com o objetivo de avaliar se o que foi P) Auditoria interna de onde e por quem foi feito)? 80- Os registros ambientais são legíveis, identificáveis e rastreáveis (permite determinar quando, pra quê, de registros ambientais? 79- Existe procedimento para a identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte O) Controle de registros NÍVEL DE ATENDIMENTO: 78- É feita uma análise da eficácia das ações corretivas e preventivas executadas? 77- Os resultados das ações corretivas e preventivas são registrados? I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS 363 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 97- Os registros dos resultados das análises pela alta administração são mantidos? 96- As recomendações para melhorias são analisadas? aspectos ambientais são analisados? 95- Mudanças de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em requisitos legais e outros relacionados a 94- As ações de acompanhamento das análises anteriores são analisadas? 93- As situações das ações corretivas e preventivas são analisadas? 92- Extensões na qual foram atendidos os objetivos e metas são analisadas? 91- O desempenho ambiental é analisado? 90- Comunicações de origem externa, incluindo reclamações, são analisadas? 89- Resultados das avaliações do atendimento a requisitos legais são analisados? I- DIAGNÓSTICO DO NÍVEL DE ATENDIMENTO À NBR ISO 14001:2004 S N NA OBS 12- O resultado dessa análise é registrada? 364 11- É feita, periodicamente, uma análise de acompanhamento da efetividade das ações tomadas? 10- Existe plano de diretrizes para a tomada de ações para a resolução destes conflitos? abastecimento...) também foram identificados? 9- Os conflitos pelo uso d’água (ex: lançamentos efluentes industriais X uso da água para atividades industriais, geração de energia...)? 8- Foi realizada a identificação dos usuários da água baseada nos seus usos múltiplos (ex: irrigação, Conflitos pelo uso d’água e resoluções 7- Verificou-se diagnóstico do uso e ocupação do solo na região da bacia de captação? região da bacia de captação? 6- Foi feito diagnóstico sobre características sócio-econômicas (nível escolaridade, renda per capita...) da 5- Foi feito diagnóstico sobre características biológicas (fauna, flora...) da região da bacia de captação? bacia de captação? 4- Foi feito diagnóstico sobre características físicas (clima, geomorfologia, hidrogeologia...) da região da treinamento ou experiência? 3- O pessoal envolvido na elaboração do plano diretor é competente com base em formação apropriada, 2- Houve o envolvimento da empresa de abastecimento de água em sua formulação? 1- O plano diretor da microbacia hidrográfica do rio, onde se realiza a captação, foi elaborado? Plano diretor, responsabilidades e ações A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 26- Os resultados deste monitoramento são registrados? 25- O procedimento para este monitoramento é sistematizado? 365 24- A ETA monitora ou exige monitoramento da qualidade dos efluentes lançados? 23- Foi realizado o cadastramento destes pontos de lançamento? 22- É realizado lançamento de esgoto/efluente industrial antes do ponto de captação? Poluição e monitoramento 21- Os resultados destas análises são registrados? monitorados periodicamente? 20- A qualidade das águas destas nascentes tem seus parâmetros (físicos, químicos e microbiológicos) da área no entorno das nascentes? 19- Realizou-se diagnóstico sócio-ambiental (ex: condições da vegetação, atividades sócio-econômicas...) 18- As nascentes que abastecem o manancial de captação foram cadastradas (localização)? animais domésticos? 17- A área do manancial, em que se realiza a captação, é protegida do uso e do acesso por pessoas e treinamento ou experiência? 16- Pessoal envolvido na elaboração do documento é competente com base em formação apropriada, 15- Possui a assinatura da administração da ETA? 14- Este programa é documentado? captação? 13- A ETA possui um programa de conservação e/ou recuperação do(s) manancial(is) onde se realiza a Programa, responsabilidades e ações B) Conservação de Mananciais NÍVEL DE ATENDIMENTO: II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 366 diminuição da vazão em determinados meses do ano e florescimento de algas, eventuais secas...)? tratamento de água (ex: correlações entre índices de pluviosidade e aumento da turbidez da água bruta, 40- Os dados hidrológicos são utilizados em estudos para a previsão de problemas operacionais no 39- O procedimento para o monitoramento é sistematizado? da região da bacia hidrográfica do seu manancial de captação? 38- A ETA monitora características hidrológicas (ex: vazão, velocidade de escoamento, pluviosidade...) C) Dados Hidrológicos foram disponibilizados? 37- Os meios (ex: recursos financeiros e humanos, infra-estrutura...) necessários para alcançar as metas 36- Elas estão documentadas e comunicadas? 35- As funções e responsabilidades para alcance das metas foram bem definidas? 34- Estes foram documentados? 33- Foram estabelecidos objetivos e metas? 32- Existe plano de ação(ões) para recuperação do manancial(is)? Recuperação 31- São tomadas medidas para inibir (ex: programas de conscientização) ou punir (ex: multas) infratores? 30- Os resultados dessas fiscalizações são registrados? 29- Existe procedimento sistematizado para realizar esta fiscalização? 28- A ETA fiscaliza o lançamento de resíduos sólidos no manancial de captação? 27- Os parâmetros físico/químico/microbiológicos dos efluentes atendem a legislação em vigor? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS objetivando mitigar riscos (ex: ouvidoria)? 367 52- Existem meios que permitam que funcionários relatem condições de trabalho inadequadas 51- Os registros sobre o controle, manutenção e reposição são arquivados? 50- Há controle, manutenção e reposição destes equipamentos? Individual) e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva)? 49- A ETA dispõe de sistema de fornecimento e treinamento para uso de EPIs (Equipamento de Proteção treinamento? 48- O pessoal envolvido na CIPA é competente com base em formação profissional, experiência ou CIPA? 47- Foram disponibilizados os meios (ex: infra-estrutura, recursos financeiros...) para funcionamento da 46- Existe na ETA funcionamento regular da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes? 45- Há um sistema de registro e comunicação de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais? 44- Existem mapeamentos de riscos, programas de informação e prevenção de riscos ocupacionais? funcionários? 43- Foi feita a identificação de processos que apresentem potencial de risco à saúde e segurança dos demissionais)? 42- Existe sistema de acompanhamento médico dos funcionários (Exames admissionais, periódicos e 41- A ETA faz contratações de serviços em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho? D) Saúde e Segurança Ocupacional NÍVEL DE ATENDIMENTO: II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 65- A ETA realiza o controle de qualidade da água bruta captada? F) Entrada de Água Bruta 368 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 64- As análises e decisões tomadas, a respeito dos resultados das medições, são registradas? 63- Os resultados dessas medições são analisados em reuniões? ambiental para os consumidores X média de consumo per capita em domicílio)? 