EXPERIENCIA EM COMUNIDADE ESCOLA DIÁLOGOS ENTRE PSICOLOGIA E A FORMAÇÃO DE EDUCADORES Dra. MARIA SARA DE LIMA DIAS, UTP Resumo: O diálogo entre a psicologia e a formação integral de educadores nos remete a relação entre campos diferentes do saber onde a pedagogia e a psicologia compartilham a necessidade da formação integral dos graduandos. A partir da psicologia escolar e do estudo dos processos de aprendizagem somos capaz de alcançar uma compreensão abrangente do processo educativo em uma perspectiva histórico-cultural onde o professor é o mediador na construção da autonomia do sujeito em práticas sociais libertadoras. O conceito de mediação é tido como subsídio teórico orientador e central na teoria histórico-cultural. Objetivando tal formação integral, a experiência de estágio no programa Comunidade Escola através de parceira entre a instituição formadora Faculdades Santa Cruz e o Programa Comunidade Escola, da prefeitura municipal de Curitiba, permite descobrir um campo para a pesquisa e a intervenção comunitária na educação. O programa abre 86 escolas nos fins de semana para a oferta gratuita de cursos, oficinas e atividades esportivas, de saúde e lazer. Os diferentes espaços comunitários constituem novas possibilidades de ação e subsidiam a prática de intervenção comunitária. O estágio em 2010 envolveu 30 alunos da pedagogia, que realizaram onze ações educativas/oficinas, atingindo mais 1000 participantes entre alunos, pais e professores de diversas faixas etárias. O projeto caravana da arte tem por objetivo ao atender a comunidade, oportunizar novos conhecimentos, através de atividades lúdicas, artísticas, culturais e recreativas, com: oficinas de pintura e confecção de máscaras; lúdica e recreativa, de leitura e contação de histórias, de expressão corporal e dança, musical e instrumental, de artes plásticas e oficina de bingo pedagógico. A metodologia proposta foi disponibilizar para cada escola opções de levar oficinas de arte na prática educativa estimulando a participação de todos os atores locais nas ações. Os resultados do estágio, registrados em relatos informam que alcançam o propósito que nos mobiliza a registrar nossas reflexões, o processo de formação integral do aluno entendido como um movimento reflexivo-afetivo e de ação pedagógica. Consideramos que nos processos de aprendizagem somos capazes de alcançar uma compreensão mais abrangente do processo educativo em uma perspectiva históricocultural, contribuindo na formação do educador para uma visão crítica e coerente entre a pessoa e a comunidade. Ações não convencionais de estágio permitem inúmeros e ricos processos de mediação simbólica intrínsecos às situações de trabalho dos espaços de educação não formal. O expressivo processo de crescimento do aluno e de suas relações com o mundo significam na intervenção comunitária a possibilidade de estabelecer múltiplas relações do saber com o fazer. Ao voltar-se para o desenvolvimento de competências dos educadores os produtos intelectuais dos alunos são perpassados por um sentir a prática educativa e que precisam de condições objetivas para criar/recriar espaços e estratégias de aprendizagem. A comunidade escola pode ser um destes ricos espaços de intervenção a caravana da arte um processo de mediação com os demais atores sociais desses contextos férteis para o desenvolvimento e emancipação dos sujeitos. 2 Palavras-chave: formação de professores, comunidade,psicologia social comunitária A EXPERIENCIA EM COMUNIDADE ESCOLA A falta do diálogo aberto entre professores do ensino superior coloca a formação integral de educadores em xeque e o futuro pedagogo apesar de todos os esforços da graduação em formar um referencial teórico, encontra-se distante das informações básicas sobre sua própria realidade e sobre a sua práxis educativa na comunidade. Esta questão discutida entre os professores e profissionais da educação, pretendeu ser desenvolvida e superada na forma de um projeto de estágio. A formação integral dos educadores nos remete ao desenvolvimento de técnicas didático-pedagógicas integradoras de diferentes campos do saber, entre a psicologia e a pedagogia mediadas pela arte. Sendo uma experiência, envolve condicionamentos, mas não determinismo, implica decisões, rupturas, opções, riscos (Freire, 2001). Para atender compreender a relação entre a pedagogia e a psicologia social comunitária na formação de futuros educadores considerou-se a matriz histórico-cultural como