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BIBLIOTECA
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ANO I
BOLETIM NQ01
DEZEMBRO/1984
E a Onda Cresce:
Aqui estamos novamente com as clicas,
novidades e sugestões para o uso de audiovisuais. Com a chegada de material das várias
partes do Brasil, o nosso Boletim se apresenta com uma boa diversidade de experiências.
Levar essas informações a todos, que atuam
com audiovisuais em grupos e comunidades,
é a nossa meta.
As novidades técnicas e as várias formas
de uso desses meios, nas diferentes regiões,
facilitam o aproveitamento e mostram as
vantagens que eles podem ter, até mesmo
nos lugares onde parece impossível usar um
projetor, como, por exemplo, onde não existe energia elétrica.
Todos conhecemos a necessidade de informar, de trocar experiências e das vanta-
Com Sotaque
Baiano
Depois de algumas tentativas frustradas,
reuniram-se de 17 a 19 de agosto, em Salvador, 54 comunicadores católicos, pertencentes a 13 das 22 dioceses do Regional Nordeste III (Bahia e Sergipe), sob a coordenação
da Irmã Maria da Glória Bordeghini, assessora de comunicação da CNBB.
Depois de um levantamento da realidade da comunicação na Bahia, foi criada
uma EQUIPE REGIONAL DE COMUNICAÇÃO, formada por cinco leigos representantes dos diversos meios existentes nesse regional. A grande novidade foi o destaque dado aos meios de comunicação grupai, que
junto com os meios de comunicação de massa começam a ocupar um espaço relevante. A
presença de um representante desses meios
na equipe, nosso companheiro Alfredo
Alves, do Projeto audiovisual, de Teixeira
de Freitas é a prova disso.
Uma das propostas de trabalho que
Alfredo levará na próxima reunião da equipe
é a de incentivar cursos de capacitação em
audiovisual popular, que poderão ser realizados em todas as áreas do estado que estiverem interessadas.
gens que o uso do audiovisual proporciona,
principalmente nas regiões mais carentes de
recurso. Para isso, lançamos o "Ouvirolhando". Num primeiro momento, com divulgação restrita apenas aos endereços dos
componentes do grupo que participaram do
lançamento. A partir daí, continuamos procurando meios de divulgá-lo mais. E a grande
chance apareceu.
A OCIC-Brasil - Organização Católica
Internacional de Cinema, sessão do Brasil,
fez a proposta de integrar o nosso Boletim,
como também o informativo de Vídeo, em
seu próprio Boletim, já com ampla circulação.
Durante o Congresso da UCBC - União
Cristã Brasileira de Comunicação Social -
realizado em Piracicaba, São Paulo, em
que estiveram presentes representantes dos
três boletins, fizemos uma reunião para
discutir a viabilidade da proposta. Do
Boletim "Ouvirolhando" estiveram presente:
Cleide (Rio de Janeiro), Félix (Recife),
Anselmo (Espírito Santo), Alfredo (Bahia),
Mura (São Paulo).
Discutida a viabilidade, as vantagens, os
prós e os contras, a junção foi feita por unanimidade. A partir daí, a discussão girou em
torno do acerto de detalhes técnicos. O resultado é este que temos em mãos: um boletim no mesmo estilo, com formato maior,
mais qualidade e, o que é mais importante,
com uma divulgação mais abrangente. E a
onda cresce. . .
Projeção de
audiovisuais
em locais
sem energia
elétrica
PAG. 2
Filmando os índios
PAG. 2
Dicas Técnicas
PÂG. 3
"Pé de Ouvido"
PAG. 4
Comunicação e
Cultura Popular
PÂG. 4
2-OUVIROLHANDO
Projeção de
audiovisuais
em locais
sem energia
elétrica
Um dos primeiros problemas com que se
defronta o Pe. Jef, coordenador desse projeto, ao iniciar o trabalho com audiovisuais
no extremo sul da Bahia, foi o grande número de comunidades sem energia elétrica.
A solução encontrada foi um gerador
portátil, desses usados para camping, movido
a gasolina e que fornece energia bastante para tocar o equipamento, projetor e amplificador. Por isso é importante conferir se o gerador é possante o bastante para o equipamento.
ticipantes. É importante explicar como tudo
aquilo funciona, desde a entrada do slide no
projetor até como se amplifica o som. Se
possível, fazer a experiência de pedir a uma
criança que desenhe em um pedaço de papel
vegetal, do tamanho do slide, e depois projete.
