8 - C.E.C. É notícia
! Escalada do Dia Internacional da Mulher
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INTERNACIONAL
DA
Informativo do Clube Excursionista Carioca
C.E.C.
É notícia
Ano 59 - No 3 - Abril/2005
Alta Sociedade
• Daniel de tanto balançar a jaqueira aca-
• Alfredo Neto: após achar que tinham
bou derrubando uma manga verde!
metido uma cerveja nele, pergunta:
- Alguém viu quem foi? (o sujeito foi
• Pow revoltado reclama com o Bagre que rápido mesmo...)
o forró demorou a tocar em sua festa e
todas as “mulheres acessíveis” já tinham
ido embora!
Clube Excursionista Carioca
• Um sócio que já tinha escapado de uma
panelada e de um linchamento ao comentar
sobre a premiação de guia:- Não sei se
sou Bi se não sou. Sou Bi?
Fundado em 21 de fevereiro de 1946
Rua Hilário de Gouveia, 71 / 206
Copacabana - Rio de Janeiro
CEP: 22040-020 Tel: 2255-1348
ACESSE: www.carioca.org.br
Reuniões sociais às quintas a partir de 20:30h
Los Arenales
2 - C.E.C. É notícia
4 Escalada do Dia Internacioal
da Mulher
Dia 08 de março. Dia Internacional da Mulher . E para comemorar esta data as meninas do CEC e do CERJ se uniram para
a primeira “Invasão Feminina” no Morro
do Cantagalo.
No dia 06 de março, nove mulheres ocuparam as principais vias de escalada da
parede: “Urbanóide”, “Lembranças de um
Passado”, “Gasparito” e “Brilho da Noite”.
Quem presenciou o evento não pode deixar de notar que aquele era um dia histórico. Afinal, quem poderia, à dez anos atrás,
imaginar um evento desse acontecendo nas
paredes do Rio?
Confira a foto na Página 8.
4 Por dentro do CEC
• CBM 2005
No último dia 28 teve a aula inaugural do
Curso Básico de Montanhismo do CEC.
Damos as boas vindas aos novatos da
montanha.
C.E.C. É notícia
Uma publicação do Clube Excursionista Carioca
Presidente: Claudio Martins
Vice-Presidente: Pablo Costa
Tesoureiro: Ana Claudia Nioac
Diretor Técnico: Miguel Monteza
Diretor Social: Patrícia Duffles
Secretária: Katherine Benedict
Capa:
Bernardo escalando em Arenales,
foto de Cris Jorge.
C.E.C. É notícia - 7
• Olhar sobre o limite
No dia 02 de maio, o CEC trará a
exposição de fotos de Taranto Jr.
“Olhar sobre um limite”, é uma exposição
desenvolvida a partir de fotos tiradas
durante quatro escaladas no estilo Big Wall
localizadas no estado do Rio de janeiroBrasil. O formato desenvolvido pelo
fotógrafo inclui fotos transformadas em
colagens e desenhos, criando visualmente
uma ampla dimensão não só da beleza das
grandes paredes brasileiras, mas também
de todo o ambiente técnico e psicológico
necessários para escalar uma via de Big
Wall, já que tais escaladas podem durar
dias e noites seguidas sem contato com o
solo.
Sendo o fotógrafo um dos nove
escaladores, podemos ter um ângulo real
e aproximado de alguns momentos
clicados por ele durante as escaladas, nos
transmitindo toda intensidade e beleza de
cada momento.
Com essa exposição que envolve o Parque
Nacional da Serra dos Orgãos-Teresópolis,
e o Vale do Cuiabá-Itaipava o fotógrafo
busca incentivar e divulgar este estilo de
escalada pouco conhecida no Brasil e as
belezas dos locas onde este esporte pode
ser praticado.
• Reforma no CEC
Está sendo planejada uma reforma na secretaria do CEC. O objetivo é aproveitar
melhor o espaço disponível para
armazenamento dos equipamentos e organizar documentos referentes à história do
clube.
