XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Diferenças no rendimento de carcaça de bezerros em função do peso do corpo vazio e peso vivo ao abate1 Differences in carcass yield of calves on the basis of empty body weight and live weight at slaughter Isis Thamara do Nascimento Souza², Renata Nayhara de Lima³, Patrícia de Oliveira Lima3, Maria Vivianne Freitas Gomes de Miranda4, Ana Paula Pinheiro de Assis4, Hélia Maria de Souza Leite4, Kátia Tatiana de Lima Lopes4, Fabrício Xavier Morais5 ¹Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, financiada pelo BNB/ETENE/FUNDECI ²Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal – UFERSA. [email protected] 3 Profa. Adjunta, Departamento de Ciências Animais – UFERSA. 4 Mestre em Ciência Animal - UFERSA 5 Zootecnista - UFERSA e-mail: Resumo: O presente trabalho teve como objetivo comparar o rendimento de carcaça de bezerros em função do peso de corpo vazio e peso vivo ao abate de bezerros aleitados com soro de queijo e colostro, e abatidos aos 60 dias. Foram utilizados 24 bezerros distribuídos ao acaso com três tratamentos e oito repetições sendo: LI: Leite integral (controle); LS: 50% Leite integral + 50% de Soro de queijo in natura; SC: 70% Soro de queijo in natura + 30% de Colostro. Os valores médios para peso vivo ao abate, peso do corpo vazio e pesos de carcaça quente e fria não diferiram em função das dietas líquidas testadas (P>0,05), o mesmo se aplica aos rendimentos de carcaça tanto em relação ao peso do corpo vazio, quanto em relação ao peso vivo ao abate, onde as médias observadas foram de 58,67 e 56,89% e 51,67 e 50,21%, respectivamente. O calculo do rendimento de carcaça não diferiu em função do peso ao abate e peso do corpo vazio, para as condições em que o experimento foi realizado. Palavras–chave: abate, colostro, soro de queijo Abstract: This study aimed to compare the calves carcass yield as a function of empty body weight, live weight at slaughter of suckled calves with cheese whey and colostrum, and slaughtered at 60 days. We used 24 calves randomly assigned to three treatments and eight repetitions with: LI: Whole milk (control); LS: 50% + 50% Whole milk cheese whey in nature; SC: 70% fresh cheese Whey + 30% Colostrum. The mean values for slaughter weight, empty body weight and hot and cold carcass weights did not differ depending on the tested liquid diets (P> 0.05), the same applies to carcass yield both in relation to the weight of empty body, and in relation to live weight at slaughter, where the observed means were 58.67 and 56.89% and 51.67 and 50.21%, respectively. Carcass yield of calculation did not differ according to the slaughter weight and empty body weight, to the conditions under which the experiment was conducted. Keywords: Colostrum, cheese whey, slaughter Introdução A produção de vitelos consiste atualmente na alternativa mais usada para o aproveitamento da carne do macho leiteiro e representa grande parcela da carne bovina consumida em países como Holanda, França e Itália (ALVES & LIZIEIRE, 2001). Para que esse tipo de produção seja rentável é necessário considerar todas as fases de criação no nascimento ao abate. A fase de aleitamento é considerada uma das mais críticas do ponto de vista econômico. Segundo LIMA et al., (2006) uma das maneiras de se reduzir o custo do aleitamento em sistema de produção de leite é antecipar a idade ao desaleitamento e reduzir a quantidade de leite fornecida ou pela substituição parcial ou total do leite integral por um substituto de leite (sucedâneo), em geral subprodutos da indústria de laticínios. Estudos sobre a qualidade e rendimentos das carcaças destes animais, ainda são escassos. A avaliação das características da carcaça tem importância, quando o objetivo é avaliar a qualidade do produto final de um sistema. O rendimento de carcaça e dos cortes comerciais e o peso de carcaça são medidas de interesse dos frigoríficos na avaliação do valor do produto adquirido e nos custos operacionais, visto que carcaças com pesos diferentes demandam a mesma mão-de-obra e tempo de processamento (COSTA et al., Página - 1 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 2002). O rendimento da carcaça está sujeito a variações por influência de fatores como sistema de cálculo (em relação ao peso vivo ou peso corporal vazio), número de horas de jejum, dieta imposta aos animais, peso de abate, grau de engorda, entre outros fatores (GALVÃO et al., 1991). Assim, o presente trabalho teve como objetivo comparar o rendimento de carcaça de bezerros em função do peso de corpo vazio e peso vivo ao abate de bezerros aleitados com soro de queijo e colostro, e abatidos aos 60 dias. Material e Métodos Foram utilizados 24 bezerros machos não castrados, mestiços de Holandês x Zebu adquiridos de propriedades leiteiras da região, com 5±3 dias de idade e peso médios inicial de 32,9 kg. Os animais foram distribuídos ao acaso, em baias individuais de alvenaria com aproximadamente 12m². A partir do nascimento ao 3º dia de vida foi administrado o colostro integral e do 4º ao 10º dia de vida leite integral em duas porções, sendo estas 2L pela manhã e 2L pela tarde. Os 10 dias