Energia Sustentável para todos ACESSO A SERVIÇOS DE ELETRICIDADE E POBREZA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE IV Encontro Presidencial / Agenda Social da Democracia São Paulo, 6 e 7 de março de 2009 Conteúdo • Breve resumo sobre a evolução da cobertura do serviço elétrico na América Latina e Caribe (ALC) • Desafios do setor • Experiência recente BID em energia rural • Sugestões e recomendações • BIDtv DVD "El Panel me cambió la vida" Pobreza na América Latina e Caribe (ALC) Pobreza [1] Pobreza extrema 40 19.1% 30 12.9% 20 2008 * 2007 2006 2005 20.3% 2004 2002 2001 2000 1990 0 2003 25.1% 10 1980 (% da população total) 50 Em muitos países a pobreza está concentrada nas áreas rurais e é ainda mais alta e severa entre as comunidades indígenas, onde indicadores mostram que 95% deste segmento é pobre. [1] CEPAL, (*os dados relativos a 2008 são preliminares) Importância do acesso à energia no meio rural • Fundamental para o desenvolvimento econômico rural Impossível alcançar melhoras substanciais em educação, saúde, competitividade, produtividade agrícola e desenvolvimento rural em geral, sem acesso à energia Bombeamento de água Internet • Saúde Educação Telecomunicações Renda Pobreza Eqüidade Meio Competitividade Produtividade Outros ambiente Turismo Em particular, combate os temas de pobreza e equidade possibilitando aumento da renda familiar A população rural pobre consome uma parte substancial de sua renda e tempo para cocção e iluminação com o uso de energia tradicional: lenha, velas e trabalho manual ou animal. Quando tem acesso a querosene, pilhas ou baterias, os gastos são ainda mais elevados, comprometendo suas demais necessidades básicas de subsistência. Impacto de um maior acesso à energia nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODM ODM 1: Erradicar a extrema pobreza e a fome • Acesso a energia facilita o desenvolvimento econômico — incluindo o desenvolvimento de microempresas com a criação de empregos e geração de renda — que ajuda o combate à pobreza e a fome ODM 2: Atingir o ensino básico universal • Energia moderna reduz o tempo gasto por crianças em atividades básicas de subsistência • Iluminação permite estudo em casa, aumenta a segurança e o acesso a métodos educacionais modernos e a comunicação ODM 3: Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres • Energia permite uso de aparatos que facilitam a vida das mulheres, dando mais disponibilidade de tempo para educação e atividades produtivas geradoras de renda dentro e/ou fora de casa Impacto de um maior acesso à energia nos ODM (cont.) ODM 4, 5, 6: Reduzir a mortalidade infantil/Melhorar a saúde materna/Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças • Energia contribui ao funcionamento de aparelhos básicos de saúde (refrigeração de vacinas e outros medicamentos, esterilizadores, iluminação para atividade noturnas de emergência ou educativos) • Energia moderna reduz poluição interna (substituição de querosene, lenha, velas) • Energia permite bombeamento de água limpa ODM 7: Garantir a sustentabilidade ambiental • Energia renovável e maior eficiência energética protege os recursos naturais e reduz emissões ODM 8: Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento • Energia oferece oportunidades de desenvolvimento de negócios, fabricação, comercio, serviços, cooperação internacional % Cobertura elétrica na ALC, 2007 100.00 80.00 60.00 40.00 20.00 - VENEZUELA URUGUAY T&T SURINAME PERU PARAGUAY PANAMA NICARAGUA MEXICO JAMAICA HONDURAS HAITI GUYANA GUATEMALA SALVADOR ECUADOR DOM.REPUBLIC COSTA RICA COLOMBIA CHILE BRAZIL BOLIVIA BARBADOS ARGENTINA Cobertura elétrica continua baixa > 90% Argentina, Barbados, Bahamas, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Jamaica, México, Paraguai, República Dominicana, Suriname, Trinidad & Tobago, Uruguai, Venezuela 70 - 90% Belize, Equador, Guatemala, Guiana, Panamá, Peru 50 - 70% Bolívia, Honduras, Nicarágua < 50% Haiti Nota: Datos de cobertura nacional (urbana + rural) publicados por CLER basados en CEPAL/OLADE Cobertura elétrica na América Central (AC) MX S/SE 92% BL 80% Belmopan Mollejón Planta Hidro Tapachula