central na abordagem dos estágios. A partir de disciplinas da psicologia escolar bem como do estudo dos processos de aprendizagem, somos capaz de alcançar uma compreensão abrangente do processo educativo na formação dos educadores. Vygotsky construiu o conceito de zona de desenvolvimento proximal, referindo-se às potencialidades que podem ser desenvolvidas a partir do ensino. Chamada ZDP, a zona de desenvolvimento proximal é à distância entre o nível de desenvolvimento real, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pela solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros. Este conceito é importante porque nos possibilita delinear o estado dinâmico do desenvolvimento da criança e permite ao professor olhar seu educando de outra perspectiva. Em uma perspectiva histórico-cultural compreende-se que o professor é o mediador na construção da autonomia do sujeito em práticas sociais libertadoras. Assim fundamentados teoricamente nos pressupostos da perspectiva histórico-cultural e nos aportes teóricos de Vygotsky (1998; 1999), Luria, A. R. E Leontiev, A. N. (1991) e Freire (2001). Principalmente no que se refere a configuração de novas subjetividades e 3 identidades profissionais dos educadores constituído uma práxis educativa voltada para a intervenção comunitária e que se desenvolve este projeto de estágio. O caráter mediado é uma das características que demarcam a especificidade da atividade humana Vygotsky (1999). O desenvolvimento de uma consciência crítica da realidade comunitária é essencial para a formação do professor. A relação da arte na prática pedagógica media no nível social, a estética e a ética para o desenvolvimento pleno da cidadania. O pedagogo estabelece entre as pessoas da comunidade novas possibilidades criativas e educacionais no processo interventivo, nas palavras de Lane (2001), fica clara a importância do trabalho de tomada de consciência da reprodução ideológica, para a superação da individualidade e conscientização do sujeito como membro de um grupo a revelar suas condições históricas comuns o que os leva a reconhecer dos membros essa mesma percepção “(...) levando-os a um processo de identificação e de atividades conjuntas que caracterizam o grupo como unidade.” (Lane, 2001, p.17). O processo de estágio é aquele que possibilita a reconstrução interno de um saber teórico adquirido pela formação na ação práxis comunitária de transformação externa. Aproxima-nos da comunidade como um campo de pesquisa e ao mesmo tempo de intervenção social e educativa. Assim o estágio consiste na apropriação, pelo sujeito de uma determinada realidade local e as ações propostas em forma de oficinas permitem novas produções e relações sócio culturais. Oferece um dialogo socialmente construído ao longo das atividades com a comunidade e apresenta novos sentidos e significados para os fazeres pedagógico. Segundo Freire (2001, p.22) “A natureza formadora da docência, que não poderia reduzir-se a puro processo técnico e mecânico de transferir conhecimentos, enfatiza a exigência ético-democrática do respeito ao pensamento, aos gostos, aos receios, aos desejos, à curiosidade dos educandos.” Os conceitos e significados da psicologia social comunitária e os debates sobre os processos de aprendizagem se entrecruzam no planejamento das propostas de oficinas elaboras por grupos de estagiários. De acordo com LURIA, A. R. e LEONTIEV, A. N. (1991, p. 320), a apropriação é “o processo que tem por resultado a reprodução pelo indivíduo de caracteres, faculdades e modos de comportamento formados historicamente”. Ao se encontrar com a comunidade e conhecer as demandas, as carências da formação educacional das pessoas, existe a realização de um planejamento de intervenção que sejam adequados para o momento da prática pedagógica em uma decoficação da realidade. “A descodificação é análise e 4 conseqüente reconstituição da situação vivida: reflexo, reflexão e abertura de possibilidades concretas de ultrapassagem. Mediada pela objetivação, a imediatez da experiência lucidifica-se, interiormente, em reflexão de si mesma e critica animadora de novos projetos existenciais. O que antes era fechamento, pouco a pouco se vai abrindo; a consciência passa a escutar os apelos que a convocam sempre mais além de seus limites: faz-se critica.” (Freire, 1978). A partir dos diálogos estabelecidos entre os estagiários e a própria comunidade escola, observou-se a conversão das aprendizagens teóricas em