Ser ou não ser!
Responda rápido: incomoda mais ter dúvida ou falta de certeza? É
m elh or m or r er ou p er d er a vid a ? Você p r efer e d ecid ir er r a d o ou a d ia r a
decisão indefinidamente? Magoar quem você gosta ou se magoar?
Pois é, n os s a ca b eça n os coloca p er a n te d ilem a s qu e n em s em p r e
con s egu im os a va lia r com is en çã o. Ta lvez n em s eja m d ilem a s , a fin a l.
Dis fa r ça d a s d e cois a s s im p les es tã o qu es tões p r im or d ia is p a r a
n os s o equ ilíb r io d iá r io. A m a n eir a com o n os s o ca r á ter foi for ja d o, à s
vezes lá n a in fâ n cia , tem m u ito a r evela r s ob r e n os s os p r oces s os d e
decisão. Raciocínios tortuosos, por vezes, disfarçam falhas de caráter ou
desvios de personalidade quase imperceptíveis.
Nos s o cér eb r o é m es tr e em cr ia r a r m a d ilh a s p a r a n os con fu n d ir .
O p r ob lem a é qu e es ta m os fa la n d o d o n os s o cér eb r o e n ã o d o d e ou tr a
p es s oa ! Is s o p od e s ign ifica r qu e n ós m es m os a r m a m os es tr a ta gem a s
p a r a n os t es ta r a tod a a h or a . O cu r ios o é qu e r a r a m en te p a s s a m os n os
tes tes , em b or a , fr equ en tem en te, fa ls ifiqu em os os r es u lta d os p a r a
acalmar nossa consciência. Vai entender!
Há p es s oa s qu e teim a m em s e en ga n a r , ou m elh or , em ten t a r
en ga n a r s eu s cér eb r os , es qu ecen d o o ób vio: o cér eb r o é qu e es tá n o
com a n d o d a gen te e n ã o a gen te n o com a n d o d ele! Da í r es u lta qu e d e
n a d a a d ia n ta s e r efu gia r n os tr u qu es m a leá veis d a con s ciên cia p a r a
ilu d ir o p en s a m en to. Na ver d a d e, com p er d ã o d a fr a s e feita , n in gu ém é
ca p a z d e fu gir d e s i m es m o. Bem qu e ten ta m os , m a s tu d o qu e
con s egu im os é p r ovoca r d ú vid a s ou in cer teza s , a va n ços e retr oces s os ,
n o m á xim o, zigu eza gu es . É m a is ou m en os com o r egim e p a r a
em a grecer . No in ício, tod os p a r ecem m ila gr os os , m a s , com o tem p o,
revelam-s e in ú teis . Na m a ior p a r te d a s vezes , tu d o qu e ca u s a m é o
famigerado efeito s a n fon a , em a grecem os p a r a logo em s egu id a
recuperar todo peso que perdemos!
O p r ob lem a m a ior é qu e, p a r a m a n ter a s a p a r ên cia s (s em
tr oca d ilh os ) com eça m os a comer es con d id os , com eça m os a d is fa r ça r .
Is s o p od e fu n cion a r com o m ed id a d e con s u m o exter n o, m a s n os s o
cér eb r o n ã o s e ilu d e com is s o. Con tin u a m os a fu gir d e n ós m es m os , a
esconder-n os d e n os s os p r óp r ios ju lga m en tos n os d es vã os d a
consciência. S em qu e a gen te p er ceb a com eça m os a fler ta r com o qu e
d e p ior p od e a con tecer a u m a p es s oa , tr a n s for m a r -s e n o p ior tip o d e
mentiroso, o q u e m e n t e p a r a s i m e s m o ! É com o con s u m ir d r oga s
pesadas, aumenta-s e a d os e a ca d a vez qu e s e tem u m p r ob lem a . Logo
d ep ois , n a a u s ên cia d e p r ob lem a s r ea is , a gen te p a s s a a in ven ta r
p r ob lem a s p a r a ju s tifica r o con s u m o d a d r oga e o a u m en to d a d os e,
num círculo vicioso macabro e impossível de romper sem ajuda.
Com a qu ele qu e m en te p a r a s i m es m o, ten ta n d o ilu d ir o cér eb r o,
a con tece a lgo s im ila r . De ta n to r ep etir a m en tir a p a r a s i m es m o, ela
a ca b a vir a n d o ver d a d e, a ca b a -se a cr ed ita n d o n ela , m is tu r a -se r ea lid a d e
com ficçã o, in cor p or a m -se m eia s ver d a d es com o p r in cíp ios d e vid a ,
estruturam s u a s a ções em b a s es fa ls a s , e, cla r o, tom a m d ecis ões
equivocadas, ou pior, deixam de tomá-las e ficam paralisados !
