III SEMINÁRIO POLÍTICAS SOCIAIS E CIDADANIA AUTOR DO TEXTO: Ferdinando Santos de Melo PROJOVEM urbano e práxis pedagógica: os desafios à qualificação profissional e à ação comunitária de jovens em Salvador RESUMO: O presente artigo apresenta uma pesquisa realizada no Projovem Urbano, Programa que integra a Política Nacional de Inclusão de Jovens, em Salvador-BA. São discorridos no texto dados sobre educação, desemprego e mercado de trabalho, relativos à população jovem, bem como o histórico das políticas públicas destinadas a este segmento. A investigação no campo empírico tratou das percepções de jovens e professores, considerando as dimensões relacionais, estruturais e pedagógicas do programa. Os dados foram coletados em duas assembléias com discentes, docentes e coordenadores, através de 12 entrevistas individuais semi-estruturadas, sendo 4 por segmento (discente, docente e gestor), e observações. No momento da análise, os dados foram separados por temáticas. A dimensão pedagógica apresenta-se como um estímulo aos jovens e nessa perspectiva destacam-se a qualificação profissional, o acesso a livros por professores e alunos, e a interlocução entre os atores para o sucesso do programa. Como resultados, observamos que além dos conteúdos e da certificação para a conclusão do ensino fundamental, os jovens desejam que o programa fortaleça a socialização, a auto-estima e suas atuações na comunidade. PALAVRAS-CHAVE: Juventude, Projovem, Projovem Urbano Introdução A partir de meados da década de 90 do século XX, o tema juventude passa a ganhar visibilidade e amplitude no espaço público brasileiro, ao passo em que crescia a proporção de jovens entre 15 e 24 anos no conjunto da população nacional, e estes eram impactados pela intensificação das desigualdades socioeconômicas, enfrentando as mais variadas adversidades (FREITAS e PAPA, 2003). Dessa forma, para Castro (2002), a juventude, principalmente a adolescência, foi descoberta na passagem do século XIX para o século XX, sendo portanto uma preocupação recente. Os complicadores em lidar com as “juventudes” 1 , sobretudo no âmbito do Estado, vão desde implicações no campo epistemológico do que vem a ser juventude, ignorando sua diversidade e o que há de comum, até a concepção de juventude enquanto etapa de transição e estereótipos sobre a condição juvenil. Assim, segundo Abad (2002) apud Sposito e Carrano (2003), de modo geral, o avançar histórico das políticas públicas de juventude na América Latina foi marcado por problemas de exclusão dos jovens da sociedade e os desafios de facilitar-lhes dinâmicas de transição e integração ao mundo adulto2. De fato, considerando a pluralidade de enfoques, as características institucionais e a diversidade regional das nações latino-americanas, Abad (2002) sintetiza contribuições de diversos autores e estabelece periodização polarizando quatro modelos distintos de políticas de juventude. São eles: 1º) a preocupação com o 1 - A vivência juvenil na contemporaneidade tem se mostrado mais complexa - por isso é pertinente falar de juventudes-, combinando processos formativos com processos de experimentação e construção de trajetórias que incluem a inserção no mundo do trabalho, a definição de identidades, a vivência da sexualidade, da sociabilidade, do lazer, da fruição e criação cultural e da participação social (PNJ, 2006). 2 - Este debate é aprofundado por Camarano (2006), o qual será retomado posteriormente. 2 tempo livre dos jovens e a ampliação da educação como solução desse problema social, entre 1950 e 1980; 2º) o controle social dos setores juvenis mobilizados na vida política, entre 1970 e 1985; 3º) o enfrentamento da pobreza e a criação de mecanismos que prevenissem o delito, de 1985 a 2000; 4º) a inserção laboral de jovens excluídos e o aparecimento mais expressivo de políticas e programas sociais para a juventude, entre 1990 e os anos 2000. No que concerne ao cenário brasileiro especificamente, [...] nos anos 1960 a juventude era um problema na medida em que podia ser definida como protagonista de uma crise de valores e de um conflito de gerações essencialmente situado sobre o terreno dos comportamentos éticos e culturais, a partir de 1970os problemas de emprego e de entrada na vida ativa tomaram progressivamente a dianteira nos estudos sobre a juventude, quase a transformando em categoria econômica (SPOSITO e CARRANO, 2003, p. 19) Assim, é no cerne da concepção ampliada de direitos que setores da sociedade brasileira têm direcionado o debate acerca da condição dos adolescentes e jovens, cuja prerrogativa mais expressiva está na legitimação do Estatuto da Criança e do Adolescente 3, em substituição ao ordenamento jurídico-institucional do antigo Código de Menores de 19794. Para Castro et al (2001), experiências que priorizam a participação dos jovens como protagonistas do seu processo de desenvolvimento vêm demonstrando ser possibilidades eficientes para superar a vulnerabilidade desses sujeitos, tirando-os do ambiente de incerteza e insegurança. No que concerne à perspectiva de desenvolvimento integral juvenil, a Política Nacional de Juventude (2006) considera as múltiplas dimensões de ser jovem, quer no plano da realização e história de vida pessoal, quer no próprio curso de vida, sugerindo que as políticas de juventude, mesmo aquelas com enfoque setorial, devem ser engendradas em termos da integralidade das distintas dimensões. Nesta perspectiva, a análise das políticas públicas para o segmento juvenil compreende a investigação dos modos por meio dos quais se processa a interação entre Estado e sociedade civil na sua idealização, implantação e monitoramento. Insere-se todavia, sob a égide democrática, no cenário de disputas entre atores que lutam na esfera pública, negociam ações e os recursos destinados à execução, [...] mas o exame das políticas de juventude requer, expressa no modo como os grupos que disputam sua formulação concebem os sujeitos destinatários dessas ações – os jovens (SPOSITO, 2003, p. 60). No tocante às ações desenvolvidas pelo Governo Federal Brasileiro, Calazans(2000), Cunha (2003) e Almeida (2001), afirmam que a partir da década de 1990, se começa a 3 - Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. - De acordo com Pereira (1998), a Lei 6.697/79 legitima a doutrina da situação irregular, mediante o caráter tutelar legislacional e a noção da criminalização da pobreza. O Código de Menores de 1979 era um instrumento de controle social da infância e da adolescência vítima da omissão e da transgressão da família, da sociedade e do Estado na garantia de seus direitos básicos. Seus destinatários foram as crianças e os jovens considerados em situação irregular, caracterizados como objeto potencial de intervenção dos Juizados de Menores, sem que fosse feita qualquer distinção entre menor abandonado e delinqüente: na condição de menores em situação irregular enquadravam-se tanto os infratores quanto os menores abandonados. Em sua dissertação, a autora faz um comparativo entre os Códigos de Menores e o Estatuto da Criança e do Adolescente. 