DESAFIOS E DIFICULDADES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DIANTE DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INSERIDOS EM SALAS REGULARES Keila Rocha Santos Barros Professora da Rede Estadual de Educação da Bahia, no município de Antonio Cardoso, Especialista em Psicopedagogia, [email protected] Silmara Sartoreto de Oliveira Profa. Adjunto de Metodologia e Prática de Ensino do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Professora Formadora do Curso de PósGraduação em nível de Especialização em Atendimento Educacional Especializado; [email protected] RESUMO Esta pesquisa propõe-se a investigar os desafios e dificuldades enfrentadas pelos professores das escolas da rede pública de ensino no interior do estado da Bahia, diante de alunos com deficiências inseridos em suas classes regulares (níveis ensino fundamental e médio). O estudo analisou como tem sido a prática desse profissional em relação a esses alunos, buscando relacionar a sua formação acadêmica e/ou continuada e as metodologias e ferramentas utilizadas em sala de aula junto a este público bem como identificar como o município vem colaborando com a formação desses profissionais para lidar com tal desafio. Esta pesquisa, de cunho qualitativo, buscou através de um estudo de caso, utilizou como instrumento de coleta de dados, questionários, aplicados a professores e secretária de Educação local. A relevância desta investigação encontra-se no fato de que se faz necessário identificar se estes professores têm contemplado – seja no planejamento das suas aulas, metodologias e avaliações – as especificidades necessárias para garantir a aprendizagem dos alunos com algum tipo de deficiência. O resultado desse estudo permitiu apontar reflexão acerca dos êxitos e/ou carências identificadas tanto na formação dos professores, assim como na própria gestão da educação local, em relação à inserção de alunos com deficiência nas classes regulares. Palavras-chave: Formação de professores. Educação Inclusiva. Aprendizagem. INTRODUÇÃO A presença de alunos com Necessidades Educativas Especiais é uma realidade para a qual a Escola não mais pode fechar os olhos. A formação de professores que possam - em seus planejamentos, metodologias, escolha de 944 conteúdos e formas de avaliação – promover uma aprendizagem significativa para os sujeitos com deficiências, a partir de suas particularidades e histórias pessoais, são desafios que acabam ganhando proporções ainda maiores e complexas quando as escolas não contam com recursos pedagógicos adaptados ou, quando da existência destes, não sabem como utilizá-los. Nesse sentido, a díade formação de professores e inclusão de alunos com deficiência em classes regulares deve ser alimentada de forma a garantir um trabalho de mão dupla, ou seja, que contemple não apenas os alunos ditos normais – para os quais o processo de ensino e aprendizagem, na sua maioria, é voltado -, mas também aos alunos com Necessidades Educativas Especiais, atendendo às suas necessidades enquanto alunos, mas, principalmente, enquanto sujeitos que devem ter desenvolvidas a sua autonomia e habilidades. Para o desenvolvimento desta pesquisa, propõe-se, pois, um diagnóstico da formação dos professores do Ensino Fundamental e Médio do município de Antonio Cardoso, Bahia, utilizando-se, para isso, da aplicação de questionários a professores e secretária de Educação do município. Esse instrumento possibilitou o desenho do perfil destes profissionais no que se refere à capacitação dos mesmos para trabalhar com alunos que tenham algum tipo de Necessidade Especial, bem como permitiu a identificação e análise das suas práticas em relação ao público em questão. Diante do exposto, surgem algumas inquietações a serem analisadas: Como tem sido a formação dos professores das classes regulares para lidar com alunos com deficiências? Quais os desafios e dificuldades destes professores em lidar com esses alunos? Ele tem tido o suporte necessário para desenvolver o seu trabalho de forma inclusiva? A necessidade de refletir tal questão perpassa, justamente, pelo fato de o movimento de inclusão de alunos com alguma deficiência nas salas de aula representar, na opinião de especialistas na área, como Levy e Facion (2008), mais uma adversidade para os professores e professoras, uma vez que, geralmente, esses profissionais são colocados diante de “demandas às quais nem sempre consegue responder, ou por lhe faltarem recursos, ou por não estar capacitado para isso, sente-se sobrecarregado, incapaz e adoece” (LEVY & FACION, 2008, p. 140). De modo que, identificar como se dá o processo de ensino e aprendizagem dessa clientela poderá ajudar a estabelecer uma relação entre a realidade existente e a 945 ideal, ou seja, uma sala de aula que não apenas insira tais alunos, mas que o inclua no processo de aprender. No caso desse estudo, em particular, buscou-se, justamente, identificar de que forma os professores que lidam com os alunos com algum tipo de deficiência em sala tem administrado a sua prática no que concerne o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, de acordo informações da própria Secretaria Municipal de Educação do município de Antonio Cardoso não existem professores com formação especializada nesta área. Foi dada uma atenção especial para a formação acadêmica desses profissionais e se contam, em suas escolas, com salas de Recursos Multifuncionais e, principalmente, se são preparados para utilizar tais recursos. Assim a pesquisa pretendeu, portanto, compreender como a formação dos professores da rede pública do município em questão, tendo como objetivos específicos: I. Mapear as escolas existentes no município de Antonio