Caso essa "apresentação do equipamento"não seja feita, há o sério risco de sentir a
comunidade muito mais interessada em descobrir quem é que está falando, ou como
aquela pessoa apareceu na tela, entrou no
projetor, ao invés de termos a atenção do
público voltada para a mensagem do audiovisual projetado.
Outra questão importante é a autonomia dos grupos em relação a equipamento e
material. Quando as comunidades puderem.
elas mesmas, produzir e projetar seus audiovisuais ou outros materiais, ai' sim colaboramos para que as comunidades tenham despertadas suas potencialidades comunicativas,
podendo comunicar-se autêntica, eficaz e
livremente.
Projetos como os que foram assumidos
no Encontro de Teixeira de Freitas, sobre
industrialização de projetores populares, de
cursos de capacitação em comunicação
popular para líderes comunitários, contribuem para a abolição de formas autoritárias
e reforçam uma ação consciente, organizada
e solidária dos oprimidos.
Alfredo Alves
Projeto Audiovisual da Diocese de
Teixeira de Freitas.
0 gerador deve ser colocado alguns
metros distante do local de projeção, sempre
com o escape voltado para o lado oposto
do público, já que o barulho que ele faz ao
funcionar pode atrapalhar a projeção.
Antes da projeção é preciso conferir o
nfvel de gasolina do gerador e abrir o registro.
A maneira de conectar o equipamento
ao gerador, de colocá-lo em funcionamento,
a manutenção, etc, dependerá do modelo do
gerador usado, mas é sempre muito fácil e as
informações estão bem detalhadas em todos
os catálogos de geradores.
Outra dificuldade é a questão do impacto que o equipamento causa na comunidade.
Ao montar o projetor, o gravador e outros
equipamentos, nota-se a curiosidade dos par-
A VERBO FILMES está elaborando um
documentário de curta metragem sobre um
tema que é destaque do momento: inculturação de missionários junto aos povos indígenas. Para isso realizamos, com o apoio do
CIMI, uma viagem às aldeias dos índios
Kulina, no Acre e dos Minkys e Tapirapés no
Mato Grosso, onde pudemos sentir a atuação
de vários missionários que trabalham com
povos indígenas no Brasil.
Todos esses missionários visam os mesmos
objetivos: preservar a cultura e a sobrevivência das tribos, que dependem desse apoio
para conquistar e demarcar a posse de suas
próprias terras, que estão sendo roubadas.
É riquíssimo o material que temos em imagem, retratando a vida dessas aldeias. Por
isso, antes mesmo de terminar a montagem
do filme, já elaboramos um audiovisual sobre o mesmo tema.
Mura.
OUVIROLHANDO-3
Dicas Técnicas
Além de ser a parte fundamental das
nossas montagens audiovisuais vamos cada
vez mais tomando consciência de que a
fotografia tem valor de fonte histórica,
servindo também como instrumento de
pesquisa.
Para montar um arquivo é preciso antes
estabelecer critérios de seleção: a importância do tema, a qualidade da fotografia (enquadramento, luz, nitidez. . .) o estado de
conservação, etc. . .
Para a catalogação das fotos poderemos
usar três fontes de registro: a folha plástica
especial para arquivo de slides, a moldura
do slide e um fichário.
trilhos, ou podem simplesmente vir com
furos em um dos lados podendo ser guardadas em pastas.
Tanto as folhas com trilhos para arquivos de aço, quanto as folhas guardadas nas
pastas devem estar organizadas por ordem
alfabética dos códigos acima descritos. Assim
no alto da folha plástica teremos o código escolhido e o tema.
A - custo de vida.
B - Associação de moradores.
AB - violência
AC - greve
Como em cada folha plástica só cabem
20 slides, para fotos do mesmo tema colocaremos no indicador ao alto da folha, a seguir
do código alfabético que indica o tema, um
número para cada folha extra que acolherá
aquele tema.
AB - violência
ABI - violência
AB2 - violência
Na folha AB os slides serão numerados
de 1 a 20. Na folha ABI de 21 e 40 - Na
folha AB2 de 41 a 60, e assim por diante.