4 3 reconhecer os problemas que afetam os jovens: saúde, violência, desemprego,etc. As ações pioneiras na área da saúde, estavam em consonância com o avanço da epidemia de AIDS, que passou a incidir sobre a população jovem, bem como ao aumento dos índices de consumo de substância psicoativas. Em grande medida, estes programas com foco na saúde do jovem, se configuram como um importante campo de ações. Não obstante, durante a década de 90, também surge no campo das políticas uma orientação voltada para o protagonismo juvenil5. O objetivo do presente artigo é socializar resultados de uma pesquisa realizada durante a formação e acompanhamento de educadores no Projovem Urbano – Programa de Inclusão de Jovens6 – em Salvador-BA7, tratando mais especificamente de duas Estações Juventude8, São Caetano e Cajazeiras9. Tomamos por eixo as percepções que discentes e docentes possuem sobre o funcionamento deste programa, em quatro núcleos. Delimitamos esta análise quanto às questões das relações interpessoais, estruturais e pedagógicas nos espaços citados. Procedemos da seguinte forma: 1) realizamos uma assembléia em cada núcleo, contando com a participação de alunos, professores e coordenadores. Nestes encontros foram fomentados debates sobre as três dimensões propostas na pesquisa. Todo o material foi devidamente registrado 2) aplicamos 12 entrevistas individuais semi-estruturadas, sendo 4 por segmento (discente, docente e gestor) em cada núcleo. Antes de ir a campo foram produzidos roteiros, um de debate para as assembléias e outro para as entrevistas. Deste modo, ao longo do mês de janeiro de 2006, ouvimos discentes, docentes e gestores sobre as dimensões mencionadas, quanto ao funcionamento do PROJOVEM, nos primeiros trinta dias letivos. No momento da análise, separamos os dados por Estação Juventude, e em seguida por núcleo, distribuindo-os em temáticas. Na Estação São Caetano foram visitados dois núcleos, compreendendo doze comunidades e na Estação Cajazeiras trabalhamos com mais dois núcleos, que atendem a oito bairros. Projovem: construindo políticas para a juventude Partindo do pressuposto de que as políticas destinadas ao segmento juvenil se inserem no seio de um complexo, dinâmico e contraditório processo de produção e reprodução da sociedade capitalista, torna-se fundamental levar em consideração as diversas determinações constantes na atual conjuntura, na proporção em que a formulação, 5 - Sposito(2003) elucida que em nosso país, o termo protagonismo tem sido interpretado de diversas formas por agentes públicos e ONGs de forma pouco crítica. Para a autora, o protagonismo não representa, de fato, uma relação com os atores jovens. 6 - Em 05 de setembro de 2007, o Governo Federal lança através da Medida Provisória nº 411/2007 e da Lei 11.962/2008, um programa unificado para a juventude, que passa a congregar todos os projetos isolados de matriz federal que antes atendiam a este público de forma setorializada e focalizada, denominado Projovem, subdividido em Projovem Urbano, Projovem Campo, Projovem Adolescente e Projovem Trabalhador. 7 - O Projovem Urbano em Salvador teve início em janeiro de 2008. A primeira formação dos Professores aconteceu entre os dias 10 e 14 de dezembro de 2007, com cerca de 600 professores. Nem todos continuaram no Programa. Até o final de 2008 o Projovem contava com 14 Estações Juventudes, com 6000 alunos matriculados, em média. O Programa funciona nas Escolas da Rede Municipal de Ensino de Salvador. 8 - No PROJOVEM são chamadas de Estações Juventude o conjunto de oito núcleos (cada um em uma escola) sob uma mesma coordenação pedagógica e administrativa. Cada núcleo possui em média cinco salas de aula, que tem entre 25 a 30 alunos. Em cada Estação Juventude há um coordenador pedagógico e um coordenador administrativo. 9 - Bairros onde funcionam núcleos em Escolas Municipais que acolhem o Programa. 4 a implementação e gestão dessas políticas constituem condições indispensáveis para a inserção do jovem universo produtivo. É necessário considerar também, que deterioração das condições de inserção no mercado de trabalho e seu avanço desigual nos diversos espaços regionais estão estreitamente relacionados ao padrão de incorporação excludente que marca a participação dos jovens na atividade econômica. Identificada por meio do crescimento do desemprego e das ocupações não assalariadas, a inserção do jovem no mundo do trabalho é hoje também agravada pelo acesso limitado às políticas sociais e pelos desequilíbrios regionais (BRAGA, 2005). Neste sentido, Guimarães (2004, p.37) evidencia que: [...] o trabalho representa uma categoria central no imaginário juvenil, à medida que a escassez de empregos e desemprego tem transformado o trabalho em um valor ainda mais importante para os jovens, principalmente, para aqueles pertencentes às classes com menores rendimentos. Assim, o aumento do desemprego e a precarização das condições trabalhistas no Brasil, são colocados como os principais rebatimentos da crise socioeconômica das duas últimas décadas, onde as intensas metamorfoses pelas quais vêm passando a economia alcançam concretude nas constantes alterações de composição da força produtiva e na estrutura do emprego. Neste cenário, os jovens na faixa etária legal de trabalho, 16-18 anos e a partir de 16 anos, na condição de aprendizes10, apresentam-se como um dos segmentos mais vulneráveis na busca por uma vaga de trabalho, quando se observa um considerável excedente de mão de obra e a escassez de oportunidades de ocupação e de emprego formal. Além do mais, as transformações no mercado de trabalho, a partir da década de 1990, intensificam, para a grande maioria dos jovens, os mecanismos de exclusão, tanto nos países centrais quanto nos periféricos. Por conseguinte, em uma conjuntura de globalização mundial e de hegemonia do capital financeiro, observa-se também um processo de internacionalização da economia, o que implica em uma ampla reestrutura produtiva associada a novas formas de produzir e gerir o trabalho. Em nosso país, desde o início dos anos 1990, vive-se um processo de constituição, aprofundamento, consolidação e ajuste de um modelo econômico, de cunho liberalperiférico, que começou a se esboçar a partir do governo Collor (1990-1992) e delineou-se no governo Lula (2003-2006), com um emaranhado de reformas que conformaram esse novo modelo econômico implicando profundas transformações em pelo menos quatro dimensões inter-relacionadas, a saber: [...] As relações capital/trabalho sofreram uma inflexão radical que, ao mudar a correlação de forças a favor do primeiro, implicou a desestruturação do mercado de trabalho e um processo generalizado de precarização, cuja face mais visível é o desemprego aberto estrutural, o aumento da informalidade e o enfraquecimento dos sindicatos. [...] A relação entre as distintas frações do capital foi reconfigurada, com o capital industrial perdendo a sua condição de 10 - Decreto no 5.598, de 01/12/2005 - Segundo o qual, a formação técnico-profissional do aprendiz deve ser regida pelos seguintes princípios: garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino fundamental; horário especial para o exercício das atividades; capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. 