A AÇÃO MULTIPLICADORA DO PIDEPE – RN: UMA ALTERNATIVA
PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO RN
Cristina Diniz Barreto de Paiva
Mestranda em Educação na UFRN
O trabalho " A ação multiplicadora do PIDEPE – RN: Uma alternativa para a formação
de Professores no RN "1 teve como objetivo central realizar uma análise da ação multiplicadora dos
professores participantes do programa PIDEPE - RN - Programa Integrado para o Desenvolvimento
da Educação Infantil e Séries Fundamentais no RN. O referido trabalho de pesquisa se referenda
numa nova visão de formação / capacitação do professor do Sistema Brasileiro de Ensino, levando
em conta o que reza a nova legislação vigente sobre a Educação, em especial a Educação Infantil.
O programa PIDEPE-RN propõe a formação de professores dentro da perspectiva do
efeito multiplicador, ou seja, de cada município engajado ao mesmo participam das fases de
capacitações dois professores, que assumem o compromisso de "repassar" aos seus pares, nos seus
municípios, os conteúdos trabalhados nas capacitações. Esses professores são denominados de
professores multiplicadores. Como a avaliação desse efeito multiplicador do programa não era
suficiente para um feedback às instituições que promovem os estágios de capacitação (NEI, UEI E
SESI)2, a comissão pedagógica - da qual fazemos parte - decidiu por realizar uma avaliação mais
sistemática, ratificando assim o nosso interesse em desenvolver esta pesquisa, que acreditamos trará
um retorno significativo à coordenação do Projeto, às Unidades que participam do mesmo, aos
próprios professores multiplicadores, como também à formação de Profissionais de Educação
Infantil no Rio Grande do Norte. Nesse sentido, esse estudo desenvolveu-se a partir da questão /
problema: como os professores multiplicadores "repassam" os conhecimentos aos seus pares, nos
seus municípios?
• POLÍTICAS, PROJETOS E PROPOSTAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Somente a partir de 1988, o atendimento à criança de 0 a 6 anos (em creches e préescolas) aparece na Constituição Federal, no artigo 208, inciso IV do capítulo da Educação, como
um direito da criança e dever do Estado. A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB, nº 9394 de dezembro de 1996, no tit. III, do direito à Educação e do dever de Educar, reza
sobre a Educação Infantil, no artigo 4: “Art. 4º - O dever do Estado com a Educação Escolar
Pública será efetivado mediante a garantia de: IV - Atendimento gratuito em creches e préescolas às crianças de 0 a 6 anos de idade”. Define também a LDB a Educação Infantil como a 1a
etapa da Educação básica, tendo como finalidade: "O desenvolvimento integral da criança até 6
anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação
de família e da comunidade".
Dados mais recentes do RCNEI (1996, p.40) sobre o de número de docentes e grau de
formação, ainda apresentam o RN com somente 5,31% dos professores de Educação Infantil com
nível superior, 66,61% com 2º grau, 12,45% com 1º grau completo e 15,63% com 1º grau
incompleto.
Novos investimentos e ações políticas nessa área têm sido desenvolvidos por parte das
autoridades governamentais, como preconiza a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (nº 9394 de 20/12/96):
Título VI - Dos Profissionais da Educação - Art. 61 - A formação de
profissionais da Educação, de modo a atender aos objetivos dos
diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada
fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I. A
associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação
em serviço; II. Aproveitamento da formação e experiência anteriores
em instituições de ensino e outras atividades.
A proposta do Plano Nacional de Educação - elaborado pelo MEC, destaca também a
importância / valorização dos Profissionais da Educação:
A melhoria de qualidade de ensino, indispensável para assegurar à
população brasileira o acesso pelo à cidadania e uma inserção nas
atividades produtivas que permita a constante elevação do nível de
vida, constituem um compromisso da nação. Esse compromisso,
entretanto, ano poderá ser cumprido sem a valorização do
magistério, uma vez que os docentes constituem o centro de todo o
processo educacional.
