Autoria: Profª Fabiana Pegoraro Soares Histórias da China... • Século XIX: foi invadida por vários países (França, Japão, Rússia, EUA...) • 1949: Revolução Chinesa líder: Mao Tsé Tung implantação do socialismo apoio soviético • Década de 1960: rompimento com a URSS • Década de 1980: abertura do mercado comércio com os EUA = “economia socialista de mercado” Atualmente: • 1,3 bilhões de habitantes = problemas de abastecimento = intensa produção agrícola • Economia emergente • Grande exportador mundial • Economia “socialista de mercado”: Políticas anti-democráticas: poder centralizado (típico de países socialistas) Liberalização econômica (típico de países capitalistas) • É o único país no mundo que adota esse modelo de desenvolvimento. A novíssima China A prosperidade é impressionante, as reformas avançam e os chineses têm o principal para melhorar mais ainda: a confiança de que o futuro pertence a eles Vilma Gryzinski GIGANTESCO SALTO ADIANTE A camponesa miserável, vestida de trapos, com os filhos desnudos e uma tigela de arroz – vazia – na mão, é um retrato das desgraças do passado. Mesmo na rica Xangai do começo do século XX, a polícia recolhia anualmente de 20 000 a 30 000 corpos de gente que morria nas ruas de fome ou de frio. Famílias e grupos de jovens com todas as marcas da prosperidade, fotografados no centro de Pequim, são o sinal mais evidente do progresso atual da China. VIVA A REVOLUÇÃO COMERCIAL A Revolução Cultural foi uma briga que começou no interior do Partido Comunista Chinês. Para combater os "reacionários", Mao Tsé-tung promoveu o suplício de dezenas de milhões de pessoas e a destruição de tesouros históricos. Na foto à esquerda, estudantes, usados como massa de manobra, arrebentam a marretadas um templo milenar. Na foto à direita, jovens funcionários de um restaurante temático em Shenzen – sim, o mote é a Revolução Cultural – vestemse como membros da Guarda Vermelha. O nome do restaurante é Primeira Brigada, Todos Felizes e a decoração reproduz a propaganda da era maoísta. Os pratos, ao contrário, são fartos Uma vitrine para o mundo Com obras monumentais realizadas em tempo recorde e campanhas patrocinadas pelo governo para ensinar boas maneiras à população, a China quer aproveitar as Olimpíadas de 2008, que irá sediar, para impressionar o planeta com seu projeto de grandeza Monica Weinberg O CUBO E O NINHO O novo ginásio para natação, batizado de Cubo Aquático, e o Estádio Nacional, que ganhou o apelido de Ninho de Andorinha: a maquete dá uma idéia do efeito dramático das obras que irão deslumbrar o público RECRUTADO AOS 6 ANOS O atleta Yang Wei, da equipe chinesa de ginástica olímpica, diz não ter idéia de como é viver fora do ambiente esportivo na China: ainda no jardim-de-infância, um treinador achou que ele tinha força acima do comum nos braços e o colocou num time de ginastas mirins, do qual saltou para a seleção nacional. Ele ganhou uma medalha olímpica em Sydney e retornou à China festejado como herói, o que rendeu à sua família uma boa casa presenteada pelo governo. "Já cheguei a pensar em ter uma vida mais normal, mas se abandonasse o esporte me sentiria um traidor da pátria", diz Revolução na sala de aula No projeto de se transformar em superpotência, a China copia tudo o que deu certo no Ocidente e investe na formação de um exército de cientistas Monica Weinberg MÁQUINA UNIVERSITÁRIA A cena mostrada na foto acima, em que aparece uma turma de alunos recémformados na Universidade de Anhui, prolifera por toda a China: nos últimos cinco anos, o número de jovens na faculdade quadruplicou. Essa expansão só foi possível porque o governo começou a cobrar mensalidades. O desafio agora é promover um salto de qualidade no nível de ensino TREINADOS PARA COMPETIR Aos 9 anos, Huang Kai Zhao (à esq.) e Wang Yu Jiao são