práticas sempre mediatizadas através da arte e cultura local. O aluno trabalhador Para que o aluno possa ao mesmo tempo trabalhar e estudar, como é o caso dos alunos do período noturno, eles necessitam de uma práxis. Para que sua formação se contretize na dialética entre o conteúdo aprendido e a realização da prática pedagógica se faz necessário estágios adequados em escolas que propiciem esta dinâmica. Um estágio que só é possível em um tipo de escola que permita a conciliação do trabalho com o estudo, oferecendo horário compatível para as ações pedagógicas. As múltiplas condições objetivas como localização da escola, a distância entre a universidade, a relação empregatícia e o tempo dedicado aos estudos e qualidade de ensino, entre outros fatores se constituem muitas vezes como obstáculos a formação integral do aluno. Segundo Freire (2001, p.16) “Não é possível a educadoras e educadores pensar apenas os procedimentos didáticos e os conteúdos a serem ensinados aos grupos populares. Os próprios conteúdos a serem ensinados não podem ser totalmente estranhos àquela cotidianidade.” Na comunidade o que acontece nas periferias das cidades reunindo-se para discutir seus direitos, para estar na escola, ou mesmo para observar o movimento das práticas educativas, nada pode escapar ao olhar dos educadores envolvidos na prática do fazer pedagógico. Assim se percebe por um lado na realidade do ensino superior brasileiro, principalmente nos grandes centros urbanos, um esforço de um número cada vez maior de trabalhadores de conquistar seu aprendizado, por outro a dificuldade de uma formação integral e crítica desta realidade. Contudo, cabe aos professores o importante papel, delegado pela instituição escolar, de realizar intervenções mediadoras que 5 possibilitem aos sujeitos apropriar-se do saber social, historicamente elaborado, sistematizado e acumulado. Com base nesses pressupostos, diversas investigações têm apontado a importância do papel da mediação pedagógica no processo de aprendizagem. Góes (1997, p. 9) afirmam que “é através do outro que o sujeito estabelece relações com objetos de conhecimento, ou seja, que a elaboração cognitiva se funda na relação com o outro”. Portanto há inegavelmente a necessidade de que as nossas instituições ofereçam oportunidades de formação integral aos alunos em sua relação com a comunidade, um espaço para escutar as demandas da escola e pensar maneiras de lidar com situações que são cotidianas da localidade. A escola hoje deve estar cada vez mais aberta às necessidades das comunidades, deve receber a todas as pessoas, que muitas vezes, por falta de opção não tiveram no passado nenhuma alternativa senão desistir de prosseguir na escalada educacional. Concebemos o Programa Comunidade escola como uma forma educativa singular que permite conhecer a comunidade e ao mesmo tempo pesquisar e intervir nesta transformação da realidade almejada. A formação integral do aluno deve ser uma categoria cada vez mais debatida e perseguida entre os professores, questionando quais habilidades, conhecimentos que atitudes podem contribuir para esta pretensa formação integral. A beleza da prática educativa está exatamente no “reconhecimento de sua politicidade que nos leva a viver o respeito real aos educandos ao não tratar, de forma sub-reptícia ou de forma grosseira, de impor-lhes nossos pontos de vista.” (Freire, 2001, p.16). Compreendemos que o estágio permite a vivência do aluno sobre uma comunidade com diferentes necessidades anseios e objetivos que a seguem buscados e frente às quais a educação não pode passar de forma despercebida. O Programa Comunidade Escola e o Projeto Caravana da Arte O programa comunidade escola da prefeitura municipal de Curitiba foi lançado em maio de 2005, abre 86 escolas nos fins de semana para a oferta gratuita de cursos, oficinas e atividades esportivas, de saúde e lazer e os números de participantes aumentam a cada fim de semana. A comunidade que participa das oficinas e atividades do programa é constituída por jovens, crianças e adultos. Quanto questionados sobre o 6 espaço da escola, para os grupos participantes, o programa tem efeitos muito positivos, na medida em que as escolas tornaram-se espaços para encontrar amigos para conhecer pessoas e para aprender. A escola se abre para a comunidade como um espaço seu a ser apropriado, um espaço de saber a ser conhecido. Assim para os professores o programa comunidade escola nos permitiu descobrir um