62- O atendimento a estas metas é medido pelo uso de indicadores adequados (ex: horas-aula de educação 61- Estabeleceu-se um planejamento com objetivos e metas para os programas? 60- Fez-se diagnóstico sócio-econômico da população-alvo? 59- São disponibilizados recursos (ex: financeiros, infra-estrutura...) para os programas? formação profissional, experiência ou treinamento? 58- As pessoas envolvidas na elaboração e execução dos programas são competentes com base na 57- Estes programas foram documentados? comunidade? de água e detecção de vazamentos nas moradias, não disposição de lixo em corpos d’água...) junto a 56- A ETA realiza programas de conscientização ambiental (ex: campanhas para diminuição do consumo E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores NÍVEL DE ATENDIMENTO: 55- Existe algum projeto paisagístico para melhorar a aparência e o ambiente de trabalho? 54- Os registros de treinamento são armazenados? 53- Foi realizado treinamento para funcionários sobre segurança na execução de suas atividades? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 369 77- Existe instrução de trabalho orientando a execução deste tipo de ensaio? 76- São realizados testes de jarro para determinação da dosagem? Ensaios de coagulação G) Mistura Rápida 75- Os resultados das análises são registrados? 74- Realiza-se monitoramento mensal de cianobactérias? tratamento aplicado à mesma? 73- È realizada uma avaliação da compatibilidade entre as características da água bruta e o tipo de 72- Os resultados das análises são registrados? classificação e enquadramento de águas superficiais? com os parâmetros exigidos na legislação vigente (Res. CONAMA no 357 de 17 de março de 2005) de 71- São coletadas amostras semestrais da água bruta, junto do ponto de captação, para análise de acordo 70- Os resultados destas avaliações são registrados? químicos...)? tratamento, projeções de demandas mensais, programação das entregas de cargas de produtos de produtos químicos no tratamento (ex: escolha dos produtos químicos mais adequados para o 69- Estes dados são avaliados periodicamente a fim de se estabelecer planejamento adequado para o uso 68- Existem dados sazonais sobre características da água bruta? 67- A freqüência de amostragem se mostra adequada para este tipo de monitoramento? avaliados rotineiramente fornecem subsídios adequados para controle da dosagem de produtos químicos? 66- Os parâmetros (ex: cor, turbidez, pH, alcalinidade, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido...) II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS lento)? 370 89- O ponto de aplicação do coagulante é adequado (zona de transição do regime rápido para o regime temperatura, vazão, cor, turbidez, alcalinidade e pH? 88- Na determinação da dosagem de coagulante aplicado na água, são considerados parâmetros de matemática na determinação da dosagem, freqüência de regulagem do dosador...)? 87- Os critérios especificados permitem um controle satisfatório da dosagem (ex: utilização de fórmula 86- Existe procedimento documentado para o estabelecimento da dosagem de coagulante na água bruta? Dosagem e aplicação 85- Os resultados dos diagramas são mantidos? coagulante? 84- Foi elaborado diagrama de coagulação para estabelecimento das condições ótimas de uso do 83- Os registros de treinamento são mantidos? fim? 82- Os operadores responsáveis pela execução dos testes de jarro receberam devido treinamento para este 81- Existem planilhas elaboradas para registro dos resultados? 80- Os resultados dos testes são registrados? bruta, substituição de coagulantes) ou freqüência em que o teste de jarros deve ser executado? 79- Existe a determinação de critérios que orientam as situações (ex: variação brusca de turbidez da água Ph ótimo, avaliação da turbidez remanescente...)? bruta, volumes de água utilizados por jarro, tempos de mistura, gradiente de velocidade, determinação de 78- Os critérios especificados, nesta instrução de trabalho, são bem definidos (ex: forma de coleta da água II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: de mistura? 371 102- Foram realizados estudos para verificação dos valores reais dos gradientes de velocidade e do tempo Operação e manutenção H) Mistura Lenta 101- Estas instruções encontram-se no local de aplicação? 100- Existe procedimento estabelecido para a determinação da dosagem na água? 99- Foram realizados ensaios para determinação da eficiência e das dosagens ótimas? 98- Os resultados dessa investigação foram registrados? em conta a qualidade da água bruta na escolha do polímero? 97- No caso da utilização dos auxiliares de coagulação, foi realizado antes uma investigação levando-se 96- São utilizados auxiliares de coagulação? Auxiliares de coagulação 95- Os registros das aferições são mantidos? 94- São realizadas manutenções para aferição do mesmo? 93- É feita verificação periódica da precisão do dosador? 92- Os valores se encontram próximos aos valores ótimos determinados nos ensaios de coagulação? de mistura? 91- Foram realizados estudos para verificação dos valores reais dos gradientes de velocidade e do tempo Operação e Manutenção 90- A aplicação do coagulante é difusa? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 372 114- Existe procedimento documentado para a realização da lavagem do decantador? 113- É feita a remoção manual do lodo do decantador? Lavagem do decantador 112- Numa avaliação visual, observa-se a ressuspensão de flocos e a chegada dos mesmos nos filtros? 111- Estes valores são registrados e mantidos? mantida? 110- Existem valores máximos pré-estabelecidos para os quais a qualidade da água decantada deve ser 109- São avaliados parâmetros de turbidez e cor deste efluente? 108- Existe um monitoramento da qualidade da água decantada? valores ótimos determinados nos ensaios de projeto? 107- Os valores encontrados da taxa de escoamento superficial e do tempo de detenção se aproximam dos (secas e chuvosas)? 106- Foram avaliadas as diferenças devido às mudanças de regime (dia e noite) e na troca de estações de detenção no decantador em operação? 105- Foram realizados estudos para determinar os reais valores de taxa de escoamento superficial e tempo Operação I) Decantação NÍVEL DE ATENDIMENTO: 104- A floculação nas câmaras apresenta bom aspecto visual (flocos bem formados e com bom tamanho)? 103- Esses valores se encontram próximos aos valores ótimos determinados nos ensaios de floculação? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS da coagulação, metais pesados...)? 373 128- Foi feita a quantificação dos constituintes do lodo (ex: sólidos suspensos totais, hidróxidos metálicos 127- Foram realizados estudos para a caracterização físico-química do lodo do decantador? 126- É feito algum tratamento do lodo antes da sua disposição? Tratamento e disposição do lodo 125- Os resultados deste acompanhamento são registrados e mantidos? 124- Realiza-se acompanhamento médico dos operadores envolvidos na lavagem? falhas nos procedimentos? 123- É realizada uma análise crítica destes resultados e determinadas medidas para corrigir eventuais 122- Os resultados destas avaliações são registradas e mantidas? 121- É feita uma fiscalização para avaliar o cumprimento dos procedimentos de segurança? 120- São fornecidos EPIs (ex: roupas apropriadas, botas, luvas...) para os operadores envolvidos? 119- Os registros de treinamento são mantidos? 118- É fornecido treinamento em segurança para realização do procedimento (ex: utilização de EPIs)? realização da lavagem? 