ê--hCo- e uma desda po ssibílidade de afilnsnfia ofereça uma ancoragem segura a qualquer ierdade. O pensamento de Hurne. de fato. conclui a tradição do empirisrno inelês: radicalizando até as últimas conse_.üências o critério da experiência. acaba, em última análise, _ r nulificar a própria filosofia. . '0 entanto, toda a vida de E' me foi marcada por um Retrato de David Hume _refundo amor pela filosofia. Ainda muito jovem, opôs-se à vontade do pai - que gostaria que ele se formasse em direito -, recusando-se 00 tinadamente a dedicar-se a qualquer outra coisa que não fosse filosofia, isciplina pela qual alimentou uma precoce paixão. De' fato, aos 18 anos, coo resultado de uma forte intuição, concebeu as idéias basilares da doutrina _~e depois desenvolveria na sua obra-prima, o Tratado sobre a Natureza Huta, Foi uma experiência intelectual arrebatadora: essa intuição, a repentiiluminação de um novo cenário do pensamento, levou o jovem a tamanho penha nos estudos a ponto de minar a sua saúde. Uma longa fase de de_ressão psíquica foi o custo de tal entusiasmo pela nova doutrina, que, no entanto não teve a aceitação esperada. A sua propensão para o ateísmo e o cericismo. bem como os traços irracionais do seu pensamento, assustaram o mundo acadêmico, no qual Hume nunca conseguiu entrar. De qualquer forma. alcançou fama e sucesso como escritor de uma monumental História da _ alatena e como secretário do embaixador inglês na França. .-rmjfúuuça •..•.• • Obras: Ensaios Morais e Políticos (1742); Dialogos sobre a Religião Natural (1751); Histólia . íatural da Religião (1754); Investigação sobre o Entendimento Humano (1759). .-'" .OLOGL\ ILUSTRADADE fILOSOFIA 286 Temos aqui ur ma outra bola se duas bolas chocar mente. Este é um feito quanto qual nhecer por meio to, passemos a ex É evidente que mento fosse tranvalo entre os mox go, a contigüidad exigida para que: evidente que o TIl que é efeito. As'si cunstância que St Mas isso não é [ quer, da mesma e mos que o impuls portanto, uma e' constante entre' a à causa produz se' sa causa não pos; de contigüidade, A primeira bola tarnente, a segunc va com a mesma circunstância ali depois do movirr movimento da 01 que examine. nã r~ quando a caus -. --~ -- -- Cc:.""""TI!-- - ...:~ ~ ~ e scmenre um esexiste verdadeiramente na reanzís sã" s llinhes do conhecimento ex- z-; ____ ~ !J!l A TESE O princípio basilar de todo pensamento é o de causa-efeito: determinados even_ !JOÔ.em ser previstos como conseqüência necessária das causas que os produziram. E, no entanto, -~ríÍico afirma Hume, se se levar às últimas conseqüências o apelo empirista e confiar somente na experiência concreta e verihcavel, será preciso admitir que não existenada na natureza semelhante a tal princípio. Observemos o choque entre duas bolas de bilhar: certamente veremos uma continuidade espacial e é· Temos aqui uma bola de bilhar parada sobre uma mesa e uma outra bola se movimenta rapidamente em direção a ela; as duas bolas chocam-se e aquela que estava parada ganha movimento. Este é um exemplo da relação de causa e efeito tão perfeito quanto qualquer outro entre aqueles que podemos conhecer por meio da sensação e por meio da reflexão. Portanto, passemos a examiná-Ia. bolas de bjjh2r. .. ... contigüidade espacial e precedência tempoíaf são efetivamente obseíVáveis. Pode-se também notar uma constância nos fenômenos físicos. - :':isrória A primeira bola está em movimento e toca a segunda; imediatamente, a segunda põe-se em movimento, e quando faço a prova com a mesma ou com outras bolas semelhantes, na mesma circunstância ou em circunstâncias semelhantes, verifico que depois do movimento e do choque de uma segue-se sempre o movimento da outra. De qualquer lado que eu veja, e por mais que examine, não posso encontrar mais nada. É isso o que ocorre quando a causa e o efeito estão presentes nos sentidos. 287 fVJas, alérn desses três e/ernento5, nada mais resuita da observação. ANTOLOGIA ILUSTRADA DE FILOSOFIA A íe!açãG dE Cã:"5~'-2:E~~ só c";~ ser entenôid3 c. r ir~e"5_f">':..a. = .-~:; constat:3dapor;~ ~'''er·~::::-·3. Vejamos. agora, no que se baseia ~ do concluímos, a partir da presença de tos, que o outro existiu ou existirá, uma bola que se movimenta em lin ;;:~~U::......