campo para a pesquisa sobre novas formas educativas e ao tempo um campo para a intervenção comunitária na educação. Os diferentes espaços comunitários constituem novas possibilidades de ação e subsidiam a prática de intervenção comunitária. No entanto o programa requer um projeto que seja consistente e coerente com as demandas reais da comunidade, assim surgiu no debate entre professores o Projeto Caravana da Arte. Objetivo geral do projeto é atender a comunidade local dos moradores na vizinhança das escolas e a comunidade acadêmica oportunizando novos conhecimentos, através de atividades lúdicas, artísticas, culturais e recreativas. Ao propor oficinas comunitárias, a expectativa foi ao mesmo tempo intervir na área de formação do pedagogo, visando a capacitação integral do mesmo, e propor para os cidadãos o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades artísticas. O conhecimento da realidade social, local permitiu aos alunos levantar a presença emergente de novas práticas que possibilitam entender o psicológico e o pedagógico claramente dentro de um contexto social amplo. É necessário desconstruir conceitos tradicionais tanto da pedagogia quanto da psicologia social, mostrando que a escola se caracteriza por antedecentes sociais que orientam a sua finalidade. Apresentamos a perspectiva da ação docente como uma perspectiva da intersubjetividade e do seu lugar no campo da psicologia coletiva onde as relações contraditórias entre reprodução e mudança se efetuam mediadas pelo educador. Revisamos os modelos de estágio a fim de reconstruí-los como processo de experiências concretas demonstrando que há novas interpretações à categoria de mediação. Os educadores e educandos reivindicam para a escola o direito de participar deste jogo social e contribuir para a transformação da sociedade. Não será extinguindo a escola que tais anseios serão alcançados. Segundo Montero (2010) “Se trata do tempo da comunidade e é necessário que saibamos observar, esperar e inclusive, ser surpreendidos” (p. 74). Necessitamos da escola que, como já dissemos, faz a mediação entre as pessoas e os modelos sociais, uma escola pode e deve ensiná-los de maneira crítica. Ensinar às pessoas a historicidade dos modelos e como eles foram se 7 modificando no tempo, conforme os homens foram transformando suas formas de vida e suas necessidades. As atividades propostas na Caravana da Arte, possibilitam a análise da experiência individual e o questionamento da própria eficácia das várias situações de ensino. São centrais, nessa prática, “processos de conscientização; procura-se trabalhar com os grupos populares para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua história, conscientes das determinantes sócio-políticas de sua situação e ativos na busca de soluções para os problemas enfrentados”. (Campos, 1999, p.11). O trabalho da Caravana da Arte é próprio da relação pedagógica que inclui mediações de natureza social e política, transforma emoções explicita os problemas enfrentados pelo professor na escola. A concepção de mediação considera os sentimentos dos professores e dos participantes nas oficinas, produz conceitos, discute valores e significados culturais e sociais do processo da aprendizagem. O objetivo da Caravana da Arte através das oficinas é proporcionar o desenvolvimento integral do educador criando formas de trabalho pedagógico, ações concretas que permitam a mediação entre o saber escolar e as condições de vida e trabalho dos alunos. estimulando relações e desenvolvendo capacidades Método Foram desenvolvidas as seguintes oficinas com um tempo estimado: entre 30 a 40 min, coordenadas por alunos do curso de pedagogia. Em reuniões com os estagiários elaboradas com a presença e orientação dos professores os subgrupos discutiram as situações significativas encontradas em cada particularidade da escola e como o interesse pela participação nas mesmas aumenta a cada etapa do projeto. Várias propostas de trabalhar com a arte são discutidas pelos subgrupos e dialogicamente vão se construindo como sujeitos de todo o processo. As atividades proporcionaram habilidades como: equilíbrio, agilidade, atenção, tato, confiança, resistência física, coordenação, memória, observação, reflexão e habilidade em situações difíceis seu intelectual, emocional, social, perceptivo, físico, estético e criador. Tudo isso pode ser desenvolvido através de linguagens artísticas, bem como música, teatro, dança e artes