117- São observados critérios de segurança (ex: utilização de EPIs, normas de execução...) para a mangueiras? 116- Realiza-se a medição da quantidade de água gasta no esvaziamento do decantador e na lavagem com (ex: tempo de funcionamento, turbidez da água decantada...) 115- Existe um critério pré-estabelecido para determinar quando se deve realizar a lavagem do decantador II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 140- Foi realizada ou existe previsão de troca do meio filtrante? 374 habitual, realiza-se investigação de suas causas (ex: proliferação de algas, má coagulação...)? 139- Nos casos de ocorrência de carreiras de filtração curtas ou com valores muito menores do que o 138- As carreiras de filtração são medidas? 137- Os resultados da avaliação são registrados e mantidos? 136- Existe sistemática para avaliar a eficiência da filtração (ex: análises de água filtrada)? operação dos filtros? 135- Existe procedimento documentado com critérios específicos determinando as condições ideais de 134- É realizado controle de nível e vazão em cada filtro? Operação J) Filtração utilização em agricultura...)? 133- São utilizadas aplicações alternativas ao uso do lodo (ex: incorporação em matriz de concreto, 132- Depois de desidratado, o lodo é disposto em local ambientalmente adequado (ex: aterro sanitário)? atividades envolvidas no tratamento do lodo? 131- Existem procedimentos documentados com critérios específicos orientando a execução das desidratação do lodo? 130- Foram feitos ensaios determinando condições ideais para adensamento, condicionamento e mensal, trimestral, sazonal...)? 129- São realizadas estimativas para quantificação do lodo produzido nos vários períodos do ano (ex: II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS envolvidas nos processos de tratamento? 375 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 152- Existe procedimento documentado com critérios específicos orientando a execução das atividades 151- Os resultados dos ensaios estão registrados e mantidos? turbidez? tratamento (ex: sedimentação simples, flotação...) e dosagens de produtos químicos para remoção da 150- Realizaram-se ensaios com a água de lavagem afim de se determinar os melhores processos para seu 149- Foram realizados estudos de caracterização da água de lavagem de filtro? 148- É feita a recirculação da água de lavagem de filtro? Tratamento e disposição da água de lavagem dos filtros baixos níveis de turbidez em comparação quando com o filtro sujo, boa qualidade microbiológica...)? 147- A qualidade da água filtrada, após cada lavagem, demonstra a eficiência do processo de limpeza (ex: 146- Os resultados são registrados e mantidos? lavagem, ou por mês nas lavagens...)? 145- Monitora-se a quantidade de água utilizada nas lavagens dos filtros (ex: m3 utilizados em cada 144- Observa-se perda de material filtrante durante a lavagem? da água filtrada acima do permitido, período de tempo, vazão mínima...)? 143- São determinadas as condições sob as quais devem ser executadas a lavagem dos filtros (ex: turbidez 142- Existe procedimento documentado com critérios específicos orientando a lavagem do filtro? Lavagem do filtro contaminação por algas, período de tempo...)? 141- Existe procedimento determinando condições específicas para a realização desta troca (ex: II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 166- Os registros de treinamento foram mantidos? 376 165- Os operadores receberam devido treinamento para execução desta análise? 164- Os registros destas aferições são mantidos? 163- A aparelhagem para análise de pH (medidor de pH) é periodicamente calibrada? Métodos de análise 162- Os registros das aferições são mantidos? 161- São realizadas manutenções para aferição do mesmo? 160- É feita verificação periódica da precisão do dosador? Manutenção de desinfecção do cloro residual devido a pH inadequado da água tratada...)? derivadas de erros na operação (ex: incrustrações nas tubulações de distribuição, diminuição da eficiência 159- Os operadores estão conscientizados da importância de seu desempenho pessoal e das conseqüências 158- A aplicação da dosagem é realizada na saída da câmara de contato? 157- É estabelecido o pH desejado na saída do tratamento? 156- Existe instrução de trabalho no local que oriente os operadores no controle da dosagem? vazão, temperatura, alcalinidade...)? 155- São utilizados critérios específicos na determinação da dosagem (ex: consideração de variáveis como 154- A variação de pH (baixa amplitude) da água bruta permite controle manual na correção do pH? 153- É feita a correção de pH no tratamento da água? Dosagem K) Correção de Ph II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 177- São realizadas manutenções para aferição do mesmo? 176- É feita verificação periódica da precisão do dosador? Manutenção 377 derivadas de erros na operação (ex: fluorose dentária causada por concentrações excessivas de fluoreto)? 175- Os operadores estão conscientizados da importância de seu desempenho pessoal e das conseqüências 174- O preparo da dosagem é realizado mediante instrução de trabalho no local? no local? 173- O controle operacional da dosagem de flúor na água está descrito na forma de instrução de trabalho temperatura, vazão, teor de íons fluoreto natural...)? 172- A dosagem é determinada por meio de critérios específicos (ex: fórmula associando variáveis como estimar a concentração atual dos mesmos na água bruta? 171- Em caso de resposta negativa, existe banco de dados sobre a variação de íons fluoreto que permitam 170- É feita, periodicamente, a determinação do teor natural de íons fluoreto presentes na água bruta? Dosagem L) Fluoretação NÍVEL DE ATENDIMENTO: 169- A sistemática para armazenamento desses dados permite sua pronta recuperação? 168- Os resultados das análises são mantidos? 167- Instruções para a correta operação do aparelho e execução da análise estão presentes no local? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 378 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 189- A sistemática aplicada na documentação desses resultados permite sua pronta recuperação? 188- Os resultados das análises são mantidos? de repouso da mistura amostra-reagente de alizarina? 187- No caso específico do método visual de alizarina, a comparação das amostras é feita após uma hora eletrométricos, destilação preliminar...)? 186- São aplicados métodos para a eliminação destes interferentes (ex: tampão de citrato nos métodos 185- É feita a determinação do teor dos interferentes que possam mascarar os resultados das análises? 184- Os registros de calibragem são mantidos? 183- Os aparelhos envolvidos nestas análises são calibrados periodicamente? 182- Os registros de treinamento são mantidos? íon fluoreto? 181- Os operadores receberam treinamento adequado para realização das análises para determinação de 180- Este método analítico está descrito mediante critérios específicos em procedimento documentado? concentração de íons fluoreto na água tratada? 179- É empregado algum método analítico (eletrométrico, fotométrico, visual de alizarina) para verificar a Métodos de análise 178- Os registros das aferições são mantidos? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 201- Os registros das aferições são mantidos? 200- São realizadas manutenções para aferição do mesmo? 