Cardoso, identificando, nestas unidades, a presença de pessoas com deficiência matriculadas na rede regular de ensino; II. Identificar os diferentes tipos de deficiências dos alunos matriculados nestas escolas e verificar se tais deficiências influenciam na metodologia e recursos usados pelos professores; III. Compreender e analisar as diferentes ações – individuais e coletivas - desenvolvidas pelos professores das escolas pesquisadas no sentido de influir no processo de construção da aprendizagem dos alunos com deficiência. As reflexões presentes nesse estudo foram feitas à luz de teóricos que trabalham Educação Inclusiva e Formação de Professores, a exemplo de Amiralian (2000), Fación et al (2008), Saviani (2008), Piaget (1999) e outros. A DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: OS DESAFIOS DA INCLUSÃO A Declaração de Salamanca é um documento que nasceu durante a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada em Salamanca, na Espanha, em 1994, na qual o Brasil também se fez presente. A partir desse documento, o país assumiu o compromisso de que, até o ano de 2015, garantirá o acesso de todas as crianças ao ensino fundamental, de forma gratuita e obrigatória. Nesse contexto, se inserem, pois, as 946 crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais nas classes regulares de ensino. O documento é taxativo ao afirmar, em um de seus parágrafos, que as escolas devem se “adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades”, isso porque a delegação da Conferência Mundial de Educação Especial deixou claro, no documento, que as escolas regulares, ao trilhar nesta direção constituem os meios capazes para combater as atitudes discriminatórias. Facion et al (2008) salientam que os pressupostos da Declaração de Salamanca começaram a ser postos em prática, no Brasil, através da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Desde então, as escolas regulares têm recebido em suas salas de aula, além dos alunos e alunas consideradas “normais”, passaram também a abrir suas portas para aqueles e aquelas com algum tipo de deficiência. Porém, esses autores apontam algumas dificuldades ressaltadas pelos próprios professores para lidar com esta nova realidade. São elas: “a eficácia da metodologia aplicada; a falta de recursos e de infra-estrutura; as péssimas condições de trabalho; as jornadas de trabalho excessivas; os limites da formação profissional e o número elevado de alunos por sala de aula; [...] o despreparo para ensinar seus alunos” (FACION et al, 2008, p. 145). Esses autores também afirmam que a própria acessibilidade (disponibilidade de rampas e banheiros adaptados) do aluno à sala de aula é outra questão a ser enfrentada. Paralelo a isso, existem também os alunos que não usam cadeira de rodas, porém, apresentam algum quadro de paralisia cerebral que o impedem de sentar-se normalmente ou mesmo para os que precisam de um teclado adaptado para que possam escrever. Facion et al (2008) ainda somam a estas questões o fato de muitas escolas ainda estarem mal informadas – ou mesmo desinformadas – acerca do que diz respeito ao atendimento dos alunos com necessidades educativas. Eles afirmam que é comum algumas escolas, por falta de conhecimento, atenderem a toda demanda, “independentemente do grau de severidade da sua deficiência” (FACION et al, 2008, p. 146), o que resulta numa inserção desses alunos em um contexto que não consegue dar conta das especificidades desse público. 947 DEFININDO E COMPREENDENDO O BINÔMIO: DEFICIÊNCIA E APRENDIZAGEM Amiralian et al (2000, p. 98) salientam que, por deficiência, entende-se “a perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente”. Os autores afirmam que está incluída nesse contexto a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Bampi et al (2010) dizem que a relação entre deficiência e indivíduos com alterações físicas, sensoriais e cognitivas é uma ideia contemporânea, pois, historicamente, os autores afirmam que a classificação era realizada de acordo com as alterações físicas ou mentais das pessoas, as quais eram descritas como aleijadas, surdas, cegas ou loucas. Os autores ainda explicam que, na Legislação Brasileira (Lei 7.853/1989, Decreto 3.298/1999), a nomenclatura utilizada é pessoa portadora de deficiência e é assim designada como uma pessoa que possui limitação ou alguma incapacidade para o desempenho de atividades. Deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla são categorias nas quais a pessoa portadora de deficiência é enquadrada nesta Lei (BAMPI et al, 2010). Como se percebe, o conceito de deficiência muito ainda é atrelado à área médica, a funções biológicas ou anatômicas. Porém, Padilha (2004) lembra que, do ponto de vista de uma nova psicologia – marxista – não se pode mais conceber o desenvolvimento humano somente às funções biológicas. Citando Vigotski (1997, apud. PADILHA, 2004, p.20), justifica tal posicionamento ressaltando que, para esse autor, o desenvolvimento e o aprendizado não estão, necessariamente, atrelados um ao outro, pois, segundo a sua teoria, sendo o homem um ser sociocultural, seu desenvolvimento se dá através de um movimento cujo funcionamento parte do interpessoal para o intrapessoal, e não o contrário. Nesta perspectiva, é imprescindível que, durante a sua formação, o professor compreenda primeiro como se dá a aprendizagem, a fim que, ao deparar-se com alunos e alunas com alguma deficiência, não reproduzam discursos e ações que pré-determinem quem pode e quem não pode aprender. Assim, é interessante salientar que, como afirma Zanella (2001), a aprendizagem é um processo que se inicia, em todos os indivíduos, a partir de seu nascimento até a morte. A autora