5 hegemonia política e de líder do processo de desenvolvimento e da dinâmica macroeconômica. Em seu lugar assumiu o capital financeiro – nacional e internacional – e uma fração do capital industrial que se financeirizou organicamente [...] A inserção internacional , feita de forma passiva, a partir da abertura comercial e financeira da economia. [....] A estrutura e o funcionamento do estado se redefiniram, através da privatização de suas empresas e de várias reformas de caráter liberal (DRUCK; FILGUEIRAS, 2007-27). Diante desta realidade, Castel (1999), ao realizar uma avaliação da questão social na contemporaneidade, enfatiza três situações. Primeiramente, o autor se refere à desestabilização dos estáveis, que se constitui na expulsão dos trabalhadores – que em momentos históricos anteriores se encontravam numa posição estável na divisão do trabalho – das linhas produtivas. Em segundo lugar, a instalação da precariedade, cujos reflexos atingem fortemente os jovens, que passam a vivenciar períodos de atividade, de desemprego, de trabalho temporário e de auxílio social. Por último, destaca a redescoberta dos sobrantes, daqueles marginalizados na sociedade, bem como os que não são integrados ou não tenham condições para tal. Segundo Castel (1999), esses foram os indivíduos invalidados, nas duas últimas décadas, pela nova dinâmica econômica e social. Associa-se a esta dinâmica uma mudança radical nas relações estabelecidas entre Estado e sociedade civil, sintetizada na “Reforma do Estado” e em consonância com as orientações das políticas de ajustes alocadas pelos organismos internacionais às economias periféricas. Nesta direção, [...] um dos reflexos decorrentes dessas políticas de concentração de capital, renda e poder tem sido a agudização das múltiplas expressões da questão social, que se expressa principalmente, no desemprego e no subemprego. Deste modo, constatamos uma precarização das condições de vida de grande parcela da população, que se agrava com a retração do Estado em suas responsabilidades sociais (IAMAMOTO, 2003, p. 25). Dessa forma, a crescente dificuldade de inserção ocupacional juvenil, encontra respostas na desestruturação do mercado de trabalho brasileiro, ou seja, no aprofundamento da situação de desemprego, do aumento do percentual de trabalhadores sem vínculo empregatício institucional e dos alarmantes níveis de informalidade, isto sem considerar, a problemática maior para jovens com atributos pessoais específicos, onde o acesso a melhores oportunidades de emprego encontra várias barreiras, em razão da falta de experiência profissional, idade, cor, raça, sexo, condição socioeconômica da família, bem como a localidade do domicílio, acesso à educação. Em linhas gerais, podemos dizer que as portas do primeiro emprego foram fechadas para a juventude brasileira, particularmente uma parte considerável, oriunda dos segmentos populares. A persistência do jovem que procura trabalho remunerado e não obtém êxito, em alguns casos, representa um sentimento de frustração e desânimo, que culmina no ganho pela via do crime. É necessário entender ainda a juventude como parte de um processo mais abrangente de constituição de sujeitos, que se configura em um momento determinado, mas que não se reduz a uma fase do percurso da vida, assumindo uma importância singular em si mesma. Todo esse processo sofre influência do meio social concreto no qual está inserido, considerando as interações que este proporciona. Logo, não podemos discutir apenas com 6 base em um conceito unívoco de juventude, mas sim, enfatizar a noção de juventudes, para explicar a multiplicidade dos modos ser jovem. Nesse ínterim, discorrer sobre políticas públicas de juventude no Brasil implica fazermos um retrocesso histórico com início nos anos 50 do século XX, levando em consideração as mudanças ocorridas acerca dos debates em torno de concepções, conceitos e modelos de políticas implementadas pelas duas últimas gestões no país, representadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo atual governante, Luis Inácio Lula da Silva. De fato, o resumo cronológico da evolução das políticas públicas de juventude no Brasil, proposto por Abad (2002), permite-nos temporalizar e estabelecer aspectos que mais se destacaram em cada período, em uma convergência de modelos de políticas de juventude, que, se hoje levantamos dúvidas acerca de suas definições sobre ser ou não políticas de juventude, representaram para as épocas respectivas, a função tipológica de uma política pública direcionada a categoria juvenil. Como já mencionado anteriormente, temos como marcos: 1º Entre as décadas de 50 e 80 - A preocupação com o tempo livre dos jovens e a ampliação da educação como solução desse problema social; 2º Dos anos 70 a 1985 - um controle social dos grupos de jovens que participavam da mobilização social e política no país; 3º O combate à pobreza e a criação de mecanismos que prevenissem o delito, entre 1985 e 2000; e, então, 4º O surgimento de programas que promovessem a inclusão juvenil no mundo do trabalho, entre a década de 90 e os anos 2000. Percebe-se que não de forma isolada conviveram os modelos de tais políticas no país. Os últimos voltam-se para a construção e convergência de idéias e propostas que atendam a agenda social estabelecida por organismos internacionais, a exemplo da Organização Mundial das Nações Unidas, Banco Mundial, dentre outros. Nesse contexto, são criadas estratégias de combate à pobreza no país e de programas específicos para os jovens, na ação de conquistar a eficiência da intersetorialidade entre os entes federados, prevista pelo paradigma da descentralização, onde destacamos as iniciativas dos governos locais, o que para Sposito e Carrano (2003) significa “mudanças expressas de forma diversificada”, fato que, segundo os pesquisadores, subsidiará a estrutura para novas formas de pensar e desenvolver políticas de juventude. Dados a população jovem: educação, desemprego e mercado de trabalho Segundo o Censo 2000, a população de jovens 11 era de cerca de 34 milhões de habitantes, correspondendo a 21% da população total do país. Deste universo, a maior parte (80%) vive no espaço urbano, que correntemente não acessam em completude as poucas políticas sociais específicas, para suprir as suas múltiplas necessidades. Assim, Um dos grandes cortes na relação estudo e trabalho é na idade entre 17 e 18 anos. Uma das primeiras inferências para políticas de