199- É feita verificação periódica da precisão do dosador? Manutenção cloro e presença de organismos patogênicos na água distribuída)? 379 derivadas de erros na operação (ex: formação de trialometanos e risco de câncer, baixa concentração de 198- Os operadores estão conscientizados da importância de seu desempenho pessoal e das conseqüências igual a 8)? 197- O pH máximo obedece aos valores de legislação (Portaria MS no. 518 recomenda valor máximo mínimo de 30 minutos)? 196- O tempo de contato obedece aos valores de legislação (Portaria MS no. 518 recomenda tempo 195- A aplicação do cloro, na entrada da câmara de contato, é feita de maneira difusa? do tratamento? 194- É feito o estabelecimento dos valores mínimo e máximo permitidos de cloro residual livre na saída 193- O preparo da dosagem é realizado mediante especificações de uma instrução de trabalho no local? baseado em características de turbidez, concentração de coliformes, tempo de contato...)? 192- Existem critérios específicos para a determinação da dosagem ótima de cloro na água (ex: cálculo desinfectante utilizado? 191- Foram realizados estudos para determinar a eficiência de inativação microbiológica pelo agente 190- Dispõe-se de dados sobre a demanda total de cloro da água a ser desinfectada? Dosagem M) Desinfecção II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 380 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 215- A sistemática aplicada na documentação desses resultados permite sua pronta recuperação? 214- Os resultados das análises bacteriológicas, cloro residual e trialometanos são mantidos? valor máximo igual a 0,1 mg/L)? 213- O teor detectado atende ao valor máximo permitido pela legislação (Portaria no. 518/MS recomenda 518/MS recomenda periodicidade mínima trimestral)? 212- A freqüência de amostragem atende ao período mínimo permitido pela legislação (Portaria no. 211- A formação de trialometanos é monitorada? valor mínimo igual a 0,2 mg/L)? 210- O teor detectado atende ao valor mínimo permitidos pela legislação (Portaria no. 518/MS recomenda 518 recomenda periodicidade mínima de 2 horas)? 209- A freqüência de amostragem atende ao período mínimo permitido pela legislação (Portaria MS no. 208- É realizado monitoramento de cloro residual na saída do tratamento? recomenda a ausência de coliformes totais na saída do tratamento)? 207- A contagem de bactérias atende aos valores estabelecidos pela legislação (Portaria no. 518/MS 206- É feito o controle da desinfecção através de análises bacteriológicas? 205- Os registros de calibragem são mantidos? 204- Os aparelhos envolvidos nestas análises são calibrados periodicamente? 203- Os registros de treinamento são mantidos? ao processo de desinfecção? 202- Os operadores receberam treinamento adequado para a realização dos métodos analíticos referente Métodos de análise II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 381 227- Registros sobre as características da qualidade da água tratada estão atualizados? potabilidade e as medidas providenciadas? seu significado, origem e efeitos sobre a saúde; e a ocorrência de não conformidades com o padrão de manancial de captação; estatística descritiva dos valores de parâmetros de qualidade detectados na água, 226- Estes relatórios possuem informações básicas sobre: proteção disponibilidade e qualidade da água do relatório ou por outros meios de comunicação (ex: internet, boletins, contas d’água...)? 225- São fornecidas aos consumidores, informações sobre a qualidade da água tratada, mediante envio de Comunicação externa notificadas à Secretaria Municipal de Saúde? 224- Amostras cujos resultados estejam em desacordo com os limites estabelecidos por legislação são 223- Estes relatórios são entregues a Secretaria Municipal de Saúde? 222- São elaborados mensalmente relatórios sobre os resultados do controle de qualidade da água tratada? 221- Ele foi aprovado pela Secretária Municipal de Saúde? 220- Este plano foi documentado? portaria que estabelece os padrões de potabilidade? 219- O número de amostras e as freqüências de amostragem atendem ao mínimo exigido pela atual os padrões de potabilidade? 218- São avaliados todos os parâmetros exigidos pela atual portaria (Portaria no. 518/MS) que estabelece 217- Existe plano de amostragem para realização do controle de qualidade da água tratada? 216- É realizado controle de qualidade da água tratada na ETA? Controle de qualidade N) Saída de Água Tratada II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 240- Os laudos de controle de qualidade são mantidos? do produto químico? 382 239- Os laudos são elaborados por pessoal independente, ou seja, sem vínculo com a empresa fornecedora 238- É realizado controle de qualidade dos produtos químicos recebidos? 237- As cópias de comprovantes do cumprimento das exigências ambientais são mantidas? certificações ambientais, relatórios de controle ambiental...) em relação aos fornecedores? 236- Na compra de produtos químicos são feitas exigências ambientais (ex: licenças ambientais, tratamento (ex: coagulantes, alcalinizantes, desinfectantes...)? 235- Existe procedimento documentado para realizar aquisição de produtos químicos utilizados no Aquisição e controle de qualidade O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento NÍVEL DE ATENDIMENTO: 234- Os resultados das análises e as decisões decorrentes das mesmas são registrados? água tratada? 233- Existe mecanismo formalizado para recebimento e análise de queixas referentes às características da 232- Este é competente no assunto com base em formação profissional, experiência ou treinamento? 231- Foi definido responsável para a execução deste plano de ação? 230- Existe plano de ação, elaborado previamente, para corrigir essas não conformidades? água tratada? população sobre a detecção de anomalias operacionais no sistema ou não conformidades na qualidade da 229- Existe procedimento documentado para comunicação imediata a autoridade de saúde pública e à 228- Estes registros estão disponibilizados para pronto acesso e consulta pública? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 383 251- São realizadas simulações periódicas do plano de atendimento à emergências? derramamentos...)? 250- Existe plano para atendimentos à emergências com produtos químicos (ex: intoxicações, estão disponibilizadas no local? 249- Fichas de Informações de Segurança sobre Produtos Químicos (FISPQ) utilizados no tratamento 248- São disponibilizados EPIs (ex: óculos de segurança, máscaras, luvas...) para manuseio dos produtos? 247- Estes registros são mantidos? 246- É registrada a quantidade de produto químico utilizada nas preparações? para a execução desta tarefa? 245- As instruções de trabalho para preparação de produtos químicos estão afixadas nos locais reservados 244- As preparações de produtos químicos são realizadas mediante critérios específicos? Preparação e procedimentos de segurança novos, separação de produtos que possuam entre eles incompatibilidade química...)