Dia internacional de luta
contra as barragens
Modelo energético brasileiro é a cara da política econômica
Uma história de injustiças. Um milhão de
pessoas já foram expulsas de suas terras pelas
barragens.
População paga a conta e as empresas transnacionais ficam com o lucro. Os brasileiros e
brasileiras pagam uma das tarifas mais caras
do mundo (a quinta maior - R$ 430,00/MWh),
enquanto transnacionais recebem energia
subsidiada (R$ 45,00 a R$ 70,00/MWh);
Prioriza a exportação de energia aos países
ricos, privatiza a água, entrega o dinheiro
público e favorece as grandes empresas.
Não prioriza a questão social e ambiental.
Chega! É preciso dar
.
um basta a tudo isso
A luta popular é o motor para a solução
dos problemas e as mobilizações
precisam ser intensificadas.
No dia 14 de março, Dia Internacional de Luta Contra as Barragens,
estamos mobilizados em diversas
regiões do Brasil, lutando em defesa
dos interesses do povo brasileiro, em
especial dos mais pobres. Neste dia,
povos de todo mundo se mobilizam
contra a mercantilização das águas e
da energia.
Energia para quê e para quem?
O Modelo Energético Brasileiro é socialmente injusto e ambientalmente irresponsável. Todos nós, atingidos por barragens ou não,
sofremos as conseqüências deste modelo: famílias atingidas expulsas;
20,3 milhões de brasileiros sem energia elétrica; 34 mil km² de terras
alagadas (o Estado de Alagoas tem 29 mil km²); milhares de famílias
sem conseguir pagar o alto preço da luz.
Muitas propagandas são feitas dizendo que as barragens são de
interesse público. Mas os únicos beneficiados têm sido as grandes
empresas que dominam o setor, como as estadunidenses CITICORP,
AES, ALCOA, a Vale do Rio Doce, a belga-francesa TRACTBELSUEZ, a canadense ALCAN, a espanhola ENDESA e a inglesa BHP
BILLITON. Essas multinacionais remetem, anualmente, bilhões de
dólares em lucro para o exterior. Quem também tem lucrado bastante
com o atual modelo são os grupos brasileiros Votorantim, Branco
Bradesco, Camargo Corrêa e Odebrecht.
Ditadura contra as populações atingidas
por barragens faz aumentar a pobreza
As empresas construtoras de barragens não respeitam as pessoas e nem o
meio ambiente. No Brasil, já foram expulsas mais de um milhão de pessoas
de suas terras nos últimos 40 anos. Nossos
direitos são negados, 7 em cada 10 famílias não
recebem nenhum tipo de indenização.
Os governos são coniventes, omissos e não
têm coragem de enfrentar as empresas. O
Plano 2015 prevê a construção de mais 494
grande barragens e centenas de PCHs (pequenas barragens) no país, ameaçando expulsar
mais 850 mil pessoas de suas terras. Somente
nos próximos três anos, 100 mil famílias estão
Máquinas destroem casa de atingido para construção de barragem ameaçadas pelas barragens.
Modelo brasileiro beneficia indústrias proibidas na Europa e no Japão
Indústrias conhecidas como eletrointensivas, que geram
poucos empregos, poluem muito o meio ambiente e gastam
grande quantidade de energia elétrica, como as produtoras de
alumínio, são proibidas de se instalarem em países como o Japão
e na Europa. Essas empresas trazem mais prejuízos do que benefícios e consomem grande parte da energia brasileira.
Enquanto os trabalhadores brasileiros não estão conseguindo
pagar a conta de luz, as eletrointensivas ganham pesados benefícios fiscais, recebem energia por R$ 45,00 a R$ 70,00/MWh. Sua
produção é basicamente para a exportação, fazendo do Brasil um
dos maiores exportadores mundiais de energia elétrica a preços
subsidiados pelos governos.
O povo paga caro pelo preço da luz e milhares
de famílias não têm energia elétrica em casa
O custo médio do MWh produzido nas barragens gira em torno
de R$ 35,00, nas barragens mais antigas o custo é bem mais baixo.
No entanto, esse mesmo MWh chega para os consumidores residenciais por R$ 400,00, em média. Um estudo feito pelo Instituto
Ilumina em 31 países comprovou que o Brasil tem a 5ª tarifa mais
cara de energia do mundo. Se contabilizarmos os impostos cobrados sobre a energia, com certeza os brasileiros pagam a tarifa mais
cara do mundo.
Obs.: Um MW equivale a 1.000 KW.
Empresas destroem o meio ambiente
Empresas donas das barragens promovem fraudes nos estudos de impacto
ambiental para garantir licenças e autorização dos órgãos ambientais. A
Engevix, a estadunidense ALCOA, Banco Bradesco, Votorantin, Camargo
Correia, CPFL e a Companhia Brasileira de Alumínio/CBA fraudaram os
estudos ambientais para construir a barragem de Barra Grande, na divisa entre
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ameaçando cobrir com o lago da barragem
2.000 hectares de araucária (15.000 pinheiros) e mais 4.000 hectares de mata.
Parece que a lei só vale aos pobres, pois essas empresas continuam impunes,
atuando e reproduzindo essa prática em diversas regiões do país.
Mata de araucária ameaçada pela Barragem de Barra Grande (RS/SC)
No Dia Internacional de
Luta Contra as Barragens
o MAB denuncia:
A ALCOA, através de duas empresas
de exploração de Alumínio na Amazônia
(Albrás e Alumar), nas últimas duas décadas, recebeu mais de 200 milhões de
dólares por ano através de energia subsidiada. Elas consomem 11 bilhões de kw
por ano, isso equivale a 15% de toda energia consumida pelas residências brasileiras no mesmo período.
Se esse dinheiro fosse revertido
ao povo brasileiro,
veja o que poderia ser feito:
Na reforma agrária
Assentaríamos 27.000 famílias por
ano ou durante os 20 anos de subsídios já teríamos assentadas 514.000
famílias (R$ 600 milhões divididos por
R$ 22.400,00/custo médio do Incra para
assentar uma família).
Na habitação
Conseguiríamos fazer 58.000 casas
populares por ano ou durante os 20 anos
teríamos construído 1.600.000 casas aos
trabalhadores brasileiros (600 milhões
divididos por R$ 10.300,00 custo de
uma casa pelo Plano Social de
Habitação/PSH).
Por isso lutamos:
Pela reparação dos prejuízos causados às populações atingidas e ameaçadas pelas barragens
Terra e reassentamento às famílias,
para garantir emprego, renda e produção de alimentos saudáveis.
Cestas básicas para as famílias.
Crédito especial para viabilizar a
produção de alimentos.
Moradia e infra-estrutura nos reassentamentos e comunidades atingidas.
Garantir energia e água para todas famílias que não possuem.
Pela construção de um novo modelo energético alternativo e popular
Ter uma política de preços, com baixo custo ao povo brasileiro, em especial aos
trabalhadores de baixa renda.
Pelo fim da privatização e da mercantilização da
água e da energia e que esteja a serviço e sob
controle do povo brasileiro, repotencializando as
barragens já construídas, otimizando as redes de
transmissão e investimentos em energia alternativa como: biomassa, eólica e solar.
Suspender os subsídios às grandes empresas.
Pela defesa do meio ambiente como patrimônio natural do povo brasileiro.
Pela mudança na política econômica do governo federal, para poder
priorizar os interesses do povo brasileiro
MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens
HIGS Quadra 705 - Asa Sul - Bloco K - Casa 11 - CEP 70350-711 - Brasília/DF - Brasil
Fone/Fax: (61) 242 8535 - [email protected] - www.mabnacional.org.br
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