tal dado é considerar que a maior parte das políticas existentes no PPA (Plano Plurianual de Investimentos), contempla só as populações até 17 anos. Quer dizer, existe um grupo acima de 17 anos que está totalmente fora de coberturas de políticas públicas; um dos grupos mais vulneráveis se considerarmos a saída da escola, a inserção no 11 - No Brasil, é considerado jovem, o indivíduo que se situa na faixa etária de 15 a 24 anos. Já para os principais organismos internacionais, há um alargamento até os 29 anos. 7 trabalho ou formas como está em empregos de diversos tipos (CASTRO, 2002, p.74). Assim, o aumento do desemprego e do subemprego entre os jovens tem se apresentado como um dos rebatimentos mais significativos desse processo, à medida que a retração estatal nas políticas sociais, bem como a redução da oportunidade de emprego vem atingindo com força este segmento. É dentro desta ótica que o Estado incorpora os princípios de mercado, alocando reformas que minimizam a proteção social pública. Em conseqüência ocorre uma mercantilização de boa parte dos serviços sociais, instituindo-se assim uma dicotomia de direitos, [...] entre os que podem pagar pelo serviço e os assalariados formais, e entre esses e os pobres, ou seja, aqueles que, por absoluta falta de condições de obter os serviços sociais via mercado, têm de depender da rede pública (LIRA, 2006, p. 155). Até a década de 1990, as políticas públicas para a juventude apresentavam um caráter difuso, visto que esta temática não se apresentava como uma prioridade governamental. É somente a partir desse período, “[...] quando é evidenciada a vulnerabilidade da realidade dos jovens em razão das transformações societárias na ordem capitalista mundial, destacando também o potencial ativista da juventude [...]” ( SILVA; YASBEK, 2006, p. 21), que esse tema vem à tona como ponto central na agenda pública. Ademais, neste período, ocorreram mudanças na estrutura do emprego, com o aumento expressivo do trabalho informal e precarizado, complexificando ainda mais a inatividade, o desemprego e as barreiras para a inserção ocupacional dos jovens. Na concepção de Sanchis (1997), o desemprego juvenil assume um duplo significado, à medida que se apresenta tanto sob a perspectiva daqueles jovens que não conseguem o primeiro emprego, quanto daqueles que vivenciam um processo de instabilidade no mercado de trabalho. No que se refere às políticas públicas de trabalho, cabe ressaltar que até a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/88), existiam apenas determinados benefícios que dispunham de um financiamento claro, mas que restringiam, de maneira geral, à indenização por dispensa ou outro evento que resultasse em impedimento para o trabalho. Por outra vertente, também existia uma rede de agências do Sistema Nacional de Emprego (SINE), além do seguro desemprego, que pelo menos em tese, tinha suas ações voltadas para a reinserção do trabalhador no mercado. No entanto, estas iniciativas, mesmo sendo consideradas pioneiras para a construção do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda12, atuavam de forma paralela, sem qualquer articulação. (BRASIL, 2006). Ademais, os dados sobre desemprego juvenil, assim como a intensificação dos processos de precarização social suscitaram discussões acerca da necessidade de se formular políticas voltadas à juventude. Todavia, cabe destacar que no período de 1994 a 2002, o governo federal formulou 33 programas direcionados à juventude, posto que 60% desse programas foram implantados apenas nos últimos cinco anos, o que denota a recente trajetória na formulação de políticas para a juventude, bem como a sua incipiente institucionalização13 (SPOSITO, 2003) 12 - Refere-se ao conjunto de programas financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), a partir de 1993: crédito popular, seguro-desemprego, intermediação de mão-de-obra, programas de geração de emprego e renda, informações sobre mercado de trabalho e qualificação profissional. 13 - Em 05 de setembro de 2007, o Governo Federal lança um grande programa para a juventude que passa a congregar todos os projetos isolados que antes atendiam a este público de forma setorializada e focalizada, denominado Projovem, subdividido em Projovem Urbano, Projovem do Campo, Projovem Adolescente e Projovem Trabalhador. 8 Dessa forma, as políticas implementadas no âmbito federal e voltadas para a juventude, adotam, principalmente , uma perspectiva de prevenção, de controle e de caráter compensatório. Por meio de análises mencionadas, constata-se que as políticas públicas destinadas ao segmento juvenil, num contexto de supremacia neoliberal e de novas configurações no mundo do trabalho, têm levado a um debate acerca dos reais pressupostos que norteiam e legitimam estas políticas. Nesta direção, torna-se crucial observar se essas políticas não estão reafirmando os princípios da tutela e do controle dos segmentos juvenis. É fundamental, portanto, que estas políticas considerem os jovens como sujeitos de direitos e atores capazes de participação e ação não tutelada na esfera pública. A tais implicações se adiciona o fato de que as metamorfoses ocorridas no universo produtivo, evidenciadas sobremaneira pelo crescente desemprego, pelo dessalariamento e pela precarização do mercado de trabalho, implicam em uma mutação significativa do mercado nos pressupostos que orientam as políticas públicas de emprego no Brasil, em que pese a intensificação do processo de flexibilização das relações de trabalho a partir de 1990. Nesta discussão, também se inscreve claramente as múltiplas vulnerabilidades do ser jovem, inclusive relativa a sua inserção no mercado de trabalho, visto que este segmento encontra-se submetido, com freqüência, a funções, salários inferiores e jornadas de trabalhos mais intensas. Não obstante, podemos inferir que, no nosso país, as políticas públicas de trabalho, emprego e renda voltadas aos jovens adotam um caráter focalizado e fragmentado. Ademais, apesar de serem utilizados como estratégia de enfrentamento da crise do emprego, os programas de formação e qualificação profissional não conseguem inverter o atual quadro de desestruturação do mercado de trabalho, de desemprego, de desvalorização do salário e de precarização das relações. Nestes termos, ao concentrarem suas ações exclusivamente sobre a oferta e a demanda de trabalho, as políticas públicas direcionadas a esse segmento atingem somente o nível microeconômico (VELASCO, 2006). Simultaneamente, ao se apresentar como condição sine qua non ao processo de reestruturação produtiva, a qualificação profissional também é legitimada, à medida que se constitui em um elemento fundamental da empregabilidade. Desse modo, transfere ao indivíduo a responsabilidade tanto de concorrer quanto de se manter no mercado de trabalho, manifestando, portanto, “[...] uma tensa e contraditória relação, pois, ao mesmo tempo em que pretende