HO 71% San Pedro Sula El Cajón Los Brillantes Cd. Guatemala Tegucigalpa NI 61% San Salvador GU 84% León Managua CR 99% ES 84% 2 milhões de famílias sem acesso Arenal-Corobicí PN 88% San José Bayano 15% da população da área do Projeto Mesoamérica - PM (antigo Plano Puebla Panamá – PPP) Fonte: CEPAL, 2008 Fortuna Panamá Evolução da cobertura na AC Estratégia 100% 2020 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 1985 Fonte: CEPAL, 2008 1990 1995 2000 2006 Costa Rica El Salvador Guatemala Honduras Nicaragua Panamá 2007 Desafios do Setor na ALC • 40 milhões de habitantes (10 milhões de famílias) sem acesso ao serviço elétrico (i.e., 10% da população está sem serviço) - 10 países com < 70% de cobertura nacional (7 na AC e Caribe) • População sem serviço localizada em locais que requerem investimento e O&M mais elevados que os urbanos (maiores distancias envolvidas, dispersos e com consumo baixo gerando pouca receita para o distribuidor) • População rural sem serviço tende a ser a mais pobre Desafios do Setor na ALC (cont.) • Como desenhar esquemas de incentivos que promovam o investimento, em lugar de desestimulá-lo? • Como evitar que o uso indiscriminado de incentivos resulte em soluções antieconômicas, impedindo o desenvolvimento de outras alternativas mais competitivas? • Como evitar os erros do passado com o uso de energias renováveis em áreas remotas, quando sua sustentabilidade foi freqüentemente comprometida por falta de mecanismos para assegurar sua O&M? Compromisso do BID com a Eletrificação Rural • 1961-2007: total de empréstimos aprovados US$22 bilhões para o Setor Energia de ALC: 14% do total dos empréstimos do BID desde sua criação há 50 anos • Setor Elétrico: 90% deste total; 40% são projetos hidroelétricos e 25% são projetos de eletrificação rural • Primeiro projeto de eletrificação rural foi aprovado em Agosto de 1961 para El Salvador – 57 projetos aprovados para eletrificação rural para ALC – 14 programas em identificação (2008-2009) • 6 envolvem energia renovável Apoio recente BID a Eletrificação Rural • Operações de Financiamento (empréstimos/garantias): - Guatemala (INDE) Chile (CNE – SUBDERE/MIDEPLAN) Panamá (OER - COPE) Nicarágua (CNE - Waspám; Tecnosol-microempresas) Honduras (ENEE; Aldea Solar - Telecentros) Brasil (microempresas FTV – EcoEngenho; CEMIG) Peru (microempresas ITDG); Bolívia (VMEEA); Guiana • Cooperações Técnicas não reembolsáveis* (“TCs”): - Panamá (COPE - OER) - El Salvador (MINEC - DEE); Brasil (MME); - Guatemala (INDE/FS-GVEP); Nicarágua (CNE/eólica isolada) - Bolívia (VMEEA); Paraguai (VMME - MOPC) CHILE (Comissão Nacional de Energia - CNE) Empréstimo de US$40 milhões aprovado em Setembro de 2003 (CH-0174) para financiar incentivos ao setor privado para participar do Programa de Eletrificação Rural (PER), seja por extensão de redes ou fora de rede: • Permitiu o acesso ao serviço elétrico a 40.000 residências (8.000 fora de rede), superando a meta de 90% de cobertura rural, em cada Estado (Região) até 2006. • Soluções fora de rede são baseadas em energia renovável de mínimo custo (solar FV, eólica híbrida e PCHs) • O programa também aperfeiçoa o projeto e monitoramento de projetos de eletrificação rural, assim como a capacidade institucional das municipalidades e governos regionais BRASIL (Instituto Eco-Engenho IEE, ex-FUNDAÇÃO TEOTONIO VILELA – FTV) Operações de cooperação técnica* e empréstimos para o desenvolvimento de micro-empresas por 500kUS$: • Inicio: Projeto Luz do Sol - energia fotovoltaica centralizada - inicio em 1996 com o Banco do Nordeste para instalar centrais de recarga de baterias (US$2-3/recarga) • Carga crescente obrigou a modificar esquema de gestão: sistemas fotovoltaicos agora ficaram instalados en 3.000 residências sob a modalidade “fee for service” por 90 micro-empresas (tarifa exclui a bateria) Nota: * Proyecto ATN/SF-6102-BR Lições aprendidas Processo participativo: comunidades/usuários finais organizados solicitando o serviço - “demand-driven” Sustentabilidade: prover incentivos ao investimento privado, limitados à parte do investimento do projeto não recuperável através da tarifa, O&M totalmente