Muitos têm se dedicado ao estudo da formação de Professores, como Gauthier, Nilda
Alves, Bernadeti Gatti, Isabel Alarcão, Antônio Nôvoa e outros. Tanto os estudos destes teóricos
como os Referenciais Curriculares Nacional para a Formação Docente apontam para a superação da
dicotomia teoria X prática nos programas de formação. Segundo Nôvoa ( 1999,p26):
A formação de Professores é, provavelmente, a área mais sensível
das mudanças em curso no setor educativo: aqui não se formam
apenas profissionais; aqui produz-se uma profissão. Ao longo da sua
história, a formação de professores tem oscilado entre modelos
acadêmicos, centrados nas instituições e em conhecimentos
fundamentais, e, em modelos práticos, centrados nas escolas e
métodos aplicados. É preciso ultrapassar esta dicotomia, que não tem
hoje qualquer pertinência, adaptando modelos profissionais,
baseados em soluções de partenariado entre as instituições de ensino
superior e as escolas, com um reforço dos espaços de tutoria e
alternância.
• A AÇÃO MULTIPLICADORA DO PIDEPE-RN.
Caracterização do Programa PIDEPE-RN: O PIDEPE-RN, Programa Integrado para o
Desenvolvimento da Educação Infantil e séries fundamentais no Rio Grande do Norte, criado em
1993 e aprovado em 1994 com financiamento do FNDE/SESU/MEC, através do programa
permanente de Integração Universidade - Escola, é um projeto de capacitação docente promovido
pela Pró-reitoria de Extensão da UFRN (PROEX - UFRN) em parceria com o Departamento de
Educação (DEPED/UFRN), Núcleo de Educação Infantil (NEI/UFRN), Unidade Educacional
Infantil (UEI - creche/UFRN), SESI e as Prefeituras Municipais do Rio Grande do Norte. Conforme
o Regimento do Programa (1996), o PIDEPE-RN tem por objetivo geral:
Capacitar, gradativamente, em termos quantitativos e qualitativos,
os profissionais da educação vinculados ao sistema de ensino infantil
e ao ensino fundamental da 1a a 4a série da escolaridade obrigatória,
da rede pública municipal do Rio Grande do Norte, com vistas ao
incremento do processo de alfabetização efetivo da criança e o
resgate da função pedagógica da Educação Infantil Pública, bem
como a sua iniciação no estudo da matemática, dos conhecimentos
Históricos e Geográficos, das Ciências Naturais e Sociais, das Artes e
da atividade física.
Atualmente, este projeto atende a professores de 25 municípios do RN (ano 2000),
promovendo cursos de capacitação docente nas Unidades - campos de estágio relacionados,
formação em serviço, seminários anuais de avaliação e reuniões plenárias mensais, como também
cursos bimestrais abordando assuntos e temas atuais.
Caracterizamos o nosso trabalho como uma pesquisa qualitativa, um estudo de caso.
como somente 16 dos 25 municípios engajados ao programa participaram da primeira etapa de
capacitação, centramos nossos observações num percentual em torno de 20% do universo total,
pesquisando o repasse em três dos dezesseis municípios participantes da primeira etapa do
programa. Assim, à medida em que os professores multiplicadores iam nos comunicando a
realização dos repasses, passávamos às observações dos mesmos.
Três municípios do Estado fizeram parte dessa pesquisa, sendo São João do Sabugí o
primeiro, São Pedro do Potengi o segundo e Macaíba o terceiro. Apresentamos no quadro a seguir
uma caracterização dos repasses nos três municípios.
QUADRO I - CARACTERIZAÇÃO
Município
Local do Repasse
Nº de Professores
Multiplicadores
São João do
Sabugí/RN
Escola Muncipal
Padre Joaquim
Félix
02; denominadas
AeB
São Pedro do
Potengí/RN
Escola Municipal
Isabel Moura de
Andrade
02; denominadas
CeD
Macaíba/RN
Escola-Creche
Câmara Cascudo
01; denominada E
Caracterização dos
Professores Multiplicadores
Profª A -> coordenadora
pedagógica da educação
infantil na escola Joaquim
Félix.
Profª B -> coordenadora
pedagógica da secretaria de
educação municipal.
Profª C -> profª de ensino
fundamental. (2º ciclo).
Profª D -> profª do ensino
infantil.
Profª E -> coordenadora do
ensino infantil da secretaria
municipal de Macaíba.
Tempo dos
Professores
Multiplicadores no
Programa
Tempo destinado
ao repasse
Nº de participantes no
repasse
A – 1º ano
B – 1º ano
1 semana
- 40 professores
municipais, sendo: 22 da
educação infantil; 18 da
educação fundamental.