criar condições favoráveis à inserção dos jovens no mercado de trabalho, tende-se a individualização” (VELASCO, 2006. p. 197). Neste difícil cenário, Madeira (2006) afirma que a progressão na educação, ou seja, o aumento no nível de escolaridade é fator decisivo na constituição da própria identidade juvenil. No Brasil, entre os mais bem colocados na estrutura de rendimentos são os mais qualificados. Assim, o termo educação continuada já é recorrente e faz parte do projeto de vida das pessoas. Os jovens que estão adiando a entrada na vida adulta encontraram uma boa justificativa para este comportamento: continuar estudando. Em termos educacionais, idade. Logo, entre os jovens de ano 2000, porém esta taxa vai 18 a 19 anos a taxa cai para 14 - Dados do Censo 2000 os índices de escolarização 14 variam conforme os grupos de 15 a 17 anos, 78,8% estavam matriculados nas escolas no decrescendo nas idades mais elevadas: entre os jovens de 50,3% e entre aquelas de 20 a 24 anos, apenas 26,5% 9 estavam estudando, representado uma das taxas mais baixas da América Latina. Revelamse ainda dados consideráveis sobre o atraso escolar, entendido no âmbito educacional como o fenômeno da distorção idade-série, onde só na faixa etária de 15 a 17 anos, 52% estavam matriculados e, de acordo com os atuais princípios e diretrizes da Educação Nacional15, deveriam ter terminado aos 14 anos o Ensino Fundamental. Todavia, mesmo com a melhoria relativa registrada nos índices de escolaridade, boa parte dos jovens não consegue concluir o Ensino Médio, quiçá o nível Superior. Se levarmos em consideração outras variáveis como raça, mundo urbano/ rural e localização de domicílio, perceberemos que as disparidades alargam-se, apenas se cruzarmos alguns dados a título de exemplo. Assim, no universo de estudantes que vivem em situação de extrema vulnerabilidade social 16, 69,2% são negros e pardos, com índices de não conclusão da 4a. série do Ensino fundamental de 37,5%, contra 17,1% dos brancos. Já o Ensino Médio teve aceleração surpreendente a partir de 1995, com o número de matrículas praticamente dobrando e alcançando mais de 9 milhões em 2005. Expansão similar vivencia o ensino superior, totalizando 4 milhões de alunos no mesmo ano. Por outro lado, Madeira salienta que: [...] a despeito dos avanços registrados no período, um estoque de população jovem com baixos níveis de instrução vai-se acomodando como produto dos efeitos combinados da repetência e da evasão. Em contrapartida, fica patente a progressão, em especial das gerações mais novas, aumentando a parcela com ensino médio completo, para a qual devem ser abertas novas possibilidades de avanço na trajetória escolar (p. 153). Na verdade, a mesma autora também salienta que um número considerável de jovens brasileiros ainda segue o modelo de transição antecipada para a vida adulta. Por outro lado, uma pequena parcela, que detém os maiores rendimentos e níveis de escolaridade, já apresenta um comportamento bem próximo aos países desenvolvidos, investindo por mais tempo na formação acadêmica e carreira profissional, adiando consideravelmente o casamento e nova constituição familiar. Assim, no horizonte da educação, o movimento de universalização do ensino público tem sofrido grande desgaste, o que se reflete no número de alunos repetentes e evadidos. A falta de conhecimento do mundo juvenil17 contribui para que os jovens não se reconheçam nos currículos da escola regular e menos ainda nos cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), para onde tem se dirigido esses jovens, buscando outras experiências educacionais ou tentando elevar o nível de escolaridade para competir no acesso ao mercado de trabalho. Hoje são muito mais os jovens excluídos dos sistemas públicos de ensino regular que estão presentes nos cursos de EJA, do que propriamente aqueles que não tiveram acesso ao ensino fundamental na época adequada (HADDAD, 1995, p.14). Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) há mais de 5 milhões de jovens de até 17 anos que não conseguiram sequer 15 -LDBEN. Lei 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996. Art. 32 -Famílias que vivem com renda per capita até ¼ de salário mínimo. 17 Nesse trabalho não discutiremos especificamente o conceito de Juventudes. Para um maior aprofundamento desta temática conforme: ABRAMO (1994, 1999); CARRANO (2000); SPÓSITO (1992,1997); PERALVA, 1997; MELUCCI, 1997. 16 10 concluir o ensino fundamental (MORENO,GOULART, 2005, p.87). Há ainda uma disparidade de rendimento quando são observados os jovens mais ricos e os mais pobres ...na faixa etária de 15 a 17 anos, enquanto entre os jovens mais ricos não chega a 1% o percentual daqueles que não passaram na primeira série, entre os mais pobres ele atinge 4%. Na faixa seguinte, 18 a 24 anos, a desvantagem é ainda maior - menos de 1% para os mais ricos contra mais de 9% para os mais pobres. A importância de um investimento social que oferecesse ao jovem, em situação de risco mais grave, uma oportunidade diferenciada da escola regular e da EJA foi pensada e implementada em diversas capitais do Brasil pelo PROJOVEM, que é um programa idealizado como uma das Políticas para a Juventude 18, veiculadas pela Secretaria Nacional da Juventude. Foi implantado em 2007 sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República, em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome (SALGADO (Org) 2005a). Destina-se a jovens de 18 a 24 anos que concluíram a antiga 4ª série (atual 5º ano), mas não terminaram a 8ª série (9º ano). Os jovens participantes não devem possuir vínculos formais de trabalho. O programa está centrado em três eixos: educação de jovens para as séries finais do ensino fundamental, qualificação profissional19 e ação social20. A qualificação profissional proposta pelo PROJOVEM não atribui formação técnica ao aluno. Pretende situá-lo no mercado de trabalho e prepará-lo para atuar de maneira preliminar em um de seus arcos práticos, como telemática, turismo, alimentação e metalmecânica, no caso de Salvador. A ação comunitária propõe-se a desenvolver uma relação de planejamento e execução de ações sociais do jovem em sua comunidade, sendo elaborado um projeto individual por meio de planejamento participativo. Tal projeto é chamado de Plano de Ação Comunitária – PLA. Com relação à distribuição didática, o programa está dividido em 4 módulos: “Juventude e Cidade, Juventude e Trabalho, Juventude e Comunicação e Juventude e Cidadania”. Cada módulo é trabalhado durante três meses, totalizando 1.600 horas/aula. Os discentes recebem do governo federal, uma bolsa mensal no valor de R$ 100,00. São avaliados com provas trimestrais e finais (pela direção nacional) e de forma contínua, pelo professor. Ao longo dos trabalhos são feitas formações locais, para os educadores (320 horas/aula), em dois momentos específicos: 1) capacitações intensivas, ao início de cada um dos quatro módulos e 2) acompanhamento continuado, através de diagnósticos, visitas e pesquisas. Em cada localidade o Projovem possui uma coordenação municipal, em muitos casos a cargo das prefeituras, a quem cabe a contratação da equipe de professores, bem como a matricula dos alunos. É ainda da coordenação a responsabilidade pela estrutura física para receber as turmas e pela compra e distribuição da merenda escolar e do material didático. 