coberta pela tarifa • • Somente projetos de eletrificação rural com benefícios sociais/ econômicos para o país são elegíveis, com base em metodologia acordada com cada país Negociações/licitações/leilões (quando aplicável) com as empresas distribuidoras para definir o valor dos incentivos de cada projeto – para as soluções de extensão de rede, e processos competitivos – para as soluções fora de rede, tudo com base a uma planilha de cálculo acordada previamente com os atores (operadores da própria comunidade e micro financiamento são elegíveis desde que sigam critérios de sustentabilidade; mínimo 10 anos de O&M) ) (cont.) • Não existe uma solução única aplicável a todos os países – reconhecer as distintas particularidades locais – mas existem alguns aspectos sobre as experiências de outros países possíveis de serem aproveitados • Devido aos gastos evitados com querosene, velas e pilhas, existe capacidade de pagamento se o serviço de energia estivesse disponível. Entretanto, praticamente não existe com relação ao custo do investimento inicial. Parte rentável Receita Incentivo Aporte do Distribuidor/ Provedor do serviço O&M Parte do Investimento Investimento não rentável Custo total em VP Se requer incentivo ao distribuidor/provedor D0IS MERCADOS DISTINTOS: Conectados a rede e fora de rede Soluções fora de rede Rede existente Extensão de redes Mini redes É necessário oferecer soluções para ambas situações de forma coordenada e integrada Indicadores de varios PER PER (componente extensão de redes) CHILE 2002 Custos (mil US$) Investimento Incentivo Beneficiários # de Projetos # de Clientes Indicadores US$/família Investimento por família Incentivo por família 59.157 45.157 1.611 39.416 1.501 1.146 BOLIVIA 2004 4.873 3.051 32 9.462 690 432 NICARAGUA 2005 2.135 998 32 1.414 1.338 706 PANAMA 2006 4.401 4.083 76 3.582 1.229 1.140 Sugestões e recomendações Priorização do setor de eletrificação rural Vários países não priorizam o acesso da população não servida aos serviços de eletricidade. O acesso aos serviços de eletricidade deve ser colocado em destaque na agenda política dos respectivos governos por sua característica desenvolvimentista. Rever a atual estrutura institucional do setor a fim de reforçá-la. Alguns países não contam com uma autoridade nacional ou regional responsável por energia rural, tornando difícil formular políticas de desenvolvimento e de financiamento para o setor. Quando existe tal arcabouço institucional, os órgãos responsáveis freqüentemente não contam com o peso político necessário, ou com os recursos humanos e financeiros necessários para a formulação e execução das políticas setoriais. O fortalecimento destes órgãos parece ser condição necessária para qualquer progresso no desenvolvimento do setor e para aumentar a cobertura do serviço elétrico rural. Sugestões e recomendações (cont.) Provedores de serviço elétrico com sistemas isolados de energia renovável Fortalecimento dos quadros administrativos, técnicos e profissionais dos provedores de serviço elétrico com sistemas isolados de energia renovável melhorando a sustentabilidade dos sistemas isolados de energia renovável. Devem ser promovidos mecanismos como a capacitação, treinamento no trabalho, assessorias especializadas, contratos de gestão e intercâmbio de experiências com distribuidores/provedores sucedidos, a fim de superar deficiências observadas. O modelo preferido para operar os sistemas isolados de energias renováveis parece ser o de micro-empresa, mas no caso dos sistemas em localidades muito pequenas podem ser considerados esquemas organizados pela própria comunidade, desde que formalmente estabelecidos. Sugestões e recomendações (cont.) Financiamento Para alcançar uma cobertura elétrica universal na ALC (isto é, 100% de acesso à eletricidade): Será necessário investir entre US$ 15-20 bilhões, valor próximo ao total de empréstimos e garantias aprovados pelo BID para todo o setor energético ao longo de seus 50 anos. Essencial a participação do setor privado no financiamento do investimento necessário, uma vez que parte do investimento em sistemas de eletrificação rural é rentável.