BD - procissões
Na folha plástica
Na entrada do arquivo, cada tema surgido vai receber uma letra e colocadas as
folhas plásticas no arquivo por ordem alfabética: A - B - C .. . quando terminar o alfabeto passa-se a usar AB - AC - AD . .. terminado a letra A como inicial passaremos para
BA - BE - BC ... e assim por diante; CA - CB
- CC .. . quando terminarem as combinações
de duas letras passa-se a usar três letras ABC
- ABB - ABD . . . Recomendamos que estas
folhas sejam de plástico duro, tipo acrílico
leitoso (que facilita ver o slide contra a luz,
pois o acrílico funciona como difusor de
luz). Estas folhas podem ser encontradas nas
lojas especializadas de fotografia, e podem
também ter dois tipos de arquivamentos:
com uma haste de metal própria para arquivos de metal de aço com gavetas, com
LÀJíJíJLJ
Na moldura do slide
Nas fichas
A^-a;
As fichas serão arquivadas por ordem alfabética segundo os temas:
Ex:Água
Alimentos
Nas fichas estarão indicados todos os
slides que podem ter alguma relação com o
tema da ficha, mesmo que não esteja arqui-
IP;^
vados na folha plástica, que também leva como referencial o mesmo tema. Isto porque
um slide pode ter mais de uma referência.
Ele pode estar arquivado na folha de associação de moradores, mas conter informações sobre luta pela água, mulheres, etc...
Assim ele será catalogado na ficha de associação de moradores, na ficha de luta
pela água, na ficha de mulheres.
CRJAMCAS
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É possível escrever nas molduras plásticas de slides com caneta "rotring", caneta
pilot BP-S ou ainda com caneta para retroprojetor.
Na moldura da foto teremos um código
alfabético que indicará o número de entrada
da foto na folha plástica que acolherá aquele
tema.
Na parte de baixo da moldura pode-se
colocar o nome do fotógrafo, data e local.
Caso não se saiba exatamente a data, faz-se
uma referência ao mês e ano ou simplesmente ao ano.
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4-OUVIROLHANDO
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Pé de Ouvido"
"MEB"-Movimento de
Educação de Base
- Mossoró - RN
Comunicação
" NICARÁGUA: A REVOLUÇÃO DEPOIS DA REVOLUÇÃO " - Sobre a situação atual da Nicarágua e a luta para
conseguir sua verdadeira libertação.
(Zilda)
O MEB ainda não entrou na fase de
produção de audiovisual, no entanto, tem
usado com mais freqüência este recurso nos
encontros com os trabalhadores. Uma equipe do MEB realizou um treino rápido sobre
confecção de slides artesanais, feitos em
papel (técnica do Anselmo) com muito
proveito e gerando animação para este tipo de trabalho.
Zilda está fazendo um levantamento
do material à disposição do trabalho: gravações de entrevistas populares, cantigas do
povo, fotos produzidas. Pede dicas para esta organização, especialmente ao Centro
Pastoral Vergueiro, tanto para os cassetes
quanto para os slides.
"SEDUP" - Guarabira - PB
(José Barbosa)
O SEDUP está trabalhando no momento com um projeto de produção de
audiovisual. Barbosa está também trabalhando com outros grupos na realização de
um audiovisual para um grupo de mulheres
retratando seu processo de luta e organização. E estão preparando a produção de
outro audiovisual sobre o método de
alfabetização, utilizado com grupos de
camponeses.
IBASE"-Rio
" EL SALVADOR: A REVOLUÇÃO
ANTES DA REVOLUÇÃO " - Sobre a
luta de um povo para sua libertação.
E estão prontos dois audiovisuais da
série: " CATEQUESE RENOVADA " baseada nos documentos da CNBB.
"CNBB"-Brasília
(Ir. Maria da Glória)
Foi apreciado o primeiro número do
"OUVIROLHANDO" e a CNBB está
interessada num próximo encontro, a nível
nacional, no estilo de Teixeira de Freitas.
Já existe bastante trabalho na área de
audiovisual e vídeo e, como diz Ir. Maria
da Glória: "É preciso ir juntando tudo o
que existe na área". O setor de comunicação da CNBB está disposto a colaborar.
"CPT"-Nacional-Goiás
(Luiz)
Luiz Alves, aproveitando a vinda para
o curso de vídeo em São Paulo, passou pelo
Rio, quando trocou idéias sobre sua próxima produção, já bem adiantada. Trata-se
de um audiovisual sobre seca e problemas
nordestinos e da organização popular para
resolve-los. Está muito bom. Aguardem.