18 - Sobre as Políticas para as Juventudes ver material publicado pela UNESCO. CASTRO, M; ABRAMOVAY, M. Por um novo paradigma do fazer políticas: políticas de/com/para juventudes. Brasília: UNESCO, 2002. 19 - Em todos os núcleos há a presença dos qualificadores profissionais que, ao menos uma vez por semana, intervêm em cada uma das turmas para apresentar o Projeto de Orientação Profissional (POP) – que se dedica ao desenvolvimento de um plano de orientação vocacional para cada jovem - e para ministrar os conteúdos da formação técnica geral para o trabalho – FTG. Consultar: BRASIL (2006) e SALGADO (Org.) 2005a. 20 - Na Ação Comunitária, as Assistentes Sociais se revezam, para comparecer, quinzenalmente às turmas, debatendo o Plano de Ação Comunitária - PLA. 11 Na cidade de Salvador-BA, a referida coordenação está ligada à Secretaria Municipal de Educação, com ações coordenadas com as demais Secretarias do Município. Cada município possui uma equipe de formadores, responsável pela capacitação e acompanhamento dos docentes, auxiliando-os na compreensão de diversos aspectos, como: melhor forma de lidar com os jovens, atribuições do educador, interdisciplinaridade, projeto pedagógico integrado, ação comunitária, letramento; registros e organização das práticas educativas em portfólios (fotos, textos), planejamento, avaliação. Na capital baiana esta equipe é coordenada pela Universidade Federal da Bahia, e atua com 14 formadores das mais diversas áreas das Ciências Humanas e Naturais, todos com pós-graduação strictosensu (Mestrado ou Doutorado), e com atuações simultâneas no ensino e na pesquisa. Percepções de jovens e docentes sobre o Projovem Urbano: dimensões relacionais, estruturais e pedagógicas. Durante o mês de fevereiro de 2008 foram visitadas, no turno da noite21, quatro escolas que acolhem o Programa. Antes das visitas, contatamos os coordenadores pedagógicos das Estações, o que facilitou o acesso, pois essas instituições são localizadas em diferentes e distantes regiões da periferia de Salvador22. Observamos que as relações interpessoais, estabelecidas cotidianamente no Projovem, são consideradas por alunos e professores como o aspecto mais importante para um andamento consistente dos trabalhos. Dentre elas ressaltamos as relações: a) entre alunos do Projovem e da rede municipal, e dos estudantes do programa entre si b) entre o Projovem e a gestão nas escolas, c) entre os educadores do Projovem e os professores da rede municipal, d) dos jovens com o programa e com os seus professores. No que se refere aos alunos do Projovem e os da rede municipal, assim como aos alunos do Projovem entre si não foram evidenciados problemas. Os professores declararam que – até o momento – não ocorreram conflitos sérios como brigas entre gangues ou agressões corporais entre os jovens. A coordenação da Estação São Caetano, no entanto, informou que já houve acontecimentos desta ordem em outros núcleos, nos bairros mais violentos. É importante lembrar que há outras formas de agressões nas escolas (ZALUAR, 1992), como a “violência mascarada”, nem sempre percebida pelos professores, pois é tida como brincadeira, ou confundida com indisciplina. São as “incivilidades”: os apelidos, as agressões verbais, os empurrões, as humilhações, a estigmatização pelo local de moradia (DEBARBIEUX, 2001; SPOSITO, 2001). Essa violência pode se tornar perigosa porque não é controlada por ninguém, não possui regras ou freios e porque passa a ocorrer constantemente no cotidiano escolar. De tanto acontecer ela passa a ser banalizada e termina por ser considerada “naturalizada” como se fosse algo “normal”, próprio da adolescência. A banalização da violência provoca a insensibilidade ao desrespeito e a invasão do campo do outro (CAMACHO, 2001, p.133). 21 Turno em que funciona o Programa nas escolas municipais. Os bairros e escolas do Projovem Urbano em Salvador foram selecionados considerando-se o maior índice de risco social vivenciado pelos jovens. 22 12 Outra questão importante é a relação entre a gestão23 da escola municipal e os professores e, principalmente com os jovens alunos do programa. Há diversidade nas situações vivenciadas nos núcleos. Nos locais em que a gestão acolhe os jovens, o trabalho acontece com harmonia e integração, mas há, no Projovem como um todo, escolas em que direção e funcionários acreditam que “tinham conseguido colocar esses alunos para fora da escola e agora esse programa os traz de volta...”. Com essa segunda postura os alunos afirmam que “sentem a discriminação”. Assim, geram-se conflitos e, por vezes, é necessário a intervenção da Coordenação Administrativa do Projovem e da Secretaria da Educação. A escola, em muitos casos, deseja um perfil de aluno diferente do estudante do PROJOVEM (jovem que passou um tempo “fora” da instituição; não se adequa a muitas de suas regras). Esse jovem é considerado por alguns, preconceituosamente, como “marginal”. Dessa forma, em certos espaços, prevalece a ideologia do “universalismo antidiferencista”, ao serem negadas a diversidade, as especificidades culturais, na tentativa de ”engessar” o contexto escolar e as pessoas que o produzem. A suposta “homogeneização” aparentemente facilita, para alguns gestores, sua “administração da exclusão” (SANTOS, 1995). Na escola “A”24 a relação entre o programa e a gestão é avaliada como “excelente”. Desde o início “a direção respeita os horários, as indumentárias e os estilos dos alunos do Projovem” declara uma docente. No caso da escola “B”, ... “A direção inicialmente estava mais acessível. Houve depois um pequeno desentendimento por conta de uma questão envolvendo a merenda escolar oferecida aos jovens do programa. “A partir daí a direção negou o acesso a qualquer outro espaço da escola, que não fosse a sala de aula”, afirma um jovem entrevistado. Professores e alunos reclamam, na maioria dos núcleos do Projovem Urbano em Salvador, da “pressão” que sofrem para cumprir o horário de entrada e saída (18:00 às 22:00h). Nas escolas municipais, devido a uma cultura que foi sendo estabelecida como reflexo das condições educacionais, muitas vezes precárias, e da falta de segurança, costumam finalizar as atividades mais cedo. É o caso da escola “C” que funciona de 19:00 às 21:00h. Modificar este horário tem causado constantes transtornos. Há também questionamentos quanto ao vestuário dos alunos do Projovem que freqüentam o espaço usando bermudas, quando é exigido o uso da calça comprida. Na escola “D”, discentes e docentes reivindicam mais acesso a materiais e equipamentos que o Projovem não tem autorização para utilizar. Os professores da rede municipal e os do Programa têm uma boa relação pedagógica/profissional, assim como os docentes do Projovem entre si. Os coordenadores de núcleo foram avaliados pelos entrevistados como “participativos e comprometidos”. De modo geral, os jovens sentem grande admiração pelos seus professores. “Os professores são ótimos, se a gente chega com algum problema lá, até de casa, eles conversam com a gente” (Aluna). Acolher esses jovens que já foram “expulsos” da escola é algo fundamental para que a relação ensino-aprendizagem se concretize com êxito, pois acreditamos que “(...) o elo perdido dos sistemas educacionais do mundo inteiro é a falta de foco na dimensão afetiva” (TILLMAN, COLOMINA, 2004. p.30). 