TRAÇOS EM CR-39:ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA E SOFTWARE IMAGE PRÓ-PLUS Dupim I.S1., Selmini M.C., Balan A.M.O.A. Universidade Estadual Paulista – Departamento de Física, Química e Biologia [email protected]; [email protected] 1 1. Introdução A densidade superficial de traços e a medida do diâmetro, D, são parâmetros relacionados com a energia da partícula alfa incidente num detector CR-39, do grupo dos Detetores de Traços Nucleares de Estado Sólido (SSNTD). Estes parâmetros são obtidos utilizando-se microscopia óptica ou sistemas de análises de traços, após o detetor ter sido submetido a um ataque químico padrão. Neste trabalho foi realizada uma comparação de medidas de traços obtidas manualmente e utilizando o Software Imagem Pró-plus. Esses traços são provenientes do decaimento do Radônio (222Rn) e filhos (218Po e 214Po), que são elementos radioativos e devido as propriedades químicas podem ficar retidos nas vias respiratórias (1) Por ser um gás nobre, o 222Rn difunde-se facilmente do material onde ele se encontra, principalmente o solo, para o interior de ambientes de convívio humano. A exposição do tecido do aparelho respiratório à radiação pode ocasionar o surgimento de células cancerígenas. 2. Procedimento experimental Um dos objetivos do trabalho é obter a densidade, o diâmetro maior e menor dos traços para a análise da energia da partícula incidente no detector. Estas medidas estão relacionadas com a atividade e as doses de radioatividade. Um outro objetivo é utilizar o sistema de captura de imagens para análise dos traços e comparar os resultados com dados obtidos diretamente no microscópio. Desta comparação espera-se que as medidas sejam similares dentro do erro experimental. Para a medida da atividade alfa devido ao 222Rn e filhos utilizamos o detector CR-39. A passagem da partícula alfa no detector deixa um traço latente o qual pode ser observado através do microscópio óptico, após um ataque químico conveniente, ou seja, uma partícula carregada “pesada” (fragmentos de fissão, partículas α, prótons, etc.) quando incide sobre um detector de traços provoca um desarranjo na sua estrutura molecular, gerando o traço latente. O tamanho deste traço varia de acordo com a massa, carga e energia da partícula incidente. O traço latente possui um diâmetro da ordem de ângstrons e, após um ataque químico conveniente, sua dimensão passa a ser da ordem de mícrons tornando-se observável ao microscópio óptico (2). O traço formado, após o ataque químico, visto de perfil assemelha-se a um cone. Como a observação ao microscópio é feita sobre a superfície do detector, após o ataque químico os traços assemelham-se a círculos, elipses (quando possuem seus limites definidos) ou a clavas (quando seus limites não estão definidos), como pode ser observado na figura 1. Figura 1 – Imagens de traços de partículas α captadas por uma câmara acoplada ao microscópio óptico. Uma boa condição para o ataque químico do CR-39 é: 6,25N de NaOH em água a 700C, em um tempo de 400 minutos (3). O processo de captura de imagens foi realizado através de um sistema de microscopia óptica composto por um microscópio, no qual é acoplado uma câmera, e um computador, assim, os traços podem ser observados e analisados, utilizando o programa Image-Pro Plus. Este equipamento foi adquirido com apoio da FAPESP (Proc. No 98/13689-5). 3. Resultados e conclusão Obtivemos a densidade, o tamanho do diâmetro maior e do diâmetro menor dos traços para a análise da energia da partícula incidente no detector. Os resultados indicam que o CR-39 pode ser empregado como espectrômetro alfa para partículas provenientes do decaimento do 222Rn e filhos; podemos construir gráficos de distribuição do produto dos diâmetros, onde se pode observar que cada pico corresponde a um emissor (222Rn, 218Po e 214Po). Um outro resultado mostra que não existe uma diferença significativa entre os dados das medidas obtidas de forma manual, ou seja, com réguas calibradas no microscópio, e das medidas obtidas automaticamente utilizando o programa. Os dados se encontram dentro do erro experimental que afeta as medidas. 4. Referências [1] W.W Nazaroff et al., A Nature, p. 125-126, Set. 1988. [2] R.L Fleischer et al. Scientific American, 1969. [3] S.R. De Paulo, Tese, UNICAMP, 1991. Agradecimentos À Fapesp pelo apoio e suporte financeiro 1 Aluno de Mestrado