C – 1º ano
D – 1 ano
1 dia
E – 3º ano
1 dia
- 35 professores
municipais, sendo 12 da
educação infantil e 23 do
ensino fundamental.
- 45 professores
municipais, sendo 20 do
ensino infantil e 25 do
ensino fundamental.
Três fases dividiram o nosso trabalho durante a coleta de dados: 1a ) Contato com os
educadores / professores com quem iríamos trabalhar; 2a ) Observações dos "repasses" nos
municípios referidos; 3a ) Realização de entrevistas e análises das mesmas e de outros documentos.
A primeira fase, de natureza exploratória, foi iniciada em momentos anteriores ao
PIDEPE-RN, como também na primeira etapa do curso de capacitação para os professores
multiplicadores, realizado de 21 a 25 de agosto de 2000, em Natal/RN.
(Professores Multiplicadores durante a primeira etapa
de capacitação do Programa PIDEPE-RN do ano 2000, Natal/RN).
A segunda fase foi desenvolvida nos momentos dos “repasses” do trabalho realizado
nos municípios. Nesta etapa realizamos entrevistas semi-estruturadas com os professores
multiplicadores, como também as observações sistematicas dos seus trabalhos durante os
“repasses”.
A análise dos documentos, a 3a etapa da coleta de dados, “pode se constituir numa
técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações
obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema” (Menga,
1986, p. 38).
Assim analisamos os textos utilizados durante os "repasses", as programações dos
"repasses", as produções realizadas durante os mesmos.
• O CONTATO COM A REALIDADE: os "repasses" nos municípios de São João do Sabugí, São
Pedro do Potengí e Macaíba/RN.
O primeiro município a nos comunicar sobre a realização do "repasse" foi São João do
Sabugí, localizado na região do Seridó, no RN, a uma distância de aproximadamente 300 Km de
Natal, capital do estado.
• "Repasse" em São João do Sabugí. Escola Municipal Padre Joaquim Felix.
Realizamos nossas observações no dia 14/09/00 durante os dois expedientes (manhã e
tarde).
Como observadoras, e de acordo com os dados coletados nas entrevistas realizadas com
as professoras multiplicadoras do município, pudemos concluir que as professoras multiplicadoras
A e B trabalharam alternadamente os temas, e, que todos os temas que foram trabalhados na
capacitação também foram trabalhados durante o repasse. A professora "B" se queixou de não terem
no município alguns instrumentos que foram utilizados durante a capacitação:
... Em relação ao repasse aqui, uma coisa que fica difícil para gente é
que aqui nós não temos os recursos que vocês utilizam lá, quando
estão dando o curso pra gente, não é, como retroprojetor, os filmes
que vocês utilizam, tudo isso ajuda para facilitar o nosso
entendimento, e até mesmo o desenrolar do trabalho...
Dos dados obtidos com as entrevistas, constatamos que: 1 - As professoras
multiplicadores A e B consideram muito importante o programa PIDEPE-RN para
melhorar/qualificar os professores da educação infantil no estado do RN; 2 - A capacitação fornece
subsídios para o "repasse" nos municípios, mas que os textos trabalhados deveriam ser mais simples
e melhor explicados, como atesta a professora A:
... Mas, o material lá deveria, eu acho assim, ser mais explanado,
porque teve apostilas que a gente teve dificuldade de trabalhar, por
quê? Porque a gente não viu a explanação desse material,3 a gente
sabe que lá o tempo também é corrido, mas fica um pouco difícil, e a
gente tem pouco tempo para estar trabalhando, estudando e fazer o
repasse ao mesmo tempo.
(Professora Multiplicadora durante aula expositiva
do “Repasse” em São do Sabugí-RN, ano 2000.
3 - Como sugestões para o programa PIDEPE-RN: Que a fase de capacitação durasse mais tempo;
Que tivessem mais momentos de observação da prática nas Unidades/Campos de estágios (NEI,
UEI E SESI) 4 - As professoras multiplicadores A e B acreditam que o efeito multiplicador do
programa funciona, ou seja, que o trabalho nas salas de aula se modifica, se incrementa, evolui, à
medida em que os “repasses” nos municípios vão sendo realizados.