23 Era esperado que, com toda a experiência do processo de eleição de diretores nas escolas, a participação, a democracia, o acolhimento funcionassem, para além do discurso. Essas aprendizagens ainda estão acontecendo. Para um maior aprofundamento sobre a gestão e as “novas” relações estabelecidas entre os segmentos escolares ver PARO (1995); LUCK (2000); VIEIRA et al (2001); TORRES, GARSKE (2000). 24 - Utilizamos letras do alfabeto ao nos referirmos às unidades de ensino, para garantir o anonimato dos sujeitos pesquisados. 13 Segundo os professores, há alunos, em alguns núcleos, que apresentam pouca facilidade em “cumprir horários e participar coletivamente das atividades”. Apesar disso, os docentes surpreenderam-se com o bom desempenho dos jovens: “As salas são bastante heterogêneas, contudo observamos que o desempenho tem sido bastante satisfatório” (professor). Alguns alunos declaram que o conteúdo “não é fácil, nem difícil, está exatamente no nível que poderíamos acompanhar” (Aluna da Escola “E”). Compreendemos que as questões relativas à estrutura influenciam diretamente a aprendizagem dos alunos (WAISELFISZ, 2000a, 2000b). Há reclamações de jovens e docentes sobre a necessidade de mais ventiladores, reforma dos sanitários, maior iluminação em algumas salas, carteiras adequadas ao público do programa (algumas são pequenas), ambientes além das salas de aulas, para realização de outras atividades. A escola “F”, em comparação com outras escolas públicas no município de Salvador, apresenta uma boa estrutura física. Uma professora preocupa-se com o aumento do número de alunos a serem matriculados no programa. Acrescenta que “Há falta de ventiladores e o número de salas disponíveis para o Projovem é de apenas três”. As escolas municipais visitadas indicam diferenças quanto ao acesso a recursos materiais e audiovisuais (o que pode ser um reflexo da relação entre a gestão da escola e o programa, acrescido ao fato de que há escolas que possuem uma cota reduzida de material). No colégio “A” os professores usam os equipamentos existentes, enriquecendo suas aulas com esses recursos. Na Escola “E” ocorre o mesmo, com exceção ao acesso a cópias, ao laboratório e ao material necessário para trabalhos com arte. Os docentes explicam “Não podemos utilizar xerox e computadores, porque a instituição não está recebendo uma cota suficiente para gastar com o Projovem”. Nas outras duas instituições investigadas, os jovens e professores não têm qualquer acesso aos equipamentos. Os núcleos foram unânimes quanto à restrição aos laboratórios de informática, até então. O fato de não usarem a Internet, segundo os docentes “(...) impossibilita complementar os conteúdos com mais informações”. Os jovens também reclamaram, “Além de não poder usar os computadores, há atraso no pagamento da bolsa”. Continuam freqüentando o programa porque a maior parte dos alunos mora próximo às escolas, enquanto os outros são de comunidades circunvizinhas. Para chegarem à instituição escolar vão caminhando, de bicicleta, ou de carona com amigos e professores. Alguns afirmam utilizar o skate como meio para chegar mais rapidamente. Há diversos ônibus que passam próximo às escolas visitadas. O trabalho pedagógico é feito com conteúdos das diferentes disciplinas no primeiro tempo (língua portuguesa, ciências humanas, inglês, matemática, ciências da natureza). No segundo tempo ocorrem, duas vezes por semana, os trabalhos da qualificação profissional, conduzidos pelo educador específico dessa área. Em escala mais reduzida, pelo menos uma vez por quinzena, são realizados os trabalhos da ação comunitária, orientados pela assistente social de cada núcleo. Nos outros horários da noite são realizadas tarefas de integração entre as disciplinas e os temas sugeridos em cada unidade do programa. Cada turma possui um professor responsável pela condução, planejamento e execução destes trabalhos, tal educador é conhecido como professor orientador (PO). Vale ressaltar que o Professor Orientador também é responsável por dar continuidade aos trabalhos dos qualificadores profissionais e das assistentes sociais, visando a integração dos conteúdos, nos dias em que estes profissionais não estão presentes no núcleo,. 14 Com relação à disponibilidade livros25, assim como os professores. mostram-se animados por possuírem passado por essa experiência na escola de material didático, todos os jovens receberam Os discentes elogiam a qualidade do material e livros “só seus”, pois, muitos deles, não haviam regular. A interdisciplinaridade, pela proposta pedagógica nacional do Programa, é um dos maiores problemas na prática do trabalho docente. Teoricamente o assunto é debatido, mas quando se trata da aplicação dizem-se confusos: “Desejamos fazer isso, mas não nos sentimos preparados”. Por isso, demandam ainda planejamentos por disciplina na estação. Posteriormente vários temas, além da interdisciplinaridade, foram tratados nas formações para os professores através de oficinas, ajudando-os a associar temas com metodologias criativas, dinâmicas e práticas lúdicas. A coordenação pedagógica da Estação Cajazeiras está realizando uma interessante estratégia para a circulação da informação entre os núcleos e estação juventude, através de um jornal. Segundo o coordenador “Cada núcleo escolheu um título para o jornal e nesta semana os alunos estão realizando votação em seus núcleos para escolher o título definitivo”. Considerações Finais O Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens): Educação, Qualificação e Ação Comunitária - é componente estratégico da Política Nacional de Juventude, do Governo Federal. Foi implantado em 2005, sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Seus destinatários são jovens de 18 a 24 anos que terminaram a quarta série, mas não concluíram a oitava série do ensino fundamental e não têm vínculos formais de trabalho. Aos participantes, o Projovem oferece oportunidades de elevação da escolaridade; de qualificação profissional; e de planejamento e execução de ações comunitárias de interesse público. Por meio do curso, proporciona formação