decorridos compreenderam o período de adaptação gradual dos animais as dietas experimentais (10% a cada dia). O experimento compreendia três tratamentos e oito repetições: Leite integral (Controle); 50% Leite integral + 50% de Soro de queijo in natura; 30% Colostro + 70% de Soro de queijo. Durante o período do experimento os animais tinham acesso a concentrado farelado comercial para bezerros, feno de Tifton (Cynodon sp.) e água ad libitum. Aos 60 dias de idade, antes de serem abatidos, os bezerros foram pesados e submetidos a um jejum de aproximadamente 16 horas (período noturno), tendo acesso somente à água. Na manhã seguinte, foram pesados, obtendo-se assim o peso ao abate (PA), e levados ao abatedouro sob fiscalização do Serviço de Inspeção Estadual (SIE). Na sala de abate foram insensibilizados, esfolados, as carcaças foram evisceradas, obtendo-se o peso corporal vazio (PCVZ) diretamente pelo somatório dos pesos de patas, cabeça, pele, aparelho reprodutor, sangue, órgãos, vísceras vazias, gordura interna e carcaça. As carcaças foram pesadas obtendo-se assim o peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça quente em função do PCVZ (RCQ = PCQ/PCVZ x 100) e em função do PA (RCQ = PCQ/PA). Após, as meias-carcaças foram identificadas e resfriadas durante 24 horas, em temperaturas de 2 a 5°C, em câmara de refrigeração do próprio frigorífico. Depois de resfriadas, as meias-carcaças foram novamente pesadas para obtenção do peso de carcaça fria (PCF) e do rendimento de carcaça fria em função do PCVZ (RCF = PCF/PCVZ x 100) e em função do PA (RCF = PCF/PA x 100). Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de comparação de médias. Os efeitos dos diferentes tratamentos sobre cada variável foram comparados por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os valores médios para peso vivo ao abate, peso do corpo vazio e pesos de carcaça quente e fria não diferiram em função das dietas líquidas testadas (P>0,05), o mesmo se aplica aos rendimentos de carcaça tanto em relação ao peso do corpo vazio, quanto em relação ao peso vivo ao abate (Tabela 1), onde as médias observadas ficaram em torno de 58,67 e 56,89% e 51,67 e 50,21%, respectivamente. LIMA et al. (2011) encontraram diferenças ao comparar o rendimento de carcaça, em função do peso do corpo vazio, de bezerros recebendo soro de queijo na dieta líquida, fato este não verificado quando foi utilizado como parâmetro o peso vivo ao abate. Esses mesmos autores afirmam que o rendimento calculado em relação ao peso vivo ao abate apresenta falhas em virtude de que os animais conservam mais ou menos o mesmo conteúdo no tratogastrointestinal, mesmo passando por período de jejum. Neste trabalho, não se verificou diferenças significativas entre o conteúdo ruminal dos animais. Provavelmente essa diferença também não ocorreu nos demais compartimentos explicando a semelhança entre os rendimentos tanto em função do peso de abate quanto do peso de corpo vazio dos animais. Página - 2 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Tabela 1 – Pesos médios de carcaça abate de bezerros Tratamentos Variável Média CV LI LS SC Peso vivo de abate (kg) 51,17 44,36 56,01 49,73 17,52 Peso do corpo vazio (kg) 44,72 42,60 49,35 45,63 14,30 Peso da Carcaça Quente (kg) 25,78 26,90 22,62 29,04 18,95 Peso da Carcaça Fria (kg) 25,92 21,94 28,38 24,99 18,73 Rendimento de carcaça quente PCVZ (%) 59,42 57,99 58,57 58,67 3,80 Rendimento de carcaça fria PCVZ (%) 57,27 56,29 57,28 56,89 4,04 Rendimento de carcaça quente PVA (%) 52,49 50,22 51,69 51,67 5,16 Rendimento de carcaça fria PVA (%) 50,65 49,56 50,52 50,21 5,32 Médias seguidas por letras distintas na mesma linha diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey; LI: Leite integral; LS: 50% Leite integral + 50% de Soro de queijo in natura; SC: 70% Soro de queijo in natura + 30% Colostro Conclusões O rendimento de carcaça não diferiu quer fosse calculado com base no peso vivo ao abate, quer fosse pelo peso do corpo vazio. Literatura citada ALVES, P.A.M.; LIZIEIRE, R.S. Teste de um sucedâneo na produção de vitelos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.3, p.817-823, 2001. COSTA, E.C.; RESTLE, J.; VAZ, F.N. et al. Características da carcaça de novilhos Red Angus superprecoces abatidos com diferentes pesos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.1, p.119-128, 2002. GALVÃO, J.G.C., FONTES, C.A.A., PIRES, C.C. et al. Características e composição física da carcaça de bovinos não castrados, abatidos em 3 estágios de maturidade de três grupos raciais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.20, n.5, p.502-512, 1991. LIMA, P.O.; LIMA, R.N.; MIRANDA, M.V.G. et al. Relação entre o rendimento de carcaça em função do peso do corpo vazio e peso vivo de abate de bezerros abatidos aos 60 dias de idade. In: 48a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Belém-PA, 2011. LIMA, P.O.; MOURA, A.A.; FAÇANHA, D.A. et al. Desempenho e indicadores de estresse térmico em bezerras alimentadas com sucedâneo lácteo com ou sem probiótico no semi-árido brasileiro. Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal, v.14, n.2, p.49-55, 2006. Página - 3 - de 3