? empilhamento de sacas, produtos menor prazo de validade dispostos mais acessivelmente que os mais 243- Os produtos químicos são armazenados de forma organizada (ex: alturas máximas para baixa umidade, localização próxima aos locais de preparo...) para este fim? 242- Os locais de armazenamento de produtos químicos apresentam layout adequado (ex: boa ventilação, Armazenamento tratamento? dosagem, grau de impureza do produto, caracterização de impurezas...) antes de sua aplicação no de cálcio) ou na troca de fornecedores, são realizados estudos (ex: testes de eficiência, determinação de 241- Na substituição de determinado produto químico por outro (ex: hipoclorito de sódio por hipoclorito II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS NÍVEL DE ATENDIMENTO: 384 265- O processo de aferição segue normas certificadas por órgãos de metrologia (ex: INMETRO)? 264- É realizada aferição periódica destes aparelhos? cloro residual, colorímetro...) existem em duplicatas? 263- As aparelhagens relativas às análises laboratoriais (ex: medidor de pH, turbidimêtro, medidor de 262- Há instruções de trabalho nos locais onde são executadas as análises? 261- Existem procedimentos operacionais documentados para a execução das análises? Controle operacional 260- Os registros de treinamento estão arquivados? 259- Estes receberam treinamento adequado para manuseio de reagentes e aparelhagem? 258- Operadores também realizam análises laboratoriais? armazenados? 257- Os registros comprovantes de competência técnica do responsável pelo laboratório, são 256- Este é competente com base em formação apropriada, experiência ou treinamento? 255- Existe responsável técnico pela execução das análises em laboratório? Responsabilidade e treinamento P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas de sacos de fluorsilicato de sódio para armazenar alimentos)? 254- É feito controle do destino final das embalagens a fim de se prevenir seu uso indevido (ex: utilização 253- Existe procedimento para a disposição de embalagens vazias de produtos químicos? Disposição 252- Os resultados das simulações são registrados? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS de doenças ocupacionais? 385 279- É realizado acompanhamento médico dos funcionários envolvidos nas análises visando a prevenção 278- Os resultados das simulações são registrados? 277- São realizadas simulações periódicas do plano de atendimento à emergências? 276- Foi elaborado procedimento para atendimento à acidentes dos trabalhadores com produtos químicos? 275- Os registros de treinamento foram mantidos? laboratórios? 274- Operadores envolvidos nas análises laboratoriais receberam treinamento de segurança em incêndio, caixa de primeiros socorros...) para trabalho no laboratório? 273- São disponibilizados Equipamentos de Proteção Coletiva (ex: lava-olhos, chuveiro, extintor de máscaras...) para trabalho no laboratório? 272- São disponibilizados Equipamentos de Proteção Individual (ex: óculos de segurança, luvas, aventais, 271- Há um plano de ações para controle destes riscos? laboratório? 270- Foram identificados, através de procedimento específico, riscos ocupacionais do trabalho em 269- No laboratório encontram-se Fichas de Informação sobre Segurança de Produtos Químicos (FISPQ)? 268- Este é atualizado periodicamente? 267- Existe inventário dos produtos químicos utilizados nas análises? Produtos químicos utilizados e segurança laboratorial 266- Os registros de aferição estão arquivados? II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 386 291- Foram estabelecidos objetivos e metas para realizar a correção ou mitigação das perdas? no orçamento planejado da empresa? 290- Os recursos financeiros destinados ao controle das perdas físicas operacionais estão bem definidos tratamento dos resíduos)? 289- Existe programa para controlar estas perdas físicas operacionais (ex: construção de unidades de lavagem do filtro (ex: lançamentos em corpo d’água sem devido tratamento)? 288- Observam-se perdas d’água devido a disposição inadequada do lodo de decantador e da água de Perdas físicas operacionais tipo rachaduras, reaproveitamento) Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos (quantidade perdida, infra-estrutura NÍVEL DE ATENDIMENTO: 287- Os recibos de entrega de resíduos à empresa contratada são arquivados? 286- A empresa contratada possui licença ambiental para realização deste tipo de serviço? 285- É contratado serviço especializado para realização da disposição adequada destes rejeitos? química, data de disposição...)? 284- Os frascos contendo os rejeitos estão bem identificados (ex: nome do produto químico, fórmula armazenamento? 283- São observadas as classes de risco e incompatibilidades químicas para a realização do 282- Existe procedimento formalizado para a estocagem dos resíduos? 281- Este é atualizado periodicamente? 280- Existe inventário de resíduos? Resíduos laboratoriais II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS 3 387 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 299- O cumprimento dos objetivos e metas é avaliado nas reuniões de análise crítica? vazamentos / m3 de água tratada)? 298- Foram estabelecidos indicadores adequados para medição do desempenho (ex: m3 de água de 297- Existem metas e objetivos estabelecidos no sentido de diminuir as perdas físicas por vazamento? da companhia? 296- Os recursos financeiros para execução deste programa estão bem definidos no orçamento planejado vazamentos nos tanques de tratamento? 295- Existe programa de manutenção periódica formulado para combater a perda d’água devido aos vazamentos em válvulas e comportas, rachaduras...)? 294- Observa-se perdas d’água causadas por vazamentos devido a problemas da infra-estrutura (ex: Perdas físicas devido a vazamentos 293- O cumprimento dos objetivos e metas é avaliado nas reuniões de análise crítica? água tratada)? 292- Estabeleceram-se indicadores adequados para medir o desempenho (ex: m de lodo tratado / m de 3 II- QUALIDADE GERENCIAL E OPERACIONAL S N NA OBS a a Queda da escada de acesso Contaminação por patogênicos (spray biológico) 1) Danos à saúde humana Danos à saúde humana IMPACTO R R SIT. D D INC. AD AD CL. A A TMP. 1 3 A SEV ANÁLISE 1 1 B F/P 2 4 A+B I ---- ---- LEI ---- ---- P.I ---- ---- I≥5 SIGNIFIC. Não significativo Alta Severidade COMENTÁRIOS DATA: 27.05.05 Área e Setor: Entrada de água bruta (antigo aerador já desativado) Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 388 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- ITEM ASPECTO ITEM SUB LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Processo ou Atividade: 1) Limpeza de sedimentos acumulados IDENTIFICAÇÃO APÊNDICE D – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS (DMAES) a a a a Acidente c/ vazamento Vazamento no abastecimento do reservatório Rompimento do reservatório e/ou tubulação Geração de ruído Contato do sulfato c/ a epiderme do operador 1) 2) 3) 4) R NO Danos à saúde humana Danos à saúde humana R R R R SIT. Contaminação do solo Contaminação do solo Contaminação solo e/ou corpo d’água Danos à saúde humana IMPACTO D D D I I I INC. AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A TMP. 1 2 3 3 3 3 A SEV 3 3 2 1 1 1 B F/P 4 5 5 4 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I ---- S S ---- ---- ---- I≥5 Não Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo Alta Severidade Alta Severidade Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 389 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- b a ITEM ASPECTO ITEM SUB DATA: 27.05.05 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Área e Setor: Mistura Rápida Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário do coagulante 2) Abastecimento do reservatório de coagulante 3) Armazenamento do coagulante 4) Regulagem da dosagem IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE SIGNIFIC. R NO Esgotamento de recursos naturais b AN SIT. Danos à saúde humana Contaminação solo e/ou água IMPACTO a a ITEM SUB D D D INC. AD AD AD CL. A A A TMP. 3 3 3 A SEV ANÁLISE 3 3 1 B F/P 6 6 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I S S ---- I≥5 SIGNIFIC. LEI DATA: 27.05.05 Área e Setor: Floculadores Aspecto Significativo Aspecto Significativo Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 390 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- Queda de operador dentro das câmaras Vazamentos pelas rachaduras das câmaras Despejo de lodo pelo esgoto 1) 2) ASPECTO ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Processo ou Atividade: 1) Limpeza do floculador 2) Funcionamento Normal IDENTIFICAÇÃO Vazamentos d’água p/ rachaduras Esgotamento dos recursos naturais NO R Danos à saúde humana a a NO NO NO Esgotamento dos recursos naturais Danos à saúde humana Contaminação de corpo d’água R R Danos à saúde humana Danos à saúde humana SIT. IMPACTO a a a a a ITEM SUB D D D D D D D INC. AD AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A A TMP. 3 3 3 3 2 3 3 A SEV ANÁLISE 3 2 2 2 2 2 2 B F/P 6 5 5 5 4 5 5 A+B I DATA: 27.05.05 Área e Setor: Decantador ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I S S S S ---- S S I≥5 SIGNIFIC. Aspecto Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo Não Significativo / Peso: 7,0-7,5kg Aspecto Significativo Aspecto Significativo COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 391 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 2) Queda da escada 1) Contaminação p/ patogênicos (spray biológico) Peso dos rodos de limpeza Despejo do lodo em corpo d’água Consumo d’água p/ escoamento do lodo Queda no decantador durante a lavagem de paredes ASPECTO ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Processo ou Atividade: 1) Limpeza do decantador 2) Funcionamento Normal IDENTIFICAÇÃO Geração de ruído do canal de água filtrada Consumo de água na lavagem dos filtros Despejo da água de lavagem em corpo d’água Queda do operador no filtro (lavagem superficial) ASPECTO NO R Danos à saúde humana a Danos à saúde humana NO Danos à biota aquática a a NO SIT. Esgotamento dos recursos naturais IMPACTO a ITEM SUB D D D D INC. AD AD AD AD CL. A A A A TMP. 2 1 2 3 A SEV ANÁLISE 2 3 3 3 B F/P 4 4 5 6 A+B I ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- P.I ---- S S S I≥5 SIGNIFIC. DATA: 27.05.05 Área e Setor: Filtros Rápidos Não Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 392 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 2) 1) ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Processo ou Atividade: 1) Lavagem do Filtro 2)Funcionamento Normal IDENTIFICAÇÃO Vazamento de solução do saturador R R Danos à saúde humana b NO Contaminação solo e/ou água Contaminação solo NO NO a a a Danos à saúde humana Danos à saúde humana R Danos à saúde humana b a R SIT. Contaminação solo e/ou água IMPACTO a ITEM SUB D D D D D I I INC. AD AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A A TMP. 2 2 1 3 2 3 3 A SEV 1 1 2 2 2 1 1 B F/P 3 3 3 5 4 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I ---- ---- ---- S ---- ---- ---- I≥5 SIGNIFIC. Não Significativo Não Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Alta Severidade Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 393 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 3) Carregamento manual de saca Geração de poeira química Geração de resíduos (embalagens vazias) Acidente c/ derramamento do produto 1) 2) ASPECTO ITEM DATA: 27.05.05 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Área e Setor: Fluoretação Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE Geração de resíduos do tanque de aplicação Vazamento de solução do reservatório Contaminação solo e/ou água NO R Danos à saúde humana b a R Contaminação solo e/ou água NO Esgotamento dos recursos naturais a a NO Contaminação solo NO NO a a Danos à saúde humana Danos à saúde humana R Danos à saúde humana b a R SIT. Contaminação solo e/ou água IMPACTO a ITEM SUB D D D D D D D I I INC. AD AD AD AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A A A A TMP. 2 3 2 1 1 3 2 3 3 A SEV 1 1 3 3 2 2 2 1 1 B F/P 3 4 5 4 3 5 4 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I ---- ---- S ---- ---- S ---- ---- ---- I≥5 SIGNIFIC. Não Significativo Alta Severidade Aspecto Significativo Não Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Alta Severidade Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 394 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 3) Carregamento manual de baldes Geração de poeira química Geração de resíduos (embalagens vazias) Consumo de energia Acidente c/ derramamento do produto 1) 2) ASPECTO ITEM DATA: 27.05.05 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Área e Setor: Desinfecção Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE Vazamento de solução do reservatório Geração de resíduos do tanque de aplicação R NO Contaminação solo e/ou água Contaminação solo e/ou água a NO Esgotamento dos recursos naturais a a NO Contaminação solo NO NO a a Danos à saúde humana Danos à saúde humana R Danos à saúde humana b a R SIT. Contaminação solo e/ou água IMPACTO a ITEM SUB D D D D D D I I INC. AD AD AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A A A TMP. 1 1 1 1 3 2 1 1 A SEV 3 3 3 2 2 2 1 1 B F/P 4 4 4 3 5 4 2 2 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I ---- ---- ---- ---- S ---- ---- ---- I≥5 Não Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas. 395 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 3) Carregamento manual de sacos Geração de poeira química Geração de resíduos (embalagens vazias) Consumo de energia Acidente c/ derramamento do produto 1) 2) ASPECTO ITEM DATA: 27.05.05 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Área e Setor: Correção de pH Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE SIGNIFIC. Armazenamento de reagentes vencidos R R Danos à saúde humana b R NO R R SIT. Contaminação solo e/ou água Contaminação solo e/ou água Danos à saúde humana Danos à saúde humana Danos à saúde humana IMPACTO a b a a a ITEM SUB D D D D D D INC. AD AD AD AD AD AD CL. P P A A A A TMP. 3 3 1 1 2 1 A SEV 2 2 1 1 3 3 B F/P 5 5 2 2 5 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I S S ---- ---- S ---- I≥5 Aspecto Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Não Significativo COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 396 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 3) 2) Contaminação p/ patogênicos 1) Contaminação química ou p/ patogênicos (manipulação) Descarte material biológico ASPECTO ITEM DATA: 27.05.05 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: ETA/Ponte Nova Área e Setor: Laboratórios Físico-Químico e Microbiológico Processo ou Atividade: 1) Coleta de amostras 2) Análises de qualidade da água 3) Armazenamento de reagentes IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE SIGNIFIC. R Danos à saúde humana a b Acidente c/ derramamento do produto 5) Carregamento manual de sacos Geração de poeira química R Contaminação solo e/ou água a Contato do sulfato c/ a epiderme do operador 4) a Geração de ruído 3) a a a Danos à saúde humana Danos à saúde humana NO NO R NO Danos à saúde humana Danos à saúde humana N Danos à saúde do operador R R Geração de poeira química Contaminação solo e/ou corpo