integral com carga horária de 1600 horas (1200 h. presenciais e 400 h. não-presenciais) desenvolvidas em 12 meses consecutivos e inclui disciplinas do ensino fundamental, aulas de inglês, de informática, aprendizado de uma profissão e atividades sociais e comunitárias de forma integrada. Cada aluno, como forma de incentivo, recebe um auxílio de R$ 100,00 (cem reais) por mês, desde que tenha 75% de freqüência nas aulas e cumpra com as atividades programadas. Tal programa tem como finalidade proporcionar formação integral ao jovem, por meio de uma associação entre: elevação de escolaridade, visando a conclusão do ensino fundamental; qualificação profissional, com certificação de formação inicial, e desenvolvimento de ações comunitárias de interesse público. Além disso, deverá contribuir especificamente para: a reinserção do jovem na escola; identificação de oportunidades de trabalho e capacitação dos jovens para o mundo do trabalho;, elaboração de planos e o desenvolvimento de experiências de ações comunitárias, e inclusão digital como instrumento de inserção produtiva e de comunicação. O Projovem foi implantado em um momento histórico em que a tensão local-global se manifesta no mundo de maneira muito contundente: nunca houve tanta integração globalizada e, simultaneamente, nunca foram tão profundos os sentimentos de desconexão 25 Cf. SALGADO (Org) 2005a, 2005b, 2005c, 2005e, 2005f. 15 e agudos os processos de exclusão. Nesse contexto, o mesmo programa é concebido como instrumento de inclusão social em seu sentido pleno. A integração indissociável entre educação básica, qualificação profissional e ação comunitária proposta pelo Projovem pressupõe uma nova perspectiva de cooperação interdisciplinar, voltada para o desenvolvimento de saberes, conhecimentos, competências, valores e práticas de solidariedade e cooperação contemporâneas do século XXI. O bom andamento desse programa depende da apropriação de seus pressupostos político-pedagógicos e de sua proposta curricular, por todos os atores do programa: gestores, educadores profissionais, assistentes sociais, professores e alunos. Com o escopo de tal transformação, o Projovem (Programa nacional de Inclusão de Jovens), que atende jovens entre 18 a 24 anos que estão fora da escola e do trabalho, abre suas portas para buscar a realização do processo inclusivo, no qual o professor necessita compreender e respeitar as diferenças de seus alunos, possibilitando a re-inserção social e educacional através da aprendizagem significativa, exaltando suas potencialidades e garantindo a todos o acesso e a construção de competências que os levem a tornar-se cidadãos com o afã de condições de vida e oportunidades que satisfaçam as carências básicas de um ser humano. Além disso, o Projovem busca superar os grandes hiatos existentes entre escola e vida, entre aprendizado teórico e prático, entre escola e mundo do trabalho, entre preparação do cidadão para o futuro e ação do jovem cidadão no presente, propondo estratégias que reconduzam os jovens aos sistemas educacionais, criando e validando múltiplos espaços de aprendizagem, ampliando o acesso aos sistemas de ensino e neles aumentando a probabilidade de permanência. É válido ressaltar que, para tanto, criou-se uma organização curricular pioneira, inovadora e flexível, cujo maior desafio é romper com as clássicas dicotomias: educação geral x formação profissional e educação x ação cidadã. No tocante ao campo empírico, a maioria dos discentes verbalizou que tem ampliado sua rede de relacionamentos e aprendizagem após o ingresso no Programa. Esta interação também é um processo educativo, uma vez que indicam a possibilidade do Projovem redimensionar suas vidas. Verbalizaram o desejo de montar grupos na comunidade e continuar os estudos (Alunos das Escola “A” e “C”. Outros jovens, mesmo nesse pequeno período de aulas, afirmam estar retomando, nos seus bairros, Organizações Juvenis (Jovens da Escola “E”). Demonstram esperança e desejo de que o Programa seja de fato uma oportunidade para eles, tanto na perspectiva da socialização e da auto-estima, quando no horizonte de suas atuações na comunidade. Além da certificação e da aprendizagem de conteúdos, os laços de amizade e acolhimento são considerados pelos eles, essenciais para a sua permanência no Programa. Os docentes parecem dispostos e articulados ante os desafios que surgem na escola e salas de aulas como: a chegada constante de alunos; núcleos ainda incompletos – com menos de cinco turmas; as ligações com a estação e a coordenação; a falta de materiais e equipamentos. Demandam maior aprofundamento teórico/prático com relação à interdisciplinaridade e às relações concretas que podem ser estabelecidas com as propostas temáticas para a juventude: saúde, trabalho, comunicação e cidadania. Buscam relações tranqüilas entre si, com a escola, com os jovens e com os docentes da rede municipal. A qualificação profissional tem tido uma grande aceitação por parte dos alunos, constituindo-se como um dos principais motivos de sua motivação no programa. A possibilidade de (re) ingresso no mundo do trabalho povoa o imaginário da maioria dos jovens e faz funcionar o motor dos seus desejos (GUATTARI, 1988). 16 Nos trabalhos das Assistentes Sociais, os principais desafios encontrados são: a consecução dos trabalhos do PLA26 pelos Professores Orientadores; a grande diversidade de cenários e protagonistas encontrados em cada comunidade; a sobrecarga de trabalho em sala, restando pouco tempo para visitas comunitárias; a complexidade do plano de ação frente aos limites postos ao nível de escolaridade dos alunos, e o curto prazo para elaboração de cada atividade. Apesar desse contexto, os trabalhos da ação social em Salvador tem-se destacado pela dedicação desses profissionais. O retorno à escola e a conclusão do ensino fundamental, em termos curriculares, são grandes referências do programa junto aos alunos. As relações de afetividade, cuidado e dedicação fazem a diferença nos trabalhos dos núcleos e das estações juventude, ajudando a superar problemas e manter a motivação das equipes. Desta forma, enfatizamos que a dimensão relacional é essencial neste Programa, dada a quantidade de relações inovadoras propostas para os trabalhos de docentes e discentes. Estes atores juntos descobrem que o tamanho do mundo É um tamanho que não se mede por quilômetros, mas pela imaginação, pela coragem de descobrir as coisas... (PIÑON, 1996, p.68). Referências ABAD, Miguel. Las politicas de juventud desde la perspectiva de la relacion entre convivencia, ciudadania y nueva condicion juvenil. Última Década, Viña del Mar, CIDPA,n16, p. 119-155, mar, 2002. ABRAMO, Helena Wendel. Considerações sobre a tematização da Juventude no Brasil. In PERALVA, Angelina, SPÓSITO, Marília Pontes. (orgs). Juventude e Contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação. 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