Dando continuidade à nossa pesquisa, fomos observar o "repasse" na cidade de São
Pedro do Potengi, distante em torno de 60 Km da capital Natal, RN.
• "REPASSE EM SÃO PEDRO DO POTENGI" Escola Municipal Isabel Moura de Andrade.
O "repasse" da 1a etapa do PIDEPE-RN foi realizado num só dia, 19/09/00, em horário
integral e corrido (8:00 h às 17:00 h ), tendo as professoras multiplicadoras escolhido dois temas da
capacitação para discutirem com o grupo nesse dia, ficando os outros a serem discutidos em
próximos encontros de planejamento e estudos.
Os dados obtidos com as entrevistas com as professoras C e D, revelam que:
1 - As professoras C e D consideram importante o programa PIDEPE-RN para a
qualificação/capacitação não só do professor da educação infantil, como também do ensino
fundamental dos municípios; segundo a professora "D": ”Eu acho muito importante, porque
através desses encontros a gente adquire novos conhecimentos, traz novas idéias para
repassar às nossas companheiras, e assim procurar melhorar a cada dia o nosso trabalho”. 2 A capacitação realizada com os professores multiplicadores fornece bastante subsídios para que
realizem os repasses no município; 3 - Como sugestões para o programa PIDEPE-RN: Aumentar o
número de professores multiplicadores por município, como cita a professora "C". "... É porque
eu acho que só 1,2 professores de cada cidade é pouco, é muita coisa durante 1 semana só,
né?; Ter menos temas e, os que fossem escolhidos, fossem mais debatidos, mais fixados; Que o
programa tivesse um calendário para acompanhar os "repasses" em cada município, como atesta a
professora "D".
“... E assim, que já bolassem juntamente com a gente, os professores
dos municípios, os dias dos repasses, pra quando a gente chegar aqui,
já tá tudo certinho, tal dia, tal dia, já fixar na Secretaria de
Educação, com a presença de vocês aqui, se possível, claro..."
As professoras C e D acreditam no efeito multiplicador ao qual o programa PIDEPERN se propõe. "... E eu vejo que melhora muito, a cada encontro a gente percebe que as
atividades, as experiências que eles falam, realmente eles praticam ..." (professora C).
O 3º município a nos comunicar da realização do "repasse" foi Macaíba, distante 25 Km
da capital Natal, situado na região do Potengi, RN.
• REPASSE EM MACAÍBA. Escola - Creche Municipal Câmara Cascudo.
O "repasse" da capacitação em Macaíba foi realizado na Escola - Creche Municipal
Câmara Cascudo, escola ampla, com 5 (cinco) salas de aula, sala de direção, cozinha, copa, parque
e um salão grande para recreio e reuniões. Foi nesse salão que acompanhamos a tarde do repasse da
capacitação, no dia 30/10/00. Na referida escola funciona a educação infantil, nos turnos matutino e
vespertino, com 125 crianças matriculadas.
A professora "E" iniciou as atividades lamentando a ausência de tantas professoras. Nos
apresentamos ao grupo e a professora multiplicadora iniciou o trabalho. Ela definiu o conteúdo
"Metodologias", por "ser um assunto/tema que, além da capacitação, trabalhei na faculdade
também, então tenho um maior domínio para trabalhar com as professoras daqui".
Pudemos observar que o "repasse" em Macaíba foi bastante superficial, tanto em
relação aos assuntos trabalhados, como também pela situação de falta de incentivo da equipe
multiplicadora, como dos professores em geral. A falta de apoio das equipes dirigentes do
município também contribui para tal situação, como atesta a professora E: “Hoje não veio ninguém
aqui da secretaria...”.
Dos dados obtidos com a entrevista com a professora E, constatamos que: 1- A
professora E considera muito importante o programa PIDEPE-RN:
... Com essa turma é a 1ª vez, porque os professores passaram no
concurso no final do ano, mas com as turmas passadas era assim
excelente, elas mudaram divinamente... Depois que elas começaram a
ver o que era o PIDEPE, o por quê, melhorou assim 100%. É
importante demais!
2 – A capacitação é muito importante como fonte de recursos didáticos para a realização dos
“repasses”; 3 – Como sugestão para o programa, a professora sugere uma melhor acomodação para
quem vem para as capacitações. 4 – A professora considera positivo o efeito multiplicador do
programa PIDEPE-RN. “... Assim, eu acho que as capacitações e os repasse melhoram muito o
entendimento dos professores. E todo mundo fala, todo mundo sempre tem uma pergunta, um
por quê. Então eu acho que melhora mesmo”.