plásticas, desenvolvendo assim a sensibilidade, percepção, imaginação e finalmente a criação. Oficina de artes plástica – Jogos Plásticos. Esta oficina pretendeu através da interação das artes plásticas; desenvolver os eixos de aprendizagem significativa da criança e da 8 comunidade freqüentadora da escola: integrar com a diversão da pintura, modelagem e desenho constando um contínuo fazer e compartilhar. A concordância entre pessoas de várias faixas etárias promoveu diferentes modos para a percepção das dinâmicas plásticas, aproximando a comunidade de vivências que possibilitaram apreciar e refletir sobre arte, oferecendo momentos de concentração, conhecimento das cores complementares, promovendo individualmente ou em grupo as diversas possibilidades da criação artística a caminho da sensibilização pela arte. O conhecimento de algumas técnicas em seus modos de preparação dos materiais, organização e responsabilidade pelos instrumentais a fim de proporcionar lazer com criatividade, a imaginação e a capacidade de produzir manifestações artísticas e refletir sobre elas. Foram desenvolvidas atividades plásticas com argila e massinha. Essas atividades visam explorar as possibilidades de uso da massa tanto orgânica quanto artificial convocando a impressão de modelagem, trabalho com textura e observação do que pode ser brinquedo utilitário e escultural com a integração de outros materiais no escopo da modelagem. O fazer com as mãos, o toque, oferece um momento de recuperação de gestos internalizados que são colocados para fora, oferecendo aos sujeitos participantes uma dinamização do trato, com atenção e controle psicomotor na execução. Coordenadores: Andréa Rosa, Priscila, Sonia, Janete e Marta. Oficina de pinturas e mascaras Foram elaboradas atividades de pintura diversas bem como o processo de elaboração de máscaras. O objetivo foi apresentar aos participantes um diálogo entre o real e o imaginário. A brincadeira com a confecção de máscaras mostra propicia a realização de formas já conhecidas em direção ao imaginário, sendo assim a técnica é descoberta como variante de possibilidades que incrementam o que se faz ornamental para ser vivenciado em outras práticas artísticas como teatro, oferece a dinamização do recorte, do empapelamento, do desenho, das pinturas. Os fatores utilitários, com função de adereçamento, construção de objetos e ornamentos possibilita também, devido o desenvolvimento dos modos do fazer, a possibilidade de que o imaginário seja despontado, nesse sentido percebeu-se que os participantes sentiram necessidade de desenvolverem, a partir da oficina, os seus próprios trabalhos.Coordenadores: Larissa, Jennifer e Elisandra. Oficina lúdica e recreação 9 Foram realizadas atividades recreativas específicas, tais como pula corda, passa bola, escravo de Jó. Todas as atividades propostas objetivaram estimular na criança o lúdico bem como suas habilidades cognitivas e motoras. Os jogos recreativos promoveram a integração de grupos dessemelhantes, construção de objetivos, reavaliação dos próprios jogos com inovação e compartilhamento de outros semelhantes conhecidos da comunidade. Por exemplo, se só pode jogar bola enquanto tiver música, obriga os participantes a se determinarem no jogo acompanhando o tempo e ritmo musical, obrigando que as mudanças rítmicas com a troca musical determinem o lúdico com improvisações ampliando a dinamização das regras do jogo. Coordenadores: Andréa Bonttorin, Lucivania, Ana Paula, Letícia e Rosane. Oficina de leitura, contação e criação de história As atividades propostas possibilitaram aos alunos um momento de audição de histórias, proporcionando um processo de desenvolvimento dos alunos, do que é contado para o coletivo recepcionado pelo individual e compartilhado. A possibilidade de leituras com ou sem ênfase nos sentidos textuais, oferece a percepção semântica das narrativas, um desejo de interpretação significativa do narrado. Assim, ampliam-se as relações sociais em promover a leitura em outros espaços. Além de incentivar a leitura e a fruição da literatura, compreende-se a ordem dos eventos narrativos, além de transmitir valores e sentido artístico que determinam atitudes éticas, que possibilitam o compartilhar do imaginário, compreender as diferenças singulares e sentidos coletivos. A contação de histórias promove o desejo da escrita e o redimensionamento dos sentidos. Coordenadores: Maria de Lurdes, Juliana, Fabiane, Flavia e Débora. Oficina de expressão corporal/dança As atividades proporcionaram a sensibilização e descoberta dos movimentos manuais e corporais que desenvolvam a coordenação motora e o equilíbrio corporal. Bem como a construção de espaço, tempo, ritmo, lateralidade, direções e deslocamentos no espaço. O corpo é redescoberto como integrado na coreografia e na dinamização expressiva de um objetivo expressivo. O reconhecimento da pulsação musical, da expressividade corporal e da mobilidade do grupo em seu conjunto em atingir os objetivos coreografados. Percorrer os circuitos coreográficos também é escrever a história do grupo através da música. Coordenadores: Patrícia. Rosane Muller e Valeria. 