d’água Danos à saúde humana 2) b a ITEM Acidente c/ vazamento SIT. 1) IMPACTO ASPECTO ITEM SUB D D I I D D D I I INC. 397 AD AD AD AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A A A A TMP. 3 2 1 1 1 1 3 3 3 A SEV 2 2 1 1 3 3 2 1 1 B F/P 5 4 2 2 4 4 5 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I S ---- ---- ---- ---- S S ---- ---- I≥5 Aspecto Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo (parshall externa) Aspecto Significativo Alta Severidade Alta Severidade COMENTÁRIOS DATA: 15.02.06 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Área e Setor: Mistura Rápida (Coagulação e Correção de pH) Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário do coagulante 2) Preparo do coagulante 3) Regulagem da dosagem 4) Transporte de alcalinizante 5)Preparo de alcalinizante 6) Regulagem da dosagem IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE SIGNIFIC. APÊNDICE E – RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS (SAAE) Vazamento de solução do reservatório R NO Contaminação solo e/ou água a Contaminação solo e/ou água NO Esgotamento dos recursos naturais a a NO Contaminação solo a D D D D AD AD AD AD A A A A 1 1 1 1 3 2 3 2 4 3 4 3 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- Não Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo Despejo de lodo pelo esgoto 1) a ITEM SUB Contaminação solo e/ou água IMPACTO AN SIT. D INC. AD CL. A TMP. 3 A SEV ANÁLISE 1 B F/P 4 A+B I ---- ---- P.I ---- I≥5 SIGNIFIC. LEI DATA: 15.02.06 Área e Setor: Floculadores Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 398 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- ASPECTO ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Processo ou Atividade: 1) Limpeza do floculador IDENTIFICAÇÃO Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 6) Geração de resíduos (embalagens vazias) Consumo de energia Geração de resíduos do tanque de mistura Queda da escada 1) NO R Danos à saúde humana a NO NO Esgotamento dos recursos naturais Danos à saúde humana Contaminação de corpo d’água R R Danos à saúde humana Danos à saúde humana SIT. IMPACTO a a a a a ITEM SUB D D D D D D INC. AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A TMP. 3 3 3 2 3 3 A SEV ANÁLISE 2 2 2 2 2 2 B F/P 5 5 5 4 5 5 A+B I DATA: 15.02.06 Área e Setor: Decantador ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I S S S ---- S S I≥5 SIGNIFIC. Aspecto Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 399 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- Contaminação p/ patogênicos (spray biológico) Peso dos rodos de limpeza Despejo do lodo em corpo d’água Consumo d’água p/ escoamento do lodo Queda no decantador durante a lavagem de paredes ASPECTO ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Processo ou Atividade: 1) Limpeza do decantador IDENTIFICAÇÃO Vazamento de água nas galerias Geração de ruído do canal de água filtrada Consumo de água na lavagem dos filtros Despejo da água de lavagem em corpo d’água Queda do operador no filtro (lavagem superficial) ASPECTO NO NO Danos à saúde humana a R Danos à saúde humana a Esgotamento dos recursos naturais NO Danos à biota aquática a a NO SIT. Esgotamento dos recursos naturais IMPACTO a ITEM SUB D D D D D INC. AD AD AD AD AD CL. A A A A A TMP. 2 2 1 2 2 A SEV ANÁLISE 2 3 3 3 3 B F/P 4 5 4 5 5 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- P.I ---- S S S S I≥5 SIGNIFIC. DATA: 15.02.06 Área e Setor: Filtros Rápidos Não Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Aspecto Significativo COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 400 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 2) 1) ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Processo ou Atividade: 1) Lavagem do Filtro 2) Funcionamento Normal IDENTIFICAÇÃO Vazamento de solução do saturador R R Danos à saúde humana b NO Contaminação solo e/ou água Contaminação solo NO NO a a a Danos à saúde humana Danos à saúde humana R Danos à saúde humana b a R SIT. Contaminação solo e/ou água IMPACTO a ITEM SUB D D D D D I I INC. AD AD AD AD AD AD AD CL. A A A A A A A TMP. 2 1 1 3 2 3 3 A SEV 1 2 2 2 2 1 1 B F/P 3 3 3 5 4 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- P.I ---- ---- ---- S ---- ---- ---- I≥5 SIGNIFIC. Não Significativo Não Significativo Não Significativo Aspecto Significativo Não Significativo Alta Severidade Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 401 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 3) Carregamento manual de saca Geração de poeira química Geração de resíduos (embalagens vazias) Acidente c/ derramamento do produto 1) 2) ASPECTO ITEM DATA: 15.02.06 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Área e Setor: Fluoretação Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário 2) Preparo da dosagem 3) Aplicação da dosagem IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE Acidente c/ derramamento do produto Vazamento de solução do reservatório 1) 2) R R Contaminação solo e/ou água Danos à saúde humana b R Danos à saúde humana b a R SIT. Contaminação solo e/ou água IMPACTO a ITEM SUB D D I I INC. AD AD AD AD CL. A A A A TMP. 3 2 3 3 A SEV 3 3 1 1 B F/P 6 5 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- P.I S S ---- ---- I≥5 SIGNIFIC. Aspecto Significativo Aspecto Significativo Alta Severidade Alta Severidade COMENTÁRIOS Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 402 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- ASPECTO ITEM DATA: 15.02.06 LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Área e Setor: Desinfecção Processo ou Atividade: 1) Transporte rodoviário 2) Armazenamento do desinfectante IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE b a a a ITEM SUB Contaminação solo e/ou água Danos à saúde humana Danos à saúde humana Danos à saúde humana IMPACTO R NO R R SIT. D D D D INC. AD AD AD AD CL. A A A A TMP. 1 1 1 1 A SEV ANÁLISE 1 1 3 3 B F/P 2 2 4 4 A+B I ---- ---- ---- ---- LEI ---- ---- ---- ---- P.I ---- ---- ---- ---- I≥5 SIGNIFIC. Não Significativo Não Significativo Não Significativo Não Significativo COMENTÁRIOS DATA: 15.02.06 Área e Setor: Laboratórios Físico-Químico e Microbiológico Significância; LEI- Legislação; PI- Partes interessadas 403 SIT- Situação operacional; INC- Incidência; CL- Classe; TMP- Temporalidade; SEV- Severidade; F/P- Freqüência/Probabilidade; I- Importância; SIGNIFIC- 2) Contaminação p/ patogênicos 1) Contaminação química ou p/ patogênicos (manipulação) Descarte material biológico ASPECTO ITEM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Unidade: Saae/Itabirito Processo ou Atividade: 1) Coleta de amostras 2) Análises de qualidade da água IDENTIFICAÇÃO APENDICE F – RESULTADOS DO CHECKLIST (DMAES) EMPRESA: Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova – MG Parte I – Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 NÚMERO S 1 X N NA NÚMERO S N 29 X 2 X 30 X 3 X 31 X 4 X 5 X 32 X 6 X 33 X 7 X 34 X 8 X 35 X 9 X 36 X 37 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 25% 10 X 38 11 X 39 12 X 40 13 X 14 X 15 X X X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 41 X 42 NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% X X 43 X 16 X 44 X 17 X 45 X 18 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 25% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 46 X 19 X 47 X 20 X 48 X 21 X 49 X 22 X 50 X 23 X 24 X 51 X 25 X 52 X 53 X 54 X