• ASPECTOS CONCLUSIVOS – Considerações finais.
De acordo com os dados coletados podemos chegar a alguns pontos para reflexão, que
poderão gerar mudanças/modificações no projeto PIDEPE-RN, como também ratificar alguns
pontos importantes que já são realizados pelo programa.
O primeiro, uma questão intrínseca ao próprio projeto PIDEPE-RN, que define o
REPASSE (grifo nosso) como uma etapa importante – senão a mais importante – da realização e
desenvolvimento do mesmo. Diante de nossos estudos, baseados nas concepções construtivistasinteracionistas delineadas por Jean Piaget, L. S. Vygotsky e seus seguidores, questionamos a
nomenclatura “REPASSE”. Além disso, constatamos que os chamados “REPASSES” não
acontecem integralmente, como propõe o programa.
Também consideramos a necessidade de uma reformulação no projeto PIDEPE-RN
(que já começou a ser discutida), principalmente no que diz respeito as etapas de capacitação e
“repasse”. Pensamos, (como umas das possibilidades), uma forma de haver mais encontros durante
o ano, embora o tempo total de capacitação possa permanecer o mesmo (80 h. anuais), talvez em
foram de módulos/cursos mensais, podendo a comissão reformuladora do programa se espelhar em
alguns princípios do programa Parâmetros em Ação, (também um programa de formação
continuada), que é realizado em módulos mensais.
A segunda consideração importante é a necessidade de formar esse grupo de professores
multiplicadores bem sistemático, não devendo haver mudanças constantes desses professores, pois
esse fato gera uma quebra/ruptura no programa. Acreditamos que esses professores deveriam
funcionar como um grupo/agentes de referências possibilitador de reflexões sobre prática, tornandose um grupo de apoio aos seus pares, nos seus municípios.
Verificamos alguns entraves para a efetivação do efeito multiplicador do programa
PIDEPE-RN em alguns dos municípios visitados, que nos leva a questionar: • Se as prefeituras
municipais investem no programa (inclusive financeiramente) – e portanto presume-se que o
consideram importante para a melhoria da educação nos seus municípios – por que então oferecem
condições efetivas para que os “repasses” aconteçam integralmente? • Será que se os “repasses”
acontecessem nos municípios pólos, aos quais já nos referimos, seriam melhor aproveitados pelos
professores dos municípios?
Outro ponto que observamos foi a grande demanda das crianças entre 5 e 6 anos que já
estão inscritas no ensino fundamental, devido ao programa do governo federal que destina verbas ao
ensino fundamental, de acordo com o número de crianças matriculadas (verbas do FUNDEF –
5
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino). Assim, as crianças que ainda deveriam
estar
na educação infantil são transferidas (grifo nosso) para o ensino fundamental, ficando as mesmas
mais uma vez a mercê das definições de políticas públicas amparadas num contexto maior, sóciopolítico-econômico pelo qual passa o nosso país.
Dessa forma, os resultados aos quais chegamos neste estudo, acreditamos, servirão
como subsídios para a reorganização do programa PIDEPE-RN, ao qual serão encaminhados, como
também para a valorização, desenvolvimento e aperfeiçoamento dos nossos professores no Rio
Grande do Norte, e num âmbito maior, à todos os Programas de Formação de Professores no Brasil.
NOTAS:
1 – Este trabalho foi apresentado ao Programa de Pós-graduação em Educação/Departamento de
Educação em / CCSA / UFRN como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em
Educação Infantil, sob a orientação da professora Dra., Neide Varela Santiago, e aprovado em
23/02/2001.
2 – NEI – Núcleo de Educação Infantil – UFRN. UEI – Unidade Educacional Infantil, Creche,
UFRN. SESI – Serviço Social da Indústria.
3 – As etapas de capacitações compreendem uma fase mais teórica, de estudos e discussões, e outra
de observações dos trabalhos desenvolvidos nas Unidades / Campos de estágios do programa (NEI,
UEI e SESI).
4 – Norma Brasileira da ABNT – 2000, modificada em setembro/2000.
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