10 Bingo pedagógico Essa atividade teve como proposta desenvolver o raciocínio lógico-matemático, bem como conhecimento e o reconhecimento das cores e as formas geométricas. E estimular na criança o uso do material lúdico. Os participantes recebem cinco cartelas com formas, cores, fotografias, números, desenhos geométricos. O jogo promove a intersecção dos sentidos da cartela principal mostrada aos participantes tanto crianças em fase de aprendizado ou não quanto adolescentes e adultos em geral. Identificar a figura mostrada na cartela principal que se relaciona à cartela individual. O jogador do bingo pedagógico deseja encontrar os fatores de sua cartela que se relacionam com a cartela principal. Coordenadores: Franciele, Kariana, Rosimeire e Reginaldo. Oficina musical e instrumental Essa oficina objetivou promover a confecção de instrumentos musicais com sucata, auxiliando no desenvolvimento motor, corporal e mental dos participantes através do ritmo, canto e teatro. Bem como realizar a integração da escuta, a produção e a reflexão sobre o fazer musical. A oficina trabalhou a construção do conhecimento musical de modo amplo, prazeroso e significativo, enquanto colabora com a formação integral de cada aluno. Diferenciar o ruído com a construção da harmonia e com isso de uma melodia que de forma grupal integre a sonoridade dos instrumentos construídos. A construção como escultura de caixas de ressonância, remodelação de instrumentos já conhecidos a partir de materiais que venham a promover a sonoridade. Organização de subgrupos para a dinamização do tempo e do ritmo bem como da união de todos para a orquestração harmônica das ações musicais criadas. Coordenadores: Cleonice, Malane, Honielohri, Hanne Caroline, Elisangela e Naiara. Considerações Finais As mudanças de aspectos na formação dos educadores e também no exercício das práticas aqui relatadas parecem se aproximar dos pressupostos da psicologia social comunitária revelando a exigência de uma nova postura na formação de educadores a partir da comunidade. Essa visão teórica-prática deve vir a contemplar a produção de conhecimento através do compromisso com a transformação social. Segundo Freire (2001, p.9), “Consciência e mundo não podem ser entendidos separadamente, 11 dicotomizadamente, mas em suas relações contraditórias. Nem a consciência é a fazedora arbitrária do mundo, da objetividade, nem dele puro reflexo.” Assim as referências de identificação dos formandos com a comunidade que tornam como objeto de estudo e de intervenção é igualmente importante na sua formação integral e na construção de sua leitura sobre a realidade escolar. No discurso dos educadores que passaram pelo programa de estágio, através do Projeto Caravana da Arte e no discurso dos professores que atuam na formação dos pedagogos, o contexto parece contribuir significativamente para uma práxis pedagógica crítica. Como nesta fala de uma aluna: “- A sociedade pode mudar superando barreiras do ensino produzido em uma educação bancária e longe da realidade das pessoas.” Entre os alunos do seu grupo de referência no estágio percebem-se ganhos significativos de aprendizado em qualquer uma das oficinas onde a arte torna-se uma opção de trabalho pedagógico e de intervenção comunitária. Como neste depoimento: “O estágio nos possibilitou conhecer ainda durante a formação qual deve ser o papel do professor produzindo relações entre a educação e a comunidade.” Objetivamente nos grupos de alunos coordenadores das oficinas surge a comunicação e no diálogo que se promove com os participantes das oficinas a oportunidade se recriar criticamente o seu mundo. A arte os absorve em um processo circular de cultura, onde o pedagogo ensina e aprende em reciprocidade. Na comunidade o papel do educador é o de coordenador, que