Desenho e Projeto de Tubulação Industrial Nível II Módulo II Aula 01 1. Introdução As ciências naturais têm por objetivo o estudo e investigação das propriedades dos corpos e as causas que podem modificar estas propriedades. Ela se divide em alguns ramos que são a Astronomia, a Biologia, a Química, a Geociência e a Física. A Física estuda os fenômenos que atuam sobre os corpos e que não produzem modificações nas suas estruturas. Já a Química tem por objetivo o estudo dos fenômenos que modificam a estrutura dos corpos. No estudo que vamos fazer neste Módulo II vamos estudar de forma resumida duas partes da Física: a Mecânica e a Termologia. A razão deste estudo é que estas matérias são utilizadas nos processos industriais e são base para muitos dos equipamentos utilizados na indústria em geral. Vamos iniciar o estudo estudando as propriedades gerais dos corpos que para fins de nosso estudo foram divididas em: Extensão Impenetrabilidade Divisibilidade Porosidade Expansibilidade Compressibilidade Estado físico Inércia Peso Peso específico 2. Extensão Uma definição de corpo é: corpo é o que tem extensão e forma ou todo corpo ocupa um espaço determinado. O que ocupa este espaço toma o nome de matéria e dizemos então que a matéria ocupa espaço e este espaço toma o nome de volume. O cálculo do volume dos corpos é feito na Matemática e a Geometria é a parte da matemática que se ocupa desse cálculo. Este assunto foi estudado no Módulo I. Podemos citar somente que a base adotada para esses cálculos em nosso país é o sistema métrico e para a medição existem muitos instrumentos tais como a trena, o paquímetro, o micrômetro e muitos outros. 3. Impenetrabilidade 1 Vimos que os corpos ocupam espaço e o espaço ocupado por um corpo não pode ser ocupado por outro corpo a menos que este corpo saia desse espaço. Vamos a um exemplo simples. Em uma proveta graduada coloquemos água até certa marca e depois coloquemos dentro dela uma batata. Veremos que o volume a água sobe na marca da proveta, Figura 3.1. Figura 3.1 Se a marca antes de submergir a batata fosse de 30 cm3 e depois de imergir o nível aumentasse para 40 cm3 então o volume da batata seria: 40-30=10cm3. O volume de água deslocada é igual ao volume da batata. Temos assim um método experimental para determinar o volume de um corpo e a demonstração do deslocamento dos corpos que indica a impenetrabilidade dos corpos. Mas é interessante comentar este fenômeno no caso de um corpo gasoso que não vemos diretamente como o ar. Parece à primeira vista que o ar e os corpos ocupam o mesmo espaço. Vamos fazer uma experiência. Vamos pegar uma vasilha grande de vidro, uma proveta e um corpo cilíndrico de ferro, por exemplo, como vemos na Figura 3.2. 2 Figura 3.2a Figura 3.2b Se colocarmos cuidadosamente o tubo fechado A dentro da vasilha B com água a água não penetrará no tubo fechado como na Figura 3.2a, pois o tubo fechado está cheio de ar. Porém se colocarmos um corpo C no fundo da vasilha e descermos o tubo fechado cuidadosamente ao passar a altura do corpo C veremos que sairão bolhas de ar que são iguais em volume ao volume do corpo C como na Figura 3.2b. 4. Constituição dos corpos Podemos dividir os corpos em partes cada vez menores por meio de ações mecânicas como cortar com uma faca ou com uma serra ou dissolvendo-os em um líquido como a sal ou açúcar, ou ainda pela vaporização do corpo. Esta propriedade dos corpos toma o nome de divisibilidade. Podemos pegar um bloco de ouro e por meio de um processo chamado de laminação fazer uma folha de um milésimo de milímetro ou polir uma pedra de granito e obter um pó fino e temos exemplos de divisibilidade. Como já aprendemos, esta divisão tem um limite que são as moléculas do corpo que é uma partícula que não pode ser dividida por meios mecânicos, pois além desse ponto esse corpo sofre uma grande modificação e deixa de existir como tal. A química ensina que os corpos materiais são compostos ou formados por moléculas de diversos materiais e são no fundo misturas. Tomando como exemplo uma molécula de água, a química nos ensina que ela é composta de dois átomos de oxigênio e um átomo de hidrogênio e hoje sabemos que os átomos são formados por partículas ainda menores como elétrons, prótons, etc. Em certas substâncias como o sulfato de cobre, os átomos estão distribuídos em uma rede formando uma substância cristalina, já o amido e a celulose são 3 formadas por unidades diferenciadas e por isso são chamadas de amorfas ou sem forma. Nos gases, os líquidos e os corpos amorfos as moléculas não estão em contato direto uma com as outras, mas estão separadas por um espaço e sobre elas atua uma força chamada de coesão e outra de repulsão que toma o nome de expansão. A coesão tende a aproximar as moléculas e a expansão tende a separálas sendo estas forças chamadas de forças moleculares. 