ressalta, entretanto, que, muitas vezes, o termo aprendizagem tem sido confundido com aquisição de conhecimentos, o que leva muitas pessoas, inclusive professores, 948 a acreditarem que, quando esta não acontece, aquela não se realiza, desprezando, pois, principalmente quando o assunto são pessoas com alguma deficiência, todo e qualquer sinal de que a aprendizagem tem se efetivado no seu cotidiano. Zanella (2001) frisa ainda que o significado de aprendizagem é bastante amplo e afirma que, nela, “o aprendiz passou a conhecer mais e ampliou seu “volume” de conhecimentos, embora isto não se constitua tão somente em aprendizagem. A aprendizagem é mais, pois significa a própria mudança que vai se operando no sujeito através das experiências.” (ZANELLA, 2001, pp. 24-25). Uma outra observação importante a ser levada em consideração é que cada indivíduo tem um ritmo próprio de aprender, o qual pode estar associado pela compreensão do modelo de inteligência hierárquico desenvolvido por Piaget (1999) e que foi por ele dividido em estágios, cada um representando uma forma particular de organização cognitiva. São eles os estágios: o estagio sensório-motor, que corresponde ao período de 0 a 2 anos de idade. Nesta etapa, a sua inteligência é prática e ligada ao sensorial e à ação motora; o pré-operatório - l vai dos 2 aos 7 anos. O desenvolvimento progressivo dos processos de simbolização é sua principal característica. O estágio das operações concretas se dá paralelo à superação do egocentrismo e o aparecimento da lógica e da reversibilidade. Isso acontece entre os 7 e 11 anos. Piaget (1999) explica, entretanto, que estas operações somente são possíveis quando o indivíduo enfrenta situações específicas que as exigem. O aparecimento da lógica formal e da capacidade de operar logicamente com entidades lingüísticas, ocorrerão somente a partir da adolescência, último estágio das operações formais. Em nenhum momento, porém, quando trabalha a questão de desenvolvimento, Piaget (1999) aponta quem pode ou quem não pode se desenvolver, ou seja, não apresenta se somente as pessoas ditas “normais” passam pelo processo adaptação e acomodação, muito menos se os indivíduos com alguma deficiência não trilham nesse caminho. Em sua obra, o autor explica que a adaptação compreende dois processos, os quais se complementam. Trata-se da assimilação (atividade que o organismo exerce sobre os objetos que estão a sua volta, na medida em que esta atividade depende das condutas anteriores sobre os mesmo objetos ou sobre objetos análogos) e acomodação (processo no qual, 949 estruturas cognitivas e comportamentos são modificados, a fim de que possam dar conta de novas informações). Para o ensino de alunos com alguma deficiência, tais proposições são de fundamental importância, uma vez que ensinar significa provocar o desequilíbrio no organismo (mente) do indivíduo para que ele, procurando o reequilíbrio (equilibração majorante), se reestruture cognitivamente e, conseqüentemente, aprenda. Moreira (1999) explica que o mecanismo de aprender da criança é sua capacidade de reestruturar-se mentalmente, buscando um novo equilíbrio, que são, na verdade, novos esquemas de assimilação para adaptar-se a novas situações. Por isso, se faz tão importante, a ativação constante deste mecanismo, seja em crianças com ou sem alguma deficiência. Tal ativação, entretanto, deve levar em consideração o nível de desenvolvimento mental (período) em que a criança se encontra. FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA O profissional da educação, em sala de aula, precisa estar atento para o fato de que sujeito e objeto de conhecimento se constroem simultaneamente. Esta relação, porém, ganha um conotação ainda difícil de ser alimentada quando o assunto é trabalhar, simultaneamente, com alunos e alunas ditos “normais” e alunos com algum tipo de deficiência em sala de aula. Melo, Lira e Fación (2008) ressaltam justamente a necessidade da presença, nas escolas regulares, de profissionais que estejam realmente preparados para lidar com essa realidade. Segundo os autores, a viabilização da inclusão nas escolas regulares exige não somente professores especializados, mas que as salas de apoio sejam uma realidade e explicam que esse professor não necessita ser exclusivo de uma escola, podendo atender a um grupo de escolas, mas deve ser especializado e saber realizar avaliações, organizar sistemas de trabalho, avaliar sua eficiência, avaliar problemas de comportamento e definir estratégias. Infelizmente, como frisam os autores acima citados, as capacitações e as formações na área, que deveriam alcançar as redes regulares de ensino público acabam sendo quase que uma exclusividade de grupo e/ou instituições específicas. Portanto, a estruturação de uma política continuada para professores da educação básica seria um dos caminhos para uma educação numa perspectiva realmente inclusiva (FERREIRA & FERREIRA, 2004, apud. MELO & FACIÓN, 2008, p. 70). 