Nã o s ou p s icólogo d e for m a çã o, o qu e es cr evo a qu i é fr u to d e
m in h a ob s er va çã o d o d ia a d ia , é con h ecim en to em p ír ico, m a s d es a fio
qu a lqu er u m qu e ten h a vivid o m a is d e tr in ta a n os a m e d es m en tir .
Rom p er es s e cír cu lo é ta r efa d a s m a is á r d u a s , é cois a p a r a p r ofis s ion a l,
p od e d em or a r a n os d e ter a p ia e, m es m o a s s im , n ã o h a ver á ga r a n tia d e
r es u lta d o. Qu em m en te p a r a s i m es m o e a cr ed ita qu e es tá fa la n d o (ou
p en s a n d o) a ver d a d e! As s im s en d o, n ã o es tá m en tin d o d e fa to! É u m
m en tir os o in volu n tá r io, d a í a a lta p er icu los id a d e d es s e com p or ta m en to.
As p es s oa s a o r ed or p a s s a m a s er a p en a s m otivos p a r a r ep etir a s
tr a p a ça s à exa u s tã o. Na d a m a is importa a n ã o s er m a n ter , a qu a lqu er
cu s to, u m a a u r a d e coer ên cia , o qu e n a ver d a d e ju s tifica a m en tir a , e
a s s im s e fech a o cír cu lo n ova m en te. Pa r a qu em gos ta d e a r m a d ilh a s
es tá a í u m p r a to ch eio. Ch eio d e s ofr im en to, d e a ltos e b a ixos , d e
comportam en to er r á tico, d e id a s e vin d a s , d e d ú vid a s d e fa lta d e
certeza, de falso conformismo, de ser ou não ser!
Ma s s er á qu e s om en te a ter a p ia p od e a ju d a r es s a s p es s oa s ? Ach o
qu e n ã o. Ta m b ém b a s ea d o n a exp er iên cia d e vid a , n ã o ten h o m ed o d e
a fir m a r qu e p es s oa s a s s im p r ecis a m s im d e a ju d a , m a s ela p od e vir d e
ou tr o la d o e s er d e ou tr a n a tu r eza . E s s a s p es s oa s p r ecis a m s en tir -se
em u m a m b ien te on d e s a ib a m qu e p od em s er ela s m es m a s , s em
r es er va s , s em p u d or es , s em m á s ca r a s , s em m eia s ver d a d es , s em fa ls o
moralismo, s em r egr a s r ígid a s , s em cob r a n ça s h ip ócr ita s . Am b ien te
difícil de encontrar, reconheço.
E s s a s p es s oa s p r ecis a m s er com p r een d id a s e in cen tiva d a s a
en fr en ta r s eu s m ed os , s u a s neuras, s u a s d ú vid a s , s eu s m om en tos d e
“ser ou não ser”! Elas precisam conseguir derrubar seus próprios mitos,
r om p er com a qu ele m u n d o a r d ilos o e movediço em qu e d ecid ir a m (ou
precisaram) en tr a r . Pr ecis a m a ch a r u m a s a íd a e is s o n u n ca s e fa z
sozinho. Ela s p r e c is a m s e r a m a d a s ! Ma s n ã o p od e s er u m a m or
qu a lqu er . Tem qu e s er u m a m or in con d icion a l, m a d u r o, lib er tá r io,
a ltr u ís ta com o d ever ia s er tod o o a m or . Tem qu e s er u m a m or s in cer o,
qu e lh es s ir va d e es p elh o, d e m od elo, qu e a s in s p ir e. Nã o p od e s er u m
a m or cob r a d o, qu e qu er tr oco, qu e s u foca , qu e d á m ed o, qu e p r es s u p õe
perdas ou ganhos. É preciso encontrar um amor desprendido, amigo, de
tod a s a s h or a s , qu e eleve e n ã o d ep r im a , en fim , u m a m or es p ecia l,
exagerado, superlativo e real.
Ufa! Está dado o recado. Quem souber de algum amor assim solto
p or a í, é s ó en via r a s in for m a ções p a r a m eu e-m a il, ok ? Por ém , a n tes
qu e você p en s e qu e es s e a m or n ã o exis te d e fa to, qu e é im p os s ível
encontrá-lo, d eixe-m e r ep etir u m a fr a s e qu e gos t o m u ito: “o d ifíc i l é o
q u e p o d e s e r c o n s e g u id o a g o r a , já . O i m p o s s ív e l, b o m , e s s e a p e n a s
demora um pouco mais!” Mexe comigo, mexe!
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Ser ou não ser!