ANHA
MONTANHA
4 POR DENTRO D A MONT
• Abertura de Temporada de Montanhismo
A abertura de temporada de montanhismo deste ano será realizada no dia 1º de maio.
Este ano teremos uma novidade: camisetas de manga comprida. Não deixe de reservar
a sua junto à secretaria do CEC.
• Abertura de Temporada de Montanhismo Teresópolis-Friburgo
O PARNASO e o PARQUE Estadual dos Três Picos estão planejando em conjunto a
Abertura da Temporada de Montanhismo Teresópolis-Friburgo 2005, que será realizada
no fim de semana dos dias 14 e 15 de maio próximo. A programação do evento inclui
a premiação do concurso de fotografia de montanha que será lançado no início de abril,
a apresentação de filmes de montanha e posterior debate com personalidades do
montanhismo e coquetel de confraternização, todos estes previstos para após as 18hs.
Para o período diurno, os organizadores do evento estão propondo aos clubes
excursionistas a organização de ataques simultâneos aos principais cumes dos parques,
sendo as escaladas e caminhadas no PARNASO no sábado e no Parque Estadual dos
Três Picos no domingo.
• Melhorias no CEPI
No sábado, dia 12/03, o Unicerj esteve no Cepi com um total de seis pessoas que, entre
outras coisas, apertaram alguns clips e trocaram o cabo da ultima horizontal, que estava
bastante enferrujado e com farpas. Houve uma tentativa de retirada do grampo com
uma rachadura no olhal, no entanto apesar da aparencia, o mesmo estava muito bom.
Desistimos de arranca-lo depois de muitas tentativas e, apesar de nao gostarmos muito
da ideia, resolvemos deixa-lo lá amassado. Ao lado dele agora existe um grampo novo
onde esta’ clipado o cabo.
• Regrampeação da via “Cão Pastor” em Petrópolis
Na manhã de 14/03, Alex Sandro Ribeiro, Leandro Siqueira e Bidu; com a autorização
do Centro Excursionista Petropolitano, terminaram a regrampeação das quatro primeiras
enfiadas da via Cão Pastor, todos os grampos de 3/8 (das 4 primeiras enfiadas) foram
trocados, exceto: o primeiro grampo da primeira enfiada (trocarei se possível essa
semana), e na segunda e terceira parada foram mantidos os grampos originais, mais um
de meia, esses grampos não foram trocados em virtude de ter acabado a bateria da
furadeira.
6 - C.E.C. É notícia
C.E.C. É notícia - 3
E às 3:20 estávamos no cume,
depois de vários trechos de
escalada bastante trabalhosa.
O rapel foi muito delicado,
sempre com possibilidade de
prender a corda e acabou levando 3h! Chegamos de volta
ao refúgio às 19h, cansados,
mas muito felizes. Tanto que,
depois de um dia de descanso, dei a idéia de subirmos tudo
de novo para eu tentar guiar
uma via fácil no Campanille,
(quem diria, eu comecei me
esgoelando nessa caminhada
e acabei querendo subir tudo
de novo, com todo o material). E valeu a pena! Fiquei realizada de fechar a viagem
tendo guiado pelo menos uma via!
Voltamos pro Brasil de cabeça feita! Mas já começamos a planejar a próxima
viagem, ou, melhor dizendo, as próximas!
Cris Jorge
4 Recuperação da trilha do Morro da Urca
O CEC está participando do reflorestamento na Trilha do Morro da Urca. Graças
ao empenho de várias pessoas e, principalmente do Delson, já temos uma nova
e bem estruturada trilha. É
impressionante a velocidade
com que esse trabalho foi
realizado. Agora, é necessário
que TODOS nós continuemos
a regar as mudas ao retornar
pela trilha após um dia de
escalada e também orientar
corretamente os caminhantes
que estiverem fazendo algo
errado (mas sempre com muita
delicadeza). Isto é fundamental
para que as pessoas passem
a colaborar e preservar!