5. Porosidade Falamos de uma das características dos corpos que é a divisibilidade. Vamos agora ver a porosidade. Esta característica é encontrada em certos corpos como a esponja, a pedra pome ou a cortiça, por exemplo. Estes corpos se distinguem pelo fato de possuir ocos ou poros em sua estrutura. Todos os corpos são porosos por sua natureza, mas não se pode perceber esta característica em todos os corpos. Por exemplo, em uma barra de ferro não se pode ver os poros, mas sua estrutura é formada por moléculas que têm certa distância uma da outra. Para demonstrar isto tomemos um tijolo que parece ser uma estrutura fechada homogênea como vemos na Figura 5.1. Figura 5.1 Nessa figura vemos um tijolo coberto por cera de todos os lados de forma que fique fechado e colocamos um tubo em cada lado. Em um lado ligamos uma mangueira que vem de um depósito de gás e no outro lado temos um pequeno tubo aberto. Abrimos o gás e o tijolo coberto de cera não deixa escapar gás pelas laterais e ele sai pelo tubo aberto. Podemos constatar isto acendendo a chama com um isqueiro como vemos na Figura 5.1. Podemos fazer uma experiência com líquidos para demonstrar que eles também são porosos. Tome uma garrafa e encha-a com água até e metade. Depois adicione álcool bem devagar e com cuidado para que não se misture com a água até que a garrafa esteja cheia. Tape-a e agite com força e destape a garrafa. Você verá que o nível do líquido misturado está um pouco mais baixo que a boca da garrafa. Como consequência da porosidade e da distância entre as moléculas se deriva uma propriedade geral dos corpos: sua modificação de volume. Aplicando uma força de compressão eles diminuem de volume e podem aumentar de volume se diminuirmos a pressão sobre eles. 4 Os corpos sólidos e os líquidos têm menor variação de volume do que os gases devido a que as distâncias intermoleculares são maiores nos gases do que nos sólidos e líquidos. Além da pressão a temperatura tem também grande influência no volume dos corpos, pois ao aumentar a temperatura o volume normalmente aumenta e diminui o volume com a diminuição da temperatura. Mas este efeito pode ser diferente dependendo do material como veremos no estudo da Termologia. 6. Estado físico Falamos da existência dos corpos em três estados: sólido, líquido e gasoso. O estado sólido se caracteriza pela coesão maior entre as moléculas ser maior do que a força de repulsão entre elas. Por essa razão os corpos sólidos têm formas e volumes próprios. Os líquidos por sua vez, não têm forma própria devido que a coesão é um pouco maior do que a repulsão entre as moléculas que estão sujeitas a forças de atração muito pequenas. A consequência disso é que os corpos líquidos não têm forma própria e tomam a forma do recipiente em que estão contidos. Os corpos gasosos têm uma força de repulsão grande e superior à de coesão e por isso as moléculas têm tendência a se separarem. Os gases também não têm forma própria e nem volume determinado e têm a tendência de ocuparem o espaço total dos recipientes em que estão contidos. O gás mais conhecido é o ar que é basicamente uma mistura de dois gases: oxigênio, nitrogênio (e alguns outros gases em pequena quantidade). Normalmente ele contém 79 litros de nitrogênio e 21 de oxigênio por 100 litros em volume ou 76,8 kg de nitrogênio e 23,2 de oxigênio por 100 kg. Os corpos em sua maior parte podem tomar três estados: sólido, gasoso e líquido. A água é um exemplo clássico: a baixas temperaturas ela pode estar congelada e estar no estado sólido, à temperatura mais alta está no estado liquido e pode tomar o estado de vapor com temperaturas ainda mais altas. 