~;: ~ __ tra: imediatamente concluo que elas chocarâo gunda se porá em movimen o. Esta é para o efeito; e são da mesma natur que fazemos na condução da vida: sob-e ---- _. a nossa crença na história e daí deriva [Orla ceção da geometria e da aritmética. Se pudéssemos "',?l!= a inferência que fazemos do choque das duas bo -- _ :3. seríamos capazes de explicar essa operação da meu e era t dos os outros casos. =__ --- _ -;> L' A previsão de determinados efeitos baseia-se n:! experiência do passado Um homem que fosse criado como Adão, no pleno vizor r ; sua inteligência, mas sem experiência, não seria capaz de iaferir, a partir do movimento e impulso da primeira bola. o movimento da segunda. Não existe na causa nada que a razão veja e nos leve a inferir o efeito. Se fosse possível tal inferência, ela equivaleria a uma demonstração, posto que estaria fundada somente na comparação das idéias. Nenhum efeito natural decorre de urna causa por motivos puramente lógicos. Mas nenhuma inferência da causa para o efeito equivale a uma demonstração. Eis uma prova evidente disso. A mente pode conceber que um efeito qualquer tenha por trás uma causa qualquer e que um evento qualquer acompanhe um outro; ora, tudo quanto concebemos é possível, ao menos no sentido metafísico; mas onde quer que ocorra uma demonstração, o contrário é impossível e envolve uma contradição. Nenhurn efeito pode ser previsto por necessidade lógica. Portanto, não existe demonstração para uma conjunção qualquer de causa e efeito. E este é um princípio geralmente admitido pelos filósofos. Logo, teria sido necessário que Adão (salvo em caso de uma inspiração divina) tivesse tido experiência do efeito sucessivo ao choque das duas bolas. Ele deveria ter visto, em outros casos, que quando uma bola se choca com outra a segunda sempre se põe em movimento. A previsão dos efeitos baseia-se no hábito. Se tivesse visto um número suficiente de casos desse gênero, toda vez que visse uma bola se movimentando em direção a uma outra, concluiria sem hesitar que a segunda iria movimentar-se. O seu intelecto anteciparia a sua vista e formaria uma conclusão conforme a sua experiência passada. Toda previsão em campo físico se baseia no pressuposto de que as/eis da natureza seio constantes. Dai resulta, então, que todos os raciocínios que dizem respeito à causa e ao efeÚo estão fundados na experiência e que todos os raciocínios que derivam da experiência estão fundados na suposição de que o curso da natureza continuará a ser uniformemente o mesmo. Nós concluímos que causas semelhantes, em circunstãncias semelhantes, produzirão sempre efeitos semelhantes. Pode ser oportuno agora considerar o que nos leva a formular uma conclusão de tão infinita amplitude. ANTOLOGIA ILUSTRADA DE FILOSOfiA 288 ·,~---- o seu saber _jamais poderia ter deve CO!;'dll!2I a - unideve ser co r rme o '_ asrrar .:le é:- 1- aquílo que é P'-~,. nue o CBIS da natureza -- mudar. a oartir em que TI - podemos conceber tal mudança, TI;o7TI1r1'<-4-:- ....:_ é _ - ...:o- \I.as digo mais e afirmo que Adão não teria consezuido provar com quaisquer argumentos prováveis que o fururo deve ser conforme o passado. leno vigor da ta capaz de in- ra bola, o molfe a razão veja hnferência, e.~ ~pria fundada r1-- Todos os argumentos prováveis estão fundados na suposição de que existe conformidade entre o futuro e o passado e logo não podem provar tal suposição. Essa conformidade é uma questão de fato e, se tiver que ser provada, não admitirá outra prova senão aquela extraída da experiência. Mas a nossa experiência do passado não pode provar nada para o futuro, a não ser com base na suposição de que existe uma semelhança entre passado e futuro. Portanto, este é um ponto que absolutamente não admite prova alguma e que nós damos por aceito sem qualquer prova. b equivale a u- ~t. mente po~;ásuma causa enim outro; 0;os no sentido monstração, o o. conjunção ·0 geralmente essário que . ivesse tido iuas bolas. Eurna bola se ente. L-__________________________ I I 289 Hume, segundo um desenhista moderno. ANTOLOGIA ILUSTRADA DE F!LOSOFIA