tem por função dar as informações solicitadas pelos participantes e propiciar condições favoráveis à dinâmica do grupo no curso do diálogo. Os mecanismos de desenvolvimento da formação integral do pedagogo são, portanto a partir de uma matriz histórico-cultural dependentes das oportunidades e dos processos de aprendizagem que constituem condições de formação. A comunidade é assim responsável pelo envolvimento dos alunos nas ações e relações que se estabelecem no ambiente educativo, mediadores de novos saberes. A emergência de ações práticas na formação de alunos trabalhadores, que viabilizem o trabalho comunitário transcende a uma programação curricular convencional se abre para a crítica sobre a realidade social vivenciada nas escolas. O campo aberto ao saber comunitário permite integrar pessoas, de diferentes faixas etárias e graus de escolaridade em busca de um novo saber, que perpassa a relação com o outro e a arte é a mediadora essencial neste processo. Por serem desenvolvidas em forma de oficinas as atividades permitem que os 12 temas da educação, do aprendizado, da escrita e da arte sejam vivenciadas no território da comunidade, fornecendo a base para o desenvolvimento de novos processos do aprendizado e novos interesses sobre o espaço territorial da escola sobre o saber e sobre a realidade que toma seus cotidianos. O aprendizado no estágio quando adequadamente organizado, resulta no desenvolvimento integral dos novos educadores, pondo em movimento processos de percepção da realidade que seriam impossíveis de se conhecer sem o contato com o local e com as pessoas que formam a comunidade. Para os professores, esses princípios educativos do conhecer e intervir na comunidade diferencia visões de homem e de mundo que perpassam o saber teórico produzido da academia desenvolvendo uma aprendizagem real, vivencial de como são e como vivem as pessoas da comunidade. Um processo que é criativo, a gestão das oficinas antecede o planejamento e a execução do estar na comunidade. Assim acreditamos que a aprendizagem mediatizada pelo outro, nas ações artísticas como um processo que a viabiliza um saber/fazer abordados de uma forma lúdica e participativa. Nas falas de uma aluna que participa da Caravana da arte, a educação em sua práxis: “Pode assim ser trabalhadas de uma maneira prazerosa e consciente” e “desta forma, nem um diletante jogo de palavras vazias - quebra cabeça intelectual - que, por não ser reflexão verdadeira, não conduz à ação, nem ação pela ação. Mas ambas, ação e reflexão, como unidade que não pode ser dicotomizada” (FREIRE, 1987, p.53). O processo constatou o desenvolvimento de uma consciência social, na medida em que o processo é grupal e ocorre com todos os membros caracterizando o desenvolvimento de uma consciência, do papel de ser professor do que viver a educação na comunidade. O grupo de alunos estagiários se percebe, portanto inserido no processo de produção material de sua vida e atuante em sua própria formação. Ao trabalhar com a comunidade constata as contradições entre educação e trabalho geradas historicamente e que engendram processos de formação. O estágio no Projeto Cavana da Arte junto ao Programa Comunidade Escola tem levado os educadores a desenvolverem em suas oficinas atividades criativas que visam à superação das contradições presentes no seu cotidiano. Acreditamos, portanto que estamos promovendo a autonomia dos educadores tornando-os sujeitos da transformação histórico social. 13 Referencias: CAMPOS, R. H. F. (Org). 1999. Introdução: a psicologia social comunitária. Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis: Vozes. FREIRE, P. (1978) A pedagogia do Oprimido. São Paulo: Editora Paz e Terra. FREIRE, P. (2001) Política e educação: Ensaios. São Paulo: Editora Cortez. GÓIS, C. W. de L.(1983) Noções de psicologia comunitária. Fortaleza: Edições UFC. LANE, S. T. (2001) Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Ed. Brasiliense LURIA, A. R. e LEONTIEV, A. N. (1991) Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Cone. VYGOTSKY, L. S. (1984) A formação social da mente. São Paulo:Martins Fontes. ______________ (1993) Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes. MONTERO, M. (2008). Introducción a la Psicología Comunitária: Desarollo, conceptos y procesos (pp. 89-114). Buenos Aires: Paidós. MONTERO, M. (2010). Teoría y Prática de la Psicología Comunitária: La tension entre comunidad y sociedad (pp. 59-92). Buenos Aires: Paidós.