CRIS E BERNA EM ARENALES
Escalando em Los Arenales
A viagem mesmo foi em dezembro/janeiro de 2005, mas essa aventura começou
bem antes disso... O Bernardo já sonhava com este lugar desde 2000 e, um ano antes,
ainda no Frey, pedíamos informações pras pessoas que conhecíamos lá... No cume da
Principal, encontramos o Eduardo e a Julie (de Floripa). Eles conheciam bem Arenales,
pois já tinham ficado lá por um mês. Combinamos de trocar emails, pra pedir mais
detalhes.
A primeira questão foi decidir como chegar à Mendoza. Como as passagens aéreas
estavam muito caras, a opção era ir de ônibus por Foz do Iguaçu. Mas, já bem perto da
viagem, alguém indicou o site de uma cia aérea uruguaia, tipo Gol, que tinha vôos para
Mendoza pela metade do preço. Claro que isso devia ter um custo, mas resolvemos
arriscar. A forma de compra da passagem já era meio estranha, pois, sendo a cia em
SP, era preciso fazer um depósito bancário, para depois receber a confirmação por
email. Aí, começaram os problemas, pois as reservas previam 2 escalas, de no máximo
meia-hora cada, mas quando recebemos a confirmação, os vôos tinham 4 escalas, e
uma delas, na ida, era das 4 às 10h da manhã em Punta del Este... (Aonde eu fui
amarrar meu burro?)
Pois é, foi assim que começamos. O vôo saía de SP, fomos até lá de ônibus-leito,
depois pegamos outro ônibus até Guarulhos, onde finalmente fizemos o check-in na
UAIR. Até então, ainda estávamos meio incertos de que a cia aérea existisse mesmo...
Essa cia comprou alguns Fokker100 da TAM (isso mesmo!) e começou a operar rotas
entre Brasil, Uruguai e Argentina. Paramos em Montevidéu, Punta del Este (a pior
dormida da minha vida – num banco de pedra do aeroporto, segurando as mochilas),
depois, Rosário, Córdoba e finalmente Mendoza...
Ficamos em Mendoza por 2 dias, pra organizar as coisas para a subida. Compras de
comida pra 21 dias, transporte (o Roberto, que nos levou até lá num Niva) e ainda
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tivemos a sorte de conhecer o Alessandro (de Joinville) no refúgio, que nos deu ótimas
dicas sobre o local, pois tinha acabado de passar uma semana lá e estava vindo pro Rio,
pra Salinas, para passar o Ano Novo...
Partimos pra região de Arenales, uma viagem de aproximadamente 3h. No trajeto,
eram quilômetros e quilômetros de vinhedos pelos dois lados da estrada... Essa região
tem o solo adequado, pouca chuva e verões bem ensolarados, um clima ideal para a
produção de vinhos, e por esse motivo é responsável pela produção de 70% dos vinhos
da Argentina.
Chegamos finalmente ao Refúgio Portinari, posto da gendarmeria nacional, onde
precisávamos nos identificar e dizer por quanto tempo ficaríamos. Ao ver que éramos
brasileiros, o guarda nos falou: – Tem uns amigos de vocês aí, que vão ficar 30 dias...
Eram o Eduardo e a Julie... Impressionante, não nos falamos mais desde o Frey e
fomos encontrá-los lá!
O Niva do Roberto nos levou até o refúgio Tupungato, onde montaríamos nossa
barraca. O local era bastante árido, mas a paisagem impressionante!
O Cajón de los Arenales é um “amontoado” de pedras e areia, formado pelo
degelo das montanhas dos 2 lados, circundado por torres e agulhas de granito claro, até
meio rosado. Do lado direito do refúgio passa um rio de degelo, de água tão fria quanto
cristalina (banho?). As agulhas, do lado esquerdo, pareciam magnéticas, e nos hipnotizaram desde o primeiro momento. O Bernardo parecia uma criança, com um brinquedo
novo, completamente enfeitiçado. Não parava de estudar o guia para tentar identificálas pelos nomes e escolher as vias que iríamos fazer em cada uma delas... E eram
muitas possibilidades...
