Vela Ligeira – um desporto de cumplicidades! O trabalho que se segue foi desenvolvido pelo Prof. Gustavo da Costa Pereira. É um trabalho que perdurará a memória do Prof. Gustavo enquanto um cidadão que partilha experiências e saberes. Aqui e além introduzi umas palavras interpretando o espírito do trabalho no sentido minimizar algumas dúvidas de interpretação. Aqui fica uma sentida homenagem ao Homem, ao Professor, ao “Marujo”... “Os inteligentes estão sempre a aprender... os outros estão sempre a ensinar!” Eng. António Pereira da Rosa Patrão/Yachmaster (Abril 2002) INICIAÇÃO À VELA© A Universidade Lusíada convida todos os seus alunos, docentes e antigos alunos a praticarem o desporto da vela. Reservados os direitos de autor. Proibida qualquer reprodução sem autorização prévia. Introdução • Velejar é saber desenvolver estratégias, tácticas, adquirir sensibilidade e equilíbrio na acção. • Nem demasiado simples nem demasiado complexo, velejar é um excelente exercício para criar capacidades de previsão, avaliação, auto-controlo e sensibilidade, fundamentais para uma elevada competitividade profissional. • Os jovens Portugueses têm meios únicos e uma obrigação histórica de promoverem a ligação de Portugal e de toda a Europa ao mar e à navegação. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Velejar Vela grande Convés Vela de estai Bombordo Barlavento Estai Brandal Escôta Proa ou Vante Estibordo Alheta Leme Aparelho Casco Mareação Popa Través Amura ou Ré Sotavento Retranca Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster O casco • Bombordo é o lado esquerdo, estibordo o direito (barco visto da ré para a proa). • O comprimento do barco é a distância da proa à popa. • A boca é a máxima largura do barco medida no través. • Pontal é a altura máxima do barco, desde a quilha até à borda. • Obras mortas é a parte fora de água e obras vivas a parte mergulhada. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster O aparelho (a) • As adriças sobem as velas e as escotas são os cabos que as controlam. Os brandais seguram o mastro. • A esteira da vela grande entra na retranca e a testa entra no mastro. Na valuma entram as réguas. (c) Esteira (b) • Os três punhos da vela são o da adriça(a), o da amura(b) e o da escota(c). Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster A mareação • Barlavento é o lado de onde vem o vento, sotavento o lado para onde vai o vento. • Na bolina temos o vento pelas amuras, a um largo pelo través, num largo aberto pelas alhetas e à popa pelo painel da popa. • Orçamos para apontarmos mais ao vento e arribamos para nos desviarmos da direcção de onde vem o vento. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Navegar • Navegar à vela é seguir rumos e marear os panos (orientá-los ao vento) de acordo com esses rumos. • É ainda manobrar e equilibrar o barco mudando as posições dos tripulantes a bordo. • Os barcos à vela não podem navegar exactamente contra o vento mas podem bolinar, isto é navegar com um ângulo apertado (seja 45º) com o vento. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Bolina VENTO Cerrada Cerrada Folgada Folgada Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Bolinar • Bolinar é navegar cingido ao vento (para o lado de onde vem o vento). • As velas estão caçadas e o vento parece mais forte e veloz nas nossas caras (o vento na cara é igual à velocidade do vento mais a velocidade do barco - vento aparente). É fácil controlar o barco. • O patilhão (ou a quilha) é fundamental para reduzir o abatimento do barco(deslocação lateral). Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster À Popa À Popa À Popa Rasada VENTO Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster À Popa Navegar à popa • Navegar à popa é seguir com o vento. • As velas estão folgadas e o vento na cara parece mais suave (na cara é igual à velocidade do vento menos a velocidade do barco – vento aparente). • À popa rasada navegamos exactamente na direcção do vento devendo marear-se uma vela para cada lado para melhor aproveitar o vento - “fazer borboleta”. Não é necessário o patilhão. Com vento forte... é complicado! Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Largos e abertos (alhetas) A um largo VENTO Aberto (alheta) Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster A um largo Aberto (alheta) A velocidade • A um largo a velocidade é máxima. • Folgue as velas até baterem e cace-as depois até pararem de bater. • O tripulante (o proa) tem que manter um constante equilíbrio apoiado pelo timoneiro. Cuidado com as variações do vento e as ondas, em especial à pôpa rasada. • O patilhão deve ser manobrado para reduzir o abatimento e controlar o equilíbrio do barco. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Rendimento • O rendimento é máximo a um largo e mínimo a uma bolina cerrada. • O patilhão reduz o abatimento e o equilíbrio reduz o adernamento. • É fundamental controlar sempre o rumo. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster VENTO Manobras • O bom velejador cultiva o estudo e previsão de manobras. • Aproando ao vento é mais seguro manobrar (para virar de bordo ou atracar) mas o barco perde velocidade e pára; tem que se ser rápido e preciso para manter o controlo da manobra. • É importante não magoar ninguém nem bater forte com o barco; estude bem as manobras (antes) e pratique repetindo-as (depois). Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Virar por d’avante • 1.-Actue depressa e sem hesitações para não perder velocidade. • 2.-O timoneiro dá a ordem e afasta a cana do leme. O tripulante prepara-se mas espera; mudança de estai precipitada faz perder velocidade e pode parar o barco. • 3.-Depois da proa passar a linha de vento então tudo muda de bordo rapidamente. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Cambar • Atenção ao movimento da retranca; de preferência ajudá-la com a mão a mudar de bordo (cuidado se o vento estiver forte!). • Se cambar à popa rasada o vento parece menos forte; melhor ainda se for a descer uma onda (quando o barco acelera). • Atenção ao barco, mantenha-o bem no rumo e bem equilibrado. Se adernar para sotavento pode virar. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Marinharia • Trata do massame (cabos) e poleame (manilhas, cunhos e peças para cabos). • Para dada bitola (diâmetro do cabo) os cabos de polipropileno são os mais leves (flutuam) e os mais baratos mas são destruídos pelo Sol (raios UV). • Os cabos de poliester são bons e baratos mas são destruídos pelo roçar (amarrações). • Os cabos de nylon (poliamidas) são excelentes para amarrações mas são mais caros. Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Nós 1.Nó Direiro 2. Nó de Escota 3.Nó de oito 4.Lais de Guia Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Voltas 1.de Cunho Para adriças e amarrações a bordo 2.Redonda 3.de Fiel Para defensas e amarrações breves Prof. Gustavo da Costa Pereira, Patrão/Yachmaster Para âncoras e amarrações Bons ventos... • Navegar... É divertido! • Desenvolvem-se cumplicidades em ambiente de tensão agradável, num absorvente espírito de aventura. • Não esqueças! Quem vai para o mar... avia-se em terra! • Bons ventos! Eng. António Pereira da Rosa Patrão/Yachmaster