7. Inércia e força Quando um corpo está parado ou em repouso sua posição não varia em relação aos corpos que o circundam. Para que ele inicie um movimento é necessário que uma força ou ação exterior atue sobre ele. Mas se o corpo estiver em movimento, para pará-lo também é necessária a ação de uma força externa que o obrigue a ficar em repouso ou diminuir sua velocidade. No mundo real existe um fenômeno, o atrito, que pode atuar sobre o movimento dos corpos trazendo-os para o repouso. Além do atrito mecânico, por exemplo, de um corpo que corre por um piso, existe também a resistência do ar que atua contra o movimento. Por isso em ambientes rarefeitos a desaceleração é menor do que quando a pressão do ar for mais alta. 5 Podemos ver este efeito sobre um pião: quando ele roda em um piso polido como uma cerâmica lisa ele roda por mais tempo do que quando ele gira em um piso mais rugoso. Com estas observações podemos enunciar o seguinte princípio: Todo corpo tem inércia, ou seja, todo corpo tende a conservar em cada momento o estado de movimento que ele possui. A causa que modifica ou tende a modificar o estado de movimento ou estado dinâmico de um corpo toma o nome de força. Toda força necessita de tempo para atuar e para aclarar este ponto vamos usar um carro que está parado. Para alcançar sua máxima velocidade partindo do repouso ou parado, ele deve começar uma marcha lenta e ir acelerando até atingir uma velocidade mais alta. Para parar ele não pode brecar instantaneamente: deve parar lentamente também. Para movimentar uma porta pode-se fazer isto lentamente com a força de um dedo, mas se disparamos um tiro de revolver a bala poderá atravessá-la sem que ela se coloque em movimento. Um vidro de uma janela pode sofrer a pressão de um dedo sem se quebrar, mas se um tiro for disparado contra ela, ela poderá provocar um furo sem quebrar o vidro. Existe uma brincadeira que demonstra o efeito da inércia: colocamos uma moeda sobre uma folha de cartolina e colocamos na boca de uma garrafa bastante grande para deixar passar a moeda, se puxarmos a folha rapidamente a moeda cai dentro da garrafa! Se deixarmos cair um objeto em um vagão de trem em movimento ele cai no mesmo ponto que se o vagão estivesse parado. Isto acontece porque a moeda está na mesma velocidade do vagão. 8. Peso e peso específico Uma das propriedades gerais dos corpos mais conhecida é que todos exercem uma determinada pressão sobre os objetos sobre os quais eles estão apoiados ou se estão pendurados causam uma tensão sobre os fios que o estão segurando. Se o corpo estiver pendurado como vemos na Figura 8.1, o corpo em repouso adotará a posição vertical. Figura 8.1 6 Já a posição da superfície de um corpo de água em repouso é a horizontal como vemos à direita na Figura 8.2. Figura 8.2 Na Figura 8.1 identificamos um prumo que é um instrumento para indicar a linha vertical. Na Figura 8.2 vemos à esquerda um nível conhecido como nível de bolha. Temos então uma forma de encontrar a linha vertical e a linha horizontal. A linha vertical se dirige para o centro da Terra e a linha horizontal é a linha da superfície do nível das águas tranquilas e elas formam entre si um ângulo reto ou de 90°. Se um corpo estiver suspenso ou apoiado e se tirar seu apoio esse corpo cairá em linha reta para o centro da Terra e esta força toma o nome de peso dos corpos. Todos os corpos têm esta propriedade seja um corpo liquido, sólido ou um gás. Pode parecer que os gases não têm peso, pois um corpo cheio de gás como um balão, sobe para o céu em lugar de cair. Mas pode-se ver que o gás tem peso por meio de uma simples experiência. Se um recipiente de vidro e o colocarmos em uma balança e o pesarmos teremos certo peso. Se enchermos esse recipiente com um gás e voltamos a colocálo sobre o prato da balança veremos que temos que agregar peso no outro prato para efetuar o equilíbrio. Então peso de um corpo ou peso absoluto de um corpo é a pressão que ele exerce sobre a superfície sobre a qual ele está apoiado e usa-se somente o nome de peso do corpo. Como unidade de massa adota-se no Sistema Métrico Decimal que foi substituído pelo SI, Sistema Internacional de Medidas, o quilograma que tem a abreviação de e que é definido como a unidade de massa e o grama, como unidade de peso. Note que o de quilograma é minúsculo e não maiúsculo. O quilograma é definido como a massa de um decímetro cúbico de água na temperatura de maior massa específica que é de 44,4°C., que indicaremos por Essa medida foi materializada por meio de um cilindro de platina irradiada com diâmetro e altura de 39 milímetros. Por massa de um corpo se entende uma grandeza escalar que representa a sua resistência à aceleração e está ligada ao conceito de inércia, ou seja, a massa 7 de um corpo imóvel ou em repouso é igual à massa desse corpo em movimento ou indica a quantidade de matéria existente no corpo. Note que o peso muda de acordo com o lugar onde ele está sobre a Terra ou da gravidade nesse ponto. Para determinar o peso de um corpo se usa a balança que podem ser de duas classes: de molas ou de alavanca (de pratos) como se vê na Figura 8.3 e na Figura 8.4 vemos uma balança de molas. Figura 8.3 Figura 8.4 Para efetuar a pesagem na balança de pratos necessitamos de um jogo de pesos padrão que são colocados em um prato enquanto no outro está o corpo sendo pesado. No caso da balança de mola a massa é indicada pelo ponteiro em uma escala da balança. O peso específico é definido como o peso da unidade de volume da substância. A unidade de peso específico no SI é o . Esta unidade é calculada multiplicando o peso específico da água pela densidade do material ou 1 centímetro cúbico de água tem a massa de um grama ou . 