" BA, BA AUDIOVISUAIS"
- Vitória - ES
(Cleyde e Maria)
(Anselmo)
Foram produzidos em conjunto com o
curso do IBRADES, três audiovisuais
(resultado de um curso de audiovisual
dado pelo IBASE em junho de 1984):
Anselmo continua muito ativo na
produção de seus audiovisuais de papel.
Suas novas produções são:
"E AGORA, JOSÉ?" - Analisa a situação
de desemprego no campo e na cidade, suas
causas e conseqüências.
"VAMOS TIRAR O RELEGO!" - Analisa
o problema da organização dos trabalhadores nos sindicatos e o papel dos dirigentes sindicais.
" QUEREM ACABAR COM A AMAZÔNIA " - A penetração do capital multinacional, a política do governo e como tudo
isso afeta os grupos indígenas, os camponeses e a ecologia da área.
"Projeto de Audiovisual
da Diocese de
Teixeira de Freitas" - BA
(Alfredo)
Alfredo fez a tradução e adaptação de
dois audiovisuais:
" A PARÁBOLA DA ÁGUA " - Que é a
história de um lugar muito seco onde não
havia água, e a luta do povo para conseguí-la.
" QUEM NÃO SE COMUNICA SE ESTRUMBICA " - Este audiovisual pretende
ser uma ferramenta muito importante para
a educação popular. Isso porque seu tema
debate uma questão-chave que é a comunicação.
Cultura
Popular
Antes de aparecer a comunicação escrita,
o povo expressava sua cultura, suas relações
políticas e sociais através da linguagem oral,
da simbologia, de gestos e sinais. A comunicação está articulada a partir das próprias
necessidades do povo.
Com o passar do tempo, com o surgimento de sistemas autoritários, foi se criando uma comunicação padronizada para manipular a cultura popular e as próprias
organizações que vem das bases.
A linguagem do povo é considerada
errada porque manisfesta a vida real da
sociedade. A linguagem padronizada e colorida usada pelos meios de comunicação,
tem como objetivo impedir que as classes
populares possam comunicar suas realidades
e entrem no jogo do sistema.
É impossível trabalhar a comunicação
popular sem a compreensão dos mecanismos
da sociedade, principalmente no que diz respeito às questões políticas e econômicas. A
comunicação só é popular quando parte das
situações concretas, levando o pessoal a
questionar, a revisar sua atuação dentro da
sociedade. O comunicador popular nunca
parte de suas idéias, mas dos fatos e das
experiências do povo.
Neste sentido, podemos dizer que Jesus
Cristo foi o grande arquiteto da comunicação popular. Partindo dos fatos, da piedade popular e nunca de si mesmo, Jesus era
afronta ao sistema de seu tempo, Ele entendeu que o povo fala o que está vivendo; do
desemprego, da doença, da falta d'água, de
escola, etc. O que sensibiliza o povo é o
próprio contexto, a própria realidade. Cabe
aos agentes da comunicação popular ajudar
ao povo a tomar consciência do potencial
político e libertador que está escondido no
seu interior e como a sociedade está organizada. Para isto é preciso fomentar a comunicação popular a partir da própria literatura
popular: estórias, poesias, músicas, devoções
populares, etc.
Derli Casale
Pedro Canário - ES
"VERBO FILMES"
(Mura)
A Verbo Filmes produziu dois novos
audiovisuais:
" PÃO PARA QUEM TEM FOME " - Sobre a Campanha da Fraternidade de 1985.
" . . . E HABITOU ENTRE NÓS" -Sobre
inculturação de missionários junto aos
povos indígenas e a nova linha da Igreja CIMI. Vale a pena conferir.
EXPEDIENTE
OUVIROLHANDO - Publicação trimestral DEZ/84
Produção e Coordenação: Departamento Audiovisual do IBASE. - Colaboração Especial: " Gilda
Vieira " - Apoio: OCIC-Brasil - Endereço:
R. Vicente de Souza, 29 - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22251- Fones; 286.0348/0784
Composição, Produção Gráfica, Fotolito e Impressão: Fotolito Grafa Ltda. - Fone: 93.0114 Tiragem: 1.500 exemplares.
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