campeões no prestigiado concurso nacional de caligrafia: sob pressão, as crianças varam madrugadas para manter a liderança no ranking CÉREBROS EM EVIDÊNCIA O professor universitário Zhong Fun Liu compõe a elite de cientistas que dispõem de mais verbas do governo para fazer pesquisas em áreas de alta tecnologia: ao receber uma proposta financeira irrecusável e a garantia de ter sob seu comando um laboratório de primeira linha, ele decidiu retornar à China depois de uma temporada de dez anos no Japão "LUCRO, LUCRO!" A executiva Cascade Huan é diretora numa das escolas de negócios mais procuradas do país, a Cheung Kong Graduate School of Business: com currículo semelhante ao das americanas, tem como alunos diretores de grandes empresas e quadros do alto escalão do Partido Comunista. Ninguém quer ouvir falar de Marx. "O objetivo dos chineses é aprender a ganhar dinheiro" O Brasil está atrás A China vai melhor que o Brasil nos principais indicadores que medem o nível de educação e a produção científica * China Brasil 4% 10% Taxa de jovens na universidade 21% 19% Graduados em carreiras tecnológicas (por ano) 1 milhão 94 000 Artigos publicados em periódicos científicos internacionais (em relação à produção mundial) 5,9% 1,8% 88 63 Taxa de analfabetismo Ph.D. (por 100 000 habitantes) * Últimos números disponíveis, relativos aos anos de 2004 e 2005 Fontes: Ministério de Educação da China, MEC, ISI e Unesco Planeta China-EUA Não são apenas os EUA que dependem da economia chinesa. O mundo inteiro está sendo açoitado pelas ondas de choque que partem de Pequim Lauro Jardim UMA EXPLOSÃO FUTURISTA Avenida de Shenzen, no sul do país: em 25 anos, a população cresceu 2 700% e a cidade abrigou as fábricas ultramodernas que espalham pelo mundo produtos como iPods e PlayStations “A interdependência entre os Estados Unidos e a China é total. Os americanos dependem dos chineses para produzir barato e para financiar seus gastos. A China precisa dos EUA vigorosos, despejando investimentos bilionários no país e importando feito loucos os produtos baratos que ela fabrica. As famílias americanas economizaram 600 bilhões de dólares nos últimos dez anos em conseqüência da importação de produtos chineses baratos – como se vê, os dois lados ganham.” TRABALHO, TRABALHO, TRABALHO Fábrica de móveis (acima) e funcionários do Wal-Mart, em Shenzen: a maior rede mundial de varejo tem na China 80% de seus fornecedores. Os empregos que desaparecem no resto do planeta ressurgem nas cidades chinesas Brechas na muralha Empresas brasileiras entenderam rapidamente que a China oferece oportunidades fantásticas e abriram fábricas no ex-país de Mao. O outro aprendizado tem sido mais lento e até doloroso: ganhar dinheiro no capitalismo chinês exige mais do que paciência Lauro Jardim UMA TROPA DÓCIL Trabalhadores montam um jato na fábrica chinesa da Embraer: treinada no Brasil, a mão-de-obra é barata, disciplinada e não discute ordens sob hipótese alguma COM O PÉ DIREITO Corrêa da Silva, um gaúcho de 36 anos que não fala uma palavra de mandarim: ele produz 35 milhões de pares de sapatos em Dongguan, para onde se mudou há doze anos em busca de custos menores “... faz toda a diferença estar num lugar em que os operários ganham o equivalente a 60 dólares por mês, trabalhando sete dias por semana, doze horas por dia. No Brasil, o mesmo funcionário recebe em média quase sete vezes mais, trabalhando de segunda a sexta-feira.” A turma de bem com a vida Consumo, games, grifes, visual bem produzido: nisso, os jovens chineses são iguais a todos os outros. Em que se distinguem: estudam muito e até poupam! Fotos Paulo Vitale CABEÇA FEITA Não parece, mas a linda Ling Ling é um retrato do inacreditável índice de poupança interna da China, que bate em quase metade do PIB. "Todo mês, guardo 30% do