8 Quando se enche um cubo de certa dimensão com substâncias diferentes como prata, ouro, madeira ou ferro obtemos pesos diferentes. Vamos supor que temos quatro cubos de um centímetro cúbico cada um e que estejam cheios com as matérias que designamos acima como mostramos na Figura 8.5. Figura 8.5 Conhecendo-se o peso específico de uma substância pode-se calcular o peso de um corpo qualquer multiplicando o peso específico por seu volume. Chamando o peso de um corpo, o seu volume e o seu peso específico, podemos escrever a seguinte equação: . 9. Densidade Como foi assumido o peso da unidade de volume de água como unidade de peso, o peso específico da água é igual à unidade ou e então P=V. Isto quer dizer que o volume V representa o peso de um volume de água igual ao do corpo em estudo. Da equação acima podemos obter: Deduzimos então que o número g expressa quantas vezes o corpo pesa mais que um corpo de volume de água igual ao seu volume. Esta relação toma o nome de densidade do corpo. Conforme a primeira definição g é um peso e segundo a última definição é uma relação, por conseguinte é um número abstrato ou sem unidades. 10. Determinação do peso específico A determinação do peso específico pode ser feita aplicando a equação acima desta forma: Isto significa que achando o peso de um corpo por meio de uma balança e determinando seu volume podemos determinar seu peso específico. 9 11. Exemplos sobre as Propriedades Gerais dos Corpos 1. Temos uma barra de metal que pesa 150 g. Ao submergir em uma proveta graduada como a da Figura 3.1, o nível de água sobe de 25 cm3 até a divisão 50 cm3. Qual é a densidade da barra? Resp: O volume da barra é: 50-25=25 cm3 Então a densidade é: 2. Um pedaço de metal pesa 300 g e quando colocado em um recipiente ele desloca certa quantidade de água que pesa 30 g. Qual é seu peso específico? Resp: O volume de água deslocado é de 30 cm3, pois foram deslocados 30 g de água. Isto quer dizer que o corpo metálico tem um volume de 30 cm3. Seu peso específico é de: 3. Um pedaço de latão tem 5 cm de comprimento e um diâmetro de 1,2 cm e seu peso é de 47,1 g. Qual é peso específico do latão? O volume do cilindro de latão é de: Então o peso específico será de: 4. Para determinar o peso específico de um liquido se usa um instrumento chamado picnômetro que é uma garrafa de vidro com a parte inferior bastante abaulada formando uma espécie de barriga que tem um sinal no seu pescoço. Vamos usar um picnômetro que tem um peso de 65 g cheio de água e pesa quando está completamente seco 15 g. Então seu volume é de: 65-15=50 cm3. Quando o enchemos com gasolina ele pesa 39,4 g. Qual é o peso específico da gasolina? 5. Vamos determinar o peso específico do ar. Para isso vamos usar um balão de vidro que possa ser submetido ao vácuo. Fazemos o vácuo nesse balão e o pesamos e temos o peso do globo completamente vazio, pois o ar foi retirado com a operação de vácuo. Suponhamos que o peso obtido tenha sido de 900 g e que seu volume seja de 5500 cm 3. Agora enchamos esse globo com ar e o pesamos novamente e achamos que seu peso aumentou em 7,11g. Qual é o peso específico do ar? Resp: É dado por: =0,001292. 10 12. Exercícios sobre as Propriedades Gerais dos Corpos 12.1. Para determinar o volume de um ovo de galinha ele foi imerso em uma proveta graduada. Esta proveta tinha 33,5 cm3 de água e o nível subiu até 86,5 cm3. Qual foi o volume do ovo? 12.2. Quantos litros de gasolina cabem em uma lata de 65 cm de largura, 15 cm de comprimento e 20 cm de altura? 12.3. Um paralelepípedo de pedra pesa 40 g. Ele tem uma profundidade de 5 cm, uma largura de 2 cm e uma altura de 2 cm. Qual é seu peso específico? 12.4. Um globo esférico tem um diâmetro de 8 m e foi enchido com um gás. Calcular o volume de gás e o peso do globo. O peso específico do gás é de 0,00052. 12.5. Uma barra de ouro de 77,5 mm de comprimento por 77,5 mm de largura pesa 9,7 mg. Qual é sua espessura? 11 13. Respostas dos exercícios 13.1. 53 cm3 13.2. 19,6 litros 13.3. 2 g 13.4. V=268 m3, P=139,5 kg 13.5. 0,0000839 mm 12