X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 26 X 27 X 55 28 X 56 404 X NA NUMERO S 57 X 58 N NA NUMERO 86 X 60 N X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 59 S 87 X X X 88 X 89 X 61 X 90 X 62 X 91 X 63 X 92 X 93 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 64 X 94 X 65 X 95 X 66 X 96 X 67 X 97 NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 68 X 69 X 70 X 71 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 72 X 73 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 74 X 75 X 76 X 77 X 78 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 79 X 80 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 81 X 82 X 83 X 84 X 85 X X 405 NA Parte II – Qualidade Gerencial e Operacional NUMERO S N NA NUMERO S N 1 X 33 X 2 X 34 X 3 X 35 X 4 X 36 X 5 X 37 X 6 X 7 X 38 X 8 X 39 X 9 X 40 X 10 X 11 X 41 X 12 X 42 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 13 X 43 X 44 X 14 X 45 15 X 46 X 47 X 16 X 17 X 48 18 X 49 19 X X X X 50 X X 20 X 51 21 X 52 X 53 X X 22 NA X 23 X 54 24 X 55 25 X 26 X X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 27 56 X 57 X X 28 X 58 29 X 59 30 X 60 X 31 X 61 X 32 X 62 X 406 X NUMERO S N NA NUMERO NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% S N 97 X X 63 X 98 64 X 99 X X 65 X 100 66 X 101 67 X 68 X X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 102 X 69 X 103 X 70 X 104 X 71 X 72 X 105 73 X 106 X 74 X 107 X 75 X 108 X 109 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% X 76 X 110 X 77 X 111 X 112 X 113 X 78 79 X X 80 X 114 81 X 115 X X 82 X 116 X 83 X 117 X 84 X 118 X 85 X 119 X 86 X 120 X 87 X 121 X 88 89 X X 90 91 X X 92 X 122 X 123 X 124 X 125 X 126 X 93 X 127 X 94 X 128 X 95 X 129 X 130 X 96 X 407 NA NUMERO S N NA NUMERO S 131 X 164 X 132 X 165 X 133 X 166 NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% N X 167 X 134 X 168 X 135 X 169 X 136 X 137 X 170 X 138 X 171 X 139 140 NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% X 172 X X X X 174 142 X 175 X X 173 141 143 NA X 176 X 144 X 177 X 145 X 178 X 146 X 179 X 180 X 147 X 148 X 181 X 149 X 182 X 150 X 183 X 151 X 184 X 152 X 185 X 186 X X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 153 X 187 154 X 188 X 155 X 189 X 156 157 X X 158 159 NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 190 X X X 191 X 192 X 160 X 193 X 161 X 194 X 162 X 195 X 196 X 163 X 197 408 X NUMERO S 198 X N NA NUMERO S N 232 X 199 X 233 X 200 X 234 X 201 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 202 X 235 X 203 X 236 X 204 X 237 205 X 238 206 X 239 207 X 240 X 208 X 241 X 209 X 242 X 210 X 243 X X X X 211 X 244 212 X 245 213 X 246 X X X 214 X 247 X 215 X 248 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 249 X 216 X 250 X 217 X 251 X 252 X 218 X 219 X 253 X 220 X 254 X 221 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 222 X 255 X 223 X 256 X 224 X 257 X 225 X 258 X 259 X 226 X 227 X 260 X 228 X 261 X 229 X 262 X 230 X 263 X 231 X 264 X 409 NA NUMERO S 265 X 266 X N 268 X 269 X 270 X 271 X 272 X 273 X 275 X 276 X 277 X 278 X 279 X 280 X 281 X 282 X 283 X 284 X 285 X 286 X 287 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 288 X 289 X 290 X 291 X 292 X 293 X 294 S N X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% X X NUMERO 299 267 274 NA X 295 X 296 X 297 X 298 X 410 NA APENDICE G – RESULTADOS DO CHECKLIST (SAAE) EMPRESA: Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito– MG Parte I – Diagnóstico do Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 NÚMERO S N NA NÚMERO S N 1 X 29 X 2 X 30 X 3 X 31 X 4 X 5 X 32 6 X 33 X 7 X 34 X 8 X 35 X 9 X 36 X 37 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% X 10 X 38 X 11 X 39 X 12 X 40 13 X 14 X 41 15 X 42 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% X X 43 X 16 X 44 X 17 X 45 X 18 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 25% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 46 X 19 X 47 X 20 X 48 X 21 X 49 X 22 X 50 X 23 X 24 X 51 X 25 X 52 X 53 X NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% NÍVEL DE ATENDIMENTO: 10% 26 X 54 X 27 X 55 X 28 X 56 411 X NA NUMERO S 57 X 58 N NA NUMERO X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% S N 85 X 86 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 59 X 87 60 X 88 61 X 89 X X X 62 X 90 X 63 X 91 X 92 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 64 X 93 X 65 X 94 X 66 X 95 X 67 X 96 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 68 X 69 X 70 X 71 X 97 NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% 72 X 73 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 74 X 75 X 76 X 77 X 78 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 79 X 80 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 80 X 81 X 82 X 83 X 84 X X 412 NA Parte II – Qualidade Gerencial e Operacional NUMERO S N NA NUMERO S N 1 X 35 X 2 X 36 X 3 X 37 X 4 X 5 X 38 X 6 X 39 X 7 X 40 X 8 X 9 X 41 X 10 X 42 X 11 X 43 X 12 X 44 X 45 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% NIVEL DE ATENDIMENTO: 10% 13 X 46 X 14 X 47 X 15 X 48 X 16 X 49 17 X X 50 X X 18 X 51 19 X 52 20 X 53 X 21 X 54 X 55 X 22 X X 23 X 24 X 56 X 25 X 57 X 26 X 58 X 59 X 27 NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% X 28 X 60 X 29 X 61 X 30 X 62 X 31 X 63 X 32 X 64 X 33 X 34 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% 65 413 X NA NUMERO S N NA NUMERO S N 66 X 100 X 67 X 101 X 68 X 69 X 102 70 X 103 X 104 X 71 X 72 X 73 X 74 75 NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% X NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% X X NIVEL DE ATENDIMENTO: 100% 105 X 106 X 107 X 108 X X 76 X 109 77 X 110 78 X 111 X 79 X 112 X X 80 X 113 81 X 114 82 X 115 X X X 83 X 116 X 84 X 117 X 85 X 118 X 86 X 119 X 87 X 120 X 121 X 122 X 88 89 X X 90 X 123 X 91 X 124 X 92 X 125 X 93 X 126 X 94 X 127 X 95 X 128 X 96 X 129 X 97 X 130 X 98 X 131 X 99 X 132 X 414 NA NUMERO S 133 N NA NUMERO X S 166 NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 167 X X 168 X 135 X 169 X X 137 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% 170 X 138 X 171 139 X 172 X 173 X 140 X 141 X 174 142 X 175 143 X 144 X X X X 176 X 177 X X 145 X 178 146 X 179 X 147 X 180 X X 148 X 181 149 X 182 150 X 183 X 151 X 184 X 152 X 185 X 186 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% X 153 X 187 154 X 188 X 155 X 189 X 156 157 X 159 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% X 158 NA X 134 136 N 190 X X X 191 X 192 X 160 X 193 X 161 X 194 X 162 X 195 X 163 X 196 X 164 X 197 X 165 X 198 X 415 NUMERO S N NA NUMERO S X 199 X 233 200 X 234 201 X 202 235 X X X 236 X 204 X 237 205 X 238 206 X 239 207 X 240 X 208 X 241 X 209 X 242 X 210 X 243 X 211 X 244 212 X 245 213 X 246 X 214 X 247 X 215 X 248 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% X X X X X 249 X 216 X 250 X 217 X 251 X 218 X 252 X 219 X 253 X 220 X 254 X 221 222 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 50% X 223 X 255 X 256 X 224 X 257 225 X 258 X 226 X 259 X 227 X 260 228 X 261 X X X X 229 X 262 230 X 263 231 X 264 X 265 X 232 NA NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% X 203 N X 416 X NUMERO S 266 X 267 X 268 X N NUMERO X 270 X 271 X X 273 X 274 X 275 X 276 X 277 X 278 X 279 X 280 X 281 X 282 X 283 X 284 X 285 X 286 X 287 X NIVEL DE ATENDIMENTO: 75% 288 X 289 X 290 X 291 X 292 X 293 294 S N NIVEL DE ATENDIMENTO: 25% 269 272 NA X X 295 X 296 X 297 X 298 X 299 X 417 NA