que ganho", diz a jovem, em plena manhã de compras. GARRA E GRIFES Zhang Chenking, 20 anos, assume que adora grifes, mas não perde o foco nos estudos. "Quero ser referência nacional na minha carreira", diz a jovem estudante de letras de Xangai. Para afiar o inglês e ter a valorizada experiência internacional, vai ser mandada pelos pais para a Nova Zelândia Em algum lugar do passado A pobreza milenar continua no campo; a modernidade esvaziou aldeias, trouxe poluição e disputas por terras. O milagre chinês tem de aproximar 800 milhões de uma vida melhor Antonio Ribeiro A ALDEIA SEM JOVENS Sob o olhar de Mao Tsé-tung, o agricultor Li Wan Jin (de perfil, cabelos grisalhos) joga mahjong no armazém de uma aldeia da zona rural: "Os jovens vão para a cidade ganhar dinheiro para ajudar as famílias que não tiram mais o sustento da lavoura. Isto aqui lembra os tempos da Longa Marcha: quem tinha braços e pernas fortes foi embora" MORTE; ESPERANÇA Procissão funerária leva as cinzas de mineiro que morreu de câncer no estômago – o terceiro caso em um mês, na região carvoeira de águas contaminadas. Abaixo, Du Zhen Lei faz um intervalo no trabalho com o triciclo primitivo usado como trator e garante: "Meu filho não será camponês, vai estudar informática na cidade". Do que ganha, 20% vão para o pagamento da mensalidade escolar. A aspiração é coletiva: a educação dos filhos encabeça a lista de despesas dos moradores do campo PESCARIA EM ÁGUAS TURVAS Expulsas das cidades, indústrias poluentes encontram abrigo na zona rural, onde têm maior poder de pressão sobre as autoridades locais. A urbanização também avança. O pasto de ovelhas de Li Yi Yue logo terá novo vizinho: um conjunto residencial para empregados da empresa petrolífera chinesa. Camponeses se revoltaram ao saber que manda-chuvas locais levaram parte da indenização. "Chegou uma tropa de soldados distribuindo sopapos", contou um comerciante local. Não se falou mais no assunto Repressão política... CHINA Poucos réus têm advogado, diz ativista chinês Afirmação é de Mo Shaoping, que atuou em alguns dos casos de violação de direitos humanos de maior repercussão internacional Policiais chineses treinam execução de condenados com tiro na nuca; China responde por quase dois terços das execuções globais Folha de São Paulo 19/07/2004 Será que cabe mais um? O país mais populoso do mundo enfrenta problemas demográficos imprevistos: a escassez de mulheres e o envelhecimento da população Monica Weinberg DESCONTO NA FONTE O jovem casal não poderá ter mais do que um filho: a política de controle da natalidade fez reduzir em 30% o tamanho da população “O déficit de mulheres é mais acentuado justamente na faixa em idade de casamento, entre os 20 e os 30 anos. São 100 mulheres para 120 homens, um desequilíbrio nessa faixa etária jamais registrado em nenhum outro lugar do mundo – a média mundial é de 106 homens para cada 100 mulheres.” PARA ELE, A SAÍDA É O MOSTEIRO O relações-públicas Eric Xin Tong está tão angustiado por não conseguir arranjar namorada que avisou a família sobre seu plano de virar monge budista: vítima da escassez de mulheres jovens na sociedade PARA ELA, SOBRAM HOMENS A professora de balé Wang Chuan, de 25 anos, conta que recusou diversas propostas de namoro nos últimos meses. Ela e as amigas, conta, sentem na prática o fenômeno que os demógrafos já quantificaram: sobram homens. Para desespero dos admiradores mais afoitos, Wang Chuan não demonstra nenhum interesse em se casar tão cedo. "Sou jovem demais", avisa. Seu discurso é comum entre as moças de sua idade Controle de natalidade Referências Revista Veja edição 19689 - 09 de agosto de 2006 (disponível em Veja on-line) Folha de São Paulo 19/07/2004. Caderno Mundo. p. A10 Revista Marie Claire (sem data) – O bebê que não podemos ignorar. pp.61 a 66.