Eu, já estava mais preocupada com a minha forma física e se meu ombro ia dar
problema: Nós dois fomos pra lá com os ombros esquerdos machucados...
O plano era ter treinado bastante o ano inteiro, para chegar lá em forma e aproveitar bem o lugar... Mas, por questões de trabalho, não pude me dedicar tanto ao treinamento aeróbico e pra piorar, em outubro machuquei o ombro, o que acabou comprome-
C.E.C. É notícia - 5
tendo também as escaladas...
Começamos a nos aclimatar, escalando alguns dias na parte baixa, na Muralha
Mítria. Eu digo aclimatar mesmo, pois o local do acampamento já ficava a 2800m e as
agulhas que pretendíamos fazer iam de 3200 a 3500m. No primeiro dia de atividade, já
senti o efeito da altitude, na volta, uma caminhadinha pouco íngreme e de apenas 40
minutos, me senti bastante cansada.
Me preocupava com o primeiro dia de subida para as agulhas, que ia ser o mais
difícil, pois tínhamos que subir com todo o equipo, móveis, casacos, água, etc, em um
desnível de mais ou menos 350m de pedras soltas de degelo. No finalzinho virava uma
moraina de areia fofa, onde a cada passo, corria-se o risco de voltar 2. Decidimos
começar pela menor agulha, a Torresilla (3200m). Demoramos 2:40h para chegar lá em
cima, e eu cheguei a-ca-ba-da... Fizemos a Universo Mental, uma via de 120m, com
fendas maravilhosas e foi uma ótima escolha.
A rocha é bastante sólida, com ótimas colocações de móveis. Alguns locais têm
blocos soltos bastante grandes, bem perigosos, mas no geral, as vias têm boas proteções. As agulhas são cortadas por sistemas de fendas e fissuras muito tentadores e lá,
realmente precisei aprender a fazer entalamento, pois em alguns casos, não é possível
progredir utilizando outra técnica.
O dia seguinte à primeira subida virou dia de descanso e assim foi: precisávamos
sempre ir intercalando escaladas com dias de descanso, o que reduziu a quantidade de
vias que estava no programa. Mas nem por isso deixamos de aproveitar. Todos os dias
à noite, ou nos dias de descanso, a diversão era ficar programando as próximas escaladas. Os olhinhos do Bernardo brilhavam, ele nunca tinha visto tanta fenda junta assim!
Fizemos outras 4 agulhas: A Charles Webis (3500m) – a mais bonita de todas, que
subimos por 2 vias diferentes, o Campanille Alto (3400m), a Espina (3300m), e, desde o
início, estávamos fascinados pela agulha El Cohete (3300m), onde havia uma via de
500m que queríamos fazer, “Mejor no hablar de ciertas cosas”. Essa via se dividia
em 2 partes: 250m de escalada fácil em rocha regular e outros 250m de escalada
atlética e “sostenida”. No guia já havia o aviso: “a via, por seu tamanho, dificuldade
técnica e quantidade de rapeis, exige um trabalho árduo do escalador”. Eu duvidava
que fosse conseguir fôlego pra isso, mas, a vida não é “sencilla”...
Em Arenales, qualquer problema é por sua própria conta e risco. As escaladas nas
agulhas são arriscadas, e, se acontecer alguma coisa, alguém precisa descer até o
refúgio dos militares para pedir resgate. Foi ótimo ter encontrado o casal de Floripa lá,
além de terem nos dados altas dicas, ficamos muito amigos. Aprendi muito com eles,
principalmente na questão alimentação e ainda nos resolveram um problemão, nos levando de carro até uma cidade próxima para dar um reforço na comida.
Finalmente chegou o dia em que havíamos planejado ir ao Cohete. Acordamos às
5h da manhã e estava um frio congelante, mas o dia estava lindo. Saímos às 6h de
anorak, gorro e luva! A escalada foi toda no frio, esse foi o dia em que escalei mais
agasalhada, mas fomos bem rápido. Às 10:30, já havíamos vencido os primeiros 250m.
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No 3 - Abril / 2005 - Clube Excursionista Carioca