950 A necessidade de tais políticas de formação, bem como a própria estruturação das escolas, seja arquitetônica bem como materialmente falando, viriam responder aos anseios e angústias de professores que, para Castro e Fación (2008), necessitam de uma formação baseada na aprendizagem da prática, para a prática e a partir da prática. Para Müller e Glat (apud. CASTRO & FACIÓN, 2008, p. 168), após analisar histórias de vida de professores de classes especiais – e vale o olhar nesta direção para os professores de classes regulares que contam em suas turmas, com alunos com deficiência -, ficou constatado que apesar de essas professoras terem um bom nível acadêmico “ficou bastante nítido [...] que a pouca inserção da educação especial nos cursos de formação, seja a nível secundário, seja graduação, [...] sem dúvida, faz com que os professores sejam “jogados” no mercado de trabalho bastante despreparados. Monteiro e Manzini (2008), em relato de pesquisa acerca das mudanças de concepções do professor de ensino fundamental da rede regular de ensino em relação à inclusão de alunos com deficiência em salas, apresentam como uma das conseqüências desse despreparo discutido à cima, o sentimento de medo em relação ao comportamento do aluno nessa condição e o receio de não conseguir ensinar essa pessoa com deficiência, uma vez que, muitas vezes, inclusive, nem é informado sobre o ingresso desse aluno em suas classes, o que significa que, paralelo ao discurso de inclusão de alunos com deficiência em classes regulares, o que se tem é uma gama de professores e professoras à margem de uma formação que verdadeiramente contemple tais exigências e necessidades. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa se caracteriza como um estudo de cunho qualitativo. Desta forma, foram assumidas as orientações de Lüdke e André (2005), que a caracterizam da seguinte forma: os dados são predominantemente descritivos e obtidos no contato direto entre a pesquisadora ou pesquisador e a realidade estudada; enfatiza mais o processo do que o produto e preocupa-se em retratar os significados que as pessoas dão às coisas e a sua vida. Entre as várias formas que pode assumir uma pesquisa qualitativa, optamos pelo “estudo de caso”. A preocupação central ao desenvolver esse tipo de pesquisa é a compreensão de uma instância singular. Isso significa que o objeto estudado é 951 tratado como único, uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente situada (LÜDKE & ANDRÉ, 2005). Para desenvolver o estudo de caso, foi iniciada uma fase exploratória e recorrendose ao questionário como instrumento de coleta de dados. Concomitantemente, foi realizada a revisão da literatura contemplando estudos sobre Educação Inclusiva e Formação de Professores. A pesquisa foi realizada através de questionários destinados à Secretária de Educação do Município de Antonio Cardoso e a 10 professores que lecionam em turmas de Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio que tenham alunos com deficiências inseridos nas classes regulares. Na primeira etapa, a fase exploratória, buscou-se construir uma aproximação com os sujeitos (professores e professoras) envolvidos para a realização da pesquisa. Segundo Lüdke e André (2005, p. 22), esse, aliás, é o momento de especificar as questões ou pontos críticos, de estabelecer os contatos iniciais para entrada em campo, de localizar os informantes e as fontes de dados necessárias para o estudo. Seguindo os dados oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação sobre as escolas – muito distantes umas das outras –, foram realizadas as visitas e aplicados os questionários. Na segunda etapa, buscou-se compreender e analisar as diferentes ações – individuais e coletivas – desenvolvidas pelos professores das escolas pesquisadas no sentido de influir no processo de construção da aprendizagem dos alunos com deficiência e perceber como a sua formação contribui para este atendimento dos alunos com deficiência inseridos nas classes regulares. ANÁLISE DOS DADOS: UM RETRATO DAS PRÁTICAS INCLUSIVAS EM ESCOLAS DE ANTONIO CARDOSO, BAHIA Preencheram os questionários a secretária de Educação do município e dez professores, os quais serão aqui denominados com a inicial P (professor) e o número de 1 a 10 - correspondente à quantidade dos professores que participaram da pesquisas, resultando em: P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10. O resultado e análise da pesquisa foram assim distribuídos: I. Desenhou-se, no Quadro 1, através de categorias, o retrato dos profissionais, sua formação e práticas em sala de aula. No Quadro 2, esse perfil é descrito a partir das informações obtidas 952 acerca da atuação metodologia e material utilizado, seus conhecimentos acerca de AEE e a própria capacitação desses profissionais no que diz respeito aos alunos com deficiência inseridos em suas classes. No Quadro 3 estão presentes as dificuldades relatadas pelos professores para trabalhar com esses alunos e sugestões dadas por eles para uma formação continuada voltada para a área. As informações do questionário preenchido pela secretária municipal de Educação acerca da gestão educativa em Antonio Cardoso estão distribuídas ao longo dos textos que compõem as análises dos resultados, as quais foram sendo realizadas à medida que os dados foram apresentados (Quadro 1 – Anexo). Quando o assunto é formação, o que chama a atenção é que, mesmo sendo considerada “a ordem do dia”, como salienta Nóvoa (1997, apud. FALSARELLA, 2004, p. 48), os professores participantes da pesquisa que mais tempo têm na profissão, comparados aos que estão em sala de aula há menos anos, não apresentam títulos de pós-graduação. Somente duas professoras informaram possuir especialização e outra está concluindo. Nas conversas informais entre a pesquisadora e pesquisandos o que se ouviu durante o período de encontros com os professores mais antigos na profissão é que se dizem cansados para tal e o que desejam é a aposentadoria. Tal posicionamento, apesar de justificado pela carga horária de trabalho destes profissionais, é preocupante à medida que é a formação continuada que possibilita uma mudança de postura do educador através de um processo reflexivo, crítico e criativo, como salienta Falsarella (2004). Segundo a autora, continuar qualificando-se motiva o professor a ser “ativo agente na pesquisa de sua prática pedagógica, produzindo conhecimento e intervindo na realidade” (FALSARELLA, 2004, p. 50), mobilizando, assim, todas as possibilidades e saberes destes profissionais. Ao se afirmar a importância da formação continuada, Nadal (2004) é categórica em afirmar que é preciso levar em consideração que a formação acadêmica, pela qual o professor passou muitas vezes não o preparou para a referida prática, em especial, quando o assunto é trabalhar com alunos com deficiências. Para a autora citada, portanto, “a formação inicial não deve ser tomada como momento primeiro e último da formação profissional, já que inúmeros saberes 953 produzidos a todo instante tornam a atualização imprescindível” (NADAL, 2004, p. 124). Levando em consideração o que salientou Nadal (2004) sobre a formação acadêmica inicial do professor e sua prática atual, é que, de acordo com o resultado da pesquisa, a metade dos profissionais que responderam ao questionário, nesse caso, as professoras P6, P7, P8, P9 e P10, estão atuando na disciplina e/ou séries correspondentes à sua formação universitária. Já P2, P3 e P5, com formação em Pedagogia, atuam como professoras em séries que deveriam estar sendo ocupadas por docentes com formação específica em nível superior, obtida em curso de Licenciatura Plena, nas áreas de conhecimento em que atuam (SAVIANI, 2008, p. 258). A questão é que a formação desses professores é voltada para as séries iniciais ou coordenação pedagógica, exigindo, portanto, uma formação continuada na disciplina a qual vem lecionando, o que não foi informado no questionário. P1 também não informou sua formação e P4 atua em séries iniciais somente com o curso de Magistério, contrariando, assim, o que determina a Lei de Diretrizes e Bases, conforme Saviani (2008, p. 258) sobre a exigência de o professor destas séries possuírem formação específica em nível superior obtida em Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. A não formação específica para atuar em sala de aula ganha outro agravante na realidade do município de Antonio Cardoso: a inserção de alunos com Necessidades Educativas Especiais, ou seja, a necessidade de uma formação que atenda não apenas às exigências do currículo formal de sua disciplina, mas a um público que pensa, comporta-se e, muitas vezes, aprende de maneira diferente. Dos 10 professores pesquisados, somente 2 informaram possuir especialização em Educação Inclusiva e 1 disse estar concluindo uma pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado, como mostra o Quadro 2 (Anexo), onde fica claro também que, durante a graduação, a temática não foi contemplada em seus currículos. Almeida (2006) reconhece que as universidades vêm passando por mudanças inserindo em seus cursos de graduação alterações importantes, como as Diretrizes Curriculares - Parecer CNE/CP 9/2001 e Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002, que imprimem novos objetivos aos currículos dos cursos de licenciatura. Segundo a autora, os documentos mencionados, respaldam a 954 existência de conteúdos sobre alunos com necessidades educacionais especiais nos cursos que formam professores, ou seja, nas licenciaturas. Porém, até alguns anos atrás, essa era uma realidade que não existia, ou seja, os professores eram preparados para trabalhar em salas de aula cujo público não se caracterizava pela Necessidade Educativa Especial, o que leva a crer que os professores participantes da pesquisa, com exceção de P1, que disse ter aprendido Libras; P3, que participou de alguns seminários temáticos, e P4 que ainda está cursando Pedagogia, precisam de alguma forma, de capacitação na área para lidar com o processo de ensino e aprendizagem de seus alunos ditos “não normais”. As respostas à categoria Disciplinas de Educação Inclusiva estudadas na Graduação, do quadro acima, comprovam esta constatação: 70% responderam que não tiveram contato com disciplina alguma nesta área, o que explica o porquê de todos eles, em resposta a uma outra pergunta do questionário (Você acredita que a Gradução o (a) preparou para atender aos alunos com deficiências?), todos foram unânimes em responder que “não”. Esta resposta foi justificada por três professores somente: P3 – “Não, pois o curto espaço de tempo de uma graduação não nos instrumentaliza no atendimento de qualquer necessidade especial” -, P4 – “Muito pouco porque ainda estou no 2º semestre” – e P5 -“Não, pois não tive nenhuma disciplina voltada para esse fim”. Portanto, conclui-se que a grade curricular das universidades de modo geral ainda deixa a desejar no quesito Educação Inclusiva, por não contemplar as demandas reais do contexto escolar. Diante desta realidade, buscou-se saber então se a secretaria de educação do Município e Estado oferecem capacitação para o Atendimento Educacional Especializado. 80% afirmaram que não contam com esse tipo de formação continuada. P3 salientou que o município não promove palestras, mas que os cursos existem. P9 não respondeu. É imprescindível deixar claro, no entanto, que as falas dos professores no Quadro 2, ao responderem tal questionamento, não correspondem à realidade, uma vez que, conforme a própria secretária de Educação local, o Estado disponibiliza cursos de capacitação pelo Instituto Anísio Teixeira presenciais, semi-presenciais e à distância, gratuitamente. Esta formação inadequada ou inexistente para trabalhar com pessoas com deficiência, inclusive, reflete no distanciamento desses profissionais em relação à possibilidade de trabalhar com materiais adaptados para os alunos com alguma Necessidade Educativa Especial, uma vez que, 90% do professores questionados 955 não utilizam tais recursos e poucos, total de 2, disseram acreditar saber do que se tratam as salas de Recurso Multifuncional (P6 e P9), enquanto que P8 e P10 limitaram-se simplesmente a afirmar que as conheciam, mas não arriscaram definilas. O Quadro 2 leva-nos a refletir mais a fundo sobre o problema da competência técnica, ou seja, do saber-fazer (SAVIANI, 2003, apud. BEZERRA & ARAÚJO, 2011, p. 287), em Pedagogia e nas demais licenciaturas cursadas pelos professores pesquisados. Bezerra e Araújo (2011), frente a esta realidade, fazem questão de criticar o caráter ou postura “pseudocientífica” adotados na metodologia proposta pela Educação Inclusiva. A demonstração de quase total desinformação acerca do que vem a ser o Atendimento Educacional Especializado, ou mesmo as salas de recursos multifuncionais – mesmo já existindo no município em questão – demonstra não só a desinformação por parte desses profissionais, mas também a lacuna na sua formação acadêmica e continuada. Além disso, ao acompanharmos os caminhos e descaminhos da educação local em Antonio Cardoso, e mesmo a partir do questionário respondido pela Secretária de Educação, conclui-se que a forma como essa pedagogia é conduzida nas escolas regulares nesse município resulta do fato de, segundo a Secretaria de Educação, o município ainda está baseado de forma parcial numa política inclusiva, uma vez que o Atendimento Educacional Especializado ainda não foi implantado no município, apesar de já existirem três salas de Recursos Multifuncionais, as quais se encontram fechadas aguardando a capacitação de profissionais para nelas atuarem. A questão é que os alunos com necessidades especiais precisam necessariamente de metodologias e recursos específicos (VYGOTSKI, 1997, apud BEZERRA; ARAÚJO, 2011, p. 287), pois, do contrário, torna-se bastante difícil permitir-lhes, pelo menos em parte, a “apropriação” do saber elaborado. No município pesquisado, além da falta de formação técnica e teórica especializadas, os professores participantes da pesquisa ainda contam com outras questões, relacionadas no Quadro 3, que acabam representando obstáculos para o processo de ensino e aprendizagem desses alunos: a quantidade de alunos por sala e de escolas onde os professores ensinam, bem como as horas semanais trabalhadas e os próprios tipos de deficiências com as quais se deparam e para as quais não se sentem capacitados para trabalhar. Para estas questões, os próprios professores 956 sugerem alguns caminhos que poderiam ser trilhados, como também mostra o quadro abaixo. As sugestões foram transcritas exatamente como citaram os profissionais em seus questionários, conforme verificamos no Quadro 3 em anexo. O município de Antonio Cardoso possui 11.548 habitantes, a sua maioria se encontra na zona rural. Segundo dados do Censo Escolar de 2011, a rede municipal de educação possui 32 alunos com deficiências inseridos nas classes regulares e, conforme a secretária de Educação, a sua secretaria realizou a capacitação dos professores das séries iniciais de educação infantil, o que foi considerado insuficiente por parte dos professores para atuar com os alunos em questão. No Quadro 3, os professores listam as sugestões de cursos que acreditam que poderiam colaborar para uma formação adequada na área e, ao mesmo tempo, com tais respostas deixam transparecer também que faltam, por parte deles, até mesmo leituras sobre o assunto, a partir do momento em que apontam algumas ações ou cursos incompatíveis com as verdadeiras exigências de que seus alunos ou sua deficiência, com os quais contam hoje, necessitam realmente. Esse é o caso de P1 e P4, que sugerem algo bem generalizado, mesmo contando com alunos com deficiências bem específicas; P2, mesmo apontando a necessidade do Braille para lidar com os alunos com cegueira, aponta o curso de Psicologia (a graduação) como uma solução, mas não cita, em momento algum, a importância do Atendimento Educacional Especializado, além das salas multifuncionais, mesmo tendo ouvido falar sobre estas. P3, P5 e P7 têm em suas salas alunos com deficiência visual, mas, ao invés do Braille, apontam o curso de Libras como necessário para sua prática como professores desses alunos. P10 aponta o Braille como sugestão, mas depara-se com alunos com deficiência mental. P8 e P9 acreditam que os cursos específicos de TGD e AEE são suficientes para prepará-los para a realidade onde foram inseridos os professores, ou seja, a inclusão de alunos com deficiências. Em Antonio Cardoso, segundo a secretária de educação, os alunos com deficiência são matriculados mais os espaços físicos das salas para acessibilidade ainda estão sendo adequados, bem como a seleção e capacitação dos profissionais para atuar no AEE no município, mesmo não contando recursos humanos para tal capacitação, ou seja, não existem profissionais em seu quadro de funcionários que tenham a formação na área. Por isso, “a secretaria está fazendo a seleção para que um profissional habilitado seja o Coordenador da Educação Especial”. 957 Por fim, além das sugestões, os professores também deixaram sua visão acerca da inclusão de alunos com deficiências nas classes regulares. Na opinião de P 1, a inclusão é importante, porém, “desde que o professor seja capacitado, incluindo as adaptações. Desta forma ele não vai se sentir diferente e o professor poderá atendê-lo”. P2 comunga da mesma opinião, bem como P 3, que acrescenta, inclusive, a necessidade de que a capacitação não se restrinja aos professores, mas a “todos que fazem parte da escola para lidar com essa situação. Porém, tenho consciência de que a inclusão é uma forma de garantir a cidadania àqueles que são ‘excluídos’. Bem semelhantes são as opiniões de P4 - “É uma forma que a criança tem de conviver e aprender com outras crianças fora do ambiente familiar, desde que suas diferenças sejam respeitadas, enfim, integrando-o na vida social” e P 6 – “Possibilita a convivência de crianças e jovens com diferentes características de maneira a promover o respeito, cooperação, a sensibilidade diante da realidade e dificuldades vivenciadas por cada um”. Apesar de todos os aspectos positivos salientados por esses professores, P5 lembra que, na verdade, esse é “um desafio muito grande para nós professores das classes regulares que não fomos nem estamos sendo preparados para lidar com esses alunos. Sem falar na estrutura inadequada das escolas e dos recursos pedagógicos.” Além disso, P 7, P8 e P10 salientam que se trata de algo que ainda se encontra no campo teórico, “pois muitos professores não estão capacitados para prática da inclusão.” P9 não opinou, afirmando apenas que é um direito do aluno com deficiência cursar o ensino regular, nas turmas das escolas comuns. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os benefícios da inclusão para os alunos com deficiências nas classes regulares são incontestáveis, permitindo a eles vivenciarem situações de aprendizagem que em escolas especiais não seria possível como a convivência com seus pares, a melhoria da auto-estima. A proposta é humana e ética, porém, a forma como o aluno vem sendo “incluído” não é planejada e sistematizada, uma vez que uma verdadeira inclusão perpassa por adequações arquitetônicas, formação continuada dos professores e funcionários da escola, suporte, orientação e acompanhamento para as famílias. O que se percebeu lendo e analisando as respostas dos professores e secretária municipal de Educação de Antonio Cardoso é que os questionários aplicados 958 conseguiram não somente refletir sobre a formação desses profissionais , mas também provocaram um encontro com o que antes estava silenciado entre eles e, talvez, invisível aos olhos da comunidade local: qualificação para lidar com esta clientela inexiste ou é insuficiente, o que explica a falta de metodologias específicas e/ou outros mecanismos para promover ou proporcionar caminhos para a efetivação da aprendizagem dos 32 alunos com deficiência matriculados na rede regular de ensino deste município, bem como as ferramentas utilizadas em salas de aula para avaliar esta aprendizagem. Em virtude da oferta de cursos de Psicopedagogia e Educação Inclusiva, muitos professores têm feito estas especializações no intuito de se capacitar melhor para atender a estes alunos, entretanto, percebemos que são cursos basicamente teóricos, o que acaba por não resultar em mudanças nas práticas de atitudes, posturas e desempenho dos professores em salas de aula. É nesse processo que o trabalho focado na formação continuada e capacitação dos professores em questão para a utilização da sala de recursos multifuncionais já existentes naquela localidade, ou mesmo confecção de materiais educativos adaptados, é fundamental. É importante ressaltar também que, em momento algum, professores ou secretária de educação apontaram ações a serem trabalhadas conjuntamente com as famílias dessas crianças e adolescentes, o que é considerado fundamental - um trabalho de orientação e conscientização dos pais e outros familiares – uma vez que, geralmente, estes não aceitam admitir que a criança/adolescente/adulto tem uma deficiência. Na verdade, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n°. 9.394/96), e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (CNE / CEB, 2001) -, tornaram obrigatória a matrícula de alunos com deficiência nas redes regulares de ensino, mas, o que se percebe, é que muito ainda falta para que a política de inclusão realmente seja efetivada no cotidiano das escolas do município pesquisado, onde se constatou que professores além de não terem, conhecimento – na sua maioria – do que venha a ser Atendimento Educacional Especializado, contam com salas de recursos multifuncionais, mas as desconhecem e a elas não têm acesso – muito menos seus alunos – pelo fato destas salas se encontrarem fechadas pela falta de pessoas qualificadas para trabalhar nas mesmas. 959 Assim, esta pesquisa objetivou enfatizar a importância de uma formação adequada dos professores que atuam em classes regulares em Antonio Cardoso e que atendem aos alunos com deficiências inseridos nestas turmas. Ao professor, cabe a tarefa de aceitar, de acolher este aluno, devendo oferecer-lhe uma educação inclusiva, de fato, mas, para isso, é importante que os próprios professores sejam incluídos numa política de formação que possibilite não só o resgate do seu papel, mas também reitere as exigências sobre a sua atuação, que são cada vez maiores, afinal, se o assunto em pauta é que a matrícula dos alunos com deficiências seja assegurada nas classes regulares, que os professores sejam então os primeiros a serem incluídos neste processo. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Carina Elisabeth Maciel de. Educação Especial na formação de professores das universidades de mato Grosso do Sul. In: UNIrevista. Vol. 1, n. 2: (abril, 2006). AMIRALIAN, Maria LT. et al. Conceituando deficiência. In: Rev. Saúde Pública 2000; 34(1):97-3 97 Disponível em :http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v34n1/1388.pdf BAMPI, Luciana Neves da Silva; GUILHEME, Dirce; ALVES, Elioenai Dornelles. 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LUDKE, Menga & ANDRE, Marli E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 9ª reimpressão. São Paulo: E.P. U, 2005. 960 MONTEIRO, Ana Paula Húngaro & MANZINI, Eduardo José. Mudanças nas concepções do professor do ensino fundamental em relação à inclusão após a entrada de alunos com deficiência em sua classe. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Abr. 2008, v.14, n.1, p.35-52 MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. MÜLLER E GLAT apud CASTRO, Ruth C.M. & FACIÓN, José Raimundo. A formação de professores. In: FACION, José Raimundo (org.). Inclusão escolar e suas implicações. 2ª edição, Curitiba, Ibpex, 2008. NASCIMENTO, Luciana Monteiro do. Caderno de estudos: educação especial. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: ASSELVI, 2007. NADAL, Beatriz Gomes. Possibilidades para a formação de professores práticoreflexivos através de iniciativas de formação contínua: espaços de intersecção. In: RIBAS, Mariná Holzmann [org.]. 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ANEXOS 961 QUADRO 1 Mapeando os sujeitos entrevistados: Professores P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Faixa Etária e há quanto tempo trabalha como professor (a) 35 anos de idade / 13 anos de serviço 38 anos de idade / 18 anos de serviço 45 anos de idade / 26 anos de serviço 50 anos / 11 anos de serviço Não informou idade/ 17 anos de serviço 30 anos de idade / 08 anos de serviço 36 anos de idade /15 anos de serviço 39 anos de idade / 05 anos de serviço 43 anos de idade / 10 anos de serviço 23 anos de idade / 04 anos de serviço Formação Séries / Grupo / Ano / ou curso em que leciona Superior Completo (não informou o curso) Lic. em Pedagogia e Esp. em Planejamento Educacional Lic. em Pedagogia 1º ano do Ensino Fundamental Ensino Médio Completo (Magistério) 2º ano do Ensino Fundamental Ensino Médio Completo (Magistério) e Lic. em Pedagogia Lic. Plena em Geografia 6º e 7º ano Lic. em Matemática e Esp. em Educação Inclusiva Licenciatura em História e pósgraduando em AEE Ensino Fundamental e Médio Lic. em Letras com Inglês e Especialista em Educação Inclusiva Licenciatura em Letras Vernáculas 5ª, 6ª, 7ª, 8ª séries do ensino Fundamental e EJA 5ª à 8ª séries, Ensino Médio e EJA 5ª e 7ª séries da 6ª série ou 7º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio Ensino Fundamental e Médio II e III, 8ª série, 1º, 2º e 3 ano do Ensino Médio Quadro 1: Perfil dos (as) professores e sua formação profissional inicial 962 QUADRO 2 Profes -sores (as) P1 Disciplinas de Educ. Inclusiva estudadas na Graduação Libras Oferta de capacitação para AEE por parte do Estado e/ou Município Não oferece P2 Não tive Não oferece P3 Alguns seminários temáticos. Cursos sabemos que existem, mas em nosso município não nos oferece palestras. P4 Não oferece P5 Estou cursando Pedagogia. Não P6 Não Não oferece P7 Não oferece nenhuma P8 Não, nenhuma Não Não sei o que é AEE, nem as salas. Acredito ser um ambiente dotado de materiais adequados para as diferentes deficiências. Não. Não ouvi falar, não tenho ideia. Não oferece Sei sim. Não P9 Não Não respondeu Não P10 Não Não oferece Sim. É uma nova visão da educação especial. Sei o que são. Nessas salas não se ensina os conteúdos e sim outros conhecimentos fundamentais para atender as necessidades desses alunos. Sim. Sim Não oferece Conhecimento sobre AEE e as salas de Recurso Multifuncional Conheço AEE. As salas de Recurso Multifuncional não. Sim. Salas onde são atendidos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e etc. Sim, funciona com o aluno na classe regular tendo suporte e acompanhamento especiais. Já ouvi falar sobre as salas só que ainda não tive acesso. É um atendimento especializado e deve estar disponível em todos os níveis de ensino da rede regular. AEE tem função complementar ou suplementar à formação do aluno. Sim, ouvi falar sobre as salas. Utilização de material de adaptado Não Não Nunca utilizei Não Sim. (Alfabeto Braille em alto relevo confeccionado pela própria professora) Não Não, nenhum. Não Quadro 2: Formação e capacitação dos professores de alunos com deficiência matriculados na rede regular de ensino em Antônio Cardoso, Ba 963 QUADRO 3 P1 N° de alunos por sala (com e sem deficiênci a) 20 alunos P2 20 alunos P3 Professores Horas semanais trabalhadas distribuídas por escolas em que leciona Tipos de deficiências dos alunos inseridos em suas classes regulares Sugestões dos professores para uma formação continuada que contemple o público em questão 40 horas (não informou em quantas escolas leciona) 40 horas em 1 escola Cadeirante e Deficiência mental “Um curso onde iria atender um pouco a cada tipo de deficiência” Cegueira “Curso de Braille, Psicologia” 35 alunos 60 horas em 2 escolas Deficiência auditiva, deficiência psicológica (mental), deficiência física e deficiência visual. P4 25 alunos 40 horas em 1 escola “muda”, Down. “Existem vários, porém, com deficiência não diagnosticada”. P5 P6 22 a 25 alunos 30 alunos 20 horas em uma escola 20 horas em 1 escola P7 30 alunos P8 entre 35 e 40 alunos 40 horas em 02 escolas. 40 horas em 01 escola Deficiência física e deficiência visual “Vários alunos apresentam deficiências em diversos níveis, com dificuldades de aprendizagem, deficiência intelectual diagnosticada, outros apresentam hiperatividade”. Deficiência visual “Curso de Libras, Dislexia, Distúrbios de Aprendizagem, pois a falta de conhecimento traz insegurança.” “Qualquer curso que dê suporte ao professor, ajudando e orientando o mesmo a trabalhar com esses alunos.” “Curso de Psicopedagogia e Libras.” “Acredito que os cursos de Psicopedagogia, Neuropedagogia e Educação Inclusiva atendam a essa demanda.” P9 35 alunos P10 não respondeu (não informou carga horária) em 2 escolas 40 horas em 2 escolas Deficiência intelectual e deficiência física Deficiência visual, deficiência física, deficiência cognitiva / intelectual Deficiência mental Libras “Um curso específico para o Transtorno Global de Desenvolvimento TGD.” “O de Atendimento